12 - Uma babá diferente (Imagem escolhida por Izabel Nunes)
Izabel continuava olhando hipnotizada para aquela taça de vinho. Sua vontade era virá-la de uma vez na boca, fazendo com que sua embriaguez enfim lhe fizesse parar de pensar, de lembrar, de escutar as vozes obscuras que insistiam que ela cometesse o maior dos pecados. Era nesses momentos que a mulher pensava ter encontrado a solução dos seus problemas, pois nem mesmo a linda visão da paisagem, da praia, da areia, de todo aquele lugar maravilhoso conseguia fazê-la esquecer.
As imagens, lembranças, dor, lágrimas, tudo insistia em voltar. Sem contar na reviravolta que sua vida deu desde que tudo aconteceu. A perda doeu, ainda dói, porém mais que isso, também trouxe o fim de uma das suas maiores paixões, sua profissão.
Com quarenta anos, no auge da vida profissional, perdeu sua esposa, aposentou-se mais cedo do que queria e a vontade de viver simplesmente desapareceu, a única pessoa que ainda lhe trazia alguma luz era “ela”. Amanda era sua vida, seu único e eterno motivo para não acabar com aquele sofrimento de uma vez. E como sempre acontece, ela sorri, pois lá vem sua paixão correndo na areia, sorridente.
Mesmo com apenas cinco anos, a garotinha entendeu a morte da outra mãe, ainda acreditando na velha história de “virar estrelinha”, mas só Izabel sabe como é doloroso contar isso toda noite antes de dormir. Era tão complicado que a solução foi contratar uma babá. Não apenas pela situação, mas porque ela mesma se recuperava do acidente. Mesmo depois de onze meses ainda mancava consideravelmente depois de várias cirurgias na perna direita com o objetivo de não perder o membro, deu certo, mas isso resultou em várias sessões dolorosas de fisioterapia e um grande pedaço de ferro com vários parafusos. Era feio e incômodo, por isso resolveu se excluir um pouco da vida social.
Assim que começou a usar as muletas, já aposentada contra a sua vontade, pois adorava exercer sua profissão, adorava ser juíza, fazer a Lei valer, a justiça prevalecer, mesmo sendo educadamente obrigada a deixar tudo isso, mudou-se para sua casa de praia. Gosta do lugar, é calmo, bonito, relaxante, mas ainda assim sente falta da cidade, da agitação, da adrenalina de estar frente a frente com o criminoso, encarar seus olhos e ter certeza da sua culpa ou inocência. Ainda que a corrupção no meio tenha tentado várias vezes pegá-la. Não pode dizer que é santa e cem por cento honesta, mas com certeza não se compara a vários funcionários da justiça que estavam naquele lugar apenas pelo dinheiro.
— Mamãe, olha o que a tia Vanessa pegou para mim? _ A menininha que acabara de perder um dos dentes da frente, mostrando no sorriso a brecha que ele deixava, mostra a concha que a babá encontrou na praia. — Ela é linda, mamãe.
— É sim, meu amor. _ Mesmo não querendo ser daquele jeito, Izabel lança um olhar duro para a morena, que deixa o sorriso sumir.
— Vou... Vou para dentro de casa, se precisar de algo é só chamar, senhora. Amanda, você precisa tomar banho.
— De novo? _ A garotinha cruza os braços. — Toda hora eu tomo banho.
— É sim, princesa. _Vanessa, a linda morena de cabelo negro e liso que vai até o meio das costas, tão alta quanto Izabel, volta a sorrir ao olhar para a menina.
— Pode ir, Vanessa, ela vai ficar bem comigo.
— Sim, senhora.
A morena assente e sai, deixando mãe e filha a sós. Amanda, completamente alheia ao momento, brinca com a concha. Izabel observa a babá subir uma pequena escada que leva para a varanda da sua grande casa, então suspira.
Ela não é assim, isso nem é um clichê, não pode dizer que foi depois do acidente que ficou amarga, chata, ah, não, não é isso, porque ela só trata a Vanessa dessa forma, apenas a babá lhe traz aquelas reações, até porque só tem contato com sua filha, uma empregada que cuida da casa e um rapaz que ajuda nas tarefas mais pesadas.
Vanessa é diferente. Talvez Izabel sinta inveja da sua juventude, de andar tão perfeitamente que lhe faz lembrar de quando ela era mais nova. A morena era diferente por ser tão submissa, por nunca responder, mesmo que Izabel tenha sido tão desagradável durante esses meses, era diferente por ser tão passiva diante as palavras cheias de amargura da ex juíza, Izabel não sabe explicar, mas de alguma forma aquilo a incomodava, na verdade incomodava mais do que ela mesma queria admitir.
— Mamãe, hoje a tia Vanessa vai ler uma história para mim.
— Eu já disse para não a chamar de tia, Amanda, chame de Vanessa ou senhorita Vanessa, mas nada de tia.
— Mas por quê? _ A garotinha deixa a concha de lado e encara a mãe.
— Porque ela não é sua tia. Quando alguém for sua tia ou tio eu te digo.
— Tudo bem. Quero ir. _ Amanda então se levanta da cadeira, esperando que sua mãe faça o mesmo.
— Filha... _ Era evidente que a menina não gostou do que ouviu. Izabel resolveu usar um timbre mais brando. — Vem aqui, sabe que a mamãe precisa da sua ajuda para levantar. _ Não era verdade, mas assim ela conseguiria mudar de assunto e evitar falar de Vanessa.
— Eu sei, mamãe. Pega a mu... Mu... Mule...
— Muleta, meu amor.
— Isso, mamãe, pega isso aí.
Izabel sorri, então pega as duas muletas e gem* de “mentirinha”, Amanda com toda sua inocência segura na cintura da mãe e finge fazer força, o que a faz a mulher sorrir.
— Muito bem, pequena heroína, agora vamos. Você precisa mesmo tomar um banho. Daqui a pouco o Bento vem buscar essas coisas. _ Ela se refere às bebidas, cadeiras, guarda-sol e mesa que sempre estão disponíveis para que aproveite a praia. Izabel tomando todo o cuidado com suas cirurgias.
— Vamos.
Amanda caminhava ainda segurando sua concha. Seus pensamentos infantis ainda tentavam entender porque sua mãe não deixava que ela chamasse sua babá de tia. De todas que já teve, essa era a que mais gostava. Talvez por agora ter uma idade que lhe proporcionava algum entendimento, ou simplesmente gostava mesmo da morena.
Assim que chegam à casa, depois de Izabel subir a rampa que foi construída após o acidente, entram pela porta lateral, essa que lhes dá a visão da cozinha. Quando Amanda vê a babá, sai correndo para abraçar a perna da mulher, que sorri ao senti-la.
— Pronta para o banho, princesa?
— Ah, ti... Vanessa, não. _ A menina se corrige ao enxergar a mãe entrar na cozinha, o que faz a babá suspirar.
— Vamos logo antes de anoitecer. Assim você fica livre.
A menina fez um biquinho engraçado. Izabel observava a interação das duas. Não queria sentir aquela sensação ruim, mas agora, nesse momento, ela entendeu exatamente o que a faz ter tanta aversão à morena, era ciúmes, estava completamente enciumada por uma “simples” babá tirar momentos como aquele dela com sua filha, mesmo que sua razão grite que Vanessa estava apenas fazendo seu trabalho.
— Amanda, pare de ser tão mimada! _ A voz firme da mulher faz as duas se assustarem. Até Izabel se assustou, seu ciúme falou mais alto. Arrependeu-se assim que viu a menina segurar firme nas pernas da babá. — Filha...
— Vanessa, podemos ir tomar banho?
— É...? _ Ela olha para a patroa, que ainda encara a filha encolhida contra suas pernas. Izabel então suspira e encara a morena, assentindo, pois nesse momento não tinha muito que fazer. — Vamos, princesa, vamos usar seu sabonete que faz bolha. _ Vanessa diz ao pegar a garotinha no colo, o que deixa a patroa mais enciumada.
— Jura? _ Logo o sorriso da menina reaparece.
— Claro, ele cheira a morango, igual a você.
Vanessa antes de sair com Amanda no colo olha uma última vez para Izabel, sentindo todo o arrependimento da patroa, porém ela também estava magoada, a babá sempre se calou perante a mais velha, tentando entender seu sofrimento, talvez tenha chegado a hora das coisas mudarem, ela poderia suportar suas próprias lamentações, mas não que uma mãe desconte suas frustrações em uma filha, aquilo ela não permitiria.
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Depois do ocorrido Izabel se trancou no escritório. Chorou e escutou as risadas da filha ao brincar com a babá. Soube o exato momento em que ela estava jantando, pois podia escutar as piadas da babá para fazê-la comer as verduras e legumes. Vanessa parecia aquelas pessoas que entravam na vida para melhorar, mas o seu ciúme a impedia de ver aquilo em sua totalidade, assim como seu senso de desconfiança, que lhe dizia que aquela mulher escondia alguma coisa. Estava tão distraída com tantos pensamentos, que se assustou ao escutar batidas na porta, já imaginando quem era, suspira e autoriza a entrada.
— Desculpe, senhora. Santinha pediu para perguntar se vai jantar.
— Não, estou bem. _ Izabel usou mais uma vez seu tom duro, o que fez Vanessa suspirar, era hora de enfrentá-la.
— Senhora, posso fazer uma pergunta?
— Não quero falar sobre o que aconteceu...
— Não, na verdade é uma pergunta bem simples. _ A juíza respira fundo, encosta-se à cadeira e encara a morena intensamente.
— Pergunte.
— Antes de me autorizar a entrar em sua casa, cuidar da sua filha, deixar que eu tenha acesso a tudo ao seu redor, você olhou minha ficha?
— O que? _ Izabel não entendeu nada.
— É uma pergunta simples, senhora, você olhou minha ficha? Leu sobre mim, sobre minha vida, ou qualquer coisa referente a mim, ou simplesmente deixou que sua secretária cuidasse de tudo?
Então a mulher passa as mãos por seu cabelo quase ruivo, que já perdia a cor da tintura, voltando para o negro natural. Desde que sofreu o acidente não se importou mais com estética, apesar de não perder sua beleza. Com os cotovelos apoiados e a cabeça baixa, ela não dá uma resposta para a babá.
Vanessa encarava a patroa. Sempre sonhou em ser algo mais na vida, apesar da mesma ter sido traiçoeira, não se arrepende das escolhas, pois lhe trouxe o presente mais lindo da sua existência, mas uma coisa aprendeu com os anos, valorizar os pequenos atos.
Observando a mulher na sua frente, sente um pouco da sua culpa, então suspira. Não tinha muito que dizer. Afinal, Izabel não sabia mesmo nada da sua vida, talvez isso explique a forma que a trata, pois se a conhecesse apenas um pouco, o que passa todos os dias, a mais velha teria uma visão completamente diferente de tudo.
— Boa noite, senhora. Amanhã terminamos essa conversa.
Izabel não teve coragem suficiente para olhar para a mulher, simplesmente escutou a porta se fechando, sabendo que na manhã seguinte teria uma conversa difícil. Então faz o que deveria ter feito há muito tempo. Abre o notebook e o liga, logo a página do seu E-mail brilha na sua frente. Foi direto para os recebidos pela até então na época, sua secretária. Lá estava tudo sobre Vanessa Silva. A ex juíza começa a ler o arquivo.
Vanessa Silva, 30 anos, solteira, natural de Minas Gerais, mora em São Paulo desde os 16. Toda a família é de Minas Gerais. Sua ficha policial é limpa, na federal e civil. Tem uma filha...
A cada nova informação Izabel sentia-se ainda mais surpresa. Primeiro que a mulher não parecia ter aquela idade, segundo porque nunca imaginou que ela era mãe.
... De 6 anos. O pai é desconhecido em certidão de nascimento. Está na agência há cinco anos, desde que teve a filha. Trabalhou em duas casas, de ambas saiu porque os antigos patrões mudaram-se, (Como consta nas cartas de recomendação) ...
Izabel pôde ver o arquivo ao lado, mas as informações sobre Vanessa eram mais importantes no momento. Por isso continua lendo, tanto por sua curiosidade aguçada quanto para ter argumentos para conversar com a morena na manhã seguinte.
... Ambos os patrões foram bem sinceros em suas palavras sobre a mulher. Há um detalhe que precisa saber, senhora Nunes...
Nesse momento o coração da juíza começa a acelerar, pois ela confiava em Tereza, sua secretária, mas algo lhe diz que viria problemas pela frente. O E-mail era informal, apesar das cartas de recomendação terem sido enviadas pela agência como forma de segurança para possíveis contratações.
... Sua filha, Maysa, de 6 anos, ela tem Síndrome de Down. Obviamente que isso não seria um empecilho para contratá-la, porém uma babá precisa estar sempre disposta para cuidar da criança. Talvez ter uma filha especial prejudique sua disponibilidade. Então fico aguardando suas orientações para contratá-la.
Tereza Martins. Secretária da juíza Nunes.
Izabel termina de ler o E-mail e então se deixa encostar de vez na cadeira. Não sabia o que pensar no momento, apesar de estar mesmo impressionada com a babá. Não apenas por ela ser nova ou ter uma filha, mas porque em nenhum momento, desde os oito meses que trabalha para ela, tenha faltado um dia, o que trouxe mais dúvidas para a mulher.
A ex juíza estava ainda mais confusa, mais culpada, não só por ter sido rude com a babá durante aquele tempo, mas por perceber que tinha colocado uma desconhecida para cuidar da sua filha sem ao menos ter verificado seus antecedentes, aquilo foi uma irresponsabilidade imensurável.
Suas mãos voltam a passar pelo cabelo. Sua pele estava tão bronzeada pelas horas na praia que seria invejada por muitas pessoas, isso se permitisse ser vista por outras pessoas. Suspira e resolve não pensar tanto naquele dia. Pega suas muletas e caminha para o corredor dos quartos. Quando comprou a casa escolheu uma sem andar, primeiro por sua condição, segundo por sua filha, que tinha apenas cinco anos.
Assim que para na entrada do quarto da menina, respira fundo e abre a porta com cuidado. Apenas uma luminária em formato de anjo estava acesa. Amanda dormia tranquilamente. Izabel não entra, pois faria barulho com as muletas. Apenas sorri e deseja boa noite para sua razão de viver.
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Vanessa chega à sua casa às dez da noite, naquele dia mais tarde do que nos outros, mas ela não se preocupa tanto, pois sabe que sua menina estava em boas mãos. Assim que abre a porta escuta o gritinho animado. A voz grossa de Maysa faz seu coração se encher mais ainda de amor.
Conseguir dar uma vida boa para sua filha, fazê-la feliz, mesmo que em alguns momentos falhe com sua ausência, ainda assim esses eram os grandes objetivos da sua vida, trazer aquele sorriso para sempre no rosto da sua garotinha.
— Mocinha, era para você estar dormindo.
— Mamãe, a tia Livy deixou.
— Tia Livy, é? _ Vanessa pega a filha no colo e olha para o lado, tendo a mulher sorrindo, encarando as duas, ela também com um sorriso sapeca.
— Oi, desculpa, ela não queria dormir antes de você chegar. _ A loira vem em sua direção, lhe dá um beijo no rosto e depois na menina. — Então vou indo, boa noite.
— Boa noite e mais uma vez muito obrigada por cuidar dela até esse horário.
— Ah, não se preocupe, não me importo em ultrapassar o horário, eu moro ao lado.
Olivia era a vizinha, uma loira de vinte e sete anos, casada há três. Sem filhos, seu marido também era um homem maravilhoso, ambos a ajudaram bastante no período difícil desde o nascimento de Maysa, ainda que sua mãe tenha vindo de Minas e ficado por dois meses.
A loira sorri e sai. Maysa estava atenta as duas, quando a mãe lhe encara ela sorri tão meigamente que Vanessa entendia todo o sentido de estar se sacrificando tanto. Elas moram de aluguel, mas é uma casa boa, bons móveis, a menina estuda em uma escola conceituada e tem amigos, mesmo que Izabel seja arrogante, é o salário que ela paga para a morena que proporciona aquilo tudo, inclusive também pagar uma pessoa para ficar com sua filha no período que ela não está por perto.
— Vem, vou te levar para a cama. Já escovou os dentes? _ A menina com Síndrome de Down considerada de nível leve, assente. — Então vamos, meu amor.
Vanessa carrega sua filha para o quarto. A casa tinha quatro cômodos, mas a cozinha era consideravelmente grande e tinha uma varanda no quintal que proporcionava Maysa brincar, tinha até uma árvore na qual a babá colocou um balanço. A menina gostava do lugar, sem contar na sua escola, que tinha amigos e os outros não a tratavam com tanta diferença, a não ser as crianças curiosas, pois nem a própria Maysa entende sua real situação. Depois de dar água à filha e colocá-la para ir ao banheiro, deita-a no cama/berço.
— Prontinho. _ Vanessa diz ao cobri-la e depois lhe dar um beijo na testa. — Boa noite, meu amor.
— Eu te amo, mamãe.
— Eu também te amo, princesa. Dorme, vou ficar aqui até você dormir.
Maysa assente e então coloca o dedo na boca, fazendo a mãe sorrir. Com os carinhos em seu cabelo curto, tão liso quanto o de Vanessa, ela vai fechando os olhos, se deixando levar pelo sono. A morena sorri, então beija sua testa mais uma vez.
— Durma, meu amor. Não se preocupe, eu sempre farei o melhor por você.
Ela diz e sai do quarto, porque sabe que pode estar desempregada na manhã seguinte, mas nem isso vai fazê-la desistir. Prometeu que sempre faria de tudo para dar uma vida digna para sua filha, não será agora, por uma juíza aposentada e carrancuda que falharia.
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Izabel observava Vanessa arrumar sua filha para a escola, era sempre assim nas manhãs, tentava ficar mais próxima possível daquele momento, apesar dos movimentos da perna ainda serem limitados. A fisioterapeuta disse que seria lento, só não imaginou que seria tanto. Quase um ano e teve avanços, mas ainda estava longe de ter sua recuperação total, no entanto usar muletas era bem melhor do que cadeira de rodas.
— Prontinho, princesa. Boa aula. _ Vanessa beija a bochecha de Amanda, depois olha para Izabel, que pela primeira vez, sorri um pouco para ela.
— Podemos conversar?
— Sim, só vou deixar essa garotinha aqui no carro com o motorista.
Izabel assente, então também beija a bochecha da filha, que a abraça. Amanda não sabe explicar, mas gostaria que sua mãe não demitisse sua tia Vanessa, seu instinto infantil lhe diz que algo ruim vai acontecer. Mas ela nada diz, apenas encara a mulher com seus olhos negros e sorri, saindo em seguida do quarto de mãos dadas com a sua babá.
A juíza suspira e se esforça para ir até o escritório. Senta-se na cadeira e espera alguns minutos até a babá aparecer. Vanessa estava nervosa, não por Izabel provavelmente saber detalhes sobre sua vida, afinal ela é uma juíza com prestígio, mesmo aposentada, mas pela possibilidade de perder o emprego que vem lhe proporcionando cuidar da sua filha com maior recurso, não é hipócrita, amor é importante, mas o dinheiro faz muita diferença na criação de uma criança, ainda mais uma especial.
— Sente-se.
— Prefiro ficar de pé, senhora. _ Vanessa foi firme, mas não abalou tanto a juíza.
— Você que sabe. _ Izabel respira fundo. — Você me fez ver as coisas de outra forma.
— Antes de a senhora falar, eu posso dizer algo? _ A mais velha assente. — Então, desculpe se pareci muito radical, não queria fazer com que se sentisse pior, sei que passou por um momento que eu nem poderia descrever, perder a esposa, mãe da sua filha deve ter sido e ainda é horrível. Mas... _ Vanessa suspira. — Eu sempre tento dar o meu melhor para a minha filha, que acredito que agora já saiba da sua existência. _ Izabel assente. — Pois bem, ela é especial, nem falo por sua condição, mas porque ela é minha menina, meu amor. Ela veio de forma inesperada, me tornei mãe solteira, estava sozinha em outro Estado, tive que lutar por ela desde o seu nascimento, pois já sabia que ela seria diferente. _ A morena suspira. — Ontem, quando fiz aquela pergunta, não foi para fazê-la ser uma mãe ruim, mas apenas para perceber que estava fazendo do jeito errado. Sei que ama sua filha, mas eu não poderia ficar calada depois da forma que a tratou, sendo que sua raiva era comigo e eu nem sei o motivo. Se quiser me demitir, faça, mas, por favor, não trate aquela garotinha daquele jeito. Não tenho o direito de intervir, sou apenas a babá, mas acho que você é uma boa pessoa, prefiro acreditar que foi... Sei lá, o estresse. Não importa, mas se eu não estiver aqui amanhã, seja a mãe que ela precisa, Amanda merece isso e muito mais.
Izabel estava sem palavras, tinha um discurso de pedido de desculpas, explicações, tentativas de entendimentos, mas agora? Agora Vanessa conseguiu deixá-la sem palavras. Estava impressionada, pois em toda a sua vida poucas pessoas conseguiram aquilo, uma delas estava morta.
— Nossa. Uau. _ Izabel passa a mão no rosto e deixa encostar-se à cadeira.
— A senhora está bem?
— Sim, sim, só... Nossa, você me deixou mesmo sem palavras.
— Desculpa, eu só...
— Não peça desculpa. Por favor, Vanessa, sente-se. _ A babá suspira e acha melhor não contrariar. — Ontem você me fez perceber o quanto eu estava sendo irresponsável com minha filha, por meu egoísmo, ciúmes...
— Ciúmes?
— Sim, Vanessa, eu tenho ciúmes de você por ter esses momentos com minha filha e eu não. Essa perna me deixa incapaz para algumas coisas, coisas essas que você tem.
— Acho que eu te entendo. _ A babá abaixa a cabeça.
— Onde está sua filha nesse momento, Vanessa? _ A morena compreende a reação da mais nova.
— Na creche, a tarde ela fica com uma babá, basicamente o que eu faço aqui.
— Eu não sabia.
— E nem precisava, senhora. É só um trabalho de uma mãe solteira.
— Sua filha, ela...
— Tem Síndrome de Down, sim, mas é bem leve, apesar de perceptível.
— Eu sinto...
— Não, não diga isso, nunca diga isso. _ Vanessa então sorri. — Ela não merece a pena de ninguém, nem eu. Somos felizes. Mesmo ficando um bom tempo longe dela, esse trabalho me proporciona dar uma vida melhor para Maysa, só tenho a agradecer.
— Eu fui injusta com você, me deixei levar.
— Sim, você foi, mas não importa. _ Vanessa então se levanta. — Eu estou demitida?
— Claro que não, Vanessa. Minha filha te adora, você é uma ótima profissional.
— Então peço licença, senhora. _ A babá se vira para sair, mas antes escuta a outra.
— Espera. _ Vanessa se vira de volta. — Traga sua filha para brincar com Amanda.
— Senhora Izabel...
— Ela também vai ficar de férias amanhã?
— Sim, mas...
— Então a traga. Adorarei conhecê-la, sem contar que ambas terão companhia, assim você pode cuidar das duas.
Vanessa poderia dizer que não, mas a quem queria enganar? Seria perfeito trazer sua filha ali nas férias e assim estar com ela e Amanda ao mesmo tempo.
— Senhora, eu... Eu nem sei como agradecer, isso me ajudaria bastante.
— Pois bem. Assim que ela estiver de férias você pode trazê-la todos os dias, dessa forma fica de olho nas duas, talvez isso me ajude também.
— Ajudá-la?
— Sim, assim eu diminuirei os meus ciúmes de você com minha filha, afinal estará com a sua do lado também.
Vanessa sorri, pela primeira vez tendo um pouco do bom humor da patroa.
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Cinco dias junto daquela fofura que é Maysa foram suficientes para Izabel e Amanda se submeterem aos encantos da princesa de Vanessa. A filha da ex juíza então nem se fala, encontrou na menina sua melhor amiga, sem contar a curiosidade de criança que a fazia querer estar sempre ao lado de Maysa.
— Tia Vanessa, eu “tô” com fome. Você está, Maysa? _ Amanda pergunta ao se virar para a sua nova melhor amiga.
— Eu “tô” sim.
— Ah, isso é complô contra mim? _ A babá diz, observando as duas que as encaravam com os olhares cheios de travessura. — Mas estão certas, chegou a hora do lanche. Já vi que essas férias vão deixar as duas gordinhas.
— Mamãe, gordinha não.
Maysa diz ao se levantar, estavam no quarto de Amanda, brincando no chão, rodeadas por vários brinquedos. A criança mais nova também se levanta. Vanessa sorri, então abre a porta para sair, nesse momento bate de frente com Izabel, essa que deixa uma das muletas cair para segurar na cintura da babá, impedindo que as duas caíssem.
— Descu... Desculpa, senhora. _ A mais nova gagueja ao falar.
— Eu... Não se preocupe, eu que estava observando vocês escondida, me desculpe.
— É...
— Mamãe... _ Elas escutam a voz de Amanda e se afastam rapidamente. — Vamos lanchar?
— An... Claro, meu amor, vamos sim.
Vanessa estava completamente avermelhada pela vergonha e momento que acabaram de viver. É verdade que desde que tiveram aquela conversa, além de conhecer Maysa, Izabel melhorou muito no seu humor, tentando de todas as formas participar das brincadeiras com as duas meninas. Mas isso? Isso era demais. Não poderia se dar ao luxo de viver um romance patético com sua patroa, visto que precisa muito mais do dinheiro que aquele emprego dar do que um amor, pelo menos no momento.
Izabel tinha dúvidas na mente, não é cega, já percebeu a beleza da babá, porém nunca tinha olhado para ela com aquele tipo de desejo, não por não sentir, mas por nunca ter tempo, ou por simplesmente pensar que o amor para ela tivesse morrido com a esposa. Talvez ainda houvesse esperança para o seu coração, mas agora vendo a forma que Vanessa correu de perto dela, percebe que as coisas seriam bem mais complicadas do que esperava que fossem.
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Naquela tarde resolveram que iriam curtir a praia. Vanessa ajudou as crianças a vestirem maiôs, mas ela não colocou, preferiu continuar na sua posição de empregada, babá, subordinada... Ela precisava pensar daquela forma, assim se convenceria de que não podia esperar mais do que a relação patroa\empregada, seguindo sua vida como antes.
— Mamãe, você não vai entrar na água?
— Não, meu amor, vou apenas observar você e Amanda. Alguém tem que ficar de olho.
— E a tia Izabel? _ Vanessa suspira assim que escuta as palavras.
— Maysa, meu amor, você... _ A babá escolhe as palavras certas para conversar com sua filha. — Amor, que tal você chamar a senhora Izabel de senhora Izabel, igual a mamãe?
— Mas por quê?
— Porque é o certo, meu amor e...
— Mas foi ela quem pediu para eu chamá-la assim, mamãe.
Vanessa se surpreende com o que acabou de descobrir, não sabe o que significa, mas ainda assim prefere que o profissionalismo seja mantido. Mesmo que sua patroa tenha deixado que trouxesse Maysa esses dias de férias, aquilo não significa nada, pelo menos ela pensa que seja assim.
— Depois falamos disso, filha, vamos, elas nos esperam.
Maysa assente e sai correndo, logo encontrando sua amiga, dando as mãos e saindo da casa. Izabel encara a morena, mas Vanessa desvia o olhar e caminha para junto das crianças. A juíza suspira e a passos mais rápidos, já notando os resultados da fisioterapia fazer efeito, caminha em direção à praia. Porém ainda assim triste pelo que sentiu ao olhar para a babá.
Assim que chegam à areia, Izabel se encaminha para debaixo da barraca, sentando e observando Vanessa ajudar as crianças com os brinquedos, afastadas suficientemente da água, em segurança, com protetor solar e usando shorts para sentarem mais à vontade na areia.
Vanessa se senta mais afastada em cima de uma toalha, usa óculos escuros para se proteger do sol, assim como camiseta. Ao olhar para o lado, Izabel lhe encarava, instintivamente acena e a chama com um gesto com as mãos. A babá não sabe ao certo o que fazer, mas como uma funcionária não poderia ignorar, por isso se levanta e se aproxima.
— Senhora...
— Sente-se, Vanessa. _ A morena analisa, ao suspirar. — Vamos, eu não mordo.
— Desculpa, senhora, eu tenho que ficar de olho nelas.
— Elas me parecem muito bem. _ Izabel diz ao sorrir e olhar para as crianças, que estavam concentradas com a areia e os baldes. — Por favor, sente-se, nunca a vejo curtir um pouco esse lugar maravilhoso.
— Meu trabalho não é curtir, senhora, é cuidar de Amanda, agora são duas crianças. Pode apostar, Maysa sabe ser bem bagunceira quando quer. _ Pela primeira vez no dia Izabel ver um sorriso nos olhos da morena, isso a agradou bastante.
— Ainda assim pode fazer isso sentada aqui, do meu lado, assim como estava sentada ali na areia. Ah, vamos lá, Vanessa, sente-se, vamos conversar.
— O que a senhora quer realmente?
— Você quer mesmo saber? _ Izabel pergunta desafiadora.
— Obviamente.
— Pois bem. Quero que você jante comigo essa noite.
Vanessa arregala os olhos e ao mesmo tempo respira fundo. O que vinha tentando evitar há um tempo chegou com força total. Ela passou mesmo a ver Izabel, sua patroa, com outros olhos. Olhar esse perigoso e cheio de armadilhas.
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Vanessa não sabia o que estava fazendo ao certo, mas assim que escuta a buzina na frente da sua humilde casa, entende que a juíza não estava brincando. Apesar de ter dito sim por ser Izabel, sua patroa, sabia que era uma péssima ideia. Respira fundo e acena para sua amiga, que mais uma vez ficará com Maysa. Ao sair da casa encontra o motorista, que ao vê-la abre a porta do automóvel, assim que o faz, ela encara Izabel sorrindo.
— Vamos? _ A juíza pergunta para ela de forma meiga, muito diferente do que Vanessa sempre teve da mais velha.
— É, acho que não tenho outra opção. _ Izabel suspira.
— Olha, eu... Eu de verdade não quero que faça isso apenas porque sou sua patroa. _ A morena a encara com intensidade. — Vanessa, eu realmente quero que essa seja uma noite agradável, mas se está tão desconfortável, por favor, volte para sua casa e amanhã agimos como se nada disso tivesse acontecido. O que não quero é que vá a esse jantar comigo como se fosse uma obrigação apenas porque sou sua patroa, eu...
— Desculpa.
— Não peça desculpa, só me diga se quer mesmo ir comigo.
Vanessa a encara novamente, já perdeu as contas de quantas vezes naqueles últimos dias passou a admirar a patroa. Mas a melhor opção naquele momento era tentar não vê-la como tal e sim como Izabel, uma mulher maravilhosa que de alguma forma tenta lhe conquistar.
— Sim, Izabel, eu quero ir a esse jantar com você.
A juíza sorri e dá a ordem para o motorista dar partida. Logo estão a caminho do restaurante à beira mar. Izabel só conseguia sorrir e agradecer à Vanessa por ter entrado em sua vida, não apenas como babá, mas como um possível recomeço.
Izabel não usou a muleta naquela noite, mesmo mancando um pouco, preferiu assim, pois queria impressionar a morena, não sendo vergonhoso de forma alguma pedir sua ajuda hora ou outra em algum degrau.
O jantar estava correndo bem, mesmo que Vanessa ainda se sentisse arredia por conta da relação profissional que rodeava sua cabeça, apesar disso, elas conseguiram conversar consideravelmente bem, falando tanto dos assuntos do passado quanto do presente.
O tempo passou junto da maravilhosa degustação de frutos do mar frescos. Claro que Vanessa já comeu frutos do mar, mas não naquele restaurante, não com aquela companhia e principalmente, não sorrindo daquele jeito.
— Pronta? _ A voz, agora bem mais suave de Izabel, soa para Vanessa.
— Sim, vamos.
— A noite ainda não terminou, querida. _ Mais uma vez Vanessa se arrepia ao sentir a voz da mulher tão sensual e ao mesmo tempo firme, era estranho e bom ao mesmo tempo.
— Para onde vamos? _ A morena pergunta ao se levantar e sentir a juíza colocar a mão abaixo da sua cintura, onde a pele de Vanessa estava exposta pelo estilo do seu vestido, que tinha um caimento de seda na parte de trás, deixando suas costas à mostra.
— Para um lugar que você conhece muito bem.
A morena não entende, mas resolve não questionar. Naquela noite não tinha preocupações com Maysa, sua filha estava em segurança dormindo e acordará só na manhã seguinte, pois brincou o dia todo com Amanda.
As duas entram no carro e o motorista dá a partida, já sabendo o caminho a seguir. Vanessa estava nervosa, mesmo que não soubesse para onde estava indo, confiava em Izabel, bom ou mal, estavam juntas há oito meses.
— Você está bem? Gostou da nossa noite?
— Sim e sim, obrigada. Sempre quis conhecer aquele restaurante.
— Fico feliz com isso. _ Izabel sorri de volta para ela.
— Para onde estamos indo? _ A curiosidade de Vanessa falou mais rápido.
— Eu já disse, para um lugar que você conhece muito bem.
A morena resolve se deixar levar mais uma vez. Porém sua angústia se dissipa quando ela reconhece o local. Não entende, mas fica calada mais uma vez. Elas descem do carro e param na entrada da casa.
— Porque viemos para a sua casa?
— Para terminar a nossa noite. Venha.
Izabel segura na mão da morena, a encaminhando para perto da piscina, onde tinha uma mesa com vinho e taças a disposição para as duas. Uma música baixa e suave tocava. Vanessa se surpreendeu com o que viu, mas sorriu, pois só lhe restava isso.
— Você está tentando me seduzir, senhora Izabel? _ A babá pergunta, mas ainda observa a pequena decoração feita para as duas naquela noite.
— Achei que as minhas intensões tinham ficado claras desde o momento que te convidei para jantar. _ Izabel sussurra perto do ouvido da outra, que estremece, ainda mais quando sente a respiração quente da mais velha contra seu pescoço, também desnudo. — Vamos beber um pouco, querida, hoje você é toda minha.
— Ah, meu Deus!
Izabel apenas sorri da reação da outra e se aproxima para colocar o vinho. Logo estão sentadas, conversando, sorrindo, brincando, seduzindo, conquistando... Aquela noite mudará a vida das duas para sempre.
Depois de algumas taças de vinho, Izabel se levanta, mesmo com a perna não estando cem por cento, resolve arriscar, oferece a mão para a menor que assente, logo estão agarradas, se movendo para um lado e para o outro, de acordo com a música lenta que tocava.
Elas estavam entregues ao momento, ao olhar, ao toque de Izabel contra a parte baixa das costas da babá, essa que estremecia ao sentir os dedos da patroa deslizar por sua pele, fazendo cada fibra da sua libido despertar, essa que há muito tempo estava adormecida.
Izabel em um ato de coragem e determinação traça seus lábios pelo pescoço da mais nova, que estremece, mas não a para, agora ela chega mais perto da boca de Vanessa, não avança logo, deixando que a outra entenda o que ela quer, tanto que a morena não resiste, a própria babá se aproxima e encosta sua boca na da ex juíza.
As mãos da mais nova vão para a nuca da outra, puxando a morena para mais perto. As línguas não demoraram para se encontrarem. Vanessa solta um inevitável sorrisinho. Izabel também sorri contra o beijo. O toque foi intenso e maravilhoso, mas em algum momento precisavam se afastar e esse momento chegou.
As testas se encostaram, as respirações quentes e ofegantes se misturaram. As mãos de Izabel acariciavam a cintura da babá e as de Vanessa se entrelaçavam nos fios da nuca da juíza. Apesar de ser um momento único, alguém precisava falar alguma coisa e essa foi a mais nova, que estava com o coração acelerado.
— O que está fazendo, Izabel?
— Beijando você. _ As duas sorriem, mas logo a morena fica séria e se afasta, enfim encarando os olhos escuros da outra.
— Você entendeu.
— Vanessa... Para de pensar tanto, quero aproveitar, te conhecer melhor. Estar contigo, sem contar que Amanda e Maysa se deram muito bem, temos algo ao nosso favor.
— Você... _ Vanessa mal podia falar.
— Quer subir?
— Subir? _ A babá ficou mais nervosa.
— Sim, querida, subir para o meu quarto, passar a noite comigo, a primeira de várias.
— Izabel...
— Shiii. _ A juíza coloca a mão na boca da outra, impedindo que qualquer pensamento de dúvida passe pela cabeça da menor. — Deixe rolar, apenas vamos deixar rolar. Estou apostando tanto quanto você.
— Está. _ Vanessa sorri, vai viver aquela aventura, tem muito em jogo, mas não pode negar, quer tanto quanto Izabel. — Então me leve para o seu quarto.
Izabel a beija e então a encaminha para o quarto principal da casa de praia. Lá, elas param no meio do cômodo e se encaram. Tanto Vanessa quanto Izabel tinha uma vida, um passado, medos e filhas, garotinhas maravilhosas que são o motivo das suas existências, mas no momento elas vão ser egoístas, pois não querem pensar nas suas crianças.
— Apenas eu e você hoje. _ Izabel diz como se soubesse o que a outra pensava.
— Sim, apenas eu e você. _ A resposta era tudo que a juíza precisava para dar e receber prazer naquela noite, elas vão ter mais que isso, voltarão a ter esperança também.
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Izabel foi a primeira a acordar naquela manhã. Ao abrir os olhos com cuidado sente a morena se mexer um pouco na cama, mas não acorda, a juíza sorri, pois despertar daquela forma era a melhor maneira. Ela beija os fios negros da outra, que mais uma vez se mexe. A mulher então se vira para olhar a hora no celular, porém tem uma surpresa muito maior.
Sentada na poltrona ao lado, balançando suas pernas como se fosse a coisa mais natural do mundo, usando seu pijama da Frozen, estava Amanda, que sorria de forma sapeca.
— Puta que pariu.
— Palavra feia, mamãe.
— Amanda... Filha, o que faz aqui?
— Você estava demorando, a tia Vanessa não chegou, agora sei por que, ela já está aqui. Ela dormiu aqui, mamãe?
— É... Amor, que tal ir até a cozinha pedir para prepararem um café da manhã maravilhoso e falar com o motorista para ir buscar a Maysa?
— Sério, mamãe? _ A menininha diz de forma animada. — Então eu vou logo, aí ela vem mais cedo. _ Amanda sai saltitante do quarto. Assim que Izabel se vira, observa a morena levando o cobertor até o rosto, envergonhada pela cena.
— Não acredito que ela me pegou aqui.
— Sim, ela pegou. _ A juíza puxa o lençol para baixo. — E isso foi maravilhoso.
— Foi? _ Vanessa franze o cenho ao encará-la.
— Sim, foi, assim ela já se acostuma e entende que terá você e Maysa bastante por aqui, agora sendo mais que sua babá.
— Izabel...
— Com calma, querida, com calma, mas não a passos tão lentos. Bem-vinda à minha vida, Vanessa, que seja um recomeço.
Vanessa não sabia ao certo o que dizer e pensar, visto que queria, mas ainda assim não poderia esquecer-se da sua posição, porém, olhando diretamente para os olhos caramelados da mais velha, a forma que sorria, de como ambas estavam dispostas a ceder, se entregar, ela só tinha uma resposta para dar.
— Sim, que seja nosso recomeço. _ Então se beijam, sorriem e resolvem se deixar levar por aquele novo sentimento.
Fim do capítulo
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