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Palavras: 1977
Acessos: 864   |  Postado em: 22/09/2020

#3: Felicia

Felícia, 32 anos (carinha de 33), 1m55, três piercings, 14 tatuagens (todas pretas – de colorida basta a vida), muitas concentradas nas pernas. A menor é um número 5, em romano, tatuado no joelho direito. A maior, uma goiabeira que vai quase até a cintura, começa lá no calcanhar (a raiz se estica até quase a ponta do dedo mindinho). Foi chamada de vida loka, mas se questionou sobre ser ingênua. Foi a sua primeira, ela não tinha parâmetros de dor das agulhadas até então. Escolheu logo um desenho gigante, foram quase quatro horas de sessão, Felícia até cochilou. Achou que parecia estar tirando a sobrancelha, só que na lateral da perna esquerda, uma dor esquisita, fininha, mas suportável, valeu o preço.

Fez a segunda (e a terceira e a quarta) uns dois meses depois, assim que passou o trauma da coceira da cicatrização – que, por sinal, ela não foi avisada a respeito. Aquilo a incomodou mais do que as agulhas! Queria arrancar a pele com a pedra-pomes que esfregava na sola dos pés no banho, mas estregaria o desenho, certamente. Se conteve. Chamou a isso de “autocontrole”.

Ela dizia sempre que o corpo físico era um veículo utilizado na estrada da evolução e, como tal, podia bem ter alguns adesivos na lataria. Ainda que para sempre e correndo o risco de desbotar ao longo dos anos, com o sol, o vento, a maresia. Amava a sua customização, saía sempre do estúdio com ideias para as próximas duas ou três (e sempre se tatuava com mais de um desenho por vez, já estava lá mesmo, aproveitava a agenda da tatuadora).

Felícia é mãe de cinco gatos: Tião, João, Lampião, Rojão e Melancia, todas fêmeas, três são malhadas, mas as outras não. Dormia com todos empoleirados com ela na cama, e aí se identificava com os memes de “louca dos gatos” – e também com os de “louca das plantas”: morava em meio a uma pequena floresta, no centro da cidade, tinha planta até no teto e no banheiro, onde era maior a concentração de samambaias, que adoravam a umidade dos seus banhos quentes – e os mornos, no verão.  

Ela é toda moderninha, talvez a expressão para descrevê-la seja “hipster” (que se não for, vai dizer que está errado, que é ultrapassado, que o termo já mudou). O fato é que ela tem um corte de cabelo estilosinho, com a lateral raspada em máquina zero. Ora deixa a franja para a direita, ora para a esquerda. Varia conforme seu humor e a vontade própria do rodamoinho que ela tem no topo da cabeça. Acredite se quiser, mas a umidade relativa do ar influencia naquilo ali, deixa mais ou menos eriçado, seja para um lado, seja para o outro. Já tinha feito de tudo, de alisamento a chapinha, passando pelas toucas de meia e as de grampo, mas nada baixava aquilo, era que nem o pai, que hoje era careca.

Felícia é do tipo de menina que gosta de pintar suas madeixas com cores não usuais, colore na pia do banheiro da sua casa, sempre, sempre respinga no chão, na porta do box, na parede, até o vaso era manchado de colorido, escorrido. Ela acreditava em destino, nas histórias por trás das manchas, dos borrões, dos recortes, dos dobrados, nem se dava ao trabalho de limpar enquanto ainda estava fresca. Quando via a gota gorda de tinta escorrendo, formando os primeiros indícios de sua forma final, ela apenas observava, com o mesmo respeito que se observam cortejos fúnebres de desconhecidos ou casamentos de estranhos que invadem as ruas. As manchas, ali no banheiro, viravam permanentes, apesar de provisória na cabeça (a tinta sai muito fácil, ainda mais com xampu que tem sal, e uma parte sempre fica na toalha e outra nas fronhas, e no travesseiro, que vira um arco-íris escorrido, passado um tempo).

Felícia tingiu uma vez o cabelo de verde, quis inovar, era sua cor favorita, mas foi só uma vez – tem uma fronha borrada até hoje, que mancha sempre as outras peças, quando ela se esquece e enfia tudo junto dentro da máquina de lavar. Não era muito de prestar atenção nas coisas, fazia meditação, mas vivia se perdendo, comandada por um piloto automático impercebível.

A moça não é do tipo que separa as roupas por cores, mora sozinha, é quase uma semana para juntar o volume necessário para o nível mais baixo de água da máquina, aí acontece que lava preta com branca, as coloridas junto, só não misturava calcinha com pano de prato, achava que tudo tinha um limite, mas às vezes cometia a insanidade de lavar pano de chão junto com as meias, algo que ela sempre se arrependia de maneira prévia, mas não se continha ainda assim (se ela fosse aguardar a quantidade necessária para a máquina lavar apenas meias seria um ano inteiro de espera – para mais!).

Depois ela fica sempre com as meias cheias de fiapos, infinitos, tem vontade sempre de jogar tudo no lixo. Sem falar nos panos de chão que parece que se fundem e quase se transformam numa colcha de retalhos, vira um bloco só; aquilo bate que nem tijolo dentro da máquina, que não foi projetada para aquilo, com certeza, e aí na hora de colocar no varal só uma tesoura desune aqueles trapos – não há força humana capaz de rasgar aquilo com as mãos, apenas. Ela já tentou, só se machucou.  

Felícia tinha preguiça desses afazeres domésticos, mas eram atividades necessárias, não dava para jogar simplesmente as coisas no lixo sempre que sentia vontade (e ela nem tinha grana para ficar comprando e repondo tudo, apesar de buscar toda vez aquelas bancas de promoção, de dez panos de chão a R$ 10). Mas às vezes ela queria jogar fora também os pratos sujos, os talheres. As panelas, então, se ela fosse louca já teria jogado fora umas dez vezes. Especialmente a frigideira safada (aquela!), que ficava escondida dentro do fogão, que só era lembrada na hora de acender o forno... Nossa, aquela lá era mais gorda que a sua mãe, o cabo era todo melecado, ela tinha vontade de morrer sempre que era obrigada a encostar a mão ali.

Mas também tinha uma preguiça mortal de lavar. Ficava esperando uma oportunidade de ter uma garrafa de refrigerante vazia para despejar ali o óleo velho (que estava fazendo aniversário, se duvidasse), mas ela não consumia refrigerantes já fazia alguns anos. Felícia é do tipo que recicla o lixo, mas essa consciência era também a responsável por uma produção mínima de descarte. Nem garrafinha de água ela tinha, usava filtro de barro, era contra a compra de algo como água, então só deixava a panela lá. Longe da vista e do coração. Um dia acabaria dando um destino correto – fosse a pia, fosse o lixão.

De resto, fazia mais por obrigação do que por gosto, em geral limpando só “onde o padre passa”, dia sim, dia não. Era raro, por exemplo, tirar o pó de trás do sofá, e morria de dó de matar as aranhas que construíam longas teias nos cantos dos tetos. Seus livros viviam empoeirados, mas também porque aquela era uma região com alta concentração de poluição, muitos carros passando o tempo todo, a corrente de ar trazia várias coisas também que nem se sabe direito o que são.

Mas todo fim de ano ela fazia uma grande faxina, que se emendava com a primeira do ano também. Pois é, já era tradição; seus amigos desciam a serra, iam para a praia pular sete ondas no meio da muvuca, e ela lá, sozinha em sua casa, descongelando geladeira, jogando restos mortais de insetos de dentro dos lustres, tirando marcas de dedos dos espelhos de interruptores. Para Felícia, era o que dava à casa o ar de renovação, tão bem vindo nos festejos de fim de ano. Mas era algo bastante demorado, trabalhoso, cansativo. Ela virava o ano no meio do caos doméstico – a faxina se estendia só porque não conseguia dar cabo dela antes da meia-noite, precedida pela contagem regressiva.

Por sorte aquilo rolava uma vez por ano e depois, adeus, se repetia só depois de dois semestres cheios.

A moça é cheia das consciências (políticas, ecológicas, de gênero, social), defende várias bandeiras, hasteia as das minorias. Essa postura política sempre foi parte de sua personalidade, desde criança batia de frente com os mais velhos, questionava suas regras, lhe chamavam de insolente, de abusada. Esses traços eram voláteis, mas com tendências para a esquerda, Felícia é voltada para o feminismo e a luta de classes, o empoderamento em geral.

Ela é usuária de patinete, aqueles elétricos, e defende o uso dos capacetes e a expansão das ciclovias nas cidades (se o problema é a cor, que pintem de azul, de branco ou de roxo! Só não abandonem o projeto!). Se o ir e vir é livre a todos, que priorize o coletivo – e o menos agressivo ao meio ambiente. Afinal, é preciso pensar no mundo que estamos deixando para as nossas crianças! Ela se preocupava com isso.

Espiritualizada, Felícia é reikiana e gosta de dizer que Jesus era comunista. Adora ver a reação, incrédula, quase em choque, das pessoas quando a ouviam dizer isso. Ela amava criticar também os ditos cristãos que sassaricavam por aí com cruzes penduradas no pescoço como se aquele objeto de tortura transmitisse também, bizarramente, algum tipo de paz.

Ela acredita em sinais, em sincronicidades, em mensagens enviadas pelo universo. Crê, fielmente, que tudo ocorre por algum motivo e que nenhuma folha cai de uma árvore sem que por trás dessa ação não exista uma Força que governe a tudo e a todos. Talvez por isso nutre uma certeza dentro de si de que está atualmente na Terra para desempenhar alguma missão, que pelo seu entendimento diz respeito a si mesma (acredita que tudo está interligado com a jornada do autoconhecimento). Algo complexo que ela mal consegue explicar para si mesma.

Mesmo assim, por isso, procura sinais em tudo. Sai da cama sempre com o pé direito primeiro, se colocando mentalmente no ovo áurico a partir do instante em que pisa o chão. Imagina uma luz amarela ouro que vem do sol e a circunda, a protegendo. Sua rotina matinal começa quando abre a janela e se energiza com o prana da manhã, com os primeiros raios de sol, que já aquecem o peitoril. Saúda o dia, saúda o sol, saúda até o vizinho, do prédio em frente, que parece nunca sair da janela, faz tudo ali, impressionante. Antes de seguir o dia, Felícia faz uma breve prece, sentida, intensa, e recolhe o bebedouro de beija-flor, pendurado ali há anos.

Dá bom dia para as samambaias do banheiro, bom dia para as jiboias da cozinha e bom dia para todas as folhagens de diversas espécies que transformam a sala em selva. Cumprimenta a natureza, os elementais da natureza que vivem ali e até as cochonilhas – fortes empecilhos de sua transformação, foco de quase toda a raiva que produz.

Seu café é coado no pano, mas ela esconde no armário uma cafeteira, dessas de cápsulas. Considera essas máquinas terríveis; oferecem um delicioso café a uma produção excessiva de lixo, uma agressão absurda. Mas saber que a cafeteira está ali a conforta e recorre a ela sempre que se sente desanimada. Algumas palavras de incentivo em frente ao espelho e café forte não fazem mal a ninguém.

Naquela manhã sorriu feliz ao sair de casa. Estava um clima perfeito, nublado e com possibilidade de chuva. Quando o semáforo fechou, a obrigando a parar, admirou distraída um ninho de passarinho no meio do fio. “Quando se quer, se dá um jeito”, ela pensou.

Ficou tão entretida que nem percebeu que o sinal abriu, fechou de novo e depois abriu mais uma vez.

Fim do capítulo


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Comentários para 5 - #3: Felicia:
Rain
Rain

Em: 23/09/2020

Oi!!

Felícia é uma pessoa de paz de espírito! Agora, Sério? Ela faz mesmo uma faxina na virada do ano novo? Eu morro de preguiça só de pensar. Odeio fazer faxina! Não entendi " jiboias da cozinha", é algum tipo de planta? Oe uma cobra mesmo? Vixe!

Obrigada pela palavras no outro comentário! Não pretendo mesmo desistir, obrigada! 

Acho que Felícia pode se dar bem como Felipe, será?! 

Até mais! Abraços


Resposta do autor: Hahaha Aposto que Felícia é do babado! Gosta de omi, nao rsrs E, sim! Jiboia é uma planta! Minha preferida! ❤

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