Aeoboc por May Poetisa
6. Beijo
6. Beijo
Certo dia, no final da tarde, da varanda do meu quarto estávamos assistindo ao pôr do sol, escutando o som das ondas e admirando a natureza, em completa paz e harmonia. Ilíone começou a me olhar fixamente e se aproximar bem devagarinho, fiquei observando-a e admirando toda as sua beleza.
- Ilí, gosto tanto de ti (revelei sorrindo como uma boba).
Fui surpreendida, ela me beijou!
Ela têm lábios carnudos e beija com suavidade, mas, mal consegui corresponder, pois, não esperava por isso. Fiquei nervosa e sem saber como reagir, nem imaginava que ela me beijaria.
Foi muito especial, meu coração ficou num compasso irregular e as minhas pernas bambas.
Ao se afastar do contato labial suave e delicioso, ela começou a fazer sinais pedindo desculpas e constrangida abaixou a cabeça.
- Ilí, foi o seu primeiro beijo?
Ela confirmou e voltou a se desculpar.
- Linda, eu gostei. Você me surpreendeu e fiquei sem reação, mas, saiba que adorei (expliquei).
Ilíone estava sem jeito e totalmente sem graça.
- Que tal repetirmos?
Nenhuma resposta, ela colocou a mão na cabeça demostrando certa preocupação e quando ela saiu do quarto sem me responder, fique sem entender. Aguardei um tempo achando que ela logo retornaria, porém, nada dela, conferi se eu estava com mau hálito e nem era o caso.
Deitei na minha cama e fiquei pensando, será que ela tinha se arrependido?
E tudo que eu mais queria era continuar beijando-a, diferente dela nem foi o meu primeiro beijo, já tinha sido beijada antes, na minha festa de quinze anos, um dos pretendentes que a minha mãe tinha me arrumado teve a ousadia de me beijar e eu nem tinha gostado dele, já o beijo nem foi ruim. O pior foi quando um professor de canto me beijou a força, gritei e foi uma grande confusão, ele até se desculpou, mas, meu pai não aceitou e fez o certo, o expulsando, eu tinha só treze anos e foi um susto. Já com a Ilíone foi maravilhoso e eu queria muito mais.
Anoiteceu e nada dela. Jantei com meu pai e voltei para o quarto. Estranhei, pois, as tochas do corredor começaram a ser apagadas e ela ainda nem tinha se recolhido, sai a sua procura, primeiro na cozinha e já nem tinha mais ninguém por lá.
- Poxa, onde você se meteu?
- Princesa, posso ser útil? (Questionou um dos guardas do castelo).
- Estou procurando a Ilíone.
- Hoje ela não jantou e nem auxiliou no preparo do jantar.
- Porquê?
- Não sei responder, só sei que já tem um bom tempo que ela esta sentada nas escadarias. Vou avisar que a senhorita à procura.
- Por favor, carregue uma tocha e me leve até ela.
Ilíone não notou a nossa aproximação e estava como o soldado do meu pai tinha descrito.
- Ela dormiu sentada no chão (ele comentou e ela despertou).
- Ilí, já esta tarde, venha, vamos entrar.
Assim que chegamos no nosso quarto comecei a indagar:
- Não quis jantar?
Silêncio.
- Você está com fome?
Nada dela responder.
- Qual o problema? Não vai mais falar comigo?
Desta vez ela respondeu, fazendo sinais que não falava.
- Eu sei disso, mas, conversamos por sinais e quero saber o que está acontecendo entre nós.
Quando ela foi sair do quarto novamente falei o que estava sentindo e me incomodando.
- Você me beijou, eu gostei muito, mas você se arrependeu e agora prefere fingir que nada aconteceu. É isso?
Ela largou a fechadura, balançou a cabeça em negativa, correu ao meu encontro e me abraçou apertado.
- Ilí, não estou conseguindo te entender, você esta me deixando confusa.
Nos sentamos na minha cama e ela começou a explicar que estava com receio de ter agido errado, justificou que sou uma princesa e ela uma plebeia.
- Meu bem, não vejo problema algum nisso, não se sinta inferiorizada por ter pertencido à plebe, é uma camada popular da sociedade, mas, sempre aprendi com meus pais a importância de respeitar a todos sem fazer diferenças e podemos nos envolver amorosamente.
Tenho certeza que ela adorou tudo o que eu disse, porque em seguida estampou um belo sorriso na face e me beijou novamente.
Desta vez, nosso beijo foi mais intenso, correspondi e amei. Só paramos quando o seu estômago roncou.
- Ilí, você esta com fome.
Ela confirmou e explicou que tinha perdido a hora do jantar, por ter ficado nervosa, com medo de que tivesse errado comigo e até que seria expulsa.
- Jamais te expulsaria e somos amigas, temos que conversar sempre. Não podemos ficar cada uma de um lado pensando bobagens e agora vamos te alimentar.
Depois de jantar ela me perguntou se o rei não ficaria bravo, respondi que nem sabia, mas, que tinha esperança de que ele reagisse bem. Em seguida ela quis saber o que seria dela quando eu encontrasse uma pessoa a minha altura.
- Não fique angustiada com isso, não tenho interesse em encontrar mais ninguém, me sinto muito bem contigo.
Pedi para ela dormir comigo, mas, ela não achou seguro, ficou preocupada de alguém entrar no quarto, mesmo eu mencionando que ninguém entrava no quarto sem bater na porta, ela deitou em sua própria cama.
- A minha cama é maior e mais espaçosa, mas, como você nem quis se deitar nela, sem problemas, deito na sua contigo (falei já me deitando ao seu lado).
Ela deu risada e voltou a fazer sinais que tínhamos que ter cuidado para que ninguém descobrisse e para não termos nenhum problema.
- Quero ficar juntinha de ti, antes de dormir vou para a minha cama, assim você fica mais tranquila, mas, só depois de te beijar muito.
Ela concordou, beijou cada parte do meu rosto e eu fiz o mesmo no dela, também ficamos um bom tempo de testas coladas, fazendo cafuné uma na outra. Quando ela adormeceu fiquei lhe admirando. Contra a minha vontade levantei e dormi lembrando de cada beijo trocado.
Na manhã seguinte fui acordada com selinhos.
- Bom dia! Nunca tinha sido acordada assim e adorei (respondi a puxando para cima de mim).
Queria passar o dia todo na cama juntinhas, mas, ela não topou a minha proposta, toda receosa de ser pega em flagrante.
- Sonhei conosco (falei enquanto ela penteava meu cabelo).
Assim que ela mostrou interesse falei que tinha sonhado que dormíamos juntas todas as noites na minha cama e coladinhas uma na outra. Porém, não colou, ela me chamou de galanteadora e acabei dando risada, ela é muito esperta e logo desconfiou que eu estava tentando convencê-la para dividirmos a mesma cama.
Após o desjejum matinal, fiz aula de instrumentos musicais, a minha professora estava explicando sobre a lira e a harpa, mas, eu não estava conseguindo ficar totalmente concentrada.
- Acalântis, ouviu o que acabei de dizer?
- "Chelys é um antigo instrumento de cordas que, com o passar do tempo, deu origem à lira. Seu nome provém do grego, que quer dizer "tartaruga". É que o casco da tartaruga era usado para a caixa de ressonância do instrumento".
- Fiz este relato no começo da nossa aula, agora eu estava explanando que a lira é um excelente instrumento para acompanhar récitas poéticas e propus que você toque enquanto recito para treinarmos.
- Claro.
Acabou não dando certo, me perdi na partitura e errei três vezes, desconcentrando até a professora, atrapalhando toda a nossa aula.
- Algo de errado?
- Podemos deixar para outro dia, estou muito pensativa, desculpa nem foi tão produtivo, a culpa é toda minha.
- Creio que pensando em algo bom, já que do nada sorri e suspira. Está apaixonada?
- Sim.
Confirmei, me despedi e corri ao encontro da Ilíone, que tinha acabado de tomar seu banho e estava cheirando flores.
- Estou apaixonada por ti (assumi).
Ilí fez sinal que eu era correspondida. Depois dos primeiros beijos e de descobrirmos que estávamos apaixonadas, ficamos ainda mais unidas, se antes não nos desgrudávamos, agora vivemos coladas uma na o ultra literalmente, intensificou a nossa aproximação e vem sendo excelente para ambas.
Fim do capítulo
Feliz setembro! Beijos e abraços, May.
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