Boa leitura!
Capitulo 8 - Péssimo dia
Helena
Sabe quando você acorda e antes mesmo de abrir os olhos sabe que seu dia não será bom? Então, eu havia amanhecido com essa certeza.
Naquela manhã, despertei sozinha na cama. A noite havia sido bastante ruim, mais uma vez precisei trans*r com Zé Henrique. Tem sido cada vez pior me entregar a ele, tanto que logo após corro pro banheiro pra vomitar. Não havia conseguido dormir direito e por isso, decidi levantar bem antes do horário a qual eu era acostumada. Depois de pronta pro trabalho, caminhei até a cozinha afim de comer algo, pensei que o encontraria lá mas ele não estava. Fui até a sala, escritório, varanda, garagem e nada, ele havia sumido.
Olhei para as horas em meus relógio de braço e constatei que ainda era cedo. Pra onde ele haveria ido a essa hora? Abri a geladeira e preparei um misto quente pra mim, era prático, saboroso e sustentava. Logo na primeira mordida ouvi o barulho do carro, ele havia chegado, mas de onde?
Abriu a porta e se espantou ao me ver na cozinha.
- Meu bem, acordada a essa hora?
Ele parecia surpreso em me ver pronta antes do comum.
- Onde você estava?
- Fui até a padaria. Queria preparar seu café, vi que passou mal a noite.
Em suas mãos haviam alguma sacolas com o emblema de uma padaria. Sua voz parecia calma, demonstrando que ele falava a verdade. Mas eu não acreditava em nada que ele havia me dito, não me perguntem o porque, já que nem eu mesma sei, talvez seja apenas intuição. Bastou apenas isso, somado a uma noite mal dormida, pra que meu humor ficasse péssimo.
Raramente eu era assim, tentava sempre manter o sorriso no rosto, mas enfim, ninguém está 100% todos os dias na vida.
Meu marido andava pela cozinha cantarolando uma música qualquer ao mesmo tempo que colocava no liquidificador algumas frutas. No ar o cheiro de pão recém saído do forno impregnava o ambiente, e essa dedicação toda conseguia me irritar mais ainda. Por que eu estava nervosa, inquieta e mal humorada assim?
Eu deveria estar feliz não? Afinal, meu marido que antes passava os dias na rua, agora se mostrava cada vez mais dedicado a mim, parecia se esforçar pra me deixar alegre. Mal sabia ele que não estava dando certo.
- Sei que você odeia trabalhar de estômago vazio. Por isso fiz sua vitamina preferida, leite com mamão.
- Obrigada, mas estou sem fome.
- Você sem fome? Tá tudo bem docinho?
- Sim, só uma dor de cabeça chata - disfarcei.
- Toma pelo menos um pouco, você precisa se alimentar direito. Não é possível que esteja satisfeita apenas com esse misto?
Mesmo sem vontade, consegui beber metade do que estava em meu copo. A bebida estava docinha como eu gostava, e de certo modo isso me relaxou um pouco. Acabei me lembrando da minha vida antes de nos mudarmos pra cá. Tudo era tão diferente...
Estava viajando em pensamentos, quando ouvi o celular dele vibrando na calça. O barulho me chamou a atenção.
- Desativou o som? - estava surpresa.
- Sim, parece que agora que estou ficando velho esse tipo de coisa passou a me incomodar. - ele me olhava sorrindo nervoso, tanto que passava as mãos pelos cabelos.
- Por que está nervoso? - O aparelho ainda vibrava descontrolado.
- Não estou nervoso querida, agora deixa eu lavar essa louça, acabei fazendo uma bagunça nessa cozinha.
- Atende José Henrique!
- Não é nada importante - ele estava de costas pra mim, lavando a louça.
Descidi não discutir, apenas peguei minhas coisas e fui para o trabalho. Eu sabia que algo não estava certo, conheço o marido que tenho. Estamos juntos a 15 anos e não 15 dias. Ele nunca me ajudou com o serviço de casa, nunca passou tanto tempo longe do trabalho, longe da farra. Tudo isso já seria o suficiente pra me intrigar, mas agora, essa ligação que ele não quis atender na minha frente... era óbvio que ele estava me escondendo algo.
Com esse conjunto de fatores, meu humor estava péssimo. Cheguei na escola afim de me jogar no trabalho pra ver se esse dia acabava mais rápido, e olha que ele mal havia começado.
A turma do 3° ano C não era ruim, embora fosse bastante barulhenta. Porém, nesse dia, por incrível que pareça estavam mais quietos. Passei algumas atividades quando notei que uma aluna em especial mal havia tocado em seus livros. Bastou eu chamar sua atenção pra que ela explodisse. Essa era a segunda vez que Alice Montenegro Silva se mostrava rebelde em minha presença.
Tentei relevar pois estava sem um pingo de paciência pra brigas, mas parece que nada é tão ruim que não possa piorar, não é mesmo? Não bastou apenas me desrespeitar, a menina ainda se levantou e saiu no meio da minha aula, sem mais, nem menos. Com minha paciência no limite, não pensei duas vezes antes de pedir a uma aluna que chamasse dona Magda pra mim. Assim que ela chegou, expliquei rapidamente o que havia acontecido.
Vi a pobre mulher balançar a cabeça em desgosto, me garantindo que tomaria providências. Fiquei na porta observando a cena toda. Vi quando ela encontrou Alice e a levou até a diretoria. Continuei minha aula e segui adiante com meu trabalho.
O dia passou devagar, pro meu desespero. Pareceu levar eternidade até meu horário acabar. Não estava disposta a passar aquela tarde na escola, precisava de ar puro, distrair meus pensamentos, minha cabeça. Já estava no estacionamento quando ouço chamarem meu nome.
- Professora Helena.
Olhei pra trás e vi a diretora Magda caminhando até mim.
- Diretora? Aconteceu alguma coisa?
- Aconteceu - vendo minha cara de interrogação, ela foi logo se explicando - Conversei com a aluna Alice Silva, não tive outra alternativa a não ser lhe aplicar um castigo.
- É uma pena. Ela não me parece uma má garota, acho que só está perdida.
- Eu sei, ela realmente não é uma má menina. Mas é rebelde, muito rebelde. Metade dos meus cabelos brancos são culpa dela - sorrimos - Mas enfim, o castigo tem haver com você.
- Comigo?
- Sim. Me desculpe, eu sei que deveria ter conversado com você antes mas, acabei decidindo tudo de cabeça cheia que não pensei direito.
- Qual é o castigo?
- Decidi que ela passará as tardes com você por um mês.
- Um mês?
- Olha, eu vou entender se não quiser. Eu deveria ter falado com você antes. Sei que as notas dela não são ruins, mas sei também que podem melhorar. Além do mais, ela te desrespeitou e esse contato mais próximo entre vocês pode ajudar. Mas entenderei se você não aceitar.
- Nem sei o que dizer.
- Notei que passa a maioria das tardes aqui, por isso não achei que iria te atrapalhar. Mas caso prefira, eu posso pensar em outra castigo pra ela.
Pensei um pouco. Embora hoje eu estivesse indo embora na hora do almoço, eu realmente passava minhas tardes ali. Pra mim não teria problema nenhum em manter essa rotina por um mês.
- Não precisa.
- Isso quer dizer que você aceita me ajudar nesse castigo?
- Claro - sorri sem muita vontade
- Obrigada querida - ela segurou minhas mãos - Fico contente. Alice é uma boa menina, acho que é assim porque sempre foi negligenciada pelos pais. Enfim, há uma série de problemas envolvendo essa garota. Fico contente em ver que não estou sozinha na missão de ajudá-la.
- Não sei se ela ficará feliz como a senhora diretora.
- Tenho certeza que ela se acostumará. Pedirei para prepararem uma sala pra vocês. Tudo bem se esse castigo começar amanhã?
- Não vejo problema nenhum.
- Então está combinado. Um ótimo dia pra você professora Helena, e obrigada pela ajuda.
- Não precisa agradecer diretora. Um ótimo dia pra senhora também.
Entrei em meu carro e fui embora.
Fim do capítulo
Meninas, comentem aqui pra mim saber o que estam achando da história
Comentar este capítulo:
Manuella Gomes
Em: 16/08/2020
Tá me deixando ansiosa :)
Pena que é um capítulo por vez, pq se não fosse eu já teria lido o livro todo.
Rosa Maria
Em: 15/08/2020
Com certeza Zé Henrique está escondendo algo, mas o importante é que Helena aceitou participar desse castigo, embora tenho a impressão de que nem será um CASTIGO assim, tipo CASTIGO mesmo... já ansiosa.
Beijo
Rosa🌹
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