Boa leitura!
Capitulo 18 - A dor da rejeição
Alice
Quando por fim decido abrir meu coração pra Helena, recebo um banho de água fria. Ver o estado em que ela ficou depois que eu acabei de falar, me deixou extremamente nervosa. Sempre soube que eu jamais teria chances com ela, mas jamais imaginei que as coisas fossem ser tão ruins assim.
Quando ela saiu batendo a porta, eu fiquei em choque tentando assimilar tudo que acabou de acontecer. Segurar minhas lágrimas de repente pareceu ser uma tarefa impossível de ser executada. Sentia meu coração sangrar como se tivesse sido ferida por uma espada, minha pele ardia como se eu tivesse sido lançada as mais árduas chamas. Meu corpo todo doía, mas nada comparado ao estado da minha alma, que nesse momento estava despedaçada.
Por várias vezes li que o primeiro amor podia ser dolorido, que não ser correspondido machucava e marcava alguém pra vida toda. Mas nunca imaginei que isso chegaria a acontecer comigo. Nunca imaginei que eu entraria pra estatística das "adolescentes de coração partido". Isso era tão ridículo, eu já deveria saber que essa merd* toda jamais daria certo.
"Aonde eu estava com a cabeça quando me deixei levar pelos olhos dela?"
Idiota, é isso que sou! Uma garota completamente burra e idiota, que mal soube controlar seus sentimentos e se deixou levar pela primeira pessoa que lhe deu um sorriso.
Agora estava tudo acabado, Helena jamais voltaria a olhar pra mim, e ainda por cima faria de tudo pra não ter que me dar aulas extras. Nem sei por quanto tempo fiquei ali naquela sala, chorando feito uma criança com medo do escuro. Mas o que eu poderia fazer?
Por mais que eu tentasse, não conseguia parar de chorar. Como eu poderia sair dessa sala assim? Por isso decidi ficar ali até escutar o sino bater e enfim poder ir embora e me jogar debaixo das minhas cobertas e esquecer que esse dia aconteceu.
****
O caminho de volta pra casa foi mais barulhento do que o normal. Isso porque a voz da Helena ecoava em meus ouvidos me atormentando, me deixando ainda mais agoniada. Assim que cheguei em casa corri direto pro meu quarto, fiquei jogada em minha cama até ouvir alguém batendo a porta.
- Alice?! - era minha mãe. Decidi ficar quieta, quem sabe ela não acharia que eu estava dormindo e assim me deixasse em paz. - Alice? - vendo que eu não responderia, ela abriu a porta e entrou.
Caminhou até a cama e descobriu meu rosto.
- Está se sentindo bem?
- Só tô com dor de cabeça - menti. Ela tocou minha testa.
- Nossa Alice, você está queimando de febre!
- Eu tô bem mãe. Só quero focar sozinha, sai por favor - me sentei na cama e apontei o dedo lhe mostrando a saída.
- Vou chamar um médico.
- Fala sério - passei as mãos no cabelo- Eu não preciso de médico, preciso de silêncio.
Minha mãe me olhava e eu não conseguia imaginar o que se passava na cabeça dela. Soltou um suspiro e por fim saiu.
Não demorou nem 15 minutos e novamente ela entrou em meu quarto, dessa vez acompanhada de um homem.
- Esse é o doutor Flávio, ele veio te examinar.
- Já falei que não quero médico. - alterei um pouco a voz. Estava cansada e só queria um pouco de paz. Me levantei da cama, queria ficar sozinha e pensei que um banho poderia ser a melhor opção no momento, mas assim que tentei ficar em pé, senti minha vista turva e minha cabeça zonza.
Antes que eu pudesse cair no chão, o tal médico conseguiu me segurar e com a ajuda da minha mãe, me deitou novamente na cama. Sem forças pra reivindicar minha necessidade de estar sozinha, não consegui evitar que ele me examinasse. Ainda sentia minha cabeça rodar, estava difícil manter o foco e discernir as vozes ao meu redor, foi então que aos poucos fui adormecendo.
***
Abri os olhos sentindo minhas pálpebras pesadas, minha boca estava seca e meus movimentos letárgicos. Passei a língua sobre meus lábios e virei a cabeça tentando me situar.
- Está se sentindo melhor? - o gelo em minha barriga foi inevitável quando ouvi a voz dele.
- O quê pensa que está fazendo no meu quarto?
Meu pai sorriu com desdém.
- Pelo visto está muito bem.
- Vai embora - mandei
O odiava com todas as minhas forças.
- Alice, já te disse mil vezes pra dobrar essa sua língua ao falar comigo. Sou seu pai!
- Infelizmente - estava cansada demais pra começar uma briga. Ainda não sabia o que estava acontecendo, precisava de respostas - Cadê minha mãe?
- Ela precisou ir pra empresa. Mas me deixou aqui tomando conta de você.
- Pensei que estivesse viajando.
- Estava. Cheguei agora a pouco. Ontem a nota sua mãe me ligou e me disse que você não estava bem. Achei melhor vir pra casa, caso você precisasse de mim.
- Achou errado. Vai embora.
Ele se levantou, passou seus olhos lentamente sobre meu corpo e sorriu com malícia. Somente agora havia me dado conta de que eu vestia um pijama de seda preto que eu não usava a muito tempo justamente por ser curto. Acho que minha mãe havia vestido em mim enquanto eu dormia.
Ele passou as mãos na barba e me piscou o olho antes de sair.
- Nojento - sussurrei pra mim mesma enquanto segurava firme a vontade de chorar.
Ainda me sentia sem forças, mas consegui chegar até o banheiro. Me olhei no espelho e notei que eu estava pálida, com olheiras e a boca branca. Joguei um pouco de água no rosto e me deitei novamente. Não sentia vontade de mais nada além de dormir. Ainda sentia meu coração doer, e isso sugava toda a minha energia.
Passei a tarde toda assim, deixando as lembranças do dia anterior me consumir por inteira. Ás vezes eu chorava até me cansar e acabava adormecendo, depois acordava, chorava mais um pouco, me chingava, e adormecia novamente. Já no final da tarde minha mãe entrou no quarto.
- Alice, posso entrar?
- Já entrou mesmo - dei de ombros.
- Como está se sentindo?
- Bem - eu não a olhava nos olhos. Morria de medo que ela conseguisse descobrir o que de fato eu estava sentindo.
- O doutor Flávio não encontrou nada de errado em você. Hoje a tarde ele passou aqui enquanto você dormia e notou que estava quente outra vez.
- Deve ser só um resfriado.
- Ele acha que é emocional.
- Ele está errado.
- Tá acontecendo alguma coisa que você queira me contar?
Me sentei na cama com um pouco de dificuldade antes de falar:
- Por quê quer tanto saber?
- Porque sou sua mãe e me preocupo com você.
- Não acha que está tarde demais pra isso?
Ela engoliu em seco e saiu do quarto, me deixando sem resposta.
Minha mãe não era uma má pessoa, mas nunca de fato se preocupou comigo ou com Pedro. Sempre tão dedicada ao trabalho, tão preocupada com sua aparência, com seu status. Hoje, quando ela se diz preocupada comigo, a única coisa que eu consigo sentir por ela é raiva. Raiva porque no fundo eu sei que ela só faz isso por desencargo de consciência, pra manter a pose de uma boa mãe, coisa que ela nunca foi.
Fim do capítulo
Eu sei que demorei a postar, mas ando sem tempo pra escrever. Mas sempre que isso acontecer, prometo chegar com vários capítulos pra vocês. Não se esqueçam de comentar o que estam achando da história. Um beijo carinhoso a todos vocês
Comentar este capítulo:
Rosa Maria
Em: 19/09/2020
Lu...
Só não vou falar nada sobre a demora nós deixando ansiosa pois você comentou então percebi que já sabe né ?KkkkK
Excelente descrição do sofrimento de Alice que está sofrendo por amor
Beijo
Rosa 🌷
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