Floresta
Floresta
* * *
. . .
Preparamos tudo rapidamente, bom, não havia muito o que levar (Uma mochila pra cada. Só o essencial). Nos trocamos para enfrentar a selva, Raíra não se trocou, fez "apenas" uma bela pintura no rosto. Não sabia como ela conseguia andar descalça e semi nua por toda mata. Nós (meros mortais) estávamos de calça, camiseta de mangas compridas, boné e botas, por sorte Nina "tinha" (improvisou) tudo.
Elas acharam melhor dar uma olhada na minha perna antes de sair, assim como nos ferimentos do Sr. Jair. Nina passou um amassado de folhas, trazido por Raíra, era como um anestésico/cicatrizante, Nina fez os curativos, enquanto Raíra sumia na mata.
*****
Já havíamos saído há algum tempo. Mari dando a mão para o Sr. Jair, e eu ao lado dele sempre. Nina alguns passos a frente abrindo caminho (cipos pendurados, árvores, mato em todo lugar, mosquitos e outros insetos e animais em todo canto que olhasse era isso), Yaya não havia aparecido... ainda. A propósito, achei um pouco de egoísmo da parte dela, pois ela que conhece melhor a mata, os bichos, enfim, deveria ir conosco para nos proteger.. Talvez. Quando a visse novamente diria tudo na cara dela, ela gostando ou não.
*****
--Essa floresta é bonita demais. Tanta variedade de flores, frutos, animais.. Olha lá, Baixinhas. --Apontou para um galho, onde havia dois macacos de cara vermelha nos olhando. Mari estava adorando, toda hora Sr. Jair mostrava algum bicho ou planta. Queria poder descrever tudo, mas..
--É muito bonito mesmo, não acha, Mika? - Perguntou Nina me olhando divertida.
--Se eu não estivesse tão apavorada, acharia sim! --Eles riram.
* * * *
Andamos cerca de mais vinte/trinta minutos, quando de repente ouvimos um barulho parecendo um animal 'diferente', em seguida uma bela ave voou sobre nós. Nina fez um gesto para pararmos e ficarmos quietos. Pânico me definia. Ouvimos o barulho por mais duas vezes até Nina fazer um semelhante, entregar algo para ave e ela voar.
--Mudança de planos, Pessoal! Vamos ter que mudar a rota, talvez.. teremos que andar pelo pântano.
--Fala sério, Nina? -Falei em pânico.
--Infelizmente não temos muita opção, Mika. --Falou pegando Mari no colo. --Se não andarmos pelo pântano para cortar caminho até o rio, vamos demorar muuuito para chegarmos a cidade. O que vocês preferem?
--Pântano! - Falou Sr. Jair e Mari animadamente!
--Não! --Falei apavorada. --Prefiro mil vezes demorar para chegar ao invés de me meter em um pântano. Um pântano, gente. Um pântano!
--Ah.. Mika. Demorar mais não.. tô cansada - Falou Mari fazendo bico.
--Eu sei, Mari. --Falei acariciando o rostinho dela. --Mas prefiro, acho mais seguro. E como Yaya irá saber que mudamos a rota? Ela sumiu. - Perguntei.
--Aquele barulho era ela avisando de algum perigo a frente. --(E eu falando em egoísmo.. ela é incrível!) --Não dá para continuar por aqui. Poderíamos voltar até em casa e irmos em outra direção, mas demoraria mais que o dobro do tempo. Podemos ir pelo pântano que é bem perigoso, no entanto chegaríamos mais rápido. A outra opção é dar a volta o que fará com que cheguemos só de madrugada, talvez, SE não pararmos, o que provavelmente teremos que fazer.
--Vamo'? - Falou Raíra descendo de uma árvore e me dando um baita susto.
--Por onde acha melhor, Yaya? - Perguntou Nina.
--Pântano é muito perigoso, cêis anda muito devagar. Conheço tribo próxima, dá pra passa' noite lá.
--Mas pelo que eu saiba não tem tribo por aqui, Yaya. --Falou Nina fechando a cara.
--Eles não gostam de aparec.. --Nina semicerrou os olhos. --É uma tribo isolada. --Confessou Raíra.
--De jeito nenhum, Yaya. Pode ser mais perigoso que o pântano. - Nina falou firme.
--Pra maioria, sim. Mim' tratam bem, Nina. --Nina chacoalhava a cabeça com a expressão séria. --Pajé sabe poco' de português. --Yaya colocou uma mão sobre o ombro de Nina. --Não aguentariam passa' noite na mata. --Nina concordou contrariada.
--Eles falam guaraní? O que tem de perigoso a frente que não podemos seguir?
--Tem dialeto deles. --Nina ficou com a expressão ainda mais fechada. -- .. Ariranhas grandes no trecho de água que tem que passar e, próximo daqui descansando numa árvore tem onça. E..
--O que é uma Arinan.. narã..? - Perguntou Mari, entrando na conversa que até o momento era só das duas indias. Eu também gostaria de saber isso, nunca ouvi falar desse bicho.. Nem de tribo isolada. Mas gostaria mais de fugir dali como em um passe de mágica.
--Ariranha é como se fosse uma lontra gigante que gosta de carne, muitos chamam de onças d'agua, pois atacam humanos. --Explicou Nina.
--Difícil. Essas são grande, mas boazinhas.. --Yaya falava com uma expressão de alegria (como se fosse o Hagrid falando do Fofo). Paixão.
--Com você, Yaya. --Falou Nina mostrando uma cicatriz no braço. Raira voltou a fechar a cara.
--A onça pode vir até nós? Seguindo rastros? Ouvindo nossa voz? - Sussurrei pra Raíra. O medo quase não deixava a voz sair.
--Bicho não ataca humano, é raro. Bicho só se protege. - Yaya falou olhando pra Nina.
--Estamos no território deles. Enxergam melhor que nós a noite.. quando saem pra caçar, dev..
--Não é melhor já irmos , não? - Falei olhando para o céu, apavorada. Concordaram.
Novamente Raíra foi se embrenhando na mata até sumir de vista. A paisagem pouco se alterava pra mim. O medo quase me dominava por completo, ainda mais com Raíra distante. O suor escorria, mosquitos rondavam, não havia muita conversa. Essa era minha visão, né. Sr. Jair e Mari tinham uma expressão de satisfação, apesar do cansaço.
****
Após algum tempo, Raíra voltou (sorrateira) bem suada com expressão de preocupada, atenta. (Princesa Amazona no Amazonas)
--O que houve, Yaya? - Indagou Nina.
--Pele de cobra grande, fiquem atentos e quietos! --Falou baixo.
--Co-cobra? Que tamanho? - Perguntei já tremendo por dentro (mais).
--É pele só. - Falou sem nem me olhar e começou a se distanciar.
--Yaya? - Nina a chamou seca. --Qual o tamanho da pele que você viu?
--Tem.. uns tr.. tr..quatro metros. --Falou gaguejando sem olhar pra Nina que a segurou pelo braço. Nunca tinha a visto falar assim.. nem Raíra gaguejar daquele jeito.
--Raíra! Mentir não vai nos deixar mais seguros ou com menos medo. --Falou Brava.
--Na verdade, vai sim! - Cochichei para o Sr. Jair.
****
Fim do capítulo
Continua..
Comentar este capítulo:
nathidalbo
Em: 22/08/2020
Bem ansiosa para os próximos...
Att.
Nathália
Resposta do autor:
Estamos nos aproximando da metade.
Tentarei postar mais.
Obrigada por acompanhar e comentar, Nathália!
Abs
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