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Nossa canção inesperada por Kiss Potter

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Palavras: 12562
Acessos: 1110   |  Postado em: 15/09/2020

Capitulo 43 - E agora?

Capítulo 43 – E agora?

 

Pov Lia

 

              Assim que chegou em casa na segunda-feira, passou o restante do dia estudando com Pedro para a prova de legislação no dia seguinte. Pela noite, fez questão de ficar junto dos pais, apenas conversando e aproveitando a companhia dos dois e antes de dormir falou um pouco com Liz pelo telefone.

A rockeira parecia cansada e distante, como se pensasse em outra coisa, o que lhe incomodou. A namorada estava agindo assim desde que havia começado a trabalhar na empresa. Logo se chateou com isso e resolveu desligar. Liz pareceu nem perceber seu incômodo.

Cedo da manhã no outro dia ela e Pedro acordaram cedo e foram para a cidade fazer a prova. Por sorte não havia muita fiscalização na estrada até lá para que apanhassem os dois sem carteira, era até irônico eles fazerem isso a caminho de uma prova legislativa e foram o caminho todo rindo disso.

Lia achou a prova mamão-com-açúcar e em menos de meia hora já havia respondido todas as questões. Assim que pegou seu resultado, viu que apenas por 3 questões não havia fechado o dez, mas estava satisfeita mesmo assim e ficou orgulhosa de si mesma. Naquele momento foi inevitável não lembrar-se do intercâmbio. Infelizmente não tivera a mesma sorte.

Pedro também havia se dado muito bem, errara apenas duas questões e assim que terminaram a prova foram até o apartamento de Liz, onde encontraram com Vivi. A morena diz que sentia falta de todos ali como antes, principalmente da rockeira. Já Lia sentia falta de Cris, as duas nunca mais haviam se encontrado. As duas se falaram no dia anterior e por azar a loira havia lhe dito que passara o final de semana lá com Alberto, porém, já voltara para casa.

Resolveu tirar um cochilo no quarto da namorada e matar um pouco as saudades que já sentia dela ali. Quando estava toda sem roupa e deitada na cama, teve um pensamento safado e resolveu deixar a raiva para lá. Mandou um nuds para Liz e ficou na expectativa de uma resposta. No entanto, passou-se uma meia hora e nada. Como estava caindo de sono, acabou dormindo.

Acordou-se e já passava do meio-dia. Pedro e Vivi a esperavam para irem almoçar juntos em algum lugar. Já no restaurante, observando o carinho entre eles, Lia só conseguia sentir falta de Liz, que nem mesmo recebera a sua mensagem mais cedo. Não queria se chatear com isso, sabia que a namorada agora estava trabalhando, mas a insegurança era maior, afinal ela estava longe em outra cidade e sozinha.

Voltaram ao apartamento e a irritadinha ficou na expectativa de receber uma mensagem da namorada, mas nada. Naquele momento Lia entendeu ainda mais o convite dela em irem morar juntas, justamente para que a distância não se tornasse um problema. Queria mesmo aceitar a proposta e estarem sempre juntas, mas só de pensar em ser bancada por ela seu estômago revirava.

Precisava ter mais paciência com toda essa situação. Durante a tarde, ficou lendo no celular até pegar no sono mais uma vez e quando acordou, finalmente uma mensagem havia chegado em seu telefone, mas era Vanessa. Sentiu decepção e frustrou-se quando viu que não era a namorada.

Vanessa: “Lia, você está podendo falar agora?”

É claro que poderia falar naquele momento, mas estava chateada e sem cabeça. Ainda mais que, com certeza, a ruiva falaria sobre coisas do intercâmbio e isso só a deixaria pior. Demorou alguns minutos, propositalmente, para responder:

              Lia: “Olá, Vanessa. Agora estou numa correria, mas podemos falar mais tarde? Eu estou aqui na cidade hoje resolvendo umas coisas?”

              Vanessa: “É sério?! Você está aqui? Poxa, podemos sair mais tarde então para algum lugar? ”

              “Puta que pariu! ” pensou e fez uma careta. Agora ela iria querer sair. Se bem que seria uma boa ideia já que teria que ir até o bar mesmo mais tarde.

              Lia: “Pode ser. Eu tenho que dar uma olhada no bar da Liz, você pode ir comigo se não se importar. ”

              Vanessa: “Não me importo, mas será que não tem problema por ela? ”

              Lia bufou com aquilo. As duas ainda eram cismadas uma com a outra. Não tinha motivos para isso, Vanessa era apenas uma amiga, e mais ainda, já que Liz estava muito ocupada, iria preencher os pensamentos com outra coisa também.

              Lia: “A Liz não está aqui na cidade hoje, mas ela não liga para isso, não. ”

              Vanessa: “Ok, então. Como vai ser? ”

              Lia: “Umas oito está bom? Eu te mando o endereço de lá. É um bar lésbico, ok? ”

              Vanessa: “Aaahh, amei essa notícia, já quero. Então está combinado às sete. Bjs ”

              Deu sete da noite e resolveu se vestir para ir até lá. Liz ainda não dera nenhum sinal de vida até então, o que lhe deixou irritadiça. Quando saiu do quarto. Não viu vestígios de Pedro ou Vivi e apenas mandou uma mensagem para o irmão, avisando que iria sair.

              O bar ainda estava fechado para os clientes quando lá chegou, mas logo Tom abriu a porta dos fundos para que ela entrasse. Não sabia muito bem o que deveria olhar ou fazer por ali, já que a namorada não lhe dera nenhuma instrução mais detalhada. Por sorte, Tom disse que Liz lhe mandara uma mensagem no dia anterior, dizendo o que fazer.

              Os dois se sentaram em uma das mesas e, basicamente, o gestor lhe repassou alguns problemas como, atraso de mercadorias, troca de alguns fornecedores, aumento de preços e o mais urgente, uma reforma na cozinha exigida pela vigilância sanitária e eles haviam dado um prazo curto para que tudo fosse regularizado.

              Tom lhe entregou o projeto e passou três diferentes orçamentos que havia feito para que Liz se decidisse sobre o que iria fazer. O gerente era um homem bem prestativo, inteligente e de confiança. Na certa o salário dele deveria ser muito bom para que resolvesse todas aquelas questões e ainda mais sozinho.

              Ela mandou a localização do local para Vanessa e logo a ruiva lhe mandou uma mensagem, dizendo que estava a caminho. Já passava um pouco das oito quando ela chegou. A amiga estava radiante como sempre, só que o cabelo dela estava mais curto, quase do mesmo tamanho que o de Lia.

              — Hey, amiga! — Vanessa cumprimentou-a com um abraço.

              — Oi, Vanessa! — respondeu com simpatia. — Adorei o cabelo.

              — Ah, obrigada! — agradeceu um pouco tímida e logo depois, olhou ao redor, admirada. — Então, que bar incrível, eu amei.

              — Sim, eu amo esse lugar. Eu quase não acreditei a primeira vez que vim aqui.

              — Nem parece que estou no Brasil.

              As duas riram juntas e Lia fez questão de mostrar tudo a ela. Não tardou para que as clientes começassem a chegar e logo o bar estava consideravelmente cheio. Depois de algumas fotos, as duas pediram suas bebidas e voltaram a mesa.

              — Então, como estão os preparativos? — perguntou já sentindo um aperto no peito.

              — Ah sim, agora eu posso mesmo dizer que está mesmo confirmada a minha vaga.

              — Como assim? Você já não havia passado na prova?!

              — Passei sim, mas além da nota a universidade tem outros critérios. Olham notas, o tanto de faltas, se o aluno entrega os trabalhos, enfim, todas essas coisas.

              — Não sabia que ainda tinha isso.

              — Tem sim, inclusive vários alunos já perderam a vaga por causa disso.

              — Sério? — Lia admirou-se e pensou no que eles fariam com as vagas que não seriam preenchidas.

              — Parece que assim que saiu a lista, nós, os dez primeiros colocados fomos logo chamados até a universidade e lá eles disseram como tudo ia ser. Explicaram dessas regras todas, se a gente tinha mesmo interesse e condições para poder ir. Já nesse dia uns dois desistiram e depois mais dois foram reprovados por falta.

              — Puta que pariu! Eu não sabia que eles faziam isso. E o que eles estão fazendo com as vagas que não foram preenchidas?     

              — Eles estão chamando os próximos que ficaram abaixo dos dez. Criou uma espécie de lista de espera, entende?

              — Ah sim, entendi!

              — Por isso eu queria até conversar contigo. Em qual posição você ficou no teste?

              — Eu não sei. Fiquei tão triste que nem cheguei a olhar — disse com sinceridade, mas ao mesmo tempo seu coração bateu ansioso com a notícia ao se dar conta de que ainda poderia estar concorrendo a vaga.

              — Lia, vamos olhar em qual lugar você ficou. Ainda pode conseguir uma vaga. Vai, entra aí no site da universidade.

              Vanessa parecia bastante animada com a possibilidade enquanto Lia ainda se sentia tonta e nervosa com isso. Será que poderia ser possível?

              Entrou no site e procurou pelo resultado do intercâmbio. Lá havia um espaço específico para ver em qual lugar a pessoa havia ficado. Preencheu os dados com seu login e senha e logo viu que havia ficado na 16° posição. Por pouco não conseguira entrar.

              — Lia, faltam duas vagas só para eles te chamarem. Ninguém da universidade te ligou?

              A irritadinha pensou por algum tempo. Não lembrava de ter recebido e nem perdido nenhuma ligação de lá nos últimos dias. Respirou fundo e resolveu não se animar muito, talvez eles já tivessem conseguido preencher as vagas já. Afinal, quem seria louco de perder a oportunidade?

              — Não, não me ligaram para nada!

              — Semana que vem eu vou na universidade novamente levar uns documentos e vou perguntar se já fecharam as vagas.

              — Tá certo — Lia disse sem muita euforia. Não queria criar muita expectativa e acabar se decepcionando.

— Eu corri para tirar meu passaporte e conseguir o visto. Já temos que viajar no final de julho. Eles pediram tanta coisa lá, mas não foi tão difícil porque é intercâmbio. Eles viram que a universidade vai custear metade do preço todo mês.

— Custear o quê? — perguntou confusa. Até onde sabia o curso em si seria gratuito.

— A despesa com a moradia — A ruiva respondeu alegre. — Isso também foi outra coisa que eles só me disseram bem depois.

— Caraca, Vanessa! Isso é incrível, uma oportunidade única mesmo.

— É sim, vamos gastar com metade do aluguel e alimentação — Vanessa segurou sua mão com carinho e aproximou-se. — Ai, Lia! Espero mesmo que você consiga. Seria incrível nós duas nisso.

Lia se incomodou um pouco com a proximidade entre as duas e retirou a mão da dela com delicadeza, sorrindo para tentar disfarçar. Era bom não dar nenhum sinal errado.

— O que tiver de ser, será! — encerrou o assunto. Não queria mais ficar pensando nisso se enchendo de expectativa.

Naquele momento seu celular tocou. Finalmente era Liz. Seu coração bobo disparou de felicidade e pediu licença a Vanessa, afastando-se do barulho do ambiente.

— Oi!

— Só você mesmo para conseguir me distrair, linda! — Liz disse em um tom de voz pesado e meio arrastado. — Acabei de ver a sua foto. Quer me deixar doida, é? Não é justo mandar essa foto, estando tão longe.

— Você está bem? — perguntou, preocupando-se automaticamente.

— Estou melhor agora, falando com você — a voz dela saiu solta. Como se tivesse bebido.

— Você está bêbada?

A rockeira não respondeu logo, apenas deu um suspiro e depois gargalhou.

— Só um pouquinho! Queria você aqui agora, irritadinha!

Algo havia acontecido, tinha certeza disso e aquilo apenas a preocupou ainda mais. Pior era que nem ao menos estava por perto para ir ao encontro dela. Seu peito logo se agitou.

— Onde você está agora?

— ‘Tô aqui no nosso apartamento. Deitada no nosso colchão...

— Passou o dia inteiro sem falar comigo! — Lia ralhou com ela. — Eu já estava preocupada com você.

— Se aceitasse minha proposta saberia de mim o tempo todo — Liz retrucou chateada. Agora saberia mesmo como ela se sentia já que estava bêbada.

— A gente já falou sobre isso, Liz!

— Eu sei, mas não é justo!

— Estou preocupada com você. O que foi que aconteceu, hein?

— Eu nem sei por onde começar — ela disse e Lia pôde ouvir sua voz quebrando aos poucos, parecia falar mais consigo mesma.

— Aconteceu algo na empresa? — chutou na expectativa de que ela começasse a desabafar. Lia teve uma sensação ruim de Déja Vu. Liz estava agindo como antes, não querendo lhe falar as coisas.

— É melhor eu não dizer nada pelo telefone, Lia! — a voz dela soou desolada e pela primeira vez, arrependeu-se mesmo de não estar ao lado dela.

— Por favor, para de beber e fala comigo! — tinha muito receio da rockeira ter uma recaída e ficar mal como antes. — Tem algo a ver com seus pais?

— É horrível Lia, não quero mais pensar sobre isso. Só fala comigo, por favor!

— Estou falando, ok? O que quer que eu faça?

— Onde você ‘tá agora? — perguntou chorosa.

— Eu estou aqui no seu bar. Vim dar uma olhada como você me pediu! — ao menos ela estava falando e distraindo a mente.

— Como estão as coisas por aí? — sentiu como a pergunta soou vazia.

— Está indo tudo bem, não se preocupe! Apenas algumas questões, mas nada sério.

— Você está sozinha aí?

Suspirou, não queria mentir, mas ao mesmo tempo não queria que ela pensasse bobagens.

— Não, a Vanessa está aqui também. Ela queria me contar umas coisas sobre o intercâmbio e aproveitei da gente se encontrar aqui.

— Aquela ruiva está aí com você? — nesse momento ouviu um pouco de indignação na voz dela. — Ah, qual é!

— Qual o problema?

— Fala sério, Lia. Puta que pariu! — conseguia ouvir que agora Liz havia ficado agitada. — Sabe que não confio nessa mina!

— Ah sim, é muito bom ouvir isso, mas você tem que confiar em mim e estou dizendo que nada aconteceu ou vai acontecer!

— Fácil falar, né? Quer dizer que só você pode ter ciúmes?

— O quê? — revidou indignada. — Eu nunca tive nada com a Vanessa, porr*!

— Eu não estou com cabeça para isso, era a última coisa que eu precisava saber agora. Ia pedir para gente fazer ao menos uma chamada de vídeo, mas deixa para lá. Passou a vontade.

Sem ao menos deixar Lia responder, a rockeira encerrou a ligação com rapidez. Agora, além da preocupação, Lia também ficou puta com o que havia acontecido. A noite acabara ali para ela. Voltou até onde Vanessa estava e disse que precisava ir para casa.

— Mas já? Você ainda nem tomou sua bebida.

— Eu sei, mas agora preciso resolver um problema.

— Ok! Pode deixar que eu acerto aqui — disse a ruiva se referindo a conta. — Se quiser posso te dar uma carona.

— Não precisa se incomodar, Vanessa, é sério! A gente se vê depois, ok? Desculpe sair assim.

— Ok! Me liga qualquer novidade, tá?

— ‘Tá certo! — respondeu no automático. Não estava com cabeça para mais nada.

Pediu por um carro no aplicativo e por sorte, em menos de cinco minutos ele chegou. Lia pagou sua parte na conta e as duas se despediram. No banco de trás, foi o caminho todo de volta ao apartamento, tentando falar com a namorada novamente, mas o telefone apenas chamava e ela não atendia.

Que ódio que estava naquele momento. Deveria ter mentido, só Deus sabia o que a rockeira poderia fazer naquele momento estando tão sensível, bêbada e com ciúmes. Assim que entrou no apartamento, seu celular tocou, era um número que não tinha em sua agenda. Atendeu apressada e apreensiva.

— Quem fala?

— Lia? — A voz conhecida de uma mulher mais velha falou do outro lado da linha.

— Luísa? — perguntou para ter certeza.

— Sim, sou eu. Que bom que consegui falar com você.

— Aconteceu alguma coisa com a Liz? — nem perdeu mais tempo. O pior passava em sua mente.

— Eu não sei. Foi por isso que te liguei. Você sabe onde ela está?

— A gente se falou há pouco tempo e ela disse que estava no apartamento dela.

— Apartamento? — exclamou surpresa. — Mas onde fica isso?

“Puta Que pariu ” pensou enraivecida. O pior é que não lembrava nem o nome da rua onde ficava e não saberia nem explicar o caminho.

— Eu só fui lá uma vez no sábado. O pior é que não lembro o caminho ou o nome da rua — respondeu se sentindo culpada. — Luísa o que foi que aconteceu?

— Sinto muito, Lia, mas não posso falar sobre isso por aqui. Eu preciso saber onde Liz está primeiro.

— Ai meu Deus! Deixa eu ver ao menos se lembro o nome do prédio — Lia esfregou os dedos nos olhos se sentindo nervosa e ficou revirando em sua mente todas as lembranças do fim de semana.

Por que tinha que ser tão lerda? Não havia reparado em nada. Tinha vontade de se amaldiçoar. Alguns segundos depois, algo surgiu em sua mente.

— Se eu não me engano o nome do prédio é Brandão... alguma coisa. Eu não consigo lembrar direito.

— Argeu Brandão? — Luísa palpitou parecendo ansiosa e a mente de Lia deu um estalo. Era aquele nome mesmo.

— É esse mesmo, Luísa. Ela disse que ele fica no caminho para a empresa e perto do seu condomínio...

— Eu já sei onde fica, Lia. Muito obrigada!

— Por favor, assim que conseguir encontrar com ela me avisa! — pediu aflita e já sentindo um leve aperto no peito. — Agora eu fiquei preocupada. Ela está na cobertura.

— Tudo bem! Irei lá agora mesmo.

Naquele momento uma aflição tomou conta de si. Foi até o quarto dela, ligou o som em uma música de rock qualquer para tentar distrair a mente e colocou o telefone ao seu lado. Mais de uma hora se passou sem que ninguém ligasse para ela e a falta de notícias lhe deixou super ansiosa. Odiava aquele sentimento de ansiedade.

Saiu pelo apartamento à procura de uma bebida e voltou com uma garrafa de vinho que havia encontrado na geladeira. Depois de um bom e generoso gole, sem mais se conter, pegou o telefone e ligou para Liz, que novamente não a atendeu.

— Puta que pariu! — xingou sozinha no quarto e falando consigo mesma. — Atende essa porr*, Liz!

Criou mais coragem e ligou para o número de Luísa, mas ela também não a atendeu.

“Qual é o problema de as pessoas atenderem esses telefones”? pensou enraivecida. A tristeza e a preocupação lhe deixavam zangada e estressada.

Alguém bateu na porta e era Pedro. Assim que ele a viu bebendo e com a expressão preocupada no rosto, prontamente se aproximou.

— Aconteceu alguma coisa, mana? — perguntou atencioso e sentou-se ao seu lado

— O que você acha? — disparou de volta com raiva.

— É a Liz?

— Sempre a Liz! — bufou e deu mais um gole generoso no vinho.

— O que aconteceu?

— Eu não sei. O pior é que eu não sei mesmo o que foi! — explodiu. — É sempre assim com ela. Nada é fácil.

Naquele momento, Vivi entrou no quarto assustada, com certeza havia escutado sua voz alta.

— Aconteceu algo com ela? — A morena agora estava preocupada também. — O que foi?

— Eu não sei, Vivi. Ela não te contou nada?

A morena sorriu com descrença e balançou a cabeça.

— Se ela não contou para você, então, para mim muito menos!

— Ela me ligou muito chateada e eu percebi que ela estava bêbada — recapitulou a “briga” mais cedo. — Disse que estava com um problema, mas que não podia falar pelo telefone.

— Ah, meu Deus! — Vivi levou a mão até a testa e sentou na cama ao lado de Pedro. — Essa não! Fazia tempo que a Liz não agia assim.

— Exatamente minha preocupação — Lia respondeu e checou o celular mais uma vez, porém não havia nada ainda. — A gente discutiu e ela desligou na minha cara, não me atendeu mais. Para piorar a Luísa me ligou há pouco tempo querendo saber onde ela estava.

— Caralh*! — Pedro admirou-se com todas as informações. — Eu espero que minha cunhada esteja bem.

              Lia ficou por um tempo andando de um lado para o outro no quarto e bebendo até que o irmão foi até ela e retirou a garrafa de suas mãos.

              — Hey! — gritou em protesto, tentando pegar a garrafa de volta.

              — Tem calma, Lia! — O irmão repreendeu-a seriamente. — Isso aqui não vai adiantar de nada. Não vai resolver ficar bêbada.

              Bufando a irritadinha saiu de perto dele e foi até a janela do quarto. Ficou apenas olhando a cidade pelo vidro e praguejando internamente. Deu um salto quando seu telefone tocou. Era Luísa.

              — Oi! — atendeu apressada.   

              — Lia, eu já estou aqui com ela. Está tudo bem.

              Lia fechou os olhos por um instante e agradeceu a Deus mentalmente. Um alívio instantâneo tomou conto de seu corpo e suspirou, liberando a tensão que estava sentindo.

              — Ok, Luísa. Obrigada, eu estava aflita aqui já.

              — Pode ficar sossegada! — A mais velha acalmou-a. — Ela está bem. Apenas bebeu muita vodka, mas está bem aqui no apartamento.

              — Tá certo. Será que eu posso falar com ela?

              — Claro! — Lia ouviu ao fundo, Luísa tentando passar o telefone para ela, mas alguns segundos depois, voltou a falar no telefone. — Lia, desculpe, mas ela disse que não quer falar com você agora.

              Sentiu seu coração apertar dolorosamente. Liz nunca havia se negado a lhe atender antes. Nunca!

              — Tudo bem, eu entendo! A gente teve uma leve discussão hoje à noite.

              — Percebi! — Luísa tinha um tom de voz ameno. — Não se preocupe, querida. Isso acontece. Sei que a Liz é louca por você, só está magoada no momento, mas posso dar um conselho?

              — Claro!

              — Se você puder vir para cá o quanto antes, é melhor! — A mais velha deu um longo suspiro. — Ela vai precisar de você aqui.

              — Eu já estou ficando preocupada com isso, Luísa!

              — Infelizmente é um assunto complicado, Lia. É bom que você venha assim que puder. Se quiser eu peço para agendarem um voo para você. É só me dizer o dia.

              — Pode deixar, eu vou o mais rápido possível — nem titubeou. Se rua rockeira estava passando por um mal momento, jamais a deixaria passar por aquilo sozinha.

              — Você me retorna nesse número, que eu cuido de tudo!

              — Ok, Luísa. E muito obrigada por tudo!

              — Não precisa agradecer, Lia. Tchau!

              — Tchau!          

              Lia desligou o telefone e quando olhou ao redor, Pedro e Vivi estavam ao seu lado. Havia ficado tão envolvida na ligação que nem havia notado a aproximação dos dois.

              — E então? — Vivi perguntou preocupada.

              — Luísa está com ela e está tudo bem. Quer dizer, aconteceu alguma coisa e eu não sei o que é, mas ela está bem.

              — Graças a Deus! — Pedro disse, abraçando-a. — Está mais calma agora?

              — Sim — respondeu simplesmente e saiu do quarto. Queria ficar sozinha e pensar um pouco.

              Às vezes se envolvia tanto nos dramas de Liz, que acabava se esquecendo da própria vida. O fim de semana havia sido perfeito e tudo parecia estar ok. O que de tão ruim havia acontecido em apenas um dia longe dela? Mal chegara em casa e já teria que voltar novamente. Imaginava a reprovação de seus pais quando desse a notícia. Apesar de saber que era maior de idade e responsável por si mesma, ainda assim, dependia deles e não queria parecer uma filha ingrata.

              Ela ficou um bom tempo na varanda, sentada no confortável colchão que tinha lá, relembrando todos os momentos que havia passado com Liz ali. Era só pensar neles que tudo se tornava claro em sua mente. A rockeira merecia tudo de si e Lia sabia que sempre faria de tudo para que as duas ficassem juntas.

Estava praticando o discurso que faria com os pais mentalmente quando Pedro chegou. Ele sentou-se ao seu lado e apenas abraçou-a. Lia gostava muito disso no irmão. Ele respeitava o seu silêncio e não a pressionava nunca, isso já fazia com que sentisse vontade de desabafar, pois seu mano nunca a julgava.

— A tia da Liz pediu que eu voltasse. Que ela está precisando de mim nesse momento.

— Você não sabe mesmo o que aconteceu?

Parando para pensar no que poderia ser aquilo, com certeza havia acontecido algo na empresa. Lembrou que Luísa e Artur estavam agindo estranhamente desde o acidente e Liz estava super intrigada com isso. Pensou na pior alternativa de todas e pediu a Deus que não fosse isso.

— Tenho uma ideia do que pode ser, mas não posso te falar nada.

— A família da Liz é bem problemática, não é? — Pedro perguntou em tom especulativo.

— Pessoas milionárias que nem eles sempre são — disse mais para si mesma. Tinha uma sensação muito estranha sobre o que estava acontecendo.

Já que estavam ali trocando confissões, a próxima sentença saiu espontaneamente.

— Liz me chamou para morar com ela.

Não havia dito isso para ninguém ainda. Percebeu que o irmão arregalou os olhos em surpresa.

— ‘Tá falando sério?

A irritadinha apenas balançou a cabeça e ficou encarando o céu estrelado à sua frente.

— E... você aceitou?

— Eu disse que ia pensar. Não é como se eu nunca tivesse me imaginado vivendo isso com ela, eu a amo demais. É só que agora a gente estaria apressando demais as coisas.

Ao olhar para o irmão, observou que ele estava muito calado e parecia pensativo, então apenas continuou.

— Sabe aquele sonho de se formar, arranjar um emprego e ficar com a pessoa que você ama? — perguntou e Pedro apenas acenou e sorriu. — Pois é. Eu já encontrei a minha amada, mas queria conquistar as outras coisas sem ter que depender dela.

— Mas por que está dizendo que queria?

— Eu não sei, mano — disse desolada e escorou a cabeça no ombro dele. — Ficar longe da Liz é difícil. Estamos muito apegadas. Eu acho que vou acabar aceitando.

— Bem, você tem que fazer aquilo que vai te fazer feliz. Se você não liga em ser dependente dela, então aceita. E outra, você pode arranjar um emprego, não é?

— Isso é tão surreal! Eu nunca imaginei passar por esse tipo de situação, indo morar com uma pessoa sem nem ter terminado os estudos. Eu sempre falei de mulheres que faziam isso e agora estou prestes a agir justamente da mesma forma.

— É complicado mesmo! — disse ele simplesmente.

Aquele silêncio todo a incomodou. Geralmente os dois sempre eram muito abertos um com o outro. Lia sabia que ele tinha mais a dizer e queria saber o que era. Queria ouvir umas boas verdades que só Pedro conseguia falar.

— Pode falar, mano! O que você acha?

— Sabe que sempre apoiei vocês duas e que o mais importante para mim é te ver feliz. Eu não duvido do que vocês sentem uma pela outra, ainda mais depois de tudo que passaram, mas... posso ser bem sincero?

— Por favor!

— Eu não consigo ver você numa situação dessas, dependendo da sua namorada. Liz está longe cuidando das coisas dela e você tem que fazer o mesmo. Sei que vão conseguir superar isso. Se ela te ama mesmo, vai entender e respeitar, mas o importante é: faz o que você quiser fazer e não faça nada pensando só nela!

Gostava de conversar com o irmão por causa disso, da sinceridade. Ele sempre falava coisas profundas com convicção. E o melhor de tudo, ele dizia o que pensava, mas não a julgava. Sempre respeitava as suas decisões e como aquilo era assunto somente seu e de Liz, resolveu deixar de lado.

— Não sei como vou olhar para cara da mãe e do pai e dizer que já preciso voltar. Eles não vão gostar nada.

— Desculpe dizer, mas não vão mesmo!

— Mas como eu posso não voltar? Eu preciso! Estou preocupada com ela.

— Vá! Não importa o que eles vão dizer, Lia — Pedro a apoiou com firmeza. — Faça o que tem de fazer e volte. Eles vão se dar conta de que você sempre vai voltar. Pelo menos até resolver de vez juntar os trapos com ela.

Lia acabou sorrindo da fala do irmão e a tensão foi se dissipando aos poucos. Era sempre ótimo conversar com ele. Não sabia como iria falar com os pais, mas a simplicidade com que Pedro falara, havia lhe dado uma ideia.

— Acho que eu não vou nem mais voltar para casa. Talvez eu devesse poupar meus nervos e ir logo daqui amanhã.

— Isso não seria pior?

— Vai ser sim, mas não me sinto disposta em ver a cara deles e ficar argumentando. Ainda mais por uma coisa que eu nem vou poder explicar direito — suspirou e fico formando um plano mentalmente.

— Você não precisa ao menos fazer uma mala com suas roupas?

— Eu tenho algumas roupas aqui no apartamento. Acho que vou daqui mesmo.

— Ok! Se você prefere...

Lia viu que Pedro não aprovou sua decisão, mas também nada disse, apenas respeitou sua decisão e lhe ofereceu ajuda. Deu boa noite a ele e foi para o quarto. Ainda naquela noite, arrumou uma das malas de Liz com as poucas roupas e peças íntimas que tinha.

Qualquer coisa, se precisasse de algo, usaria o cartão de crédito para comprar, mas sabia que uma vez que chegasse ao condomínio, nada lhe faltaria. Assim que arrumou as poucas coisas, mandou uma mensagem para Luísa:

Lia: “Luísa, boa noite. Eu já preparei tudo e posso ir a hora que você achar melhor. Aguardo sua resposta. Bjs!”

Depois disso, deitou na cama se sentindo exausta, mas antes de pegar no sono a porta do quarto abriu, revelando Vivi. Ela já estava com roupas de dormir e sentou-se ao seu lado na cama.

— Lia, eu só queria agradecer por toda a sua preocupação com a minha amiga.

Lia sorriu com as palavras dela e as duas uniram as mãos. Sentia como se a morena também fosse uma irmã.

— Não precisa me agradecer, Vivi. Você sabe que eu sou doida por ela.

— Sei sim! Eu me mudei para cá há alguns anos na esperança de tomar conta dela, mas a única coisa que eu acabei fazendo foi, no máximo, ajudar Liz com suas ressacas e a se livrar daquelas “ficantes” grudentas e doidas dela.

Lia acabou sorrindo da frase, mesmo sentindo uma pontada de ciúmes. Era inevitável, mas logo o sorriso apagou-se ao ver que ela ainda estava séria.

— Pode me fazer um favor?

— Claro, Vivi!

— Eu não sei o que aconteceu, mas será que pode me avisar como estão as coisas assim que chegar lá?

— Own! Mas é claro, eu aviso sim!

— Cuida dela, por mim, ok?

— Sempre!

Vivi sorriu de forma delicada e lhe deu um abraço. Lia sentiu como ela parecia triste e preocupada com a amiga e isso apenas reforçou seu carinho por ela. Vivi era para Liz, aquilo que Cris era para ela. Melhores amigas sempre!

E falando em Cris, procurou a amiga nas mensagens e lhe mandou um áudio enorme contando as coisas que havia acontecido nos últimos dias, inclusive sobre a suposta vaga do intercâmbio, e perguntando como estavam as coisas. Não demorou muito e já estava caindo de sono, logo acabou dormindo antes de receber alguma resposta, tanto de Cris quanto de Luísa.

***

Pov Liz

A rockeira havia ficado muito desgostosa ao falar com Lia. Como ela teve coragem de se encontrar a sós com aquela ruiva no seu bar? Depois disso e se sentindo chateada, resolveu ignorar todos os telefonemas e chamadas dela. Liz nunca fora uma pessoa ciumenta e insegura, mas não conseguia gostar de Vanessa. Via a forma como ela sempre olhava para sua irritadinha e sabia que não poderia vacilar com ela.

Discutir com Lia foi a combustão final para seu estresse e fez a única coisa que poderia naquele momento, bebeu até cair. Ficou confusa quando a sua campainha tocou e viu Luísa acompanhada de Vitória e Tomás. Não entendia como eles a tinham encontrado. Não havia comentado com ninguém sobre o apartamento e não fazia ideia de como eles havia chegado até ali.

Com passos bêbados e trôpegos, afastou-se e caiu de volta no sofá sem nem falar direito com eles. Havia bebido além da conta e já estava a ponto de apagar de sono quando eles chegaram.

— Você está bem, minha menina? — Luísa sentou-se ao seu lado no sofá, com cuidado devido às suas pernas que ainda estavam se recuperando.

Liz apenas acenou negativamente com a cabeça. Falar parecia ser algo muito difícil no momento e ao ver a tia ali toda preocupada, apenas aumentou mais ainda sua sensibilidade. Era nada mais do que um milagre que ela estivesse viva bem à sua frente naquele momento. Sem aviso prévio, Liz pôs a cabeça sobre o colo dela e chorou feito uma criança. Sua ficha ainda estava caindo sobre tudo o que acontecia.

— Mãe, o que aconteceu com ela? — conseguiu ouvir a voz da prima bem ao longe e logo dedos sentiu que alguém fazia cafuné em seu cabelo. — Ela terminou com a Lia ou algo do tipo?

— Não, querida! — pôde ouvir que a voz da tia estava chorosa. — Não foi nada com a Lia, felizmente.

Após alguns segundos, apagou completamente ali no sofá, caindo em sono profundo.

***

Quando voltou a si, viu que estava deitada em seu sofá e que um grosso cobertor a protegia do frio. Sua cabeça estava explodindo e um mal-estar lhe acertou em cheio. Estava com ressaca.

— Liz! — pôde ouvir a voz da tia e olhou ao redor. Ela havia sentado do seu lado.

O que tinha acontecido? Não lembrava de muita coisa na noite passada, apenas de ter discutido com Lia e de encher a cara por algum tempo.

— Como a senhora me achou? — perguntou confusa.

— Lia me disse onde você estava — seu estômago revirou ao ouvir o nome da namorada. A tia passou a mão em seus cabelos e lhe deu um beijinho em sua testa. — Você está bem?

— Só de ressaca. Minha cabeça dói — tentou aprumar-se no sofá, mas foi tomada por uma tontura forte.

— Eu imaginei! Já passa das onze, pedi para o Tomás comprar algum remédio.

— Obrigada!

Luísa, ainda usando uma muleta para se apoiar, saiu à procura de água e enquanto isso, Liz procurou seu celular apenas com o olhar. Por sorte não estava muito longe, apenas em cima de uma caixa vazia perto do sofá. Quando olhou a tela, viu várias mensagens e ligações tanto de Lia, quanto da tia e até mesmo Vivi. Havia ficado tão chateada que deixou o telefone de lado para não falar com a namorada.

Luísa lhe entregou o remédio e a água em uma taça de champagne. Liz sorriu sem jeito e logo tomou os comprimidos.

— Você precisa mobiliar melhor sua casa — disse a tia risonha. — Então é por isso que você andava tão distante esses últimos dias! Por que não me falou que queria morar em outro lugar?

— Não é bem assim. Não queria dizer nada ainda. Provavelmente foi em vão que eu comprei isso aqui.

— Por quê? O que aconteceu?

— Não quero falar sobre isso! — respondeu tristonha. Não queria parecer uma garotinha iludida e machucada por Lia não ter aceitado seu pedido. Ainda se sentia idiota com isso.

— Então pode me dizer por que sumiu me deixando preocupada? — A mais velha atestou como se fosse óbvio e ficou à espera de uma resposta.

Estava uma confusão na sua cabeça naquele momento. Um intenso sentimento de medo, raiva e agonia haviam lhe tomado desde a reunião que haviam tido com o detetive. Só de pensar naquela tentativa imunda de assassinato contra a tia, seu peito apertava dolorosamente.

— Também não quero falar nisso! — disse simplesmente. Não sabia o que pensar. Só queria um tempo para si e quem sabe acordasse daquele pesadelo, ainda tinha esperanças de que estivesse dormindo. — Preciso ir no banheiro.

Tentou se levantar com calma e trancou-se no cômodo. Conseguia sentir o forte cheiro de álcool em si mesma e lembrou-se das tantas vezes em que havia enchido a cara para fugir da realidade. Enojada consigo mesma, arrancou as roupas do corpo e tomou um banho frio no jato de água que saía do chuveiro.

A única coisa que queria muito desde que Artur lhe contara tudo, era Lia. Era nela que conseguiria se perder com segurança. Ela era sua rocha, mas infelizmente estava a quilômetros de distância.

Enrolou-se em um roupão que havia ali e voltou para a sala onde a tia a esperava junto de Vitória.

— Ei, Liz — A prima foi ao seu encontro e lhe deu um abraço caloroso. — Você está bem?

— Estou sim, não se preocupe! Foi apenas um dia difícil — tentou disfarçar e seu olhar cruzou com o da tia que a olhou sugestivamente. Na certa, Vitória e Tomás também não sabiam de nada.

— Filha, será que pode nos deixar a sós um pouco? — A mais velha pediu de forma delicada.

— Ok, claro! — A loira pareceu um pouco contrariada, mas fez o que a mãe pediu, saindo do apartamento.

              As duas se olharam por algum tempo em silêncio, obviamente que não sabiam nem ao menos o que dizer.

              — Eu não queria ter envolvido você em nada disso! — Luísa disse de forma aflita. — Sabia que você iria ficar assim.

              Naquele momento Liz sentiu uma raiva incomum surgir como uma avalanche. Não era justo nada do que estava acontecendo.

              — Ah, qual é! — disparou enraivecida e foi até a grande janela de vidro. — Já faz um mês desde o acidente. Como a senhora conseguiu guardar isso por tanto tempo? Eu não entendo...

              — Liz, acredite! Eu não quis acreditar quando aconteceu. Infelizmente quando eu acordei, ainda lembrava de tudo e o Artur insistiu que a perícia fosse feita. No fundo eu estava com medo de acreditar que alguém pudesse fazer algo tão baixo assim...

              — A senhora quer dizer, que o Flávio tenha feito algo assim — replicou com o ódio transparecendo em sua voz e fechou os punhos com força para aplacar a raiva que sentia. — Aquele filho da puta!

              — Ainda não sabemos se foi ele...

              — Quem mais pode ser? — uma lágrima dolorida escorreu por sua face mais uma vez. — E eu achando que ele estava mudando — ela levou as mãos até a face, esfregando-as com força. — Que estúpida eu sou!

              — Liz, eu não te culpo — Luísa fez um esforço para se colocar de pé e foi até ela, abraçando-a com força. — Nós duas temos uma à outra, foram dias difíceis. Por isso mesmo que eu fiquei o tempo todo te alertando para que não confiasse nele.

              Liz virou-se e abraçou a tia de volta, tomando cuidado para não machucá-la. Ali, no ombro de Luísa ela se desmanchou em lágrimas por um longo tempo.

              — Eu não quero... nem pensar o que eu faria... se... se tivesse perdido... — falou entre choro e soluço. A mais velha a amparava calorosamente. — Eu preciso da senhora!

              — Oh minha menina rebelde! — Luísa exclamou com voz de choro. — Eu estou aqui e não vou a lugar algum. Vou sempre estar aqui quando precisar de mim.

              As duas não falaram mais nada por um longo tempo, apenas se consolaram em um abraço apertado. Liz nunca havia se sentido tão vulnerável e aberta assim com a tia antes, nem mesmo quando haviam conversado sobre a carta do pai. Nunca havia conseguido se mostrar assim para mais alguém, apenas Lia. Sem se conter, desabafou o que estava bem no fundo dos seus pensamentos. Aquilo que lhe era mais doloroso.

              — Será que ele teve algo com a morte dos meus pais também?

Se sentindo enraivecida e frágil, soltou-se do abraço, baixou a cabeça e secou as lágrimas.

— Eu já pensei nisso também. O acidente de Elena foi muito parecido com o meu.

O peito de Liz doeu com a declaração e mais lágrimas se formaram em seus olhos já avermelhados.

              — Eu já perdi demais ao longo da minha vida — disse seriamente e com a voz fanhosa pelo choro. — Não vou conseguir ir para a empresa e ficar olhando para a cara do Flávio depois dessa. A vontade que eu tenho é de esganar aquele escroto de merd*...

              — Shii... — Luísa acalmou-a e fez carinho em seus cabelos longos e desalinhados. — Eu sei exatamente como está se sentindo. Me escuta bem Liz! — A mais velha enlaçou as mãos nas suas e a fez encará-la. — Se tiver sido mesmo o Flávio quem fez isso, eu não quero que ele desconfie de nada. Nós vamos descobrir a verdade e eu quero pegar ele de surpresa. Nós vamos fazê-lo pagar por tudo isso.

              — Artur conversou comigo sobre isso, mas...

              — Mas nada! Tire alguns dias para se recuperar e pôr a cabeça no lugar. Já que agora sabe de tudo vou precisar de você. É mais um par de olhos e ouvidos para mim dentro da empresa enquanto não posso voltar...

              — A senhora não pensa mesmo em voltar e ficar perto daquele canalha, não é?! — A rockeira disse descrente. — Como a senhora consegue?

              — Se eu me afastar vou estar fazendo aquilo que ele quer. Esse gostinho eu não vou dar. Flávio vai ver com quantos paus se faz uma canoa. Se ele acha que consegue me intimidar está muito enganado.

              — Ele tentou matar a senhora — Liz atestou exasperada. — Entende isso? O que impede ele de tentar mais uma vez?

              — É claro que se ele for fazer algo novamente, não fará tão cedo. Seria muito suspeito. Mas você e Artur precisam ter cuidado. Ele pode querer me afetar através de vocês.

              Liz ficou pensativa com aquilo e pela primeira vez se deu conta do risco que também corria. Havia ficado tão preocupada e focada apenas na tia que havia esquecido de si mesma. Fazia sentido o que Luísa havia dito. Precisava mesmo ter cuidado com seus próximos passos e logo um leve mal-estar misturado com medo tomou conta de si.

              — Acha que ele pode tentar algo contra mim?

              — Sinceramente eu não sei, Liz. Por isso precisamos ser cuidadosos. Se você não se importar, eu vou contratar um motorista que também é guarda-costas para você. Eu vou ficar mais tranquila assim.

              Seu estômago embrulhou em cogitar a hipótese de ter sempre alguém acompanhando seus passos o tempo todo, mas também seria um alívio para sua mente receosa.

              — Tudo bem! — concordou por fim e deu de ombros.

              — Vamos para minha casa — Luísa abraçou-a novamente com aquele cuidado materno de sempre. — Quero cuidar de você de perto, ao menos por esses dias.

              Liz queria mesmo um tempo para si, mas pela primeira vez em um longo tempo tinha que admitir que naqueles dias não seria bom ficar sozinha.             

              — Tudo bem. Vamos!

              Liz organizou algumas coisas no apartamento e rapidamente elas estavam deixando o prédio junto de Vitória e Tomás. Já era quase duas da tarde quando chegaram ao condomínio.

              — Liz, que bom vê-la bem — cumprimentou com um sorriso.  

              — Obrigada, Silva — agradeceu sem jeito.

              — Devo servir o almoço agora?

              — Sim, por favor, Silvia — Vitória respondeu largando a bolsa sobre o sofá da sala. — Estou com muita fome.

              — E eu também — Tomás concordou ao lado da irmã.

              — Já estamos indo, Silvia. Pode pôr a mesa. — A tia disse sem mais delongas e depois olhou-a. — Vamos almoçar?

              — Não estou a fim de comer agora — ainda se sentia enjoada pela bebedeira, seu estômago não aceitaria nada naquele momento. — Quero apenas um suco!

              — Vou trazer um suco de goiaba no capricho. Só um segundo! — A governanta respondeu solicita.

              — Obrigada!

              Os primos foram para a sala de janta e Liz se sentou no sofá, porém, Luísa continuou a observá-la.

              — O que foi?

              — Nada — ela respondeu e sorriu. Parecia feliz. — É só que... eu me sinto feliz apesar de tudo.

              — Como assim?

              — Foi bom ouvir aquelas coisas que você disse — confessou também sem jeito. — Sabe Liz, eu nunca me aprofundei muito no assunto, mas preciso dizer. Tenho você como uma filha e também não quero pensar em perder você, minha menina rebelde. Fico feliz que tenha conversado comigo de forma tão aberta.

              Liz não evitou de ficar sem jeito e quis chorar novamente. Estava muito sensível, mas conseguiu se controlar.

              — Desculpe ter ficado distante por tanto tempo — falou por fim, mas antes que a tia respondesse, Silvia voltou para a sala com o suco.

              — Espero que goste do suco.

              — Muito obrigada, Silvia — agradeceu com um sorriso sincero e viu quando a governanta falou algo baixinho para a tia.

              Assim que terminou de tomar tudo, Luísa disse:

              — Bem, por que não vai descansar um pouco no seu quarto? Tem algo lá que eu sei que você vai gostar bastante.

              Liz franziu o cenho e ficou tentando imaginar o que poderia ser. Era bem a cara da tia tentar alegrá-la de alguma forma.

              — O que a senhora aprontou?

              — Vai lá checar!

              Sem mais delongas, subiu as escadas e se encaminhou para o quarto. Abriu a porta e olhou ao redor, mas não viu nada demais por ali, até que se deparou com uma mala em cima da cama. Era muito parecido com uma mala que tinha em seu apartamento na outra cidade. Ficou sem entender e antes que pudesse checar o que havia dentro dela, ouviu a voz de Lia soar pelo cômodo:

              — Oi!

Virou-se rapidamente para a namorada, que estava sem jeito e ansiosa. Ainda não estava acreditando que ela estava mesmo ali e sem nem ao menos lembrar da discussão na outra noite, correu até ela para abraçá-la com força. Sentir o calor de seu corpo e o seu perfume gostoso era como bálsamo para sua alma cansada. Nunca falhava.

— Não acredito que está aqui — falou contra o pescoço dela e sem mais delongas, beijou-a sofregamente sendo correspondida na mesma intensidade. — Liana!

— Fiquei tão preocupada. Vim o mais rápido que pude — respondeu ela contra seus lábios e com seu tom de voz doce. — Você está bem?

— Melhor agora — afagou a face dela com as mãos e tomou seus lábios novamente.

O sabor doce do beijo fazia com que Liz não pensasse em mais nada e quando ela levou as mãos até seus cabelos, fazendo um carinho gostoso ali, seu corpo se arrepiou e sentiu a tensão se dissipar aos poucos.

As duas caíram sobre a cama, ficando apenas abraçadas e provando uma à outra em um beijo lento e gostoso. Aquilo era tudo que Liz precisava. Naqueles momentos sua mente simplesmente parava de pensar em qualquer outra coisa que não fosse ela e seus carinhos.

— Pensei que iria estar puta de raiva comigo — Lia falou temerosa, acariciando sua face com a mão delicada.

— Eu estava, mas... te ver aqui agora foi uma surpresa — respondeu olhando bem nos olhos castanhos dela. — Eu estava precisando de você.

— Fiquei preocupada. Você parou de me responder, não me atendeu mais.

— Eu não estou bem esses dias e saber que você saiu sozinha com aquela menina...

— Eu não fiz por mal — a irritadinha parecia culpada e triste. — Eu juro que foi apenas um encontro inocente entre amigas. Ela queria falar sobre o intercâmbio e...

Ela parou a frase e a olhou com culpa, o que fez o coração de Liz derreter-se de vez. O importante era que Lia estava ali agora em seus braços.

— O quê?

— Nada! Eu fiquei tão preocupada — Lia pareceu fazer uma pergunta com os olhos e ficou à espera de uma resposta, mas Liz não conseguiu dizer nada. — Eu saí daqui na segunda e você parecia tão bem. O que foi que aconteceu?

              Seus olhos arderam ao lembrar de tudo novamente e sentiu o choro apertar sua garganta. Naquele momento apenas queria esquecer de tudo.

              — Podemos falar sobre isso depois, por favor?

              Lia pareceu contrariada com o seu pedido, porém, apenas concordou com a cabeça e lhe deu um selinho.

              — Vou estar aqui quando estiver pronta para falar, ok?

              — Eu sei, minha linda.

              Mais uma vez, as duas se entregaram em um beijo saudoso e Lia virou a posição, deitando sobre si e prendendo suas mãos contra o colchão, começou a beijar o seu pescoço. Foi impossível não se arrepiar com os carinhos dela.

              — Você está no clima para isso? — perguntou com dúvidas e olhou-a preocupada.

              — Eu preciso relaxar! — replicou e voltou a procurar os lábios dela com os seus.

              — Então vou te fazer relaxar.

              Depois disso elas não mais falaram. Lia beijou todo seu corpo com devoção e foi despindo-a aos poucos. Liz apenas aceitou de bom grado os seus toques e entregou-se ao oral relaxante que ela lhe fez. Após goz*r deliciosamente, um sono tomou conta de si e acabou dormindo abraçada a sua irritadinha.

              Acordou-se por volta das quatro da tarde e Lia ainda dormia ao seu lado. Sua boca estava seca e seu estômago roncando de fome. Aquilo pareceu aumentar mais ainda a fraqueza que sentia. Levantou-se vagarosamente e cobriu o corpo nu da namorada com o seu lençol. Depois cobriu-se com um roupão e desceu à procura de comida.

              Silvia prontamente disse que iria preparar um lanche para elas e sentou-se no sofá para esperar a refeição. Estava tão perdida em pensamentos que mal notou Luísa se aproximando.

              — Gostou da surpresa? — A tia perguntou presunçosa.

              Um largo sorriso se formou em seus lábios, era incontrolável.

              — A senhora que chamou ela para vir?

              — Eu disse que você ia precisar e ela nem hesitou. Pegou o voo mais cedo.

              Liz suspirou alto e ficou imaginando se ela teria problemas com isso.

              — Não sei como os pais dela deixaram. Quer dizer, ela mal foi para casa e já veio de novo.

              — Eles ainda têm essa marcação em você?

              — Até que eles melhoraram bastante, mas são um pouco rígidos quanto a isso.

              — Entendo! — Luísa pareceu lhe analisar por alguns segundos. — Foi por isso que comprou aquele apartamento? Vai chamar Lia para morar com você?

              Seu coração pulou no peito e depois deu um leve aperto. Era sempre assim quando lembrava da recusa dela.

              — Eu já chamei — disse simplesmente e viu que a tia levantou as sobrancelhas em surpresa. — Mas ela não aceitou.

              — Por quê? — perguntou confusa e franziu o cenho, estranhando. — Aconteceu algo?

              — Ela disse que não quer depender de mim e que só queria dar esse passo quando estivesse formada e trabalhando.

              — É bem maduro dela pensar isso — Luísa ponderou sabiamente. — Errada ela não está.

              Liz bufou e abraçou as próprias pernas em cima do sofá. Se sentia frustrada, mas ao mesmo tempo entendia o lado dela.

              — Vocês já conversaram sobre o que aconteceu ontem?

              A rockeira olhou para a tia e seu estômago remexeu desconfortável. Um frio de medo perpassou sua espinha. O assunto estava dando voltas e mais voltas em sua cabeça.

              — Ainda não e sinceramente eu não sei nem como falar isso para ela.

              — Que bom que não falou nada ainda — Luísa apertou sua mão com firmeza e lhe olhou com atenção. — Querida, desculpe dizer isso, mas você sente que pode mesmo confiar na Lia?

              Liz ficou sem entender por alguns segundos o que a tia quis dizer, mas logo uma expressão de horror se apoderou de sua face. Era inaceitável que ela sequer cogitasse a hipótese de Lia estar envolvida com algo sujo daquele nível. Se sentindo enojada, levantou-se do sofá rapidamente indo para longe dela. Sentia raiva agora.

              — A senhora está louca? Lia jamais faria algo do tipo. Ela nem sabia quem eu era até a gente se envolver. Que pergunta mais estúpida — replicou de forma rude.

              Luísa apenas recostou a cabeça sobre as mãos e depois a olhou parecendo culpada.

              — Me perdoa, Liz — Ela levantou-se e foi até ela, tentando abraça-la, mas Liz afastou-se. — É que eu não sei mais em quem confiar. Acho que estou ficando paranoica.

              — Tenho que concordar. Perguntar isso logo da Lia... meu Deus!

              — Você tem razão. Toda a razão. Foi estupidez perguntar isso — A mais velha parecia mesmo arrependida. — Nem sei porque disse isso. Eu tenho um bom pressentimento quanto a Lia, sei que ela é uma boa garota.

              — É, não sei o que ela vai continuar pensando. Talvez ela não queira mais fazer parte dessa família louca quando descobrir o que está acontecendo.

              Liz já estava mal só de pensar em envolver Lia naquela loucura e apenas naquele momento, sua mente pensou na pior hipótese de todas. E se Lia estivesse correndo perigo também apenas por ser sua namorada. Seus olhos arregalaram e sua respiração ficou ofegante.

              — O que foi? — Luísa perguntou, aproximando-se.

              — E se ele... e se... ele tentar algo contra a Lia? — sussurrou. Era difícil proferir a sentença. Nunca se perdoaria se algo acontecesse a ela. Nunca!

              — Vamos manter a calma, Liz! Eu prometo que nada vai acontecer a Lia, ok?

              — Como a senhora vai conseguir isso?

              — Vou tomar minhas providências.

              Naquele momento, Liz se deu conta do absurdo terror em que estava vivendo. Precisava fazer algo para acabar com aquela ameaça e com urgência. Jamais iria pôr Lia em perigo.

              — Liz — Luísa pegou em suas mãos e a olhou bem. — Por que vocês não saem daqui por uns dias?

              — Como assim?

              — Vão viajar para algum lugar. Aproveita os dias de folga. Seria a desculpa perfeita para você se ausentar da empresa sem levantar suspeitas. E me daria tempo de contratar bons seguranças para vocês quatro. Ainda preciso conversar com a Vitória e o Tomás.

              — Isso é insano!

              — Eu sei, minha garota rebelde! Escuta, o detetive está trabalhando dia e noite para conseguir algo contra quem fez isso. Eu sinto que logo teremos provas para acabar com isso de uma vez por todas.

              Naquele momento, Silvia entrou na sala com uma bandeja enorme e cheia de comidas. As duas acabaram a conversa e Liz subiu junto da governanta com o lanche. Lia ainda estava adormecida na cama. A rockeira aproximou-se dela vagarosamente e sentou-se ao seu lado. Ficou apenas acariciando seus cabelos até que ela acordasse aos poucos.

              — Hum! — exclamou Lia, grogue e manhosa, virando-se de frente para olhá-la. — Faz tempo que está acordada?

              — Não muito. Trouxe lanche para nós duas. Está com fome? — perguntou e viu como os olhos dela brilharam felizes ao ouvir o nome “comida”. Foi impossível não sorrir.

              — Estou sim!

              Lia também vestiu-se com um roupão e as duas foram comer na varanda de seu quarto. Apesar de toda a loucura, era com ela que Liz ainda conseguia se sentir leve e mais forte. Vê-la ali na luz do sol da tarde, devorando um sanduíche com entusiasmo, só a fez ter mais certeza do quanto a amava e do quanto faria de tudo para protege-la.

              — Que cara é essa? — Lia perguntou ao ver seu olhar intenso.              

              — Eu te amo!

              Não soube mais o que falar naquele momento, a não ser declarar seu amor novamente, pois era a única coisa que tinha certeza no meio de tanta loucura. Lia abriu um lindo sorriso e as duas se abraçaram.

              — Que tal a gente fazer uma viagem esses dias?           

              — Viagem? — Lia pareceu surpresa.

              — É. Estou precisando ir para longe por uns dias.

              A irritadinha ficou calada por algum tempo e pareceu preocupada.

              — O que aconteceu Liz?

              As duas se encararam por um bom tempo. Liz teria que ser sincera com ela. Aquele era o momento.

              — Eu descobri o que tanto a tia Luísa e o Artur escondiam.      

              — Eu sabia que era isso — Lia disse apreensiva e soltou o sanduíche, olhando-a seriamente e pegou em sua mão. — O que foi?

              — O acidente da tia Luísa não foi só um acidente — forçou-se a dizer e logo um peso tomou conta de seu peito e depois sussurrou: — Foi uma tentativa de assassinato.

              O terror na face de Lia foi visível. Ela apenas ficou calada por alguns segundos e estática.

              — Eu não acredito nisso, Liz! Mas como vocês chegaram nessa conclusão?

              — Lembra que ela disse não lembrar de muita coisa antes do carro capotar?

              — Lembro — respondeu sem nem piscar e continuou atenta.

              — Mas ela lembrava sim. Os freios não estavam funcionando e o Artur mandou fazer uma perícia nos restos do carro. E lá constou que os cabos tinham sido cortados.

              Lia levou as mãos até a boca em choque. Viu que ela ficou até mesmo sem saber o que dizer, apenas processando toda a informação.

              — Eu nem sei o que dizer, Liz. Eles sabem quem fez isso?

              — Ainda não, mas temos certeza que isso foi coisa do Flávio.

              Lia franziu o cenho e mais uma vez, apenas ficou estarrecida.

              — Isso é demais para minha cabeça. Parece coisa de filme tudo isso.

              — Pensei a mesma coisa.

              — Liz — ela chamou sua atenção prontamente. — Isso é muito sério! Vocês estão correndo perigo. E se ele tentar mais alguma coisa? Quer dizer, será que foi ele mesmo?

              — Só pode ser ele, Lia! — Liz levantou-se agitada e escorou-se no parapeito da varanda. — O Flávio não é flor que se cheire. Artur contratou um detetive e sabe o que ele descobriu? Ele nos mostrou filmagens de um estranho entrando embaixo do carro dela para fazer o serviço. Isso na outra cidade em que ela estava tendo a reunião.

              — Quê? — exclamou aflita e horrorizada, levantando e se escorando ao seu lado.

              — Pois é. Agora ele está tentando localizar quem é o homem nas filmagens e com isso conseguir uma prova de quem está por trás disso tudo.

              — Não sei o que pensar!

              — Desculpe envolver você nessa loucura toda, amor! — disse culpada e passou a mão pelo rosto dela.

              — Não se desculpe, Liz. Que culpa você tem? Eu é que estou preocupada agora com sua segurança.

              — Tia Luísa disse que vai cuidar disso. Vai arranjar um guarda-costas para mim — declarou desgostosa.

              — Isso é o mínimo, Liz. Ainda estou preocupada.

              — Eu não sei mais como vou olhar para a cara dele depois dessa. Não consigo Lia!

              A irritadinha abraçou-a com carinho, lhe consolando e passando forças. Seus olhos encheram de lágrimas.

              — E se ele teve algum envolvimento na morte dos meus pais também? — disparou em meio a soluços e choro. Aquela era a parte mais dolorosa. Mexer em um passado que finalmente achava estar conseguindo superar.

              — Puta que pariu, Liz! — exclamou afobada. — Será que ele fez algo mesmo? Não é impossível.

              — Tia Luísa disse que precisamos ser discretos. Não quer que ninguém desconfie de nada para não levantar suspeitas. Não quer que Flávio desconfie que sabemos de algo. Ele pode fazer algo que prejudique a investigação.

              — Pior que ela está certa. Ele pode querer cobrir mais ainda os rastros, caso tenha sido ele mesmo — ela falava mais para si mesma e depois fez um cara de preocupação. — E se ele tentar algo contra vocês?

              Liz mal pensava na própria segurança. A única coisa que importava era Lia. Que ela estivesse protegida, mas não falou nada com medo de assustá-la.

              — Por isso ela pediu que a gente fizesse uma viagem. Porque eu teria uma boa desculpa ao me ausentar da empresa para colocar os pensamentos em ordem sem levantar qualquer suspeita.

              — Entendi!

              A rockeira ficou à espera de uma resposta e se sentia ansiosa. Até que não seria má ideia fazer essa viagem. Aproveitaria para arejar um pouco a cabeça e para terem um momento diferente a sós com ela. No entanto, sabia que seria complicado ter a autorização dos pais dela.

              — E então? Você vem?

              — Mamãe me ligou mais cedo. Ligaram reclamando da minha ausência. Eu nem voltei mais para casa, vim direto para cá.

              — Sinto muito meter você nessa confusão, minha irritadinha — declarou se sentindo culpada. A última coisa que queria era arranjar problemas com os sogros.

              Liz abraçou-a com carinho e as duas ficaram assim por longos segundo até que ela se afastou um pouco.

              — Bem, eles já estão com raiva mesmo — Lia ponderou, fechou os olhos e suspirou.

              — Tem certeza disso, Lia?

              — Eu não sei de mais nada, Liz, mas você está precisando de mim. — Ela colou a testa na sua. Ter o carinho e a compreensão dela era o mais importante. — Quando você quer ir?

              — O quanto antes, eu acho. Vou acertar as coisas com a tia Luísa.

              — Para onde vamos?

              — Não pensei nisso. Alguma praia? — Liz falou sorrindo e tentando estabelecer um clima mais ameno entre as duas.

              — Por mim, tudo bem!

              Com um selinho, Liz saiu do quarto e foi falar com a tia. Talvez se afastar fosse bom. Assim poderia colocar mais os pensamentos em ordem e descansar um pouco.

 

***

Pov Lia

 

              É claro que seus pais iriam pirar com ela voltando para onde Liz estava de novo. Lia não sabia o que fazer. De um lado se sentia culpada por estar tão longe da família e pelo outro, sua namorada precisava de sua ajuda. Será que as coisas não poderiam ser mais fáceis? Ainda mais com todo o drama e suspense que estava rondando a família dela.

              Ainda não conseguia acreditar que alguém tentara assassinar Luísa. Parecia irreal aquilo, fora que agora temia pela segurança de todos. No fundo, sentia medo por si mesma, mas não sairia do lado de Liz por nada nesse mundo. Seu amor por ela era grande demais.

              Cada dia que se passava ficava mais tentada a aceitar o pedido. Olhando pelo lado bom, não precisaria mais ficar tão aflita com a aprovação dos pais e nem distante dela. Também havia a possibilidade de arranjar um emprego para não depender dela o tempo todo. Aproveitaria aquela viagem para pensar bem no que deveria fazer. Como Pedro mesmo havia lhe dito: o importante era a sua felicidade.

              O assunto da viagem acabou se tornando mais empolgante do que pensara e acabou dispersando a todos do acidente, pelo menos por alguns dias. Vitória prontamente animou-se para ir junto delas e de quebra, chamou sua crush, Jeniffer, que estava New York, para vir se encontrar com elas.

Tomás também animou-se para ir e convidou a Marina, filha de Artur, para ir com eles. Três jovens casais se aventurando em praias brasileiras, mais especificamente, Fernando de Noronha. Era bom demais para ser verdade.

Durante aqueles dias longe de casa, nem sua mãe e nem seu pai lhe ligaram, apenas Pedro. Lia sabia que o pior mesmo seria quando finalmente voltasse. Sabia que iria ouvir muito desaforo e já estava aflita só de imaginar como seria. Não se atreveu nem a dizer que já iria viajar para outro lugar, para que eles não ficassem com ainda mais raiva.

Liz é que parecia mais calada e pensativa do que o normal. Lia sempre tentava, ainda que de forma sútil, arrancar algo, mas infelizmente ela não lhe falou mais nada. Pelo menos, apesar disso, ela estava ficando mais calma ao longo dos dias.

Depois de tudo acertado para a viagem, ficaram à espera de Jeniffer, que viria para o Brasil passar uma temporada com Vitória. Luísa ainda não sabia a verdade e achava que a moça era apenas amiga da filha. Lia sorriu da situação, pois já havia passado por aquele mesmo perrengue e sabia muito bem como era.

              Ela chegou no sábado por volta das três da tarde. Enquanto Vitória e Tomás foram buscá-la no aeroporto Lia foi para a piscina do condomínio aproveitar a companhia e o tempo livre com a namorada. Não podia negar, conseguiria se acostumar com aquela vida boa, mas tinha que ter cuidado, não queria nunca virar uma pessoa acomodada e sem objetivos.

              — Hey! — escutaram um grito alegre ao longe enquanto ainda estavam na piscina. Era Vitória, que vinha abraçada a loira sorridente ao seu lado.

Ambas já vinham com trajes de banho para juntarem-se a elas. Lia e Liz saíram da água por um instante para recebê-las devidamente.

— Meninas! — Vitória disse sorridente. — Essa é a Jeniffer. E Jenny, essa é a minha prima Liz e a namorada dela, já muito amiga da família, a Lia.

— Olá, Jeniffer! — Liz foi a primeira a cumprimenta-la com seu usual charme e simpatia.

— Olá, Liz! — A loira respondeu sorridente e depois virou-se para Lia.

— Seja bem-vinda, Jeniffer! — A irritadinha falou introvertida, mas com aquele jeitinho suave e doce.

— Obrigada, Lia — A outra agradeceu e lhe deu um beijinho de cada lado do rosto. — É tão bom estar de volta ao Brasil. Já faz quase um ano desde a última vez que vim.

— Sério? — A rockeira admirou-se. — E já vai começar com grande estilo. Está preparada para esses dias em Noronha?

Lia ficava de boca aberta admirando o jeito da namorada. Vendo-a daquela forma, era impossível algo dizer que ela estava em péssimos dias. Era quase como se o choro de alguns dias atrás e todas as outras preocupações não existissem.

— Ah, estou muito animada. É bom finalmente conhecer vocês duas. A Vi sempre fala que vocês duas são um casal top demais. Eu estava muito curiosa para conhecer.

Automaticamente Liz a enlaçou pela cintura e puxou-a para perto de si.

— Essa aqui foi difícil de conquistar, mas eu consegui — gabou-se com aquele lindo sorriso sapeca na face.

— Você é das minhas! — A loira respondeu animada e já se enturmando.

Elas se entrosaram bem pela tarde e conversaram bastante na piscina. Jeniffer tinha o jeito parecido com o de Liz pelo que Lia percebeu. Era despachada, simpática e tinha opiniões fortes. Sem contar nas tattoos incríveis que tinha. O bom mesmo era ver a cara de devoção que Vitória tinha por ela. Seria difícil ela esconder suas emoções de Luísa por muito tempo se continuassem assim.

Pela noite, as quatro foram a um barzinho lésbico que havia na cidade para se divertirem. Foi algo bom para distrair a cabeça de todos. Lia não sabia se Vitória e Tomás já estavam a par da tentativa de assassinato contra a própria mãe, ou talvez eles fossem tão bons em disfarçar as coisas quanto Liz.

No domingo pela manhã, Luísa disponibilizou o jatinho para levá-los a Noronha. Ela achou mais seguro dessa forma, afinal, Liz e seus dois filhos estavam juntos. Um cuidado redobrado não faria mal.

Eles ficaram hospedados em um resort bem luxuoso e confortável. Cada casal ficou com um quarto. Os planos eram passar uma semana inteira ali conhecendo os pontos turísticos, aproveitando aquelas lindas águas cristalinas e calmas da praia.

Eles chegaram ainda pela manhã e logo se acomodaram. Lia estava animada para conhecer tudo ali. Sempre quisera ir à Noronha antes. Apenas pelas fotos já podia ver o quanto o lugar parecia mágico, ainda mais com Liz ao seu lado.

Antes de saírem do quarto, as duas deitaram na cama e naquele momento, a rockeira deixou transparecer seu semblante quieto e preocupado.

— Hey! — Lia exclamou se aproximando e fazendo carinho em seus cabelos. — Tudo bem?

Ela apenas sorriu de leve e acenou com a cabeça.

— Fala comigo, Liz. Por favor!

A namorada suspirou fundo e lhe deu um selinho.

— Desculpe, linda. Eu estou preocupada. Resolvi vir para que a  gente pudsesse se distrair um pouco, mas... bem, pelo menos o Artur está lá tomando conta dela — desabafou, referindo-se a tia.

— Eu entendo sua preocupação, mas infelizmente não podemos fazer nada. Só tomar cuidado. Eu tenho medo por vocês.

Liz a abraçou e as duas engataram um beijo carinhoso. Nos últimos dias, a namorada não estava com clima para momentos mais íntimos e a entendia demais, então apenas ficava de carinho, consolando-a, porém, o momento foi interrompido por batidas na porta. Vitória, Tomás, Marina e Jeniffer já as esperavam do lado de fora para começarem a explorar o local.

Logo pela manhã eles pegaram uma trilha e fizeram um mergulho no mar. Foi de longe, umas das melhores experiências de Lia. No início foi difícil se acostumar com a respiração apenas pela boca, ch*pando o ar do cilindro, mas logo que pegou a manha, aproveitou cada segundo do mergulho. Ela e Liz desceram juntas e o mergulhador tirou várias fotos delas juntas lá no fundo. O mais emocionante no mergulho, foi poder nadar perto das tartarugas que haviam por ali e eram muitas.

              Depois do almoço, os seis fizeram um passeio de barco muito conhecido no local e enquanto conheciam a vista e as ilhas por ali, aproveitaram para já começarem a sessão de álcool do dia. Lia viu o quanto a namorada ficou empolgada com as bebidas e ficou atenta para que ela não abusasse tanto. Sabia que ela estava abusando do álcool não apenas por diversão.

              No fim do dia eles ficaram na praia curtindo o lindo pôr-do-sol, ainda entre muitas bebidas e conversas animadas. Vitória curtia o momento com Jeniffer a abraçando por trás. As duas pareciam mesmo apaixonadas e animadas uma com a outra. Tomás e Marina é que também estavam no maior clima um com o outro.

Era mesmo o paraíso. Por um momento, Lia desejou que Cris, Alberto e Vivi e Pedro estivessem ali. Seria tudo ainda melhor com a presença dos amigos, mas por sorte, também amava a companhia dos primos da namorada.

              A noite eles foram curtir em um bar que tocava bastante raggae e músicas locais. Jeniffer era a alegria da noite. Lia ficou besta com o tanto de bebida que ela conseguiu ingerir e mesmo assim não ficar bêbada. Muito pelo contrário, a loira animou a todos com seu jeito festivo e descontraído.

              Voltaram para o resort e já passava das duas da manhã. Exceto por Lia e Marina, todos os outros voltaram de porre para os seus quartos. Lia até que estava alta também pela bebida, mas não como Liz e passou a noite cuidando da namorada e lhe dando remédios para o enjoo.

              Incrivelmente, Lia acordou cheia de energia na segunda-feira. Já passava das nove e Liz estava ainda ferrada no sono. Sorriu ao olhá-la, ela dormia tão profundamente que babou na colcha, parecia uma criança.

              Sentou-se ao lado dela e ficou pensativa. Liz precisaria muito dela até que as coisas se resolvessem. As duas eram perfeitas juntas e ficou se perguntando se seria tão mal assim aceitar a proposta de morarem juntas. A ideia estava cada vez mais fixa em sua mente e sinceramente, tinha vontade de aceitar. Separadas as duas não conseguiam levar bem as coisas e podia mesmo arranjar um emprego para não ser tão dependente dela.

              Seus pensamentos foram interrompidos pelo toque do seu celular que estava há muito perdido pelo quarto na confusão da noite. Correu para procura-lo e o atendeu para que não acordasse Liz.

              Quando olhou no visor, não reconheceu o número. Tinha certeza que era sua mãe lhe ligando, mas não. Atendeu então para saber quem era.

              — Alô!

              — Bom dia. Esse telefone é da Liana Rodrigues Alcântara?

              — Sim, sou eu mesma! — respondeu com estranheza, tentando adivinhar quem poderia ser. — Quem fala?

              — Meu nome é Raquel, eu falo da coordenação da Universidade federal. Estou ligando para falar sobre a sua vaga de intercâmbio.

              Naquele momento foi impossível para Lia não arregalar os olhos e logo seu coração disparou louco dentro do peito.

              — Como assim? — perguntou confusa e lembrou-se da conversa com Vanessa sobre a lista de espera.

              — A senhorita estava em uma lista de espera para conseguir a vaga e como houve desistências, chegou na sua vez. Devido à greve que está tendo nós não pudemos ligar mais cedo avisando. Você ainda tem interesse pela vaga?

              Lia emudeceu e meio que entrou em estado de choque. Não acreditava no que estava ouvindo. Havia conseguindo a vaga afinal de contas. E agora? O que faria?

 

***

             

             

 

 

             

 

             

             

             

 

 

 

 

 

Fim do capítulo

Notas finais:

N/A: Meninas, como sempre, me desculpem mesmo pela demora.

Espero que gostem do capítulo.

Beijinhos!


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Comentários para 43 - Capitulo 43 - E agora?:
patty-321
patty-321

Em: 25/09/2020

Ahhh acabaram os inéditos pra mim. Buaaa. Esperar vc postar e torcer pra q vc não demore. Amando a estória. Parabéns. E agora lia? Pode ser uma solução ou não. Bjs

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