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CONTEXTUALIZANDO por Raquel Amorim

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Palavras: 5392
Acessos: 746   |  Postado em: 18/08/2020

11 - Carona perigosa (Imagem escolhida por Salete Pacheco)

A visão que Catrine tem ao seu redor é a mais linda, apesar da solidão da sua caminhada, do calor e da sensação de infinidade, além de todos esses empecilhos, ela sente que fez a escolha certa. Precisava sair daquela vida, impedir-se de estar naquele ambiente tão tóxico e perigoso.

            A mochila nas costas, o boné protegendo o cabelo negro cortado um pouco acima do ombro, tão liso que balança quando o vento se torna um pouco mais forte. Estava suada, cansada e com fome, mas segundo o GPS do seu celular, há uma cidade a menos de três quilômetros, porém seu corpo já começa a dar indícios da exaustão, necessitando urgentemente de um descanso.

            De repente a garota de dezoito anos escuta o barulho de um carro. Olha para trás e o vê diminuindo a velocidade, o nervosismo começa a se fazer presente, não tem para onde correr, não tem para quem pedir ajuda, é apenas ela e Deus, foi um risco que resolveu correr para se ver livre da antiga vida, só precisa chegar a um lugar seguro e tudo ficará bem.

            O carro azul chega cada vez mais perto dela, parando, ficando ao seu lado. Há malas em cima do automóvel, indicando que também são viajantes, mas assim que ele fica do seu lado e o vidro abaixa, ela se surpreende.

            — Oi, tudo bem? _ A mulher de pele clara, porte firme, cabelo loiro, porém curto, pergunta.

            — Ah, sim.

            — Tem certeza? Não que eu duvide, mas você está sozinha nessa estrada deserta, a próxima cidade é há quase três quilômetros, e sinceramente, você me parece muito cansada.

            — Não se preocupe, estou bem. _ Catrine começa a andar, querendo se livrar logo daquela mulher e quem sabe de um possível perigo.

            — Espera. _ A mulher sai do carro e vai para perto da morena, porém ela se afasta de costas, fazendo a desconhecida levantar os braços em pedido de paz. — Calma, desculpa, eu sou Salete, estou viajando há duas semanas, desculpa mesmo se pareci inconveniente, mas não seria eu se te deixasse aqui. _ A mulher então coloca a mão para trás do corpo, o que faz a menor tencionar. — Calma, estou apenas pegando minha carteira. _ Com cuidado a loira tira seu documento e entrega para Catrine, que o analisa com cautela. — Eu juro que sou do bem, só não quero mesmo te deixar aqui sozinha. Você está indo para a próxima cidade? Está escurecendo, me deixa te dar uma carona.

            Apesar de querer dizer não pela desconfiança, nesse mesmo instante sente os pés doerem, com se eles entendessem o que aquela carona significava, alívio. Nesse momento ela suspira e devolve o documento para a mulher. Depois olha para seu carro, analisando. Poderia ser duas situações, um, aquela mulher falava a verdade, estava mesmo viajando e aquele era mesmo o seu carro, e dois, ela era uma mentirosa, mandada por seu pai e aquele carro de modelo antigo era apenas um grande disfarce para encobrir a verdade e sua real vida com carros caros e importados.

            Suspira mais uma vez e segura a alça da mochila com força. A verdade é que Catrine poderia ter aceitado uma carona antes, seu azar foi nenhum carro ter passado ali, ela fez seu trabalho muito bem, sabendo que aquela estrada era pouco movimentada, sendo aquela mulher a primeira a passar desde as cinco horas que anda.

            — Tudo bem, mas você me deixa na próxima cidade.

            — Ufa, que bom que aceitou, pois eu teria a obrigação de te acompanhar com o carro até chegar à cidade.

            — Você é doida.       

            — Você mais ainda por estar nessa estrada sozinha. _ Salete sorri e então entram no carro. Dentro, Catrine ainda analisa o automóvel, de fato parece de uma pessoa que está viajando. A mulher de trinta e seis anos entende o que ela faz, ser filha de quem é não lhe deixa confiar tão fácil.

            — Tem salgadinho no porta-luvas, pode pegar, e água também.

            Catrine a olha como se fosse um anjo, pois parece que a mulher estava lendo sua mente. Ela abre o porta-luvas e pega os salgadinhos, comendo tudo rapidamente.

            — Eu vou te pagar assim que chegarmos à cidade, prometo comprar tudo de novo.

            — Não se preocupe, eu sempre preciso abastecer e comprar suprimentos.

            — Você está indo para onde?

            — Sinceramente? Para lugar nenhum. _ Catrine a olha com dúvida, o que faz a mulher sorrir de lado. – Eu... Meio que recebi uma aposentadoria adiantada, não tenho família, filhos, esposa, nada, então peguei meu carro e resolvi conhecer pontos do Brasil, aqui estou nesse calor do Nordeste.

            — Radical.

            — Radical nada, só... Não tenho motivos para parar, até hoje. _ Elas se encaram e logo a loira volta a olhar para a estrada.

            Depois daquilo tudo ficou em silêncio, Catrine não sabe explicar, mas de alguma forma sente confiança na loira, apesar de ela parecer tão misteriosa.

 

....................**********....................

 

            — Aqui, esse lugar parece bom. _ Salete diz ao parar em frente ao estabelecimento.

            — Sim. Você vai ficar?

            — Acho que sim, está anoitecendo, não dirijo a noite, a próxima cidade fica a quase três horas, essa pousada parece boa.

            — Certo, então vamos.

            A morena diz, Salete então pega uma pequena mochila e também sai do carro, elas caminham para a recepção da pousada, era uma cidade pequena, assim como o local que vão passar a noite.

            — Um quarto? _ O recepcionista pergunta.

            — Não, dois. _ A menor responde rapidamente.

            — Certo, preciso das identidades. _ Nesse momento a morena pensa um pouco, mas como viu o rapaz fazendo um cadastro manual, entregou o documento. Ele anota os dados e depois se vira para pegar as chaves. — Quartos sete e nove, deixei a estadia em aberto, ao final vocês acertam, caso queiram ficar mais do que uma noite.

            Ambas concordam e pegam suas chaves, depois caminham para a escada, onde param no segundo andar, logo visualizando os quartos que ficam um do lado do outro, pois do lado contrário do corredor ficaram os quartos de numeração par.

            — Você vai descer para jantar? _ Salete pergunta.

            — Sim, só tomar um banho e aproveitar para comer bastante, estou faminta, depois procurar uma conveniência e comprar algumas coisas.

            — Seria ousadia demais me oferecer para ir com você? _ A mais velha sorri sem graça.

            — Acho que já provou que não é uma má pessoa, me trouxe até aqui em segurança.

            — Não sei se me sinto ofendida ou feliz.

            — Acredite, isso foi um elogio, nos vemos no jantar.

            Sem esperar mais que a outra fale, Catrine entra no quarto. Encosta-se à porta, suspirando, não pode se deixar levar por uma atração, apesar de estar mesmo atraída pela loira, tem um foco, ele é estar o mais longe possível do Ceará. Está terminando de percorrer a Bahia rumo ao Sul, quem sabe outro país, mas agora quer chegar ao Rio Grande do Sul.

            — Concentre-se, Catrine, concentre-se, isso pode ser uma armadilha.

            Sabe disso, sua mente sabe disso, sua desconfiança sabe disso, mas não pode negar, aquela mulher mexeu com ela como nenhuma outra.

 

....................**********....................

 

            Depois de um banho demorado, esfriando seu corpo, Salete sai do quarto, pensa se bate na porta da outra, mas resolve ir direto para o restaurante da pousada, lá encontra uma mesa vazia e se senta, procura pelo lugar, mas não encontra a morena, como imaginou, ela demora em um banho. Sorri com isso, mas durou pouco, pois logo ver a menor aparecer usando uma camiseta e short jeans, deixando suas pernas a mostra.

            — Droga. _ A loira diz para si mesma, logo Catrine fica na sua frente.

            — Posso?

            — Claro. _ Ambas sorriem, a missão agora era tirar informações básicas para quem sabe terminarem a noite da melhor forma possível, pelo menos uma delas pensa assim.

            — Então, você está indo para onde?

            — Seria clichê eu dar a mesma resposta que você? _ Catrine tenta soar tão evasiva quanto a outra.

            — Esperta, aceitarei isso.

            A conversa depois disso ficou bem geral, idade, cidade de onde vem, claro que mentiram, expectativas para a viagem, até que terminam de comer e depois saem da pousada. Perto dali há um mercadinho que para sorte delas fica aberto até as vinte e uma horas. Cada uma entra e pega uma cestinha.

            — Você gosta bastante de chocolate. _ Salete diz assim que observa a cesta da outra cheia de barras de chocolate e cereais.

            — Sim, além de gostar bastante, é algo que consegue enrolar quando estou com bastante fome. _ E era verdade, Catrine era uma chocólatra de mão cheia.

            — Estou vendo.

            Salete sorri e vai para as prateleiras dos salgadinhos, ela gosta desses. Estava um pouco receosa em ficar perto da morena, não por medo da mulher, mas medo de si mesma, de sua atração lhe trair e pôr tudo a perder, o problema era que Catrine tinha outros planos e com certeza não era ficar longe dela.

            — Terminou? _ A loira se assusta. — Desculpa. Você está nervosa?

            — Não, só me assustei, e sim, terminei.

            — Certo. _ A morena anda para o caixa como se não fosse nada. Ela está evidentemente atraída por Salete, acabou de tomar uma decisão, seja ela uma mentirosa ou não, só existe uma forma de descobrir aquilo.

            Elas pagam suas compras e voltam para a pousada, conversam um pouco e sorriem sobre a aventura de viajar, na verdade ambas se prendem a isso, evitando falar demais.

            — Você já vai se recolher? _ A menor pergunta.

            — Depende...

            — Que tal uma bebida? Vou só deixar essas coisas aqui.

            — Acho muito bom.

            Elas sorriem uma para a outra e então entram em seus quartos. Salete sabe que tem que ficar o mais perto possível da mais nova, mas droga, não era para ser tão perto, sentindo seu perfume, querendo tocá-la.

            — Merda, eu estou ferrada.

            A loira passa a mão pelo cabelo, mexendo nos fios mais claros, ainda que curtos eles bagunçam um pouco. Suspira e resolve encarar sua missão, pois Catrine era bem isso, sua missão. Assim que sai encontra a morena também saindo do quarto, elas sorriem e caminham para o bar ao lado da pousada.

            A partir dali seria um jogo de perguntas e respostas, uma tentando embebedar a outra, apesar da pouca idade, Catrine não era uma garota indefesa que precisa de ajuda para tomar decisões, ela só precisava de uma oportunidade para fugir, conseguiu e nada a fará voltar, não depois de ter conseguido ir tão longe.

            — Garota, eu tenho o dobro da sua idade, não tenta se sobressair.

            — Idade é um problema para você? _ A menor sorri. — Pensei que fosse uma mulher mais liberal, ou apenas finge ser o que não é?

            — Fingir? Eu nunca minto.

            — Nunca? _ A morena a encara desafiadoramente.

            — Não.

            — Então me diga... _ A menor se encosta à cadeira. – Por que ainda não me beijou?

            Elas se encaram intensamente. Catrine sabe que é um jogo perigoso, como ela mesma já deduziu, aquilo pode ser uma droga de armadilha, mais que isso, pode nem acordar na manhã seguinte, mas resistir estava ficando cada vez mais difícil, ainda mais depois das cervejas que beberam. Uma droga, mas ela vai arriscar.

            — Ah, Catrine.

            A mais velha não sabe o que lhe deu. Sempre foi controladora, sempre gostou de estar no comando, mas agora? Nesse momento ela mal consegue controlar seus movimentos, pois seu corpo quer estar perto da menor, quer tocá-la, que se foda o resto, ela só quer estar na cama da morena, se for para arriscar tanto, que seja com prazer junto. Pois se falhar, estará morta de qualquer forma.

            Não resistiu mais, segurou no cabelo da nuca da menor e a puxou para um beijo intenso. As bocas se chocam com força, não era para ser romântico, calmo ou lento. Aquilo era o mais puro e maravilhoso desejo entre duas mulheres.

            — Vamos para o quarto, Salete.

            — Estava pensando a mesma coisa.

            Elas estão ofegantes e quentes. Assim que a loira paga a conta elas entram na pousada, Catrine faz questão de acenar para o rapaz da recepção, a maior sabe o que ela está fazendo, induzindo a dúvida, deixando claro com quem passará a noite, dessa forma caso aconteça algo com ela, Salete seria a primeira suspeita. “Garota esperta”, pensa a loira.

            Quando elas chegam ao quarto, Salete pressiona o corpo da outra contra a parede, beijando seus lábios com força, colocando no ato a mesma vontade que Catrine tem com as leves mordidas em seus lábios.

            — Leve-me para a cama.

            — Garota, você está me deixando louca.

            — Mostre essa loucura na cama, Salete.

            A maior sorri e segura nas pernas da outra, puxando para cima, a fazendo rodear em sua cintura. Logo está perto da cama, deita a menor e fica de pé, olhando seu corpo, desde o pé até chegar a seus olhos.

            — Vai ficar só olhando?

            — Ah, não, com certeza não, quero aproveitar todo esse pecado proibido.

            Literalmente ela é proibida, não só para Salete, mas para Catrine também, que precisa estar sempre alerta nessa sua aventura até o Sul, mas agora ela só pensa em uma coisa, goz*r e fazer aquela mulher goz*r também.

 

....................**********....................

 

            Na manhã seguinte Catrine é a primeira a acordar. Ao abrir os olhos lentamente dá de cara com Salete esparramada ao seu lado, as duas mãos próximas da cabeça, está de bruços, a morena sorri, fofo e sexy ao mesmo tempo.

            Como se entendesse o que estava acontecendo, a loira abre os olhos e encara a menor, que sorri sem graça por ter sido pega.

            — Bom dia, linda.

            — Bom dia, Sal.

            — Gostei disso. _ A mais velha se vira e boceja, limpando os olhos. — Que horas são? _ Assim que ela pergunta, Catrine se move e olha o celular.

            — Sete e meia.

            — Acho que devemos ir.

            — Sim, devemos.

            Apesar de querer mesmo ficar na cama, a morena sabe que precisam começar o dia, estão em uma viagem, principalmente ela precisa continuar a sua jornada. Salete levanta e se veste, a menor a observa, então a loira se vira e encara a mais nova.

            — Você está indo para onde, Catrine?

            — Sul.

            — Interessante. Olha... _ A maior senta ao lado da outra. — Eu sou uma pessoa sem rumo, sem família, sem objetivo, se você quiser, claro, podermos curtir essa viagem juntas. Posso te levar até o Sul. Ainda teríamos uns três a quatro dias de viagem, não sei o que pode acontecer depois, mas podemos ser uma boa companhia uma para a outra.

            Aquilo com certeza era uma péssima ideia, além de loucura, era perigoso, agora nem pensa na outra como uma mentirosa, ou quase isso, mas precisa se preocupar também na segurança das duas, coisa que ela não terá nunca, isso tem em mente pelo resto da vida.

            — Não sei...

            — Não se sinta pressionada, vou entender se não quiser, adorei nossa noite, de verdade, seria legal ter uma companhia, ter sua companhia, mas você decide. _ Salete sorri, mas está nervosa, precisa daquela aprovação e acompanhar a menor até seu destino. Então se aproxima e beija seus lábios levemente. — Estou no quarto ao lado, vou arrumar minhas coisas e espero sua decisão.

            Então sai, ansiosa e deixando uma Catrine completamente em dúvida. Precisa tomar uma decisão importante, não pelo risco de se apaixonar por aquela mulher, mas por colocá-la em perigo, ou pior, colocar a si mesmo, apesar da noite maravilhosa que tiveram, não pode confiar em ninguém.

            Passa a mão pelo cabelo e respira fundo. Resolve deixar acontecer, na hora certa seu coração vai intervir. Toma seu banho e se veste, arruma as coisas em sua mochila e então sai do quarto. Esse tempo de quase uma hora a fez pensar um pouco, ainda está com dúvida, mas assim que vai para a recepção e encontra Salete pagando sua estadia, já sabe o que fazer. Quando a mais velha a ver sorrir largamente, apesar de por dentro estar nervosa, se a morena não aceitar sua proposta não sabe como vai fazer para ficar perto dela.

            — Oi.

            — Oi, Sal.

            Catrine então soube, era evidente a resposta que daria, não tinha escolha na verdade, afinal, precisava chegar até o Sul, teria que pegar carona com alguém, que seja então com a mulher que passou a noite.

            — Vamos, você ainda vai abastecer? _ O coração da loira dispara, não apenas por gostar da resposta, mas em alívio, aquilo ajudava bastante em seus planos.

            — Sim, vamos.

            Elas se despedem do rapaz e então vão para o carro. Depois de abastecerem no posto de gasolina a viagem acompanhada começa. Ambas com seus objetivos bem traçados, o problema é que um confrontava o outro, restava saber como elas fariam aquilo dar certo durante quatro dias.

           

....................**********....................

 

            Dois dias se passam e aos poucos elas se conhecem melhor, quer dizer, o máximo que podem mostrar, principalmente para Salete, que valia muito mais do que apenas perder sex* gostoso, coisa que elas vêm fazendo bastante, mas a sua vida, se errar um passo ou ser descoberta será sua perdição. Catrine é inteligente demais para se deixar levar, a loira sabe disso.

            Elas resolveram pegar uma estrada alternativa, mais longe, porém muito menos movimentada. Pelo caminho as rochas davam uma linda visão. O pôr do sol alaranjado deixava Catrine fascinada, por esse motivo teve uma ideia ousada.

            — Que tal dormirmos no carro essa noite? _ Salete a olha, surpresa.

            — Tem certeza? A noite costuma fazer muito frio.

            — Tenho certeza que você me aquece.

            Elas se encaram intensamente. Esses dois dias serviram para entender os jogos de sedução, ainda que privados de se exporem ao máximo, quando estão nuas uma contra a outra conseguem ser elas mesmas, pelo menos por aqueles minutos.

Salete então sai da estrada e vai com o carro em direção as lindas pedras que enfeitavam a paisagem, estaciona o carro atrás de uma grande, dessa forma quem passasse na estrada não as veria ali.

            Catrine desce do carro e move o corpo, se espreguiçando devido às horas sentada no automóvel. Sorri ao ver o lindo Sol no horizonte se pondo. Era por momentos como aquele que fugiu da sua antiga vida, quer estar longe do pai, se ele quer continuar, que seja, mas ela não é obrigada, mesmo sabendo que nunca estará em segurança, não depois de ter fugido.

            — Linda.

            Salete diz ao admirá-la. Catrine tem apenas dezoito anos, mas consegue mexer com todos os seus sentidos. A garota é maravilhosa, entende-a por querer fugir da antiga vida, apesar de saber que muitas pessoas possam usá-la, como ela está fazendo. Tem uma missão, só não sabe se conseguirá cumpri-la agora.

            — O que? _ A morena diz ao se virar e se aproximar da loira.

            — Nada. _ A mais velha sorri, recebendo o corpo da outra próximo do seu, aproveita para beijá-la com intensidade.

            — Deixa para a noite, você vai precisar se esforçar para não me deixar ficar com frio.

            — Essa será a missão mais fácil que já tive na vida.

            — É? Hum... Gostei disso.

            — Claro que gostou.

            Salete vira o corpo da mulher com maestria e a encosta no carro, elas se encaram, dessa vez diferente, as duas entendem uma coisa, aquilo foi uma péssima ideia, ficar esse tempo juntas, próximas, se conhecendo tão intimamente, tão afetivamente, não sabem se terão coragem suficiente para ficar longe, pelo menos até descobrirem a verdade, ou melhor, até uma delas descobrir a verdade.

            — Pare de me olhar assim.

            — Assim como? _ Salete pergunta muito próxima do rosto da menor.

            — Assim, como se eu fosse única, especial, não faça isso quando no final você pode quebrar o meu coração.

            — Ou você quebrar o meu.

            — No final das contas isso vai acontecer, não é?

Catrine encara a outra cheia de expectativa, buscando algum sinal da grande mentira que viveram naqueles dias, mas o pior de tudo foi ver completamente o contrário, foi ver os olhos da outra brilhando ao lhe encarar tão... Apaixonadamente, sim, era isso, elas estavam se apaixonando e aquilo era aterrorizante para as duas.

— Catrine...

— Apenas me beije, por essa noite me ame, só essa noite.

Salete não poderia ir contra aquilo, sendo que era exatamente o que queria fazer. Algo dentro dela lhe dizia que Catrine sabia a verdade, mas por aquela noite elas continuarão mentindo para poderem viver aquela aventura sem nenhuma restrição, pelo menos até a manhã seguinte.

            A loira avança contra os lábios da menor com mais força que antes, estava se abrindo para a morena. Agora ela tinha certeza que não conseguiria terminar sua missão. Não teria coragem para isso, que o preço seja sua morte, mas a partir de agora ela tem outro objetivo na vida, proteger Catrine de tudo e de todos, nem que isso a inclua.

 

....................**********....................

 

            Na manhã seguinte Catrine acorda com frio, estava coberta no banco de trás do carro, porém a falta do calor de Salete a fez despertar mais cedo do que esperava. De alguma forma elas conseguiram se aninhar no banco de trás, tão juntas que dormiram muito bem.

            Ao abrir os olhos olha para os lados e ver a mulher um pouco distante falando no telefone. Coça os olhos e se enrola no cobertor, saindo do automóvel em seguida, mesmo que sem querer, ou não, ela faz menos barulho do que o normal para sair, descalço ela caminha para perto da loira, que estava nervosa ao falar e gesticular.

            — Diga a ele que não vou fazer isso, não consigo.

            — Salete, ele vai te matar, você o conhece.

            — Eu sei, ok, eu sei, mas eu vou arriscar, Catrine é... Ela não merece isso, Sérgio. Não vou fazer isso.

            — Você é doida, Catrine, eu sinto muito, mas se ele mandar eu vou te matar.

            — Eu sei que sim, você sempre faz o que ele manda, então nos vemos no inferno, Sérgio, foi um prazer trabalhar contigo.

            — Até o inferno então.

            A loira desliga a ligação, então quando se vira encontra a morena lhe encarando, mas não só isso, as lágrimas escorriam pelos seus olhos. Salete sente seu coração disparar.

            — Eu fui muito ingênua ou você muito esperta?

            — Catrine, não...

            — Não é o que estou pensando? _ Ela sorri ironicamente. — Você veio para me matar e resolveu se divertir um pouco?

            — Droga, não! _ A maior tenta se aproximar.         

            — Não chegue perto de mim. _ Catrine deu passos para trás, precisa chegar até sua mochila. — Quanto te pagaram? Diga, meu pai paga mais. Aquele monte de droga que ele vende deve servir para alguma coisa.

            — O que? _ Salete fica confusa, Catrine entendeu tudo errado.

            — Diga. _ Ela continuava dando passos para trás, até sentir o carro, então se vira rapidamente e pega a arma dentro da sua mochila.

            — Que merd*!

            Salete diz, mas não para a morena lhe apontando uma arma e sim para um homem que se joga contra seu corpo e começam uma luta. Ele era forte, porém a mulher era treinada desde muito tempo, conseguiu dar socos nele, mas ele também era esperto, já o viu antes, aquilo com certeza não era bom. Estavam em uma briga feia quando escutam o tiro.

            — Parem! _ Catrine grita, fazendo os dois se afastarem.

            — Catrine, eu fui mandado por seu pai para te proteger. _ Ele fala com muita convicção.

            — O que? Não, é mentira, eu fui.

Salete entendeu o jogo do homem. A morena nunca a viu com o pai, sendo que ela cuidava de assuntos mais práticos para o chefe, nunca frequentou sua antiga casa, era como uma mulher de confiança, tanto que ele a mandou para cuidar do seu bem mais precioso, o problema é que Catrine está com raiva, não sabe se vai acreditar nela.

— Ela está mentindo, Catrine, eu sou o homem do seu pai.

A morena encarava os dois, escalando a arma para um e outro. Não sabia o que fazer, sabe bem usar a arma, seu pai a fez aprender desde os treze anos, para ele era como uma segurança. A garota sempre foi seu ponto fraco. Sua filha, única filha, foi posta em um patamar que alguém nunca chegou, mas Catrine cansou da vida presa com seguranças, porque sabia que corria risco de vida por ser filha de um dos maiores traficantes de drogas e armas do Brasil.

Chegou ao seu limite e com muita cautela conseguiu fugir, era claro que uma hora ou outra seu pai ou qualquer pessoa que pensasse em usá-la contra ele estaria atrás dela. Agora tem dois alvos na sua frente, um desconhecido e a mulher que vem tirando seu sono nas últimas noites, o fato é que precisa tomar uma decisão rapidamente.

— Linda, sou eu, a Sal.

A morena encara a loira que tem o cabelo bagunçado e as roupas sujas de areia. Catrine está só de calcinha e uma grande camisa, pois o cobertor já caiu do seu corpo. Ela poderia simplesmente atirar nos dois e acabar com aquilo, mas o problema não era esse, a questão é que a merd* já estava feita.

— Droga.

Então ela suspira e atira. O corpo de Salete se assusta, mas o homem do seu lado cai com a perna sangrando, o tiro acertou diretamente em sua coxa esquerda.

— Filha da puta, eu vou te matar.

Catrine respira em alívio, pelo menos apostou certo. Salete vendo a angustia da garota vai até ela e pega a arma da sua mão. A menor não demora a se virar de costas.

— Nos vemos no inferno!

Então o tiro certeiro na testa veio. Catrine se assusta, mas sabia que era isso que aconteceria, era assim que os “homens” do seu pai agiam, para foder com tudo ela dormiu com uma e ainda se apaixonou, ah, sim, com certeza foi uma grande ideia pegar essa carona.

— Catrine. _ A loira fala, sua voz suave voltou, mas estava receosa. — Olhe para mim, por favor, olhe para mim.

— Eu não consigo, eu... Eu estava tentando fugir desse mundo e você o trouxe de volta, eu te odeio por isso.

— Não, não fala isso, eu vou largar tudo por você, vamos continuar. _ A morena nada responde, continua de costas, abraçando seu próprio corpo. A loira suspira, então escuta seu celular que estava no chão tocar. Vai pegá-lo e só então consegue a atenção da menor. — É o seu pai.

— Você vai me levar de volta, não é? Essa era a droga da sua missão.

— Sim, era. _ Assim que a loira responde, atende a chamada, mas coloca no viva voz.

— Que merd* você acha que está fazendo?

— Chefe...

— Salete, traga a minha filha para casa em segurança, caso contrário eu vou te caçar e fazer pagar por me desobedecer. _ Catrine olha para a outra assustada, pois conhece muito o bem o pai para saber o que significava “pagar”.

— Tenho certeza que sim, senhor, mas... _ Ela encara a menor com intensidade. — Vou cumprir parte da minha missão, ela estará em segurança, mas não vou levá-la de volta.

— Que inferno você está dizendo? Não me desafie, Salete, você sabe do que eu sou capaz. Catrine é tudo para mim, não jogue todos esses anos de lealdade no lixo.

— Desculpe, chefe, mas encontrei outro objetivo na vida, e acredite, agora entendi quando disse que amava tanto a mãe dela.

— Vocês... Droga, droga, droga, o que você fez, Salete? _ A voz do homem fica mais branda, mas ainda forte o suficiente para não perder a autoridade.

— Cometi o mesmo erro que você, me apaixonei.

— Droga! _ O pai de Catrine não sabia o que dizer agora, quer sua menina perto para protegê-la, mas entende o fato de ela querer ir embora.

— Pai... _ Só então a morena se manifesta.

— Catrine, meu amor, filha, volta para casa, se estiver longe eu nunca conseguirei te proteger, por favor, volta para casa, vamos conversar, vamos mudar alguns termos, menos seguranças, pode até fazer faculdade.

- Pai, você sabe que nunca daria certo. Eu precisava. Você escolheu sua vida, me deixa escolher a minha.

— Não faz isso com seu velho, sua mãe nunca me perdoará se acontecer algo com você.

— Não pai, é o contrário, ela nunca te perdoará se me deixar viver essa vida perigosa, ela morreu e te deixou a missão de me proteger, mas a melhor proteção que me dá é me deixando ir embora. _ O homem sabia que era verdade, mas viverá seus últimos dias cheios de angústia, pois a preocupação será constante.

— Catrine...

— Você confia em Salete?

— Sim, é a minha melhor.

— Então não se preocupe. _ As duas mulheres então sorriem uma para a outra. — Ela vai me proteger, eu sei que sim.

O homem sabia que não poderia ter pessoa mais adequada para proteger seu bem mais precioso, mesmo com a saudade precisa entender o lado da filha, aquela nunca foi uma vida para ela, apesar de sua inteligência, não gostava da ideia de vender armas e drogas.

— Eu te amo, nunca se esqueça disso.

— Não vou, também te amo, pai. Para sempre.

— Salete...

— Chefe.

— Sua lealdade agora é de Catrine, proteja-a custe o que custar.

— Com a minha vida se for preciso. E senhor... _ Ela encara a garota. — Minha lealdade já era dela há um tempo. _ Elas podem escutar a risada baixa do homem, o que as fazem sorrir também.

— Cuidado, eu tenho muitos inimigos. Até qualquer dia.

— Até um dia, pai.

Então a ligação termina. Salete estava receosa, mas se alivia quando sente a mulher lhe abraçando com força, ela retribui, pois ver a outra quebrada daquele jeito também a quebrou. Elas ficaram assim por um tempo até que a menor se afasta e a encara.

— Obrigada.

— Não me agradeça, minha vida agora é te proteger e amar.

— Apenas me ame, Salete, a proteção vem junto, assim como farei contigo.

— Fico feliz em saber que você sabe atirar. _ A maior diz ao sorrir de lado.

— Você já sabia disso, tenho certeza.

— É, já sabia. _ A maior a puxa pela cintura e encosta os lábios, mas sem beijar, apenas um roçar provocativo.

— Sem mentiras? _ Era só o que Catrine queria e precisava no momento.

— Sem mentiras, princesa, nunca mais, agora somos só nós duas.

— Rumo ao Sul?

— Para onde você for eu vou.

Catrine sorri e a beija, dessa vez sem segredos. Seja o Sul, Nordeste, Europa, China... Não importa, a partir daquele dia estariam juntas. Aquela foi a carona mais perigosa e arriscada que já aceitou, mas a melhor escolha da sua vida.

Fim do capítulo


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Comentários para 11 - 11 - Carona perigosa (Imagem escolhida por Salete Pacheco):

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