Boa leitura!
Capitulo 11 - Descobertas
Alice
- Alicinhaa - a doida da minha amiga Marcela já veio correndo até mim, me enchendo de beijos como sempre - Até que enfim chegou amada.
Eu sorri, embora não curtisse muito demonstrações de afeto, amava esse jeito louco dela, era encantador.
- Tudo isso era saudade menina?
Perguntei.
- Claro que sim - ela sorriu - Olha lá a Nanda chegando, vamos lá.
Marcela praticamente me arrastou até o portão pra recepcionarmos Fernanda.
- Loiraaa - assim como fez comigo, Marcela encheu nossa amiga de beijos, que assim como eu, não era tão fã de contato físico com os outros, mas também adorava isso em Marcela.
- Agora sim, minhas melhores amigas do mundo chegaram, e eu estou super feliz!
Disse Marcela nos abraçando pelo pescoço, e andando até um dos banco que tinha no pátio.
- Estou vendo. Posso saber o por que de tanta alegria? - Fernanda já foi logo ao ponto, estava de braços cruzados esperando a resposta.
- Eu nasci feliz meu bem - sorriu e jogou os cabelos pra trás, fazendo charme pra nós.
- Para de enrolar e fala logo. Até eu estou achando que tem coisa aí - Eu disse querendo por fim a esse mistério todo.
- Tá legal suas chatas. Não consigo esconder nada de vocês mesmo. - ela suspirou e conteve o sorriso antes de cochichar - Eu estou ficando com uma pessoa.
- Quem? Ah, nem precisa dizer. É com aquele babaca que você estava afim, qual era mesmo o nome dele? Leonardo, Rafael, Lucas... - falei rindo, sendo acompanhada por Fernanda.
- Ha-Ha-Ha, o nome dele é Carlos e você sabe muito bem disso. Se continuarem com gracinhas não digo mais nada.
Ela estava começando a se irritar o que eu achava uma graça. Segurei em sua mão antes de dizer:
- Desculpa. Pode falar, prometo que não vou mais fazer piadinhas - cruzei os dedos e os beijei, fazendo as duas rirem.
- Então, o Carlos é lindo e tal, mas não foi ele. Na verdade ele já é até passado.
- Não falei que era só fogo de palha. - Fernanda começou dizendo - Nunca vi se apaixonar tanto igual você Marcela. Faz isso com mais frequência do que bebê água, tenho certeza.
- Eu não me importo. Pois saiba você, que eu gosto muito mais de me apaixonar do que beber água.
- Percebe- se - falei baixo. Marcela olhou pra mim irritada.
- Pois agora não falo mais nada. Eu tô aqui toda feliz querendo compartilhar uma parte da minha vida com minhas melhores amigas, e vocês ficam tirando onda com a minha cara?! Palhaçada.
Ela com certeza havia se irritado de verdade agora, pois tinha se levantado e ido embora pra sala. Corri atrás dela e segurei seu braço.
- Desculpa Má, fala - pediu com delicadeza. Ela suspirou e encarou nós duas antes de continuar falando.
- Não beijei o Carlos, porque dessa vez fiquei com uma garota.
- Uma garota? - perguntei. Percebi que Fernanda havia ficado tão surpresa quanto eu.
- Uma garota sim. Linda, meiga e carinhosa. Acho que estou apaixonada - ela parecia radiante.
- Me conta essa história direito - pedi
Essa informação realmente me pegou de surpresa. O relacionamento entre duas mulheres nunca fez parte da minha curiosidade ou das minhas conversas com minhas amigas. Até então, todas nós éramos heteros e esse assunto nunca nos importou.
Por que será que agora, ao saber que uma amiga minha, que alguém tão próximo a mim tenha experimentado esse tipo de relação, me interessou tanto?
Passei o dia perguntando tudo pra Marcela, que, como amava falar, não me poupou na hora de relatar todos os detalhes. Foram só alguns beijos e uma amassos com uma garota que ela tinha conhecido através de uma amiga em comum. Segundo ela, as duas começaram a trocar mensagens e logo marcaram um passeio no shopping, e foi no cinema o primeiro beijo. Daí em diante, a dois dias, elas vinham se encontrando e se pegando.
- Por quê não contou antes tudo isso pra gente?
Perguntou Fernanda. Marcela, Nanda e eu eramos bem diferentes uma das outras. Nossas personalidades eram distintas e acho que isso tornava tudo ainda mais íntimo e especial. Tínhamos um carinho imenso entre nós, e talvez por isso Fernanda tenha se sentido magoada ao saber que por alguns dias Marcela ficou receosa em nos contar isso nos escondeu o que estava acontecendo com ela.
Marcela percebendo a mágoa estampada nos olhos da amiga, se desculpou, disse que de início sentiu medo em falar sobre o assunto, mas que agora estava certa de que o que fez não foi errado, e por isso fez questão de nos contar tudo. Passei a manhã toda perdida em meus pensamentos. Comecei a pensar como seria de fato uma relação homoafetiva. Fiquei imaginando se tudo era lindo como Marcela havia descrito ou se era ela quem fantasiava demais as coisas apenas por estar apaixonada pela milésima vez.
Acho que fiquei tão entretida nesses pensamentos, que nem percebi quando o sinal bateu.
- Alice, é hoje que começa seu castigo? - Fernanda perguntou enquanto juntava seus materiais.
Coloquei minha mochila nas costas e seguimos juntas para o corredor do colégio.
- É sim.
- Não faz essa cara, vai. Sinceramente, pra mim isso nem é castigo. A professora Helena é super gente boa. Tenho certeza que ficarão amigas e logo você vai estar tirando onda em matemática - ela me abraçou de lado me passando força, e eu sorri sem graça com o que ela disse.
- Falando em castigo, olha lá quem tá vindo - Marcela falava enquanto comia seu chocolate.
Olhamos para onde ela havia apontado com a cabeça e vimos a professora Helena caminhando em nossa direção. Estava linda, usando uma calça social preta de boca larga, um salto nos pés, e uma blusa de seda na cor vinho, com um leve decote na frente, deixando o pingente do seu colar cair por entre os seios e se manter escondido.
- Bom dia meninas - cumprimentou.
- Bom dia professora Helena - nós três respondemos juntas como um coral infantil e em seguida todas rimos, o que me refez revirar os olhos achando engraçado. Até a professora acabou rindo com a gente.
- Então Alice, pronta pra viver por um mês ao meu lado?
Eu arregalei os olhos e me mantive em silêncio. Meu coração acelerou e eu não sabia o que dizer. "Um mês ao meu lado " era tudo que ecoava em minha mente. Ela realmente havia dito isso?
- Alice? Tudo isso é medo da matéria ou de mim? - ela brincou fazendo minhas amigas gargalharem da minha cara de tonta que ainda se mantinha em silêncio.
- Professora, cuida bem da minha amiga, porque ela tem pavor de matemática - pediu Marcela antes de me dar um beijo e colocar um chocolate em minha mão. - Tchau medrosa, vê se não vai brigar com a professora Helena heim. Ela é a única professora legal desse colégio, não quero ver ela fugir daqui por causa das suas grosserias heim Alicinhaa.
Revirei os olhos vendo as três rirem de mim.
- Há há há. Muito engraçado Marcela - respondi em deboche.
- A Marcela tá certa Alice, se comporta pelo amor de Deus. Nos vemos amanhã - Fernanda me abraçou e depois elas foram embora pra suas aulas extracurriculares.
- E então Alice, vamos pro nosso cantinho? - Helena esticou as mãos pra mim e fomos pra sala que havia sido reservada pra nós.
Assim que entramos, percebi que os livros e suas coisas já estavam arrumadas em uma mesa.
- Bom, espero que possamos recomeçar a partir daqui. O que acha?
- Você me dedurou pra diretora né. De certo modo estou aqui por culpa sua, então...
Não sei por que não conseguia ser gentil com ela.
Ela suspirou e puxou a cadeira, se sentando em seguida.
- Eu sei Alice, não devia ter feito isso mas, você também não estava certa.
Bufei.
- Eu não estava num bom dia se quer saber professora - me sentei na mesa que estava ao lado da dela.
- Nem eu. Mais um motivo pra nós duas recomeçarmos do zero. - segurou minhas mãos - Eu sei que você não é essa menina durona que mostra por aí. - sorriu me deixando sem graça.
Percebendo que eu não iria dizer nada( mesmo porque estava anestesiada sentindo o calor das suas mãos nas minhas), ela continuou :
- Muito prazer, meu nome é Helena - esticou a mão para mim sorrindo.
Sem conseguir me conter diante do seu gesto, abri um enorme sorriso e aceitei sua ideia.
- Prazer Helena, eu sou Alice.
Nós duas sorrimos nos olhando. Seus olhos eram a coisa mais linda eu já vi na vida. Parece que quando ela sorri, eles ficavam ainda mais verdes do que eram. Estava tão hipnotizada olhando pra cada canto do seu rosto, que acho que sem querer deixei transpassar pra ela toda minha admiração, o que a fez me soltar sem graça, antes de abrir seu livro, disfarçando seu constrangimento.
Me repreendi por dentro. Não deveria ter permitido que meus sentimentos ficassem tão claros assim. Ainda mais pra ela, a dona de todos eles.
Espera aí, a dona de todos eles? Como assim?
Meu Deus, estou enlouquecendo! O que está acontecendo comigo? Por que ando sentindo essas coisas pela minha professora de matemática?
Fim do capítulo
Boa leitura!
Comentar este capítulo:
Rosa Maria
Em: 21/08/2020
Essa professora está mexendo forte no coração de Alice... também com "calça social preta de boca larga, salto e blusa com decote" quem pode resistir?
Beijo
Rosa 🌹
Manuella Gomes
Em: 20/08/2020
Sempre eles, os conflitos internos.
Estou achando as ações e reações de Alice tão imaturas.
Qual a idade da professora Helena?
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