CAPÍTULO 23 - Todo mundo precisa de uma pausa

        Dormia completamente relaxada, abraçada ao corpo nu de Dominique e me sentindo a mais feliz das mulheres, precisava mesmo de um fim de semana de descanso após dias de busca incessante por Pierrô, estava me sentindo frustrada pela falta de pistas e por não saber o rastro da assassina, mas, muito feliz por ter o meu amor nesse momento. Nicolle nos deixou ficar em seu quarto no hotel e foi para uma suíte mais simples, havíamos nos tornado muito mais do que amigas, éramos verdadeiras irmãs, e estava aprendendo muito com ela, sentia que minha percepção a cada dia mais evoluía, e conseguia ter um olhar mais crítico sobre toda a situação, virei quase uma discípula e buscava seguir à risca os seus conselhos e dicas.

        A única situação que me desagradava profundamente era perceber que na medida que evoluía dentro da Polícia, alguns colegas passaram a me tratar diferente, uns ficavam com um evidente bico, outros começaram a pegar no meu pé, isso tudo porque estou crescendo e naturalmente estou ganhando muito dos espaços antes ocupados por mentes medíocres, para isso foi preciso mudar de atitude, fiz um coquetel com os seguintes ingredientes, 1 envelope de suco natural de iniciativa, duas latas de vitalidade, 1 lata de motivação, 8 pedacinhos de disponibilidade e 1 litro de vontade de aprender, depois bati tudo no liquidificador e tomei, é disso que estou falando, da gana que dá de ser cada vez melhor. Segundo Nicolle, não deveria me chatear tanto com meus colegas evidentemente invejosos, afinal, uma "árvore que produz bons frutos é a que mais leva pedrada", dessa vez fui mais inteligente, desviei de tudo e deixei que a pedrada passasse sem me atingir, é como diz Nicolle, no trabalho policial se você não estiver incomodando ninguém é porque tem alguma coisa errada.

        Dominique abriu os olhos devagar, viu que eu estava quietinha admirando seu jeito manhoso ao acordar e completamente perdida em meus pensamentos, sorri ao vê-la espreguiçar e apertei seu queixo ao ouvir o seu bom dia e o eu te amo mais rouco e charmoso de todo mundo, o fato é que estou feliz demais, e levando em consideração que ninguém sabe o dia de amanhã, estou aproveitando este bom momento.

- Oi amor, estou tão feliz que tenha conseguido a autorização da corregedoria para atuar conosco nesse caso, na verdade, não tem muito a ser feito, mas, a sua presença me reconforta.

        Ela se aproximou de mim, riu, olhou bem nos meus olhos e falou baixinho enquanto deslizava sua mão em meu rosto.

- Paty, sei que pode parecer muito cedo, mas, estava pensando em uma coisa, eu sempre quis ser mãe, o que você acha da gente ter um bebezinho?, um serzinho nosso, para fazer companhia para nosso doguinho Tufo...

        Eu me tremi inteira, pois pensei que Nick havia esquecido essa possibilidade, mas, ela me falou com tanto carinho dessa ideia que embarquei em seu sonho, meu amor estava tão feliz em ter um filho nosso que fiquei até emocionada imaginando um toquinho de gente brincando e correndo pela casa, dessa forma aceitei aumentar nossa família, mas, não sem perguntar novamente.

- Mas...e quem vai gerar o bebê?.

- Eu, você é muito manhosa amor, nem imagino você grávida, tendo desejo e vomitando todos os dias, eu sou mais marrenta, acho que vou levar suave essa gravidez.

- E como chamará o bebê?.

- Eu pensei muito, escolhi dois nomes, mas, se quiser mudar, não tem problema, eu pensei...se for menino vai ser Miguel e se for menina Manoela, quer tal?.

- Ameeei...

- Amor, essa semana já marquei todos os exames para nós, a médica me deixou uma relação...um minuto que vou buscar.

- Você já pensou em tudo?.

        Ela riu e disse um sim com a cara mais animada do mundo.

- Vamos fazer por FIV - A fertilização in vitro é maravilhosa, e podemos participar de tudo juntas, vamos fecundar um óvulo meu e outro seu, ai eu levo a gestação do bebê, ou dos bebês...

- Você não me falou de gêmeos, Nick...

- Amor, vamos pegar um óvulo de cada uma de nós, se der tudo certo nos dois está tudo ok...terei uma gravidez gem*lar...

- Ah, quer dizer que nesse tipo de tratamento é possível que seja usado o óvulo de uma parceira e a gestação seja mantida pela companheira, de forma que as duas participem?.

- Sim...e qual o próximo passo?.

- É necessário ir a um banco de sêmen, lá podemos escolher um perfil a partir das características do doador anônimo, é tudo bem simples...após essa escolha, vamos passar por um período chamado de estimulação ovariana para que amadureçam mais óvulos do que em um ciclo menstrual normal, estando os óvulos maduros eles vão ser são coletados em nós duas e fecundados com os espermatozoides doados, isso tudo é feito em um laboratório, depois disso, os embriões são gerados e transferidos para o  meu útero, lógico que que passarei por todo um preparo para torná-lo mais receptivo e preparado para a implantação dos embriões.

- Caramba, é muito passo a passo...

- É, pelo visto teremos gêmeos...e lá se vão nossas noites de sono.

- Verdade...mas, com certeza vamos ter as olheiras mais felizes do mundo.

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...

        Era o final de uma tarde tediosa, estava no hotel encostada na cabeceira da cama e abraçada as minhas pernas quando percebi que meu corpo apresentava evidentes sinais de cansaço, faltavam apenas dois ciclos e logo teria concluído a minha missão, achei então que nada seria mais justo do que tirar umas férias, deixar que a polícia relaxasse bastante para poder pega-los de surpresa, mas, antes de tudo, eu precisava de um breve período de relaxamento.

        Interfonei para recepção.

- Boa tarde, aqui é Sophia Renata Sochaczewski, hóspede do 903, gostaria por favor de pedir um serviço de massagem.

- Pois não senhorita Sophia, tem algum tipo de preferência?.

- Prefiro a massagem com pedras quentes.

- Tudo bem, daqui há meia hora nossa massoterapeuta Sayuri irá atende-la.

        Troquei de roupa e fiquei esperando, coloquei um roupão macio e sentei na cama, estava quase adormecendo quando ouvi apenas um toque delicado vindo do lado de fora da porta, sorri ao vê-la, era uma linda mulher de pouco mais de vinte anos, tinha delicados olhos orientais de uma linda coloração amarelada, seus cabelos eram negros e lisos, indo até a cintura e delicados lábios rosados se abriram para mostrar os dentes delicados e alinhados, parei um pouco mais para admirar o seu corpo, ela me pareceu apetitosa e tinha as curvas mais perfeitas que já tinha visto na vida.

- Boa tarde, sou Sayuri, sua massagista.

- Sophia...muito prazer querida, pode entrar...você é nissei?.

- Não, sou yonsei, bisneta de japoneses.

- Muito bem...você é linda, saiu uma perfeita combinação de traços. - Falei suavizando a voz na tentativa de seduzi-la, estava morrendo de tesão naquela oriental.

- Obrigada, gostaria que a senhora visse a minha filha é, ela é muito mais bonita do que eu... - Ela falou sorrindo para logo depois mostrar uma foto do celular, era uma menininha de mais ou menos uns cinco abraçada a mãe e ao lado de um cantor negro belíssimo, integrante de uma boyband muito famosa na atualidade. Fingi que estava achando interessante aquele quadro familiar e senti uma vontade enorme de estrangular aquela yonsei ali mesmo, mas, me segurei, afinal, não queria quebrar meu merecido descanso.

- Não me reconheço como senhora, pode me chamar apenas de Sophia...

- Desculpe, é força do hábito, mesmo sendo apenas bisneta de japoneses, temos o hábito de tratar as pessoas mais velhas da forma mais respeitosa possível.

        O assunto e o tesão acabaram ali mesmo, esperei que ela terminasse a massagem e me despedi da forma mais seca possível, a seguir troquei de roupa e fui a uma boate, precisava de sex*, a gente não pode ganhar todas, não é?, mas, nunca aprendi a lidar com as frustrações, isso não fazia parte da minha personalidade.

        O som do bate estacas refletia em todos os cantos da elegante boate, homens e mulheres balançavam seus corpos suados enquanto bebiam os drinks de tonalidade neon entregues a todos que compraram os ingressos da festa, foi quando de longe eu a vi, estava encostada em uma pilastra, os olhos buscavam incessantemente alguém que pelo visto não tinha encontrado, olhava como se tivesse perdido algo, foi quando nossos olhares se cruzaram, ela sorriu e veio em direção a mim ondulando seu corpo bem feito, os cabelos loiros esvoaçando como se estivesse em uma propaganda de shampoo, e eu ali parada babando, ela se aproximou, me puxou pela cintura e disse baixinho em meu ouvido.

- Sabia que você é a ruiva mais gata que já vi?, hoje é meu dia de sorte, é exatamente quem estava procurando.

        Ela falou sussurrando em meu ouvido e gemi alto quando ela passou as mãos pelo meu corpo e logo depois me beijou intensamente. Assim que finalizou o beijo, empurrou meu corpo em direção a parede e invadiu minha blusa com suas mãos intensas não me deixando pensar, foram horas de conversas fortuitas, beijos e amassos, e muitos drinks, achei que a noite não ia ter fim, fui ficando cada vez mais tonta e entregue, até que o convite inusitado veio.

- Gata, ainda não sei o seu nome...

- Hele...Sophia, muito prazer.

- Gabrielle...vamos sair daqui?, que tal continuarmos essa conversa em minha casa?.

- Claro.

        Ela morava em uma casa em um bairro elegante, uma mansão de dois andares, mal chegamos e ela me arrastou pela mão, foi deixando a minha roupa e a dela pelo caminho, senti sua mão subir deliciosamente por minhas curvas e achei que ia ser devor...

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...

       Estava em casa abraçada a Stella no sofá da sala quando ligamos a televisão, Fandangos e Conan dormiam largados no tapete e se assustaram quando dei um pulo ao ouvir a notícia.

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"Boa noite, foi encontrada morta em Curitiba, a médica e serial killer Helena Mandavitaque Jasmim, seu nome não havia sido revelado pela polícia, mas, a médica foi responsável por todos os crimes atribuídos ao Filósofo. Helena foi morta pela policial Gabrielle Siqueira, viúva de Flora Bueno, uma das vítimas de Pierrô, Gabrielle foi abordada pela assassina em uma boate e seria mais uma vítima se não tivesse reagido".

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- Stella, olha que coisa...a Pierrô morreu, sei que ela não tinha jeito, que era uma psicopata, mas, nunca devemos comemorar a morte de nenhum ser, espero que algum dia ela encontre a paz, que seu espírito siga em paz, comigo está tudo bem, eu já a perdoei.

- Eu sei minha linda Mari...

        Nos abraçamos e fizemos uma prece pela alma de Pierrô.

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...

        Assim que soubemos da morte de Pierrô procuramos Gabrielle, uma das nossas investigadoras, não sabíamos que sua namorada tinha sido uma das vítimas, mas, logicamente que sabíamos que seu relato era cheio de falhas, estava claro que ela tinha matado a serial killer de caso pensado, mas, quem poderia critica-la, não é mesmo?, isso aqui é vida real, com pessoas reais, e foi assim que assinamos o relatório final e o caso foi dado como encerrado, no relatório que assinei tinha escrito "legítima defesa", e estou com a consciência tranquila.

Fim do capítulo