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Palavras: 1649
Acessos: 1941   |  Postado em: 16/09/2020

#1: Dona Cozinha

Dona Cozinha, 68 anos, descende de uma família de mineiros. A mãe se mudou para a cidade muito jovem, e ali se instalou e se casou com o pai, 13 anos mais velho, com quem teve nove filhos – dos quais sete vingaram. Sua família paterna também vem de Minas Gerais, de uma cidade próxima, inclusive, e havia até algumas pessoas em comum no cotidiano dos dois, e festas em que ambos compareceram sem, entretanto, sequer se notarem. Foi só anos mais tarde, com o casal já instalado na cidade, que um dia se conheceram.

A ocasião desse encontro foi muito atípica, e seria uma daquelas histórias que se conta nos eventos de família, não fosse por um pequeno detalhe: Pai e Mãe eram bastante reservados, e falavam meia dúzia de palavras cada um. Mas isso não foi nenhum impedimento e nesse monólogo educaram seus filhos e aqueles que resistiram aos primeiros dias de vida se encaminharam, e jamais deram preocupações sérias aos pais, que morreram de velhos. 

Dona Cozinha pensa pouco na infância, ou na educação que recebeu. Assim como dedica nada para pensar na origem do seu apelido – outra história razoavelmente hilária, conhecida por pouquíssimas pessoas.

Ela trabalha desde menina no time de hotelaria de um mesmo hotel, outrora cinco estrelas, hoje com algumas avaliações negativas no Reclame Aqui. Meses atrás uma cena homérica envolvendo um casal fez cair um pouco o nível dos hóspedes – mas não da exigência nos bons serviços. Um tumulto provocado por “mimizentos” (palavra que dona Cozinha aprendera recentemente) que não aceitaram o fato de que nem sempre o cliente tem razão, e que trouxe mudanças para a rotina de trabalho de todos os funcionários vinculados ao hotel.

Esta senhora, de baixa estatura e cintura larga, é daquelas figuras que quase parecem fazer parte do local de trabalho (como se a ali sempre pertencesse e para sempre ficasse, como o balcão de entrada, ou o tapete do corredor). Desde a sua admissão foram muitos os companheiros de jornada que chegaram, muitos os que se foram, e poucos os que resistiram – na verdade, somente ela e Luís, uma espécie de “faz-tudo” que, devido à idade avançada, era solicitado apenas para atividades simples, que duravam um turno inteiro (tipo trocar a lâmpada de um abajur, por exemplo).

A verdade é que dona Cozinha considera o hotel, de alguma maneira bizarra, como sendo parte de sua família. Não o quadro de funcionários; o prédio, o conjunto. Praticamente toda a sua vida foi dedicada àquele lugar, e ela conhece cada amassadinho, cada arranhão, e conseguiria fazer todo o seu serviço de olhos vendados, desviando de cada obstáculo por mera familiaridade.

Quando não está no trabalho, está no trajeto. Ir e voltar do hotel ocupa uma boa parte do seu dia, longo. Ao todo, em seis dos sete dias da semana pega três conduções, antecedidas por alguns quarteirões a pé, num total de aproximadas 2h45, ida ou volta, desde que não chova ou ela não saia três minutos após o horário de costume (que fazem toda a diferença no fluxo de trânsito, e gente). Conhece quase todos os motoristas e cobradores das linhas de ônibus, e os mais chegados (aqueles que param um pouquinho à frente do ponto, apenas para que ela ande menos até o seu destino), anualmente são presenteados com algum mimo em seu aniversário. Geralmente quitutes culinários, que ela ama fazer.

Quando em casa, dona Cozinha geralmente fica na cozinha. Parece repetitivo, mas é onde ela gosta de ficar – o que se pode fazer?

Sai muito pouco, em partes porque considera seu lar um local confortável, em partes porque gosta de desfrutar de seus poucos instantes de descanso dentro de sua casa. Quando sai vai para a igreja, onde é muito amiga da esposa do pastor. Mulher de fé cega, gosta de participar dos cultos, apesar de achá-los um pouco barulhentos (desistiu de colocar algodões nos ouvidos quando certa vez sua “surdez” momentânea foi confundida com um transe, e quiseram fazer um “sai, capeta” em cima dela).

Dona Cozinha é casada há 46 anos com seu Gerúndio. Casaram-se tarde (ela já quase beirava os 23 anos), mas se conheciam desde pequenos. Seus pais tinham um vizinho cujo primo era namorado da irmã de Gerúndio. Cidade pequena, sabe como é.

Nunca chegaram a paquerar, propriamente dito, porque desde o nascimento Gerúndio era “prometido” da neta da melhor amiga de sua mãe. Mas a menina, por infelicidade, viveu somente até os 17 anos (depois nunca mais se ouviu falar na dita cuja, que foi se aventurar, ainda moça, na capital).

Por terem uma diferença de apenas cinco anos de idade, ajuntá-los foi uma decisão coerente daquela sociedade local, tão justa. Aos 16,5 anos seu Gerúndio disse “sim”. Casaram-se oficialmente muitos anos depois – os meninos já estavam na pré-escola.

Quando questionada do segredo de um matrimônio duradouro, dona Cozinha nunca hesita e diz que para uma convivência equilibrada às vezes é preciso se fazer de surda. E muda. Ironicamente, seu Gerúndio sempre responde que nunca enfrentou dificuldades. “A Cozinha às vezes se faz de surda. E muda”, ele diz.

Implicitamente repetia o comportamento quando o assunto eram filhos. Os meninos, de 14 e 15 anos, vivem num mundo paralelo, submersos em seus aparelhos celulares (e em todas as conexões que cabem ali, das quais dona Cozinha desconhece quase todas). Às vezes ela gosta de ouvi-los conversando, porque eles parecem usar uma linguagem inventada, com termos que ela nem ousa repetir em voz alta. E quando eles riem, ela ri também, mesmo sem entender qual é a piada.

Cheia de graça, nem desconfia que prints de suas conversas no zap a tornaram famosa em uma rede social. Inocente, não imagina também que os 10% de sua renda doados mensalmente para a igreja estão financiando muito mais do que uma reforma no telhado – até porque telhados não cabem em aviões.

Se perguntada, ela provavelmente diria que é melhor não saber. “O que os olhos não veem, o coração não sente” é seu ditado preferido. Quase tão usado quanto o “Deus não dá asa às cobras” – embora ela use este em situações inadequadas.

Sempre quando sai de casa dona Cozinha imagina o momento em que retornará. E quando volta, gosta de passar pelo portão fingindo que aquela é a primeira vez que faz aquele trajeto. Olha as telhas descascadas da garagem, a porta de ferro levemente amassada na entrada da sala, com o cantinho do vidro quebrado, o lustre de sete lâmpadas, ostentando em cima da mesa de jantar, a foto do casamento onde se lê “sejam felizes, Armando e Neusa”. Tudo, cada detalhe fazia seu coração ficar quentinho, e desde sempre dona Cozinha julgava ser aquele o significado do sentimento “felicidade”.

Não era o ter, exatamente. Era o ser, tendo o que tinha. Que era perfeito, apesar das ranhuras, das rasuras, das lisuras. Quem passa pela vida sem cicatrizes não vive direito, concorda?

Adorava sua casa, mas sair não era nenhum problema. Ela amava o seu emprego, era quase uma extensão de si. Gostava até do trajeto, e dos aborrecimentos comuns do seu dia a dia. Enxergava o mundo sob uma ótica própria, bastante pessoal e subjetiva, e tudo o que via através das lentes dos seus óculos lhe parecia perfeito. Até o que eventualmente era imperfeito.

Otimista nata, dona Cozinha sempre acreditou que Deus reserva para cada um dos seus filhos uma missão, e se convencera muito nova de que diariamente são dadas, ao menos, três chances de se fazer alguma bondade. Então era necessário se aventurar pelo mundo (que englobava basicamente aqueles quilômetros entre sua casa e seu trabalho) para fazer o que lhe cabia.

Ela dá esmolas, devolve o troco a mais, cede lugar na fila e até mesmo o assento do ônibus (mesmo quando a exaustão lateja nas pontas dos dedos dos pés). Tudo isso confiando numa Providência Divina que não desampara os seus. E que dá a cada um segundo as suas obras.

Dona Cozinha não considera esse sistema algum tipo de barganha; apenas um mecanismo justo de “é dando que se recebe”. Se porventura fosse chamada para dar um testemunho diria que foi poupada em muitas situações – afinal, “Deus é pai, não é padrasto”. Gostava de pensar num caderninho divino onde constavam todas as suas boas ações. 

Um dia, se atrasou para o trabalho porque precisou dizer para a dona Lúcia, a vizinha, como estavam lindas as florezinhas do seu jardim. Boas ações envolviam palavras de gentileza, afinal. Ao chegar no hotel com 13 minutos de atraso, nem se justificou. Com o tempo ela própria colheria os frutos daquele tempo (não se sabe se isso aconteceu porque naquele mesmo dia ela já nem se lembrava mais do ocorrido).

Sobre o tempo, dona Cozinha nunca foi de pensar muito a respeito. Sente que ele passa mais rápido quando está atrasada, ou mais devagar quando está ansiosa. Percebe também a sua passagem, mais lenta, quando tarefas simples do dia a dia se mostram mais pesarosas, difíceis.

Nessas horas sempre solta um “Creio em Deus Pai”, mas não se sabe se ela percebe que fala isso, ou se a fala é resultado de algum tique, um cacoete demonstrado, em geral, num momento em que agimos no piloto automático.

Em tempos difíceis é dona Cozinha quem ampara: os necessitados de atenção, que se desesperam diante das intempéries, e então precisam de um pouco de colo, um tapinha nas costas, uma palavra de encorajamento; os necessitados de uma comidinha especial, que aquece mais do que o estômago, simplesmente; e até os necessitados de uma bronca – que são sempre os primeiros a ampliar os desânimos de uma mazela qualquer (em geral são propagadores de fake news – outra expressão, nova, que ela agora usava com frequência).

Pensava nesta palavra, dentro do ônibus, a caminho para o trabalho, quando o semáforo fechou.

Fim do capítulo


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Comentários para 3 - #1: Dona Cozinha:
Rain
Rain

Em: 16/09/2020

Oii! Tudo bem?

Amei a Allynne! É realmente difícil quando os pais resolvem colocar muito letras em um nome tão simples só porque acham bonito. Aline é mais legal do que esse bando de ll e nn. 

Dona cozinha é uma doçura de pessoa, uma mulher brilhante. Gostei dela e do modo dela pensar na vida e nas coisas ao seu redor também. Mas, sinceramente, eu não sabia que existia pessoas que se chamavam " Cozinha". Porém, é cada nome que encontramos por ai, não é mesmo? 

Gostei muito! Vou espera as outras personagens. Até mais! Bye, Bye


Resposta do autor: Hahhaa Sim, nomes são fardos! Mas "Cozinha" é apelido! A personagem se chama Neusa! É falado qdo menciona a foto do casamento (e que o marido se chama Armando, não Gerúndio rsrs). Amanhã tem mais!

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