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CONTEXTUALIZANDO por Raquel Amorim

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Palavras: 5497
Acessos: 879   |  Postado em: 19/08/2020

13 - Onde tudo começou (Imagem escolhida por Manueli Dias)

Os dedos ágeis de Manueli trabalhavam da forma maravilhosa que ela sempre fazia, nunca foi uma dificuldade para a jovem escritora desenvolver suas habilidades literárias, pelo menos enquanto ela tinha tempo para isso.

            Com quatorze anos, como uma forma de desenvolver sua capacidade de socialização, Manueli começou a escrever, de pequenos contos passou a trabalhar em livros. No começo eram obras com dez capítulos, depois evoluiu para vinte, hoje, com seus trinta anos, ela desenvolve com facilidade enredos com mais de cinquenta capítulos.

            Apesar da sua habilidade e competência, não pode dizer que foi fácil. Precisou trabalhar como caixa de supermercado, de atendente e vendedora em lojas, sem contar as várias vezes que parou de escrever por falta de tempo e paciência, diga-se de passagem.

            Com vinte e três anos pensou em desistir da escrita, mesmo que fosse seu ponto de calma, estava desanimada com a ideia de ser escritora, não por falta de talento, mas porque seu gênero de escrita era bem complicado. Sempre gostou de ler e escrever sobre tudo, mas sua principal atenção era a literatura LGBT, onde poderia defender ideais e sua própria história, que como lésbica assumida, sofreu com o preconceito de alguns.

            Mas a história de Manueli não é apenas de sofrimento e batalhas, ela teve vitórias. Sua vida começou a mudar justamente nessa época em que pensou em desistir. Quando completou seus vinte e cinco anos, morando em Salvador, acordando as quatro da manhã para chegar a tempo no trabalho as sete, pensou que nunca mais teria tempo para escrever, o que passou a ser sua verdade durante oito meses.

            Tudo mudou no dia em que uma amiga lhe falou sobre um site de escrita LGBT. Manueli pesquisou e entendeu do que se tratava. O Lettera depois daquilo passou a fazer parte da sua vida, chegava às nove da noite todos os dias em casa pronta para publicar e responder os comentários, era como a combustão para o seu sorriso e criação.

            Fez isso por um ano, até ser observada, reconhecida, aclamada e enfim ter um livro publicado. Manueli não poderia descrever a felicidade que teve ao entrarem em contato com ela e pedir uma reunião. Claro que desconfiou inicialmente, mas tudo veio como uma enxurrada de felicidades quando um representante da Editora disse ter lido o seu trabalho e estava interessado no material.

            A editora em si não era exclusiva para o público LGBT, mas a ideia era trabalhar em cima desse assunto para dar credibilidade de publicidade, uma via de mão dupla. Cinco meses após isso Manueli estava tendo seu primeiro livro publicado com recorde de vendas.

            Quando publicou a primeira vez no Lettera Manueli criou um grupo de WhatsApp para leitoras, onde conversavam sobre tudo, não apenas da sua escrita, mas do cotidiano, dos amores, das traições, da vida, aquilo dava tantas ideias para a jovem escritora, que mesmo depois da fama nunca conseguiu esquecer-se das garotas daquele grupo, o “Contextualizando” fez parte da sua vida por muito tempo.

            Hoje, com seus trinta anos, morando em Orlando, EUA, usufruindo dos ganhos que a escrita lhe deu, podendo contar um pouco da sua história, Manueli Dias, uma das escritoras mais famosas de Literatura LGBT mundial, quer reviver momentos do passado, para isso teve uma grande ideia.

 

....................**********....................

 

A mulher estava sentada no seu café preferido de todo o mundo. Desde que foi morar em outro país e conheceu novas pessoas, aquele sempre foi seu lugar preferido para escrever, o “The Ship” era seu segundo lar.

            — Bom dia, Manu. _ O garçom chegou perto e sorriu. — O mesmo de sempre?

            — Sim, por favor. _ Ela sorri de volta, mas não era o mesmo sorriso de sempre e Lincon percebeu.

            — Algum problema?

            — Alguns. Estou tendo umas ideias, não sei se conseguirei desenvolver, mas é tanta vontade que chega a corroer meus neurônios.

            — Eu já disse o quanto acho engraçada a forma que você fala? _ Manueli assente, mas é inevitável para ela.

            — Sim, inúmeras vezes.

            — Então... Eu poderia ajudar em alguma coisa?

            A morena olha para o rapaz loiro, ele provavelmente não a ajudaria, mas um conselho de uma pessoa de fora da situação não pode ser tão mal. Por isso suspira e se põe a falar sobre sua ideia.

            — Estou pensando em escrever uma coletânea inusitada, ainda que não seja publicada pela editora, seria um especial.

            — Mas isso é ótimo, como pode ser um problema? _ Ele franze o cenho.

            — Então... Houve um tempo, antes desse sucesso repentino que tive, eu publicava em um site brasileiro, conheci pessoas, a maioria virtualmente, tive amores... _ Ela sorri ao dizer. — Bem, resumidamente tive o privilégio de conviver com pessoas maravilhosas, porém assim que a editora me propôs morar em Orlando, para desenvolver a escrita, com novos pensamentos e cultura, acabei perdendo contato com todas essas pessoas.

            — Estou seguindo seu raciocínio, mas confesso que ainda não entendi aonde quer chegar. _ Lincon olha para o lado e percebe que não tem tanta movimentação, o que possibilita que ele enfim se sente e dê total atenção à escritora.

            — Pois bem, a ideia seria entrar em contato com essas garotas e pedir-lhe ajuda.

— Ajuda?

— Sim, com a coletânea. Seria algo como elas escolherem imagens e eu, em cima delas, trabalhar um enredo. Uma forma de agradecer por todo carinho de antigamente, sem contar que de fato sinto falta do Brasil, gostaria de voltar por uma temporada, mas ainda é inviável. _ A morena diz de forma triste, pois acredita que nunca mais retornará ao Brasil para morar em definitivo, mesmo que sinta falta da família, construiu sua vida nos EUA.

— Entendi. _ O rapaz passa a mão no queixo. — Mas essa ideia é ótima.

— Também acredito, porém existem mais considerações nesse projeto.

— Claro que existem, não seria você se não houvesse, mas até agora vejo um quadro muito simples. Então me fale a real dificuldade.

Antes que Manueli comece a falar o sino da entrada do café toca, inevitavelmente sorri, pois adentrando ao ambiente está ela, sua garota, não, não, mais que isso, sua mulher, esposa, o amor da sua vida. Sarah caminha para perto dos dois, Lincon entende o quanto aquele amor é genuíno, espera um dia encontrar um assim.

— Oi, Lincon, oi, querida, desculpa o atraso. _ A mulher negra tira o sobretudo expondo seu vestido preto colado ao corpo perfeito e o coloca na cadeira, sentando-se ao lado da “esposa”.

Sarah é uma mulher experiente, usufrui dos seus trinta e seis anos. Sua pele negra junto dos cachos bem definidos é a sua marca, sem contar na elegância, motivos pelos quais Manueli se apaixonou, mas não era só isso, sua beleza era digna de admiração, não pode negar, porém o que faz a escritora morrer de amores pela mulher é sua história, assim como ela, Sarah também passou por momentos na vida que pensou em desistir.

Chegou onde está hoje, formada em jornalismo e sendo diretora de revista com muita luta, sofrimento, perdas, abdicações, preconceitos, lágrimas, mas em momento algum perdeu seu caráter, sua honra, sua humildade.

Hoje elas vivem bem financeiramente, em um apartamento localizando em um bairro nobre da cidade, com dinheiro na conta suficiente para não se preocuparem, em um país que ainda precisa evoluir muito sobre a diferença racial e social, mas em comparação com o Brasil está em um desenvolvimento superior.

A mulata é americana. Um mês atrás entraram com o pedido de casamento para assim fazer o visto de Manueli definitivo. É um processo lento, porém em sua maioria dá certo. Mas era isso, a pessoa Sarah Russell, futura senhora Dias, era o amor da vida de Manueli.

— Tudo bem, estava aqui conversando com o Lincon.

— Deixe-me adivinhar... Sobre sua ideia da coletânea.

— Não é uma ideia maravilhosa? _ O rapaz pergunta de forma entusiasmada, alheio à careta e as reviradas dos olhos que jornalista deu.

— Claro, claro, se você diz. Pode nos trazer nosso pedido? Estou com um pouco de pressa. Tenho uma reunião em uma hora.

— Sim, senhorita Russell, só um minuto. _ Então ele sai, sem graça pela reação da mulher.

— Não seja rude, Sarah, Lincon desconhece seus motivos, apesar de eu achá-los em demasiados exagerados, tento entender, mas ele não.

— Exagerados? _ A mulata pergunta de forma calma. — Manueli, escute-se, você está planejando entrar em contato com a mulher que você julgou anteriormente ser o amor da sua vida, que só não ficaram juntas porque veio para a Flórida e ela não quis vir junto, então diga-me você, querida, é um exagero eu estar com ciúmes e medo de perder a mulher que eu amo para o seu amor de adolescência?

Manueli entende o ponto de vista da “esposa”, mas tenta não pensar dessa forma. Clara foi sim uma pessoa especial para ela, e sim, julgou ser o amor da sua vida, mas hoje não sente mais nada do que um sentimento de amizade que ficou. São três anos sem falar com todas aquelas mulheres, não sabe o que vai encontrar, mas de uma coisa ela tem certeza, Sarah é sua pessoa, tanto que se aquela ideia a estava machucando, desistiria, ainda que ficasse triste. Por isso pega a mão da mulata por cima da mesa e faz um carinho, ganhando a atenção da mulher.

— Meu amor, estou com você há dois anos, temos planos, demos entrada em nosso casamento, prontas para construir uma família, como pode se sentir tão insegura em relação a uma paixão antiga? _ Sarah suspira, talvez tenha sido exagero, mas ainda assim não daria o braço a torcer. — Acho fofo o seu ciúme... _ A mais velha revira os olhos. — Mas entenda, eu te amo, Sarah, reencontro nenhum mudará isso. Você confia em mim?

— Claro que sim, mas...

— Sem “mas”, baby, confie no nosso amor.

            Era impossível para Sarah não se sentir afetada pelas palavras bonitas, não foi à toa que se apaixonou perdidamente por aquela brasileira dedicada e inteligente.

            — Odeio a forma que me tem tão fácil. _ A mais velha revira os olhos novamente, mas para Manueli ela é a pessoa mais linda e carinhosa do mundo. Por isso pega a mão da mulher e leva até a boca, beijando apaixonadamente.

            — Eu te amo, prometo que vou analisar a situação cautelosamente com você e a editora para então tomar uma decisão, e também, amor, nem sei se conseguirei entrar em contato com todas essas pessoas. Clara será mais uma das minhas antigas amigas, as quais me ajudaram na caminhada inicial da escrita, pense assim, pode fazer isso?

            — Eu posso, sabe que sim, tenho medo, confesso, mas confio em você e no seu amor.

            — Continue assim que ficaremos bem.

            Nesse instante Lincon chega com o pedido. Para Manueli café e chá para sua esposa, sabendo bem do seu gosto, junto de bolo de milho com chocolate e panquecas. O dia terminou bem, mas a ideia ainda rondava a cabeça da escritora. Fará como prometeu à sua mulher. Analisar a situação e tomar qualquer decisão quanto a isso junto da jornalista.

 

....................**********....................

 

            O assunto não saiu da cabeça de Manueli. Passou-se dois dias, Sarah via sua inquietação. Naquela noite, deitadas em sua cama, com a escritora com o notebook repousado em suas pernas, concentrada em um novo texto, a mulata estava ao seu lado, encarando a feição compenetrada da esposa, deliciando-se com a visão perfeita da mulher maravilhosa que pode chamar de companheira.

            — Você pensa em voltar ao Brasil?

            — Como? _ Manueli olha para a esposa por cima dos óculos.

            — Você pensa em voltar para o Brasil? _ A mais velha repete.

            — Em que sentido? Passear? Definitivamente? Visitar a família?

            — Em todos. _ A mais nova suspira, fecha o notebook, coloca na mesinha ao lado, tira os óculos e volta a encarar a esposa.

            — Querida, você sabe que sim, tenho minha família, tem a editora, apesar de eu ter lançado grande parte dos meus livros daqui, tenho compromissos no país, você mesma já foi comigo até minha cidade, Salvador é linda, tenho saudade, mas eu entendo que seu medo não é esse, estou certa?

            Sarah não consegue esconder seus anseios, Clara não parecia ser um fantasma até seu nome ser citado novamente com o projeto de Manueli. O pior de tudo é que seu olhar empreendedor lhe diz que aquela ideia é maravilhosa, pode dar certo, mesmo que não seja publicada, sente que sua mulher precisa disso, agradecer às pessoas que lhe ajudaram em seu início de sucesso profissional.

            — Sim, você sabe. _ Manueli, percebendo o mal-estar da esposa, se aproxima e senta em sua cintura, acomodando-se em seu colo.

            — Sarah, essa é uma ideia futura, você sabe o quanto seria importante para mim, porém mais importante que qualquer pessoa, coisa, ou emprego, é você, minha pessoa, você pode entender isso e parar com essa insegurança infundada?

            — Ah, estou parecendo uma idiota, adolescente com os hormônios fora de controle, eu não sou assim, não sei o que está acontecendo?

            — Já parou para pensar que podem ser os remédios? _ Aquilo foi como uma luzinha acesa no cérebro da mulata.

            — Caramba, só agora percebo o quanto estou trabalhando esses dias. Tanto que nem percebi minhas mudanças de humor.

            — Querida, você está tomando tudo certinho?

            — Sim, Manu, estou, não se preocupe.

            — Certo, mas voltando ao assunto, não se preocupe, confie em mim, tudo bem?

            Sarah que dizer que sim, agora entende o porquê dessa carência toda, de estar se sentindo tão insegura, controle hormonal era necessário, mas para isso acontecer ela está sofrendo muitas mudanças de humor. Porém, há algo mais em jogo, o seu amor, seu companheirismo com a mulher que ama.

            — Droga, eu posso me arrepender disso, mas... Segue o seu coração. Eu sei o quanto isso é importante para você. Não serei eu a lhe impedir e nem posso. Só... Seja sempre sincera comigo, certo?

            — Ah, meu amor, eu te amo tanto, a minha maior sinceridade é o meu amor por ti.

            Manueli sorri e então se aproxima, beijando os lábios da esposa, ao mesmo tempo em que deixa seu corpo cair em cima da outra, que gem* ao sentir a perna da escritora pressionar o seu centro.

            — Que tal me mostrar a grandeza do seu amor? _ Sarah sugestiva diz e Manueli sorri.

            — Vou adorar provar o meu amor nesse momento te dando vários orgasmos.

             A partir dali elas entendem que a noite não terminaria tão cedo.

 

....................**********....................

 

            Não foi difícil para Manueli encontrar as pessoas, as redes sociais estavam ajudando demais. No final de semana já tinha enviado uma mensagem “profissional” à todas, no total de doze meninas, as remanescentes do seu antigo grupo. Muitas passaram por lá, mas essas doze estiveram com ela por muito tempo.

            No domingo, enquanto estava fazendo almoço, ao mesmo tempo em que seu notebook estava ligado em cima do balcão, no momento em que coloca o peixe no forno escuta o som da notificação do seu “Facebook” tocar, indicando uma mensagem, de repente outra e mais outra, totalizando sete.

            — Uau.

É tudo que a morena diz ao ver que as meninas a responderam. Seu coração estava disparado, nervoso até, tanto pela ansiedade quanto pela emoção de falar com aquelas mulheres depois de quase três anos. Todas mudaram, evoluíram, outras casaram, formaram famílias, tudo era uma construção contínua da vida.

— Vamos lá.

Manueli começa a olhar as mensagens. Mônica, Michele, Cida, Cristiany, Brunna, Sil e Geh, essas foram as que responderam primeiro. Com todo cuidado do mundo, escolhendo as palavras certas, Manueli respondeu.

Aos poucos a escritora foi conversando com elas, descobrindo que algumas mantinham contato, na verdade ainda tinham um grupo de WhatsApp, não todas, mas grande maioria. Ficou conversando um tempo até que escutou passos e olhou para o lado, vendo sua maravilhosa esposa entrando na cozinha.

— Desculpa a demora, parece que todo mundo deixa para fazer compras aos domingos.

— Mas é isso mesmo, querida.

— Eu sei. _ Sarah tira o vinho da sacola e o coloca na geladeira. — Mas consegui. Tudo bem?

— Sim, na verdade tenho novidades. _ Manueli diz e acena para que a mulata se aproxime. — Algumas meninas responderam, sete até agora. Adoraram a ideia inicial, até mandaram os números dos celulares novos.

— Isso é maravilhoso, querida. _ Sarah olha para a tela do notebook. — Então mãos à obra. Trabalhe duro nisso, mesmo que a editora não aprove, será uma oportunidade de agradecer a essas mulheres pelo que fizeram na sua vida literária, até pessoal também. _ A jornalista fala de forma lenta, o que faz a outra sorrir.

— Você não perde a chance, não é? _ A escritora a beija com carinho. — E para você saber, Clara foi uma das que não responderam, nem sei se ela lembra de mim, amor, mas não vamos falar disso. Estou muito feliz, de verdade. Se tudo der certo, se a editora aprovar o projeto... Nossa, nem terei palavras para descrever minha alegria.

— Não sei se a editora aprovará tudo, é algo inovador, louco até, tem gastos consideráveis, mas acredito que eles vão levar em conta que você está se colocando para arcar com parte das despesas, sem contar que sua credibilidade com eles é enorme.

— Sim, sim. Mas vamos aproveitar o nosso domingo. _ Manueli fecha o notebook e então abraça o corpo da esposa.

— Hum... Primeiro a sobremesa?

— Ah, adoro “comer” a sobremesa antes da refeição.

Ambas gargalharam e logo estavam se beijando, desfrutando da sensação de ter os sabores das bocas misturados, para as duas, a melhor mistura de todas.

 

....................**********....................

 

            Apesar de Manueli sempre se mostrar bem confiante com seu trabalho, Edward, o representante americano da editora, sempre lhe deu medo. Seu cabelo grisalho era o sinal da experiência que um dia ela espera ter, mesmo que ele sempre fale o quanto admira a escritora, não pode deixar de pensar como o empresário que é, sempre analisando os riscos e pensando nos lucros.

            — Isso é arriscado, Manueli, você sabe o quanto a admiramos, mas... São valores consideráveis.

            — Eu entendo, Edward, por esse motivo estou disposta a arcar com alguns custos, será um investimento pessoal. Mas pense em como isso seria um jogo de marketing para a editora? Nenhuma outra fez isso.

            — Garota... _ O homem volta a olhar para o projeto, encarando diretamente os valores, mas tem que confessar, estava mesmo pensando em como isso chamaria atenção para a editora, sendo bem trabalhado seria um jogo de marketing incrível. — É ousado, gosto de ousadia. _ Manueli sorri. — Façamos assim, converse com todas, pelo menos as que conseguir, quando o fizer, tiver um okay delas, contando com suas certezas das cláusulas do contrato, volte a falar comigo com um orçamento fechado, prometo pensar com carinho, não posso deixar essa oportunidade passar. Guarde isso para nós, Manueli, essa mente é nossa. _ Ele diz ao sorrir, orgulhoso.

             — Não se preocupe, elas ainda não sabem de todo o plano, apenas comentei sobre a coletânea e a ideia das imagens, não se preocupe. Apenas eu, você e Sarah sabemos disso.

            — Ótimo, e como vai a documentação do casamento?

            Depois disso Manueli passa a falar de toda a burocracia, de como é complicado duas mulheres se casarem. Isso não era um “privilégio” apenas do Brasil, em todos os países havia papéis e mais papéis para serem preenchidos, ainda mais por a escritora não ser americana.

 

....................**********....................

 

            Manueli estava sentada na mesma mesa de sempre no The Ship. Olhou para o lugar com atenção, cada detalhe, assim como sempre fazia. O notebook estava aberto na sua frente com a xícara de café ao lado. Lincon andava de um lado para o outro atendendo as mesas, ágil e concentrado. De repente, mais uma vez a notificação do Facebook acendeu, para sua completa inquietude, enfim Clara a respondeu. Caretinhas de surpresa foram postas com um “Quanto tempo” da morena no Brasil.

            Quando mais jovem, a escritora brasileira desenvolveu um amor platônico pela sua, até então, leitora. Elas tiveram um relacionamento a distância por seis meses, se encontrando apenas três vezes nesse tempo. Foi bom, na verdade ajudou Manueli a superar as dificuldades de sobrevivência que a vida lhe impunha. Clara era uma garota maravilhosa, porém quando as coisas começaram a desenvolver para ela, ambas não souberam lidar com isso. Muitas viagens de Manueli, Clara terminando a faculdade e quando o convite para ir aos EUA surgiu, tudo desandou de vez.

            Uma não queria largar tudo no Brasil e a outra não poderia deixar essa oportunidade passar. Se a distância de um Estado para o outro já era complicada, imagina então de outro país. Então, no último encontro, terminaram o relacionamento amoroso, prometendo deixar uma bela amizade, mas com o tempo perderam o contato, assim como foi com todas as outras garotas do grupo.

            Agora o coração da jovem escritora está disparado, mas não por ainda ter algum sentimento amoroso pela mulher, mas porque isso aconteceu com todas as outras garotas, a deixando ansiosa, tanto para falar com elas, como para que aceitem sua proposta.

            Manueli então escreve um texto muito parecido para Clara, assim como foi para as demais. Sendo informal, mas também deixando sua ideia esclarecida. Clara, assim como todas as outras, se mostrou bem feliz com a ideia, se deixando prontamente a disposição. Depois passaram a conversar sobre a vida. A escritora descobriu que a mulher estava casada há dois anos e sua esposa estava grávida de sete meses, surpreendendo mais ainda por descobrir quem era sua companheira. Manueli sorriu, sim, ela sorriu, pois sempre conheceu aquele sonho da amiga de ser mãe.

            Felicitou-a, também falando da sua esposa, em como é sua vida em Orlando e mais que isso, em como estava feliz. Na verdade, todas as mulheres estavam felizes, pelo menos as que ela já conversou até agora, ainda faltam cinco das que entrou em contato, mas está esperançosa, pediu ajuda de todas para dar certo. Agora só lhe resta esperar.

            Assim como em quase todos os finais de tarde, Manueli escuta o som do sino da entrada do café, com toda a sua elegância está Sarah, que sorri ao ver a esposa. Ela caminha até a morena e senta-se em sua frente.

            — Tudo bem?

            — Sim, quero te mostrar uma coisa. _ Manueli então vira o notebook para ela e a mulata franze o cenho. — Sem segredos, meu amor. Mesmo eu sabendo o quanto você odeia isso de olhar mensagem no meu celular e eu no seu, faço questão que entenda a minha conversa com Clara.

            — Manu...

            — Sem segredos.

            A mulata encara a esposa, seus olhos negros concentrados e mostrando toda a serenidade que ama. Sarah nunca foi uma mulher insegura. No dia anterior foi até sua médica, que confirmou suas mudanças, eram necessárias para seus objetivos, mas aquilo estava a irritando algumas vezes. Por esse motivo ela fecha o notebook na sua frente, sem dar atenção para a conversa e olha diretamente para sua mulher.

            — Eu confio em você plenamente.

            Manueli apenas sorri, pois era tudo que precisa ouvir para se sentir mais tranquila quanto a seus próximos passos para aquele projeto dar certo. Elas conversaram um pouco sobre o dia, a consulta no dia anterior, sem contar na possibilidade de estar viajando para o Brasil nas férias, mesmo que os planos de Sarah sejam outros, vão conversar mais para frente sobre o assunto.

            De repente, Manueli começa a olhar para o ambiente ao seu redor, ação que não passou despercebida pela esposa, que olha com intensa admiração para a mulher, sua mulher, sua pessoa, companheira, confidente, amiga. A escritora era um pacote muito grande de qualidades, mesmo que às vezes seja mandona, teimosa, brigona, estressada, ninguém é perfeito, mas nenhum dos seus defeitos ultrapassa as incontáveis qualidades.

            O olhar atento da morena era observado pela mulata. A jornalista conhece muito bem Manueli para entender o que ela estava pensando, até porque ela mesma pensou naquilo, se estiver certa, vai apoiar sua mulher.

            — Eu sei o que está pensando. _ Manueli a encara.

            — Sabe?

            — Sim, e achei uma ideia magnífica. Aqui é perfeito. _ A escritora então sorri.

            — Como você pode saber o que estou pensando? _ Sarah então segura a mão da esposa e leva até a boca, beijando com carinho.

            — Porque eu te conheço melhor do que ninguém, mais que isso, eu te amo mais do que qualquer pessoa, que minha querida sogra me desculpe.

            — Ela entende, querida, na verdade ela agradece bastante. _ Ambas sorriem. — Mas sim, foi exatamente isso que eu pensei.

            — Então coloque em prática, meu amor, você vai conseguir, sempre consegue o que quer, eu que o diga.

            Dessa vez a morena gargalha, recebendo em troca uma careta da outra, as duas lembrando-se de como Manueli foi bem persuasiva em conquistar a jornalista, que apesar de estar interessada na escritora, se colocava na posição de preferir se concentrar na carreira, porém como provam hoje, foi impossível resistir aos encantos de Manueli Dias.

            — Eu te amo demais, Sarah Russell.

            — Eu te amo muito mais, querida, muito mais.

 

....................**********....................

 

            Um mês depois o “Contextualizando” estava de volta, agora com mulheres mais experientes, todas, sem exceções, tinham os livros de Manueli em suas prateleiras, todos os seis lançados até então, o que deixou a escritora muito feliz. As outras quatro que faltavam, Léia, Letícia, Salete e Izabel também aceitaram, estando agora junto das demais no grupo.

            Conversavam e davam risadas sobre tudo, quem as visse não diria que três anos se passaram. Muito menos que algumas já eram mães, casadas, divorciadas, solteiras, descobriu até que um casal no grupo se efetivou, mas não se surpreendeu. As diversidades continuavam, algo que a escritora já esperava.

 

“Mensagem de Manueli Dias: Meninas, vamos aos fatos. Todas já entenderam como será a coletânea, então, a partir de agora, preciso que me ajudem com a escolha das imagens, apenas mandem e deixem comigo. Prometo dar o meu melhor e honrar essa confiança. Façam uma lista e quem for a primeira, escolha sua imagem e mande para mim. Assim que findar o primeiro, pedirei para que a segunda da lista mande a sua e assim sucessivamente. Vamos dar vida a esse projeto maravilhoso. Se tudo der certo junto a editora, todas receberão um livro autografado. Quem sabe terão mais surpresas. Estou tentando de todas as formas que eles aceitem. É um presente para vocês, mas acreditem, estarei sendo presenteada também. Aguardo a lista. Obrigada por entrarem em minha vida novamente.”

 

            Depois disso foram vários corações, agradecimentos, lágrimas e sorrisos distribuídos no grupo. Todas se sentiam felizes por estarem fazendo parte daquele maravilhoso projeto da escritora que sempre acompanharam e admiraram. Agradeciam por Manueli não ter mudado apesar da fama, aquilo era contagiante para elas e para a escritora.

            Duas horas depois Manueli tinha uma lista. Com a seguinte ordem: Clara Amorim seria a primeira, Mônica Bender, Michele Corrêa, Cindy Medeiros, Cristiany Lima, Brunna Pessoa, Sil Borges, Gêh Lima, Léia Rodrigues, Letícia Andreoli, Salete Pacheco e por fim Izabel Nunes. No mesmo dia Clara enviou sua imagem, causando inúmeras ideias para a escritora, que se via cada vez animada para aquele trabalho.

           

....................**********....................

 

            Cinco meses depois, após Manueli ter conversado com Edward, analisando planilhas, datas, despesas e até mostrado o primeiro conto da coletânea, o que foi uma jogada de mestre da escritora para convencer o homem, enfim ela estava findando seu trabalho. Quase terminando o último dos contos, esse sendo o de Izabel.

            Estava deitada em sua cama com o notebook nas pernas, a esposa ao lado suspira mais uma vez, era evidente que Sarah estava inquieta, o que não passou despercebido pela mais nova. A jornalista estava pensativa nos últimos dias.

            — Estou findando o último conto, o da Bel. _ Manueli diz e fecha o notebook. — Mas não consigo me concentrar lhe vendo tão inquieta. _ Então a morena ver um sorriso fraco da mulata, coloca o notebook para o lado e a encara. — Podemos conversar se quiser.

            — Quero. _ A rapidez da resposta faz a escritora sorrir. — Então... Já estou tomando os remédios a mais de cinco meses, estava pensando...

            — Querida, a gente já conversou sobre isso, assim que sua médica dizer que está tudo bem, tentaremos, sabe que esse é um desejo meu também. Já somos oficialmente as senhoras Russell-Dias. Acredite, um filho vai nos unir mais ainda.

            Elas conseguiram realizar o sonho de casar dois meses atrás, o que resultou em uma pequena cerimônia para poucos amigos e familiares da mulata, os pais de Manueli não puderam comparecer, mas abençoaram, mesmo que a distância, aquela união. Sarah mal podia se conter, então avança contra o corpo da esposa e a abraça, não demorou para estarem com os corpos nus e enlaçados, seria mais uma etapa da vida que enfrentariam juntas.

 

....................**********....................

 

            Quatro meses depois, naquele exato dia Manueli se mostrava nervosa. Dezembro sempre foi um mês bom para ela, mas depois desse em especial, acredita que sua vida vai mudar para sempre. Foi difícil convencer a editora dessa ideia louca, mas assim que falou do plano, de como isso seria um marketing maravilhoso e que custearia trinta por cento dos gastos, conseguiu enfim uma edição especial, contando um pouco da sua história.

Poderia até não ser um sucesso de vendas como os outros, mas seria uma realização pessoal. Sem contar Sarah, que mostrava o seu sorriso mais lindo ao exibir parcialmente sua barriga de três meses de gravidez.

            Manueli estava trajando um vestido lindo preto, recebendo os convidados, tirando fotos, autografando alguns livros, ainda que ainda não fosse o momento para aquilo, não poderia deixar de fazê-lo por seus fãs. O The Ship estava lotado, decorado, ornamentado para receber o lançamento de um livro como ele merece.

            Manueli sorri para e esposa, que automaticamente leva sua mão para a barriga e sorri de volta. Da mesma forma, a jornalista não poderia explicar sua emoção, pois a felicidade da escritora era sua também. Aquilo era amor. Ficaram se encarando por um tempo até que o som da porta de abrindo acontece novamente. Parecia acontecimentos em câmera lenta.

            Uma por uma, como em cena de filme com a música lenta ao fundo, as mulheres iam entrando desconfiadas, mas sorridentes, sendo também estampado o mesmo sorriso em Manueli, até por último aparecerem as últimas duas. Clara e Letícia, com a morena carregando o bebê de sete meses no colo. Elas se encaram, não apenas as duas, mas todas elas.

            Era um reencontro de quatro anos de espera. Amizades que marcaram suas vidas, descobertas de sentimentos, desilusões, brigas, discussões, decepções... Tantos sentimentos, tanto tempo... Manueli então encara sua esposa, essa que sorri e assente, retribui o sorriso e caminha para perto das doze mulheres que acabaram de entrar ali. Depois de tudo estavam juntas mais uma vez, comprovando que amizades podem sim ser eternas.

            — Que bom que vieram. _ Manueli diz emocionada, as lágrimas querendo cair por seus olhos, deixando transparecer sua alegria.

            — Não poderíamos estar em outro lugar, Manu, sempre juntas.

            Essa foi Clara, que sorri ao ter sua esposa, Leticia, com a filha no colo sorrindo também. Todas estavam emocionadas, afetadas, mas satisfeitas e cheias de felicidades por estarem em frente uma da outra novamente. Não poderiam colocar em palavras a emoção daquele momento, a não ser...

            — Até que enfim nos encontramos hein, viada?

            Léia, sempre com seu jeito ousado e sincero fala ao olhar para Manueli, ganhando olhares das outras junto de gargalhadas. Como dito antes, aquele livro pode até não ser um sucesso de vendas, mas uma certeza todas tem, não poderiam estar em lugar diferente daquele, juntas e reconstruindo a amizade. O The Ship passou a ser mais especial para a escritora depois daquele dia do reencontro do “Contextualizando”.

           

 

Fim.

Obrigada...

Raquel Amorim.

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Obrigada pelo carinho e por lerem esses contos, assim como as meninas do grupo, todas vocês tem um lugar especial em meu coração e são motivos para dar continuidade em meu trabalho. 

Essa é uma despedida, agradeço a cada pessoa que leu meus contos até hoje. Devido a minha mudança e questões contratuais, terei que sair, além de retirar os contos que postar na outra plataforma. Obrigada por tudo, nos vemos por ai e na Dreame.

Beijos e abraços da Raquel. 


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Comentários para 13 - 13 - Onde tudo começou (Imagem escolhida por Manueli Dias):
Viviane1
Viviane1

Em: 24/08/2020

Bom dia!

Gostei da seleção de contos e de sua criatividade a partir das imagens. Meus parabéns!

Desejo-lhe muitos acessos e felicidades nessa nova fase em sua vida! 

Abraços

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