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A Cortesã e a Baronesa por Nanda Cristina e JuliaSoares

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Palavras: 3733
Acessos: 1473   |  Postado em: 13/09/2020

Notas iniciais:

Olá! Sabemos que demoramos para atualizar e pedimos desculpas por isso!!! <3 

Atualizamos os capítulos anteriores, estão mais "refinados" e indicamos a releitura deles por conta de algumas alterações nos nomes.

Segue aí um cap lindo para vcs! Beijão e comentem!!

Barão de Vassouras


Carmen

Abri os olhos naquela manhã sem acreditar em tudo que aconteceu nesses últimos meses. Isabel deixou meu coração desnorteado e, sem perceber, me rendia mais e mais à ela. Estar em sua casa era a maior prova. Eu, logo eu que não pensava ser possível amar alguém, me apaixonei completamente pela Baronesa e, por mais que tentasse negar, depois de tudo e todo o tempo que passamos juntas, paixão era fraco demais para denominar o que eu sentia.

Isabel não estava na cama, saiu junto ao sol, me deu um beijo e disse que me deixaria dormir um pouco mais. Ela ainda não havia voltado ao quarto e me permiti recordar da conversa que tive com Margot antes de sair do bordel.

Na tarde anterior.

Isabel deixou o escritório e eu e Margot ficamos só. Ela me olhava por cima dos óculos de leitura, séria. Era raro vê–la assim e sabia que ela enxeria meus ouvidos de sermões.

– ¿No tienes nada que decirme? – Perguntou tirando os óculos e suspirando.

– Margot… – Olhei para ela preocupada.

– Vou te contar uma história, Carmen. Senta aqui. – Apontou para a cadeira em sua frente, fui até lá e ela continuou. – Eu já estive no seu lugar.

– Como assim?

– Eu também já amei. – Revirei os olhos e tentei contestar, mas ela me interrompeu. – Lembra de Jorge? O homem que me visitava sempre? – Perguntou.

– Sí… – Respondi confusa.

Eu não gostava dele, seja lá quem tenha sido, tão pouco me recordava seu nome, a única lembrança que tinha era que Margot só subia com ele para seu quarto e da tristeza quase palpável que ela ficava toda vez que o tal cliente ia embora. Lembro que por vezes desejei que ele nunca mais aparecesse só para não vê–la afundada em melancolia a cada despedida dos dois.

– O que isso tem a ver com a nossa conversa? – Perguntei.

– Ele foi o grande amor da minha vida.

Não fiquei tão surpresa, era óbvio a qualquer um que visse, principalmente depois da morte do tal homem. Margot passou meses arrasada e, mesmo depois de anos, ao falar dele, vi seus olhos brilharem com algumas lágrimas que ela segurou.

– Vejo em seus olhos o mesmo sentimento quando está com Isabel.

– ¡Solo puedes estar loca, Margot! – Disse irritada, disfarçando o indisfarçável.

– Não minta para mim, Carmensita… A questão aqui é maior que o amor, vai muito além. Eu não queria chegar a isso, mas não me deixou outra escolha.

Encarei–a sério.

– Tu és uma cortesã, Carmen. Escolheu essa vida e quando disse que seria igual a mim, jamais imaginei que se apaixonaria pela filha do homem que mais amei em toda a minha vida. – Fiquei muito surpresa e ela notou. – O filho do Barão de Vassouras chegou em minha casa, em São Cristóvão, como um dos homens mais importantes do Império, aos poucos nos tornamos amigos e quando me dei conta estava tão envolvida que deixei de atender outros clientes e passei a receber somente ele. Já estava perdidamente apaixonada por Jorge.

– Margot… – Tentei dizer que não era o que estava acontecendo, mas ela me interrompeu outra vez.

– Cogitei a ideia de largar tudo para viver com ele quando me pediu em casamento, Jorge me amava tanto quanto eu o amava, mas ele era o futuro Barão, apesar da pouca idade era respeitado e seu pai já tinha um casamento arranjado para ele…

– A mãe de Isabel… – Eu já sabia onde ela queria chegar e senti meu peito arder. Mesmo não querendo admitir, eu amava Isabel, já era tarde demais.

– Sim, criança, a mãe de Isabel. – Margot suspirou. – Ele precisava casar e logo o Barão, pai dele, tratou de afastá–lo da Capital… e de mim.

Ela bebeu uma dose de uísque quando sua voz embargou, mas logo continuou:

– Ele tentou me visitar outras vezes, mas eu não podia mais. O amava muito para ser somente sua cortesã e tratei de expulsá–lo. Não demorou para a notícia da gravidez da Baronesa ser a maior fofoca do Império e eu não pude mais ficar aqui. Peguei o primeiro navio para a Europa e desembarquei em Madrid. – Ela sorriu nostálgica para mim, eu sabia bem o quem ela havia encontrado lá. Sorri agradecida, sempre seria grata a Margot por tudo. – Quando voltei ao Brasil, ele já era o Barão de Vassouras, já tinha uma filha e eu também tinha a ti. Ele estava viúvo, mas eu tinha uma pensão em construção. Sem o pai e a esposa, ele voltou a me pedir em casamento, mas já era outro tempo, eu outra mulher, mais madura e com mais responsabilidades.

Olhou para a orquídea branca que ficava em cima do pequeno bar, junto as taças.

– Jorge era o Barão de Vassouras e eu nunca seria sua Baronesa. – Seus olhos azuis marejaram e era possível sentir o quanto ela ainda o amava. – Tu também não poderá, Carmen. Isabel é a Baronesa mais importante do Vale do Paraíba, o fato dela preferir a companhia de mulheres e ser uma abolicionista já é visto com maus olhos, consegue imaginar com será a vida dela se se casarem?

Fiquei muda digerindo a história e principalmente a pergunta. Odiava Margot quando ela me fazia pensar assim, mas logo meus muros já estavam de pé e minha postura de mulher intocável já estava ali novamente.

– Solo puedes volverte loca. ¿Esposa? – Abri o sorriso mais falso que podia e nem ele foi o suficiente.

– Tu máscara de libertinaje no me engaña. – Fechei a cara na hora.

– ¡No me compares contigo y tampoco Isabel a su padre! Somos personas diferentes.

Margot sorriu triste para mim, quase com pena.

– ¿Por qué crees que ella quiere llevarte a una de sus propiedades? Nunca fuiste ingeniero, Carmen, no seas inmadura. – Ela falava com um olhar carinhoso e eu espumava de raiva.

– ¡Cállate! – Levantei imediatamente. – Voy a Petrópolis y regreso al burdel para demostrar que te equivocas. Isabel no me propondrá nada y si lo hace, ¡diré que no! – Saí batendo a porta do escritório com raiva.

***


Suspirei lembrando da conversa, eu já amava Isabel e a maior prova disso era que eu, mesmo com os alertas, estava aqui desejando acordar todos os dias em sua cama e ter essa vida para sempre. No fim das contas, a mulher tinha razão, o meu coração seria minha única prisão e eu me dei conta que gostaria de ser sua prisioneira, mesmo assim, pedi a Deus para que Margot estivesse errada.

Isabel tinha muitas responsabilidades, era uma mulher importante e se fosse do seu gosto se casar com uma mulher e contrariar toda a sociedade que, pelo menos, fosse com uma mulher a sua altura.

Me dei conta de que talvez meu coração pertenceria à ela para sempre, como o de Margot era até hoje do antigo Barão, mas era só isso que ela teria de mim. Eu servia para ser sua amante, para ceder a seus caprichos, para aceitar seus passeios e sua exclusividade enquanto estivesse na Capital. Eu seria sua cortesã, mas essa era a única coisa que eu sabia fazer, nunca poderia ser uma mulher da alta sociedade, muito menos uma Baronesa.

Cochilei novamente com esses pensamentos.

“Estávamos em meu quarto novamente, Isabel sentada na poltrona e eu nua em seu colo, ela acariciava meus cabelos e sua mão deixava um carinho manso em minha barriga.

– Sabia que és a mulher mais linda do mundo? – Isabel beijou meu rosto e eu sorri para ela.

– Na verdad, sabia sim. – Ela gargalhou e eu me levantei de seu colo. – Precisa ir, Cariño…

– Eu sei. – Disse com pesar, pela janela eu via o sol alto. Não queria que ela fosse embora, mas sabia que era preciso.

Deixei um beijo em seu lábios, vesti o espartilho, ajustei meus seios (que estavam bem maiores) no vestido sob seu olhar luxurioso e apertei as fitas de seda.

– Não faça isso, Carmen! – Falou brava e levantou da poltrona, me virou de costas e afrouxou as fitas.

– Isabel, ¡No puedo andar con esa barriga apareciendo! – Disse irritada.

– Claro que pode e andará! – Afrouxou todo o espartilho e o amarrou novamente, bem menos justo do que antes.

– Isabel… – Tentei brigar, mas ela me interrompeu.

– Faz mal para o nosso filho, meu amor. – Acariciou minha barriga. – Não seja teimosa.

– ¡Este bebé es enorme! – Me olhei no espelho e meu ventre estava grande e redondo, fiquei irritada por Isabel não me deixar escondê–lo como podia, mas eu adorava sua preocupação com nosso filho.

– Tu estás com seis meses, meu amor. – Se ajoelhou em minha frente e beijou a barriga coberta pelo tecido do vestido. – Esse Albuquerque de Castro ainda tem muito para crescer.

– Es enorme como tú, no hay mucho espacio adentro. – Acariciei a barriga e ela deitou a cabeça ali.

– Logo estará aqui fora e não precisará mais ficar apertado nesses vestidos, filho… prometo!

– ¡Es una niña, Isabel! – Falei pela milésima vez.

– Não dê bola, garoto, ela não sabe o que fala. – Gargalhei e a Baronesa me puxou para um beijo…”

Acordei com ela beijando meu pescoço e procurei não pensar no que acabara de acontecer, eu só podia estar ficando louca e agora, até em meus sonhos essa insanidade me atormentava. Uma criança com a Baronesa talvez fosse o pensamento mais incoerente que se passou pela minha cabeça. Não apenas por ser impossível, já que éramos duas mulheres, mas… mesmo se ela fosse um homem. Eu nunca deixaria isso acontecer.

Como se sonhar com uma gravidez inconveniente e indesejada não fosse o suficiente, Isabel me chamou a atenção para mudanças em meu corpo. Meus seios maiores, meu rosto que disse estar mais iluminado e reparei que também estava mais redondo.

– Vou te esperar na sala… – Falou quando reparou no meu silêncio.

Não era impossível, muito menos improvável. Talvez eu estivesse mesmo grávida, talvez mais algo crescia em mim e assim como todas as outras vezes, eu sabia qual seria o fim dela. Olhei para o meu ventre pelo espelho e fechei os olhos em seguida.

“Não dê bola, garoto, ela não sabe o que fala.”

Suspirei irritada. Só podia ser coisa da minha cabeça e mesmo se não fosse, acabaria com isso assim que voltasse para casa. Por enquanto, não pensaria mais sobre. Logo saí do quarto com um sorriso largo e ela me admirou de cima abaixo como sempre fazia.

Tomamos nosso café da manhã juntas conversando banalidades e era tão gostoso ter Isabel assim, logo de manhã tão relaxada e tranquila cuidando de suas coisas. Tudo era tão bom que por vezes ficava em silêncio apenas observando seus movimentos.

– Não tem vontade de morar em um lugar assim? – Senti o receio em sua voz e gelei, Margot apareceu em meus pensamentos assim que ouvi a frase.

– Talvez um dia… – Suspirei.

Isabel parou e me convidou para sentar em um banco que havia ali, a conversa tomou uma seriedade que me preocupava… e muito!

– Eu… Eu te amo, Carmen. – Eu também a amava, mas não podia e quis sair o mais rápido possível dali.

– Sei que também me ama…

– ¡No me hagas esto, Isabel! – Disse de olhos fechados, senti que choraria.

– Eu te quero comigo todos os dias, acordar ao seu lado e ter uma vida inteira para satisfazer seus caprichos e sonhos… – Sorri triste. Eu nunca deveria ter vindo aqui. – Casa comigo, Carmen?

Soltei as mãos de Isabel e corri para o canteiro vomitando tudo que comi mais cedo, eu odiava errar, odiava saber que Margot estava certa outra vez e odiava pensar que vomitar todo o delicioso café da manhã era mais um sintoma de uma provável vida crescendo em mim.

– Tu estás bem? – Me perguntou preocupada.

– Me leve de volta a capital, Isabel! – Saí correndo, eu não podia mais ficar ali.

– Carmen! – A mulher correu atrás de mim e me segurou. – Não fuja de nós, por favor!

– Não existe nós, Isabel! – Disse com os olhos cheios de lágrimas. – Acorda! Usted é uma Baronesa e yo soy una puta!

– Eu não me importo com o que és. – Ela me olhou com carinho e sorriu, senti minha visão ficar embaçada.

– MAS DEVERIA! – Gritei. – Não faça isso comigo. Eu jamais me casarei contigo e sabe por quê?

Isabel fechou os olhos com minhas palavras e vi uma lágrima molhar sua bochecha rosada.

– Porque eu te amo. – Disse baixinho. – Mas usted é una Baronesa, algo que eu jamais poderei ser. É teu compromisso casar–se bem.

Senti um frio na barriga em pensar nisso, não queria vê–la com ninguém que não fosse eu.

– Eu nunca me importei com ninguém, Carmen. Não estou nem aí para a hipocrisia da sociedade. Nunca estive e não será agora que estarei. Não quando envolve a mulher que amo.

– Isso vai além de libertar escravos e se deitar com mulheres, Isabel, tenha consciência do que está me dizendo. PENSE, BARONESA!

Nessa hora nós duas já chorávamos, mas ela riu com desdém.

– A verdade é que não quer largar essa vida. Não me ama o suficiente para deixar de ser uma puta. – Doeu ouvi–la falar assim de mim, doeu porque por ela eu largaria tudo.

– ¡Usted no sabes nada! – Gritei.

– Sei agora que nunca deixará de ser uma puta, por nada. Nem por amor!

Fiquei com tanto ódio que quando percebi a marca da minha mão já estava carimbada em sua bochecha. Acertei um tapa forte em seu rosto e ela me olhou assustada.

– Por ti, Isabel, eu deixaria qualquer coisa… – Balancei a cabeça triste. – Vou me trocar, pode pedir para o cocheiro me levar para a capital, por gentileza, Baronesa?

– Como quiser, Carmen.

Ela estava tão destruída quanto eu e não aguentei, dei alguns passos até a porta, mas logo voltei para ela e puxei–a para um abraço apertado.

– Perdóname por no ser la mujer que querías que fuera. – Solucei e ela fez um carinho em minhas costas.

– És exatamente a mulher que eu sempre quis, Carmen. – Isabel me afastou para me olhar. – Fica comigo…

– Sabes que no puedo, así que no me vuelvas a preguntar…

– Podemos tudo o que quisermos, Carmen! Somos mulheres livres!

– Usted ainda é jovem, Baronesa e aprenderá um dia que nem as mulheres e homens livres podem deixar seus deveres e tu tens um nome a zelar.

– Eu não estou nem aí para o meu nome! – Gritou, mas logo me olhou quase desesperada. – Não faz isso, não vá embora…

– Não volte ao bordel nunca mais e nem me procure. Vá viver a tua vida, Isabel. Case–se com uma mulher digna de ti. – Limpei as lágrimas em meu rosto e sorri triste para ela, me doía tanto dizer aquilo. – Com a senhora que merece ter ao lado.

– Eu te amo. – Ela disse chorando.

– Eu também te amo, minha menina. – Beijei seus lábios desesperadamente e saí sabendo que não voltaria a vê–la tão cedo.

Chorei o caminho inteiro de volta à capital. Entrei pela porta dos fundos do bordel para que ninguém me visse, subi correndo para o quarto e quando que entrei me dei conta de que a Baronesa estava em cada canto dali, assim como estava gravada em cada pedaço do meu ser. Eu nunca me senti tão desnorteada. Ouvi a porta do quarto abrir e nem me preocupei em olhar, a única pessoa que tinha a chave mestra da casa era Margot.

Ela não disse uma única palavra, apenas sentou ao meu lado na cama e me puxou para deitar a cabeça em seu colo e ali chorei por horas a fio, em silêncio e com a minha cabeça na mulher que amava.

Levantei rápido e corri até uma pequena lixeira embaixo da penteadeira vomitando novamente.

– Está melhor, criança? – Concordei com a cabeça. – Quer me contar o que houve?

– Para quê? Se tu já sabes?

Margot suspirou e me olhou com um olhar que dizia "eu avisei".

– Não me venha com sermão, por favor…

– Não falarei absolutamente nada sobre Isabel, mas, nunca te vi vomitar…

– Também nunca me viu chorar dessa maneira. – Disse ríspida e evitando conversas que eu não queria ter agora. – Só estou nervosa, Margot.

Me joguei na cama novamente e ela acariciou meus cabelos.

– Esse sentimento. – Toquei meu peito sentindo a dor que era quase física. – Passa? – Perguntei à ela com um olhar quase desesperador.

A mulher negou com a cabeça.

– Acostuma… Fique aqui o tempo que achar necessário, Carmensita. Não desça, será pior.

Concordei e ela desceu ao salão, logo a noite começaria outra vez sem mim.


***


Um mês passou correndo e a falta dela era terrível. Meu ofício já não me satisfazia como antes, minha vida se tornou vazia e ao mesmo tempo, cheia da presença da Baronesa.

Desde que voltei, passei a enjoar diversas vezes, o cheiro de alguns perfumes me davam náuseas, tonturas que nunca tive e dores de cabeça que me deixavam o dia inteiro acabada. Era exatamente assim que eu estava me sentindo neste momento, saí para o pátio, precisava ficar um pouco fora das conversas altas das meninas.

– Triste, Carmen? A Baronesa não tem te visitado… – Sofia vinha em minha direção e revirei os olhos.

– Para tua própria segurança, Sofia. Não chegue mais perto. – Nem me dei o trabalho de olhá–la.

– Que foi, a Baronesa cansou de ti? Viu que não passa de uma puta velha? – Eu ri alto.

– Não cansas de querer chamar a minha atenção?

– Atenção? Por favor, Carmen!

– Não, Sofia. Por favor digo eu! Tu és tão insignificante… – Falei com deboche. – Pare de tentar se igualar a mim, isso só te torna patética. Quer ser respeitada, SEJA ÚNICA e não uma cópia barata.

Sofia saiu novamente sapateando e eu fiquei rindo. Maria e Margot logo se sentaram próximas a mim e foi a dona da casa quem iniciou a conversa.

– Maria, pode nos deixar um pouco a sós, por gentileza? – Estranhei, mas não questionei.

– Claro, Margot. – Ela se levantou, mas parou antes para me chamar a atenção. – Preciso conversar contigo, minha amiga. Vou te esperar na sala.

Concordei e logo eu e Madame Margot ficamos a sós.

– Amanhã o médico virá aqui examinar algumas meninas, quero que seja examinada também.

Olhei para ela séria, sabia bem o porque disso.

– Eu estou achando que pode estar grávida.

Margot não era burra, ela também percebeu os sintomas. Eu já sabia, nem precisava que o médico me examinasse, mesmo assim estava com medo. Desde o meu sonho, eu… me sentia diferente. Não era a primeira vez e sabia que tão pouco seria a última, mas sonhar com Isabel e isso me fez perder a coragem de tomar o chá uma dúzia de vezes e resolvi não pensar até que tomasse a decisão. Agora ela já estava tomada e assim que o médico viesse aqui, eu acabaria com essa preocupação.

– Tudo bem. Se estiver grávida farei o que fiz nas outras vezes. – Disse firme.

Depois de vinte longos anos nessa vida, abortar deixou de ser uma coisa incomum.

– Tens estado tão quieta, Carmensita.

– Tu mais do que ninguém sabe o motivo.

– Sei… Mas não deixe que isso acabe com a tua vida, minha menina.

Não contestei, apenas concordei.

Logo Margot saiu e eu subi até a sala.

– Eu quero me despedir. – Olhei Maria surpresa. – Parto ao nascer do sol.

– Como assim? – Perguntei assustada.

– Eu estou velha, minha amiga. – Ela riu e segurou minhas mãos. – Estou dando prejuízos à casa, está na hora de mudar de vida.

– Vai para onde? – Apertei suas mãos preocupada.

– Salvador… – Sorriu sonhadora. – Juntei minhas economias, comprei uma casa de um cliente e vou viver uma vida diferente lá.

– E fará o quê? Não pode ir embora assim…

– Conversei com Margot, ela me ajudará até que consiga arrumar o que fazer, mas eu cozinho bem, logo faço alguns quitutes para vender e me sustentar, ainda tenho algum dinheiro guardado. – Disse simplesmente.

Maria estava animada para a partida, era nítido e fiquei feliz por ela.

– Sabe que nunca pensei no que farei depois daqui. – Olhei para o quadro de Margot e lembrei que ela não queria que eu tivesse essa vida, mesmo assim, eu amava estar aqui, mas me dei conta de que vivi desde sempre nesse lugar e não havia nada que eu soubesse fazer.

– Essa casa é tua, Carmen, não há com o quê se preocupar. – Sorriu largo para mim e abracei–a forte, senti que ia chorar, Maria sempre esteve comigo, era uma irmã. – Tu vas me manquer, mon ami! (Sentirei sua falta, minha amiga!)

– Moi aussi, Maria. (Eu também, Maria)

Foi ela quem me ensinou o francês e tantas outras coisas… Meus olhos se encheram de lágrimas e ela sorriu largo.

– Não fique assim, Carmen, venha me visitar algum dia.

– Irei! E tu, trate que vir à Capital vez ou outra! – Ela concordou e logo foi arrumar as malas, partiria amanhã cedo.

Eu e Margot fomos ao porto com ela e pedi que nos escrevesse assim que chegasse. Maria estava em uma outra fase da sua vida agora e acho que nunca a vi tão radiante.

Passamos na Cavé antes de voltar à casa e meus olhos procuraram a Baronesa pela Capital, mas não sei queria encontrá–la. A saudade dela era imensa e todas as noites eu também a procurava pelo salão, hoje não foi diferente e novamente ela não estava lá. Acho que me dei conta que talvez não voltaria a vê–la.






 

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