9 - A filha do presidente (Imagem escolhida por Léia Rodrigues)
— Droga!
Léia xinga em português, pelo menos dessa forma ninguém vai entender. É a terceira vez na semana que se atrasa para o trabalho. Vai colocando a mochila nas costas e entra pela porta dos fundos, assim que o faz esbarra em alguém.
— Atrasada de novo, Léia.
A morena engole seco, aquilo tinha que parar ou vai perder seu emprego e ela precisa muito dele. A mulher de vinte e dois anos está na Grécia há dois. Veio com a esperança de uma vida melhor e conseguiu. O que ela recebe de camareira ali é muito mais do que poderia receber no Brasil em anos.
Foi parar na Ilha Santorini trabalhando no maior e melhor hotel do lugar, sem contar que tudo ali é maravilhoso. A praia, as pessoas, o clima, a arquitetura, tudo. Ela teve dificuldade para aprender o idioma, ainda não sabe tudo, é verdade, mas agora está começando a se adaptar, sem contar que todos os funcionários se comunicam muito bem pelo inglês, esse que ela domina fluentemente.
— Desculpa, desculpa. _ Ela diz assim que o homem a encara, mas logo ele sorri.
— Vai logo, sua doida, hoje teremos hóspedes especiais.
— Especiais?
— Sim, vai rápido.
Sereno é o gerente do local, tem um carinho especial pela brasileira, não apenas por seu jeito meigo e ao mesmo tempo determinado, mas por ela lutar tanto para ajudar sua família, nunca os desamparou. Desde que veio para o país só os visitou uma vez, isso faz seis meses, ficou por um período de dez dias. Acredita que nunca mais voltará para o país que nasceu em definitivo, construiu novas amizades ali e quem sabe possa encontrar um grande amor.
— Vou indo.
Ela então caminha pelo corredor, direto para o vestiário, porém antes de chegar ao local, mais uma vez esbarra em alguém, dessa vez uma mulher desconhecida.
— Caramba, hoje é o meu dia dos esbarrões, me desculpa... _ Porém, ela para de falar assim que olha para cima e observa a loira que a encara com os olhos azuis. Ela é linda, sem contar seu olhar perdido e inocente.
— Eu que peço desculpas, acho que me perdi aqui. _ A loira diz sem graça.
— Você é...? _ A menor a encara sem desviar, deixando ambas sem graça.
— Larissa.
— Prazer, Larissa, eu sou Léia, você é grega, não é? Seu inglês é diferente.
— Oh, sim. Είμαι ελληνικός. (Eu sou grega).
— Isso eu entendi. _ A morena diz ao sorrir. — Είμαι της Βραζιλίας. (Eu sou brasileira).
— Ah, isso é legal, nunca conheci o Brasil, tenho essa curiosidade.
— É um país bonito nos lugares certos. Você é funcionária nova?
— É... Não, na verdade me perdi mesmo. Estava... Pedi para usar o banheiro.
— Então, é ali. _ A morena aponta. — E... Foi um prazer, Larissa, mas eu preciso mesmo ir, estou atrasada e as camas desse hotel não se arrumam sozinhas.
— Você trabalha aqui?
— Sim, sou camareira. Tchau, espero... Espero nos vermos de novo. _ Então sai. Achou Larissa linda, mas com certeza não pode ficar ali conversando com ela, quem sabe tenha sorte de ver a mulher de novo em breve em outra condição.
— É, com certeza vamos nos ver de novo.
A loira sai do corredor e logo está indo para o quarto, o mesmo que estão seus três seguranças loucos atrás dela.
— Graças aos Deuses, ela apareceu! _ O homem moreno diz ao falar pelo fone perto do paletó. — Onde você estava, garota?
— Eu só me perdi no hotel, vocês são tão exagerados.
— Desculpa, senhorita Katsaros, mas eu estava entrando em desespero. Seu pai já está vindo, se não lhe visse seria um grande problema.
— Já apareci, Rey, não precisa mais se preocupar. Vou entrar, assim que ele chegar me avise. _ O homem assente e abre a porta do cômodo.
Larissa entra e se joga na cama. O vestido soltinho que usa se espalha pelo colchão. Suspira, pois ao fechar os olhos vem a imagem de Léia. Ela é linda, seu sorriso é atraente e ao mesmo tempo simples. Sem contar seus traços brasileiros, tudo na garota atraiu a loira.
Ela tem vinte e um anos, está se preparando para vida fora dos cuidados do pai, seu objetivo é viajar por um ano e só então voltar para Atenas, onde ela sabe que vai ficar por um bom tempo, a não ser que algo ou alguém a faça mudar de ideia.
Seu irmão já tem as responsabilidades que o pai tanto busca em um filho, agradece por ser mais nova e mulher, apesar de Nicolas, seu pai, a tratar com tanto mimo e cuidado, principalmente depois do falecimento da sua mãe.
Mais uma vez se vê lembrando-se da morena. Era óbvio que ela não a reconheceu, o que era bom, assim poderia se aproximar tendo certeza que a garota pode gostar dela pelo que ela é, não pelo que tem. Apesar de que o que ela é também influencia nos julgamentos de outras pessoas.
Fica ali suspirando por um tempo, pensando em como vai encontrar Léia novamente sendo que seus seguranças não lhe dão sossego, sem contar que seu pai estava a caminho, isso vai complicar ainda mais a sua vida. De repente escuta leves batidas na porta, já imaginando que seja Rey, o seu segurança particular desde os seus dez anos de idade.
— Ele chegou.
— Então vamos lá encarar o homem mais poderoso do país.
— É, mas ainda continua sendo o seu pai.
— Sim, continua.
Larissa sorri e levanta, indo com os homens para o salão que foi reservado para receber o homem. O objetivo ali é ter algumas reuniões com pessoas importantes do país, Nicolas trouxe a filha, pois sempre soube do seu desejo de conhecer a ilha, e qual oportunidade seria melhor do que com aquele monte de seguranças juntos?
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Léia correu muito naquele dia. Não apenas para chegar ao trabalho atrasada o mínimo possível, mas para arrumar tudo que fazia parte das suas obrigações. Sereno estava certo, teriam hóspedes importantes e a coisa ficou feia, ainda mais quando ela viu aquele monte de seguranças armados, usando paletó, as caras fechadas a olhando com desconfiança e falando nos fones como se ela fosse mesmo uma ameaçada. Era estranho e aterrorizante.
Ao conseguir respirar corretamente no final do expediente pôde pensar de fato no seu dia corrido. Era sexta e ela só pensava em sua cama e dormir um pouco. A garota mora em uma pensão perto do hotel. Lá é onde grande parte dos funcionários residem. Eles praticamente só dormem no lugar apesar de oferecer o serviço completo, desde café da manhã a jantar, mas todas essas refeições ela faz no hotel. Volta para seu quarto apenas para se aconchegar nos lençóis e descansar.
Seu objetivo é subir de cargo no lugar. Esforça-se para isso, claro que é observada, não tem nenhum tipo de formação superior, mas aos poucos vai aprendendo e entendendo como funciona o ramo hoteleiro.
Assim que termina de se trocar, vestindo suas roupas normais, calça jeans e uma blusa branca, coloca sua bolsa de lado e sai do vestiário. Os funcionários do turno da noite já haviam chegado. Ela trabalha das seis da manhã as dezoito, com uma hora e meia de almoço começando ao meio dia, sendo que precisa ser combinado com todos para haver a divisão, outros começam seu almoço as treze e meia, onde os que saíram antes retornam.
Assim que sai, vai direto à cozinha, uma quentinha já a esperava, normalmente ela comeria ali e iria para casa, mas está exausta. Então pediu para André, um garçom, fazer seu prato, sorri e agradece.
O ar frio bate contra seu corpo assim que sai do hotel. Está muito frio no lugar. Ao olhar para frente pode ver as ondas colidindo contra as grandes pedras. Adora aquele lugar, pretende nunca ir embora, espera que seus planos deem certo. Assim que olha para a praia, ver uma pessoa sentada na areia, sozinha. Ao forçar a vista um pouco, apesar da escuridão da noite já começando a cair, consegue enxergar de quem se tratava.
Passou o dia todo pensando naquela garota que esbarrou pela manhã, acreditou ser hóspede, mas não a viu mais no hotel. Talvez estivesse mesmo só perdida, apesar do esquema de segurança naquele dia está muito pior do que os outros dias.
Segura a sacola com o recipiente com seu jantar e arruma a bolsa para o lado, então resolve não perder aquela oportunidade. Desce a grande escadaria feita de pedras, toda a arquitetura daquele lugar é maravilhosa. Pelo menos naquele hotel, naquela ilha é igual se pinta nos filmes, o que a fez tanto querer ir para o país, conseguiu aquele emprego, adora tudo, até dias corridos como aquele.
Assim que chega até a areia tira a sandália rasteirinha e segura com a outra mão, então caminha com cautela para perto da garota. Larissa se vira rapidamente assim que sente a presença de alguém, isso a deixou nervosa, mas logo sorri ao ver quem se trata.
— Oi, desculpa se te assustei. _ Léia fala sorrindo.
— Tudo bem, é só meu sexto sentido. _ Ambas sorriem.
— Posso? _ A morena aponta para o lado, recebendo um aceno da loira, então ela coloca as sandálias no chão e se senta em cima. — Sei que isso pode não parecer muito romântico, mas quer dividir o jantar? _ A brasileira ergue a sacola com comida.
— Ah, eu já jantei.
— Tudo bem. _ A maior diz desapontada.
— Mas vamos lá, mostre-me o que uma mulher como você costuma comer.
— Como assim uma mulher como eu? _ A mais velha pergunta preocupada.
— Brasileira, Léia, isso que quis dizer.
— Ah... _ A morena fica sem graça, para mudar de assunto pega a sacola e abre. Larissa olha para a porção, constatando o que imaginou, era quase os mesmos pratos que estava à disposição para sua grande refeição com o pai e aquelas pessoas importantes.
— Só comida grega. _ A loira diz ao sorrir.
— Você esperava o que? Feijoada?
— Você me pegou. _ As duas sorriem.
— Servida?
Larissa assente, então pega uma das colheres dentro da sacola e come um pouco, assim como Léia faz. Foi pouco, apenas para constatar o que já sabia, estava tudo maravilhoso. A morena pega a garrafinha com água e entrega para a loira, que pensa um pouco antes de aceitar. Era arriscado, mas se não aceitasse iria colocar desconfiança na outra. Então aceita e bebe, depois Léia faz também, deixando de lado as coisas.
— Você é daqui, Larissa? Nunca te vi antes.
— Ah, sim e não. Estou... Vim visitar um familiar.
— Ah, entendi. _ Era evidente para a morena que a outra estava nervosa. — Por que está aqui sozinha?
Larissa entendia todas aquelas perguntas, mas se continuasse assim logo entregaria quem era, isso não era uma opção, se interessou pela maior, se descobrir quem ela é nunca saberá se Léia gosta dela mesmo. Pode se aproveitar ou fugir, já passou pelas duas situações.
— Estava só pensando um pouco. Gosto do mar, ele me acalma.
— Eu também. _ Então elas duas olham para frente, apenas escutando o som que as ondas fazem, sem contar a brisa fria e relaxante. Léia agora olha para o lado, direto para o perfil de Larissa. — Linda.
A loira se vira e percebe que a brasileira falava dela. Seu rosto cora, o que a deixa mais atrativa para Léia, que sorri sem graça.
— É... Eu preciso ir. _ Larissa diz já se levantando.
— Espera, quando podemos nos ver novamente?
A loira pensa um pouco. Conseguiu fugir de novo, mas nem sempre poderá fazer isso, ainda mais porque seu pai ficará ali por alguns dias. Rey deve estar louco agora a procurando. Mas vai arriscar, quem sabe o homem pode lhe ajudar.
— Amanhã nesse mesmo horário estarei aqui.
— Perfeito. _ Léia sorri e se aproxima, beija a bochecha da mulher, porém pega um pouco a boca, fazendo Larissa ficar sem graça. — Καληνύχτα. (Boa noite).
— Καληνύχτα, Léia.
A mais nova diz e caminha para o outro lado da praia, não pode ir direto para o hotel, até porque entraria pela frente. Olha uma última vez para Léia antes de sumir pela escadaria. A morena suspira e vai para seu caminho. Sua noite terminou melhor do que esperava e não ver a hora de chegar à próxima.
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— Espera... _ Larissa para de falar assim que escuta a voz do homem e o encara. —Você está dizendo que comeu e bebeu algo de uma desconhecida?
— Sim, mas...
— Merda, Larissa. Como é o nome dela?
— Rey, isso é...
— O nome dela.
— É Léia. _ A loira diz ao revirar os olhos e se deixar sentar melhor na poltrona do quarto, já sabendo o que o homem fará.
— Procure por uma Léia que trabalha no hotel. _ Ele fala no fone enquanto digitava algo no celular. — É essa? _ Ele aponta o aparelho para Larissa que assente. — É essa, mande o relatório para mim. _ Ele respira fundo e encara a garota. — Olha, eu sei que isso é chato, mas tem que ser assim. Não estou te impedindo que saia com ela, que a conheça, mas você foi imprudente ao comer e beber algo que ela ofereceu sem eu saber. Ainda mais ficando a sós com ela.
— Ela nem sabe quem eu sou, Rey.
— Isso é o que você pensa. Só me dê duas horas e eu te direi se ela é segura.
— Você é um chato, saia do meu quarto. _ O homem suspira, vendo a garota sair da poltrona e ir para a cama. Naquela manhã ela estava mais sensível do que o normal, algo lhe diz que tem muito a ver com essa Léia. Vai investigar, se for seguro, ajudará sua menina.
— Eu prometi para sua mãe que ia te proteger de tudo, vou cumprir, mesmo que me chame de chato.
Então sai, deixando a garota mais irritada e se martirizando por ser quem é. Não pode ser egoísta, gosta da vida que tem, viagens, festas de gala, pessoas ricas lhe bajulando por ser quem é, seu pai faz de tudo para deixá-la bem, mas essa falta de privacidade acaba com todo o encanto. É ruim, ainda mais agora que pela primeira vez na vida de fato se interessou por uma pessoa. Soube desde sempre que seu interesse por mulheres era mais forte do que breves atrações que tinha por homens.
— Ah, Léia, o que você está fazendo comigo?
Seu suspiro junto do sorriso ao falar a faz ter certeza do que estava sentindo. A brasileira é sim a primeira pessoa na vida que ela tem um real interesse.
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Léia passou todo aquele dia contando os segundos para chegar à noite. Quando o relógio em seu pulso marca dezoito, ela corre para o vestiário e então toma um banho. Trouxe uma muda de roupa mais leve, esse que é um vestido branco, ombro a ombro, vai até um pouco acima do joelho. Por cima veste uma jaqueta azul claro, pois o frio na noite da Grécia não é pouco. Despede-se de André e diz não querer o jantar, sua intensão naquela noite é outra. Sai do hotel com sua bolsa do lado e tênis nos pés. De longe observa a garota sentada da mesma forma que antes. Seu sorriso é meigo.
Não sabe o que está acontecendo, mas sua vontade é estar perto da loira, mesmo que isso signifique apenas segurar sua mão, algo em Larissa a atrai de uma forma inexplicável, apenas sua presença lhe enche de boas sensações. Seu objetivo é descobrir o que aquilo significa.
— Oi. _ A morena diz assim que chega perto da outra.
— Ei.
— Hum... Você quer... Andar um pouco? Não sei se você já jantou, mas... _ A maior coloca a mão na nuca, estando sem graça. — Gostaria de ir a algum lugar comigo?
O jeito meigo que a morena falou deixou a grega mais encantada. Larissa se levanta e olha disfarçadamente para trás da brasileira, de onde ela pode ver os dois seguranças, um deles sendo Rey, as encarando, o combinado é ele ficar de longe, mas sempre atento. Depois de sua investigação confirmou que a garota falava a verdade, como prometeu vai ajudar a protegida nos encontros, desde que ela siga o que ele disse, com certeza sair da praia não estava nos planos.
— É...
— Desculpe, eu sei que... Sei que você não jantaria comigo, a gente pode ficar aqui e...
— Não é isso. Eu já jantei. Então... Isso pode soar estranho, mas... Podemos ir para sua casa, quer dizer, não pense errado, mas...
— Eu topo. _ A morena responde rápido. — Quer dizer, é isso que quer? Posso pedir nosso jantar e comemos em minha casa.
— Sim. É... Você só pode me dizer onde é sua casa? Assim... Assim aviso minha tia para não ficar preocupada.
— Claro. É... _ Depois que a morena fala, a loira pega o celular e inicia uma ligação.
— O que aconteceu?
— Eu vou para a casa de uma amiga. Fica há uns quinze minutos. Estamos saindo agora.
— Larissa, esse não foi o combinado. Não sabemos onde é esse lugar e nem como é.
— Fica na proximidade. _ Ela olha para Léia tentando soar natural. — Acho que você pode resolver isso o mais rápido possível.
— Garota, você me coloca em cada situação. Vão para o endereço que estou mandando para vocês. _ Rey fala para os homens. — Vocês têm dez minutos para averiguar o lugar e deixar tudo na perfeita ordem. _ Eles assentem e saem rapidamente. — Enrole ela um pouco, assim que estiver liberado eu aviso.
— Tudo bem, obrigada, tia.
— Agora virei a tia. E cuidado.
— Ah, e mais uma coisa. _ Ela olha com expectativa para a morena. — Talvez... Talvez eu não volte hoje. _ O coração das duas acelera.
— Larissa...
— Eu vou ficar bem, eu prometo. _ Era só o que Rey precisa escutar.
— Eu confio em você.
— Eu sei, tchau. _ Então ela desliga. Léia sorri e lhe oferece a mão, essa que a loira segura com carinho.
— Vamos.
— Sim, vamos, podemos passar em algum lugar e comprar o seu jantar.
— Perfeito.
Elas caminham de mãos dadas pelas escadarias. Quando que estão perto do centro param em um restaurante, onde Léia pede sua comida. Elas sentam e ficam conversando um pouco sobre suas vidas, claro que a grega não falou quem é de verdade, mas de forma generalizada contou de como se dá bem com o irmão e o pai, de como foi doloroso perder a mãe... Depois caminham até chegarem à pousada, demoraram quarenta minutos nesse processo todo, suficiente para Rey enviar uma mensagem para a loira e liberar sua ida.
Assim que chega ao lugar Larissa encara tudo com atenção. Era bem simples. Um quarto mesmo, literalmente. A cama, um armário, uma mesinha onde tinha um telefone e um notebook, um frigobar e uma TV.
— É bem simples, mas é confortável.
— É maravilhoso. _ Larissa então se vira e encara a morena, que deixa sua mochila ao lado junto da comida, na verdade ela não vai comer aquilo, tem certeza.
— Você... Quer sentar? _ A brasileira pergunta sem graça, pois para essa ação só existe a cama e a cadeira perto da mesinha com o notebook.
— Ah, sim. _ Sem hesitar a loira caminha para a cama, os olhos da outra brilham, mesmo sendo uma cena tão simples, aquilo deixou a maior encantada. — Você está há quanto tempo na Grécia?
— Dois anos. _ Léia disse ao se sentar ao lado da garota, mesmo que de modo cauteloso, afinal estavam em uma cama.
— Ah, sim, um tempo bom. Gosta daqui? _ Assim que a loira pergunta os olhos da morena brilham, pois sua resposta é óbvia.
— Sim, a escolha de vir para cá foi a melhor da minha vida.
— Também gosto daqui.
O sorriso da grega deixa a outra mais ainda atraída por ela. Léia, com uma coragem que não sabe de onde veio, se aproxima mais, pega a mão da loira e segura, Larissa respira forte, sabendo o que pode vir pela frente.
Os gestos da loira deixam claro para a morena que ela não é experiente nisso, que seja um simples beijo ou algo mais. Na verdade, é bem claro para Léia que Larissa é virgem, de alguma forma estranha ela se arrepia ao apensar nisso.
Com mais coragem ainda a morena leva sua mão para a lateral do rosto da outra, que morde o lábio inferior, principalmente quando Léia aproxima seus rostos. Larissa fecha os olhos e espera pelo que vem, pelo que as duas querem. Então o toque aconteceu. Como ambas esperaram, trouxe a certeza da descoberta do novo, não apenas para a grega, que beijou poucas bocas e nunca esteve tão próxima de ter mais, como para a brasileira também, que de alguma forma inexplicável sente que encontrou sua pessoa.
Os lábios se movem com leveza, carinho, os dedos da morena acariciam a pele do rosto da menor, que suspira baixinho. Então Léia leva sua mão livre para a cintura da outra. Larissa agora gem* baixo, levando sensações para seu corpo. O beijo se torna mais urgente, ainda carinhoso, mas era evidente que as coisas estavam esquentando.
— Linda... _ A maior se afasta, então encara a loira que estava ofegante, ambas estavam. — Calma...
— Você não quer?
— Ah, meu Deus. _ Léia diz, dando um selinho na outra. — Sim, eu quero, mas... Você é virgem, certo?
— Como...
— Linda, isso é meio evidente, você é tão... Eu nem sei explicar.
— Você também é assim. Parece aquelas princesas de contos de fadas.
— Obrigada, eu acho, mas o que quero dizer é que eu quero muito, mas você precisa ter certeza, a gente se conheceu há dois dias e... Podemos esperar, acho que temos tempo, certo?
— Certo. _ Larissa sorri, mas só ela sabe como aquilo doeu. A mentira está começando a pesar para ela. – Pode me beijar mais?
— Posso, linda, eu vou te beijar a noite toda. _ Léia se aproxima. — Onde você quiser, quando você quiser, como você quiser.
Larissa sorri e aproxima as bocas. Elas ficam se beijando o tanto que podem, então a menor se deita na cama e puxa a outra para cima do seu corpo. O mais complicado de toda aquela situação é que ambas estão de vestidos, assim que as peles das coxas se tocam elas gem*m, mais uma vez a morena se afasta.
— Você não está colaborando assim. _ A morena diz, estando com os olhos fechados ao sentir a outra se mexer embaixo dela, Larissa estava provocando, porque ela nunca teve tanta certeza na vida de uma escolha.
— Eu quero...
Nesse momento a brasileira abre os olhos e encara os azuis de Larissa, que estava séria, mas certa da sua decisão. Léia queria resistir, para muitos pode ser algo comum, mas a brasileira ainda prefere acreditar que é um passo importante, que se está sendo escolhida para ter aquele primeiro momento com a loira, então deve sim se sentir especial.
— Linda...
— Eu quero!
Larissa foi mais decidida, o que faz a morena estremecer, que se dane tudo ao seu redor, ela vai fazer não só porque a outra está pedindo, mas porque ela quer, ela deseja, ela precisa estar de forma tão íntima com a grega.
— Você é linda.
Foi o que Larissa precisou para entender que a maior tinha cedido, agradece por isso, pois estava disposta a convencê-la. As bocas logo se tocam, as mãos encontram pedaços de pele livre, o que indica que roupas precisavam ser tiradas. Não demorou para acontecer, logo estavam só de calcinha, pois ambas não usavam sutiã. Léia fica de joelhos encarando o corpo da menor, saliva e suspira, pois, a perfeição seria pouco para defini-la. Sorri e volta a beijá-la.
Larissa estava não apenas ansiosa, mas também emocionada. Léia a fazia se sentir de uma forma inexplicável. Ela teve certeza daquela decisão assim que entrou no lugar e viu o quanto os olhos da morena brilhavam por coisas tão simples. Estar ali com ela é maravilhoso.
— Eu vou beijar todo o seu corpo, linda, todo ele.
A brasileira sussurra perto do ouvido da menor que estremece. Os beijos de Léia descem para o pescoço, seio, barriga, até chegar ao ventre, com carinho puxa a calcinha da menor, que respira fundo ao sentir os dedos da maior em sua pele perto da virilha. Elas já estavam excitadas.
A mais velha olha uma última vez para Larissa, que engole seco, mas assente e sorri. Então sem hesitar ela respira perto do local que tanto quer estar, logo tem sua boca contra a intimidade da loira, que gem* alto com o contato.
— Léia...
Larissa não poderia explicar as emoções que estavam sendo dadas a ela com aquele toque. Prazer, sim, prazer, porém era mais que isso. Era liberdade. Verdade. Carinho. Amor. Sim, amor. Porque ela sente que aquilo não é apenas atração, por mais que seja difícil, pode tentar lutar por aquele sentimento, ela vai tentar, ainda mais depois do que fizeram naquela noite, do que comprovou naquela noite com os toques íntimos de Léia, essa que se sentia da mesma forma. Satisfeita e apreciando a sensação de dar prazer para a loira. O gosto... Ah, sim, esse era incomparável a qualquer outro que já provou. Aquilo também lhe deu certeza que ela não queria perder.
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Léia acorda naquele dia da mesma forma de sempre, assustada por entender que estava atrasada, porém pela primeira vez ela não se importou tanto com aquilo, pois assim que abre os olhos observa a loira parada perto da sua janela. Larissa vestia uma das suas camisas brancas sociais, seu cabelo estava bagunçado, suas pernas estavam à mostra, fazendo o corpo da morena estremecer.
A arquitetura rústica, junto dos raios solares contra o rosto e o cabelo loiro da garota, sem contar ao fundo o mar fazendo seu trabalho maravilhoso toda manhã, dava a perfeição à imagem. A janela verde estava com um dos lados aberto, seguro por uma pedra que Léia sempre deixa ali para servir de apoio e impedir que ela bata pelo vento forte. Larissa tinha os dedos da mão direita perto da boca, encostada à parede feita de pedra, seu olhar perdido e pensativo fez o coração da brasileira acelerar as batidas.
— Όμορφο! (Linda) _ Quando a mais velha diz a outra se vira e a encara, sorrindo meigamente para ela. — Καλημέρα. (Bom dia).
— Καλημέρα! _ Larissa responde, volta para a cama e se deita em cima da maior, lhe dando um selinho. — Obrigada por nossa noite.
— Obrigada por me dar essa honra. _ Elas trocam mais beijos, porém a realidade voltou assim que o celular da grega toca.
— Oi. _ Ela atende.
— Você tem que voltar, seu pai acorda em poucos minutos.
— Eu sei. _ A loira suspira, recebendo um “Tudo bem”, da morena. — Vinte minutos.
— Não se atrase, estamos te esperando na rua ao lado. _ Larissa então concorda e desliga, voltando sua atenção para a garota mais velha.
— Eu tenho que ir.
— Eu também, na verdade já estou atrasada. _ A morena sorri. — Mas valeu muito a pena. _ Então elas se beijam da forma lenta de antes. — Como se sente, te machuquei?
— Não, estou ótima, você foi perfeita. _ Trocam mais um selinho e a loira se levanta.
— Quando vamos nos ver de novo? _ Larissa continua sem encará-la ao se vestir, pois sabe que a mentira uma hora ou outra iria ser descoberta, claro que sua intensão é falar a verdade, mas não agora, não depois dessa noite maravilhosa.
— A noite posso vir aqui.
— Pensei em sairmos, sei lá. Comer fora, um jantar. O que acha? _ A expectativa da morena era evidente.
— Por que não podemos ficar aqui?
— Por que não podemos sair? Por que você parece querer se esconder de alguma coisa? É terrorista? É menor de idade? Ou pior... _ então elas se encaram. — Você é comprometida?
— Não, oh, Deuses, não! _ A loira se aproxima e senta ao lado da outra, já usando seu vestido. — Eu juro, não sou comprometida.
— Então por quê? _ Larissa não responde, porque se o fizesse acabaria mentindo. — Tudo bem. _ A morena tenta levantar, mas então a outra a segura.
— Só... Confie em mim. Nossa noite foi perfeita, quero que tudo aconteça da forma correta, mas não posso te contar agora.
— Não vou insistir, Larissa, não agora. _ Léia então consegue levantar. — Vou tomar um banho. _ Elas trocam um selinho. — Você já sabe onde eu moro, estou chateada, mas não quero ficar longe de você. Então pode vir.
O sorriso da menor é o mais sincero possível, pois se dependesse dela estaria ali. Então pega o telefone ao lado e entrega para a maior.
— Coloca seu número.
Com satisfação a brasileira faz. Elas trocam mais um beijo e se despedem. Ambas ainda sentindo a emoção do que viveram na noite passada. As duas tiveram novas experiências e muita certeza das escolhas que fizeram, agora só lhes resta saber até onde aquele sentimento pode levá-las.
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Assim que Larissa entra no quarto de hotel suspira. Joga-se contra a cama e sorri olhando para o teto. Toda vez que fecha os olhos se lembra dos toques, dos beijos, do jeito gostoso que fizeram amor.
— Ela foi carinhosa?
— Muito, mas eu não vou falar disso com você.
— Eu sei que não, só queria ter certeza para não precisar matá-la. _ Os dois sorriem. — Tome um banho e se arrume, seu pai quer falar contigo. Tome cuidado, vai ter uma reunião. Você precisa falar a verdade, Larissa, ela pode descobrir da pior maneira.
— Eu sei, só... Depois, estamos vivendo esse momento, tenho certeza que se ela descobrir a magia vai acabar. Eu vou contar assim que meu pai for embora, pedirei para ficar mais uns dias e conto a verdade.
— Tudo bem, só tome cuidado.
— Eu vou, não se preocupe, caso contrário, tenho você. _ O homem revira os olhos.
— Rápido, garota. _ Então sai, deixando uma suspirante Larissa no cômodo.
O dia foi bem como Rey disse que seria. Seu pai, Nicolas, e seu irmão, Santiago, que estava se preparando para política, estavam o tempo todo perto dela. Na verdade, tempo demais, o que a incomodou um pouco, mas ela sabe que aquilo além de superproteção é a forma dos dois mostrarem a menina como um troféu. Sua beleza é invejável e ainda mais cobiçada, no entanto o que mais conta é sua maneira amigável de tratar os outros. De alguma forma seu sorriso amolecia aqueles homens, não em um contexto sexual, era mais como... Cuidado.
Larissa estava distraída conversando com Santiago que acabou sussurrando perto do seu ouvido o quanto o governador era gordo e comia igual um porco, o que a fez gargalhar gostosamente, mas então assim que seus olhos se abrem, lá está ela, parada, lhe encarando como se ela fosse a pior pessoa do mundo. Léia tinha os olhos arregalados e ao mesmo tempo marejados, dolorosos.
— Léia...
Mas a garota sai correndo, deixando não só o coração da loira desesperado, mas do seu gerente que não entende nada. Larissa pede licença para Santiago e sai da sala de jantar, o almoço estava perto de ser servido. Rey percebendo algo errado, vai atrás da loira.
— Ela me viu, Rey, ela me viu.
— Calma. Vai para o quarto, eu vou dar um jeito de encontrá-la e vocês poderão conversar.
— Mas meu pai...
— Não se preocupe, direi que passou mal. Confie em mim, vai.
Ela assente e vai para o seu quarto. Senta na cama e começa seu desesperado particular quando o segurança demora em sua busca. Sua vontade é sair dali, mas sabe que será pior, precisa confiar.
Léia, que estava do lado de fora do hotel perto da escadaria, respira fundo. Tenta entender porque Larissa brincaria com ela daquela maneira, era tão obvio o motivo dela não querer estar juntas em público, de evitar tanto contato para outras pessoas.
— Como você é burra, burra!
— Senhorita Rodrigues. _ A morena se assusta com a voz grossa. — Poderia me acompanhar?
— Por quê? _ Ela reconhece o homem, ele faz parte da segurança do presidente. Era bem claro para onde ele iria levá-la, cadeia ou morte, afinal ela chifrou o filho do homem mais poderoso do país.
— Não faça perguntas, será melhor.
Ela poderia gritar, mas a quem queria enganar? Ela só conseguia pensar em como foi idiota para Larissa, em como se deixou levar pelo seu rosto bonito, mas no final das contas era uma mentirosa que se aproveitou. Quer dizer, tecnicamente foi ela que... Ah, não importa, ela estava chateada pela mentira da garota. Mas simplesmente se deixou levar. Eles param em um dos corredores do local, aquele não fazia parte da sua área de arrumação, por isso não via os hóspedes especiais, mas sabia quem era o presidente e seu filho, futuro sucessor.
— Por que estamos aqui?
— Apenas entre. _ Rey abre a porta e dá um empurrãozinho nas costas da outra para que ela se movimente. Léia estava amedrontada, mas o fez, afinal, seria difícil esconder um corpo ali, certo?
— Por favor, me deixa explicar. _ Assim que a morena escuta a voz sôfrega da outra, toda a sua chateação vai embora, ela quer mesmo aquela explicação.
— Por favor, me diz que você não é comprometida.
— O que? _ Larissa se aproxima. Léia usa seu uniforme de camareira, não que tenha vergonha dele, mas agora, estando perto da garota, sabendo que ela faz parte de alguma forma da alta sociedade, aquilo a deixou constrangida, o que a fez se afastar quando a loira tenta tocá-la. — Não, porque você... Santiago. Meu Deus, não, ele é meu irmão.
Léia arregala os olhos, se afastando mais. Ela não tem certeza do que seria pior, Larissa ser comprometida ou...
— Oh, cacete, você... Você é filha do presidente. Oh, meu Deus! Meu Deus... _ A morena começa a andar de um lado para o outro do quarto. — Eu vou ser deportada.
— Léia...
— Você... _ Então ela encara a loira. — Você mentiu para mim. Droga, Larissa, esse tipo de coisa não se esconde de alguém.
— Se eu tivesse contado você teria ficado comigo? _ A menor pergunta de uma vez, então a morena se cala, não sabendo o que dizer. — Está aí a sua resposta. _ A loira começa a chorar, o que quebra todas as barreiras de decepção da brasileira. — As pessoas se aproximam de mim por interesse, ou se afastam por não saber lidar com isso. Eu... Eu gosto de você, não poderia correr o risco de acontecer nenhuma das opções.
A morena encara a loira que chorava, aquilo quebrou o coração dela, não resistiu e foi para perto da menor, que se deixou abraçar pela outra. Larissa não queria magoar a morena, nunca quis, ia falar a verdade, mas era complicado, agora sente muito por ter mentido, mas a reação da brasileira foi a esperada.
— Eu não quero te perder. _ A grega diz contra o pescoço da maior, mas era complicado para Léia pensar em algo sendo a loira quem é.
— Linda, você é a filha do homem mais poderoso do país e eu... Eu sou uma camareira que trabalha muito para sobreviver e mandar dinheiro para os pais, como eu...
Mas ela foi interrompida pelos lábios da menor que a puxa para mais perto. Léia queria resistir aos toques da outra, mas era impossível. Elas se apertam com força deixando as línguas se deliciarem com a certeza que estão fazendo o certo, de que aquilo não pode ser considerado errado sendo tão lindo.
— Eu ainda sou a Larissa, a mesma que você se chocou no corredor. _ A loira diz ao se afastar e encostar as testas, ficando de olhos fechados. — A mesma que você fez sorrir sob o luar, com o mar de prova, a mesma que você satisfez e lhe deu uma noite maravilhosa. Por favor, pense em mim como essa pessoa, não como a filha do presidente. Por favor...
— Linda... Ah, linda. _ Léia a beija e depois a abraça, sentindo a respiração quente da outra contra seu pescoço. — Como vamos fazer isso, Larissa? Como pode dar certo?
— Você confia em mim? _ A loira pergunta ao se afastar e recebe uma careta da maior. — Eu sei que não fui muito honesta, mas quero que me dê essa nova chance.
— Eu não sei o que você fez comigo, garota, mas faça o que for preciso, apenas permaneça.
— Eu vou, eu quero.
Elas sorriem e então trocam mais um beijo. Realmente não sabem como será aquilo, mas algo dentro de Léia lhe dá esperança.
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Os dias se passaram com lentidão, o máximo que Léia poderia ela aproveitou com sua menina. Com a ajuda de Rey, contando com o fato de Nicolas e Santiago terem ido embora, elas puderam passar todas as noites juntas, mas o dia da partida de Larissa também chegou, aquilo está sendo terrível. Estão dentro do carro, o voo da loira é em poucos minutos, mas elas não querem se separar. Rey está do lado de fora e é a terceira vez que bate no vidro.
— Eu vou voltar.
— Eu quero acreditar nisso, linda, juro, mas... É complicado.
— Eu sei. _ Larissa se aproxima e a beija novamente. — Eu tenho que ir.
— Eu sei. Droga, você poderia ser filha do Sereno, acho que um gerente eu conseguiria lidar. _ As duas sorriem e trocam mais um beijo. — Vai antes que eu te amarre e te sequestre.
— Não seria uma má ideia, mas eu vou voltar, vou resolver tudo e vou voltar.
— Eu confio em ti.
Mais beijos foram trocados até as batidas na janela ficarem incessantes. Larissa revira os olhos e então sai. Léia ver sua garota descendo do automóvel e deixa encostar-se ao banco do carro. Dali iria para o hotel, Rey conseguiu com o gerente que ela fosse deixar a “namorada” no aeroporto, já era de conhecimento do homem o romance delas.
Ambas de fato não sabem como seria aquilo, mas precisavam confiar em seus sentimentos e na esperança de que no final tudo ficaria bem.
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TRÊS MESES DEPOIS
Léia passou todo aquele tempo estando esperançosa, até hoje, mesmo que conversem todos os dias, não consegue parar de pensar que nunca mais verá sua garota. Foi uma aventura, foi amor, é amor, mas ela era Larissa Katsaros, filha de Nicolas Katsaros, o atual presidente da Grécia que ainda governará por três anos. Como aquilo poderia dar certo?
Talvez o melhor era começar a perder as esperanças, seu coração não queria isso, mas sua mente colocava as cenas bem claras para ela. Acabou, junto desse fim vinha o sofrimento. Nos últimos três dias ela passou a viver esse luto, essa perda.
Naquela quarta-feira Léia mais uma vez chega atrasada, mas Sereno a via tão para baixo que apenas lhe lançou um sorriso, ela assente e sorri de volta, então vai para o vestiário para se trocar. Assim que está pronta, encontra o chefe.
— Você está bem?
— Conformada. Mas tudo bem.
Sereno não insistiu, apenas lhe direcionou aos quartos que precisavam de atenção. Léia fez todo o seu trabalho até chegar ao último cômodo. Assim que entra, começa a arrumar tudo, porém ela escuta um som vindo do banheiro, quando a porta se abre ela se vira rapidamente, não querendo se deparar com algo constrangedor.
— Perdão, pensei que estivesse desocupado. Estou de saída. _ Fala meio sem graça.
— Que pena. _ O coração da morena dispara. — Pois é exatamente aqui que eu quero que você esteja. _ A brasileira vira o corpo com cuidado, apenas para ter certeza de que aquela era a voz da sua menina.
— Larissa...
— Oi, meu amor.
Sem esperar qualquer reação da outra, Léia vai ao seu encontro e a abraça com carinho, deixando que a emoção tome conta das suas ações. As duas não queriam se conter, nem podiam. Logo as bocas se encontram, se provam, matando a saudade.
— Senti tanto a sua falta, linda.
— Eu também, muita. _ Larissa não queria desgrudar da brasileira, da mesma forma que a morena não queria sair de perto da grega.
— Você está bem? Por que não disse que viria?
— Queria fazer surpresa. Vem. _ A loira a faz sentar na cama, sem desgrudarem as mãos. — Vim para ficar, quer dizer, quase isso.
— Como assim? _ A pergunta era cheia de expectativa.
— Fiz um acordo com o meu pai.
— Ele... Ele sabe da gente?
— Sim, contei e disse que queria ficar com você. Mas... Mas ele está fazendo do meu irmão um político, claro que não seria tão fácil. Então fizemos um acordo.
— Isso vai te prejudicar?
— Não, na verdade eu saí ganhando bastante. _ A morena franze o cenho.
— Como assim?
— Eu vou praticamente morar no hotel, desde que eu esteja disponível quando ele precisar de mim em eventos, onde toda a família precisa estar reunida. Até disse que em algum momento posso levar você.
— Oh, meu Deus, então... Então agora você é toda minha?
— Sim, sou toda sua.
Léia mal podia conter sua felicidade, então se joga contra a menor, deitando por cima do seu corpo, essa que sorri com o ato desesperado da outra. Elas voltam a se beijar, logo tirando as roupas, loucas para matar a saudade, mas antes que a mais velha continue toda a sua vontade, a loira a interrompe.
— Espera, tem outra coisa.
— Ah, eu sabia, estava bom demais, eu sabia. _ O jeito que a morena falou fez Larissa sorrir, lhe dando um selinho. Leva suas mãos para a nuca da maior e acaricia os fios negros.
— Calma. Então... _ A loira sorri sem graça, mas resolve falar de uma vez. — É... Meu pai comprou o hotel e me deu. _ Os olhos da outra se arregalam, Larissa espera ansiosa por sua reação. Aquilo era sua família, rica e que resolvia as coisas dessa forma.
— Então... Então você agora é minha patroa?
— É... Teoricamente sim. _ A grega já esperava a reação negativa da morena, mas diferente disso, Léia sorri de forma safada.
— Ah, eu sempre tive fetiches entre patroa e funcionária. Olha só, agora minha namorada é minha patroa. _ A morena começa a beijar o pescoço da loira, voltando ao seu trabalho de antes.
— Eu sou sua namorada, é?
— Ah, sim, linda. Minha namorada e futura esposa.
O coração da grega se aquece de amor. Ela não sabe se aquele desejo um dia vai se realizar, o de estar casada com uma mulher como Léia, mas de uma coisa ela tem certeza, vai lutar todos os dias a partir de agora para ter a mulher que ama sempre ao seu lado e feliz.
— Σ 'αγαπώ. _ Assim que a morena escuta as palavras ela se afasta e encara a loira, que sorria cheia de ansiedade.
— Ah, linda, eu também te amo.
Elas votam a se beijar, aquele era o primeiro dia de uma vida de amor.
Fim do capítulo
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