E o passado encontra o presente...cara a cara...
Capitulo 11 - Aparando as arestas - POV Paty
CAPÍTULO 11 - Aparando as arestas - POV Paty
Uma equipe de motociclistas da Polícia Militar de Ilhéus participou conosco da missão, nos ajudando bastante no trânsito, as motos abriam caminho, passando velozes e furiosas no meio do caos, algumas mais ousadas seguiam pela esquerda, tentando agilizar o nosso percurso a casa de Joy, outras seguiam pela direita afastando qualquer obstáculo que algum carro desprevenido pudesse causar, enfim, a equipe estava ali para evitar qualquer tipo de transtorno, as motos faziam movimentos coordenados e elegantes, nunca tinha visto tanta sutileza e precisão em meio a manobras intrépidas e corajosas, e apesar de tudo seguiam da forma mais ordenada possível, estavam apenas organizando o trânsito e nos levando em total segurança até uma rua anterior a robusta Fazenda Stella.
De onde estávamos já dava para ver a placa, a letra bastante desenhada pintada por cima de uma verdadeira constelação, uma obra de arte recém pintada, era lá que se escondia quem buscávamos há tanto tempo, a temida e quase invisível Joy, se não fosse pela nossa policial infiltrada Renata e nem pela denúncia anônima, talvez nunca teríamos chegado a descobrir seu paradeiro.
Antes de entrar na fazenda, estudamos o mapa do local, conseguido por um dos funcionários da traficante de animais, muito disposto a se livrar de ser preso em troca de informações, enfim, ele não tinha uma função direta, era apenas um dos motoristas e podemos negociar facilmente com ele. Antes de ir iniciar a missão, fui com Nick agradecer pessoalmente o apoio recebido, as motos já estavam de partida, mas estacionaram gentilmente para nos ouvir, quando desceram, tiraram seus capacetes e podemos descobrir que todas eram mulheres, foi uma das cenas mais maravilhosas que vi em minha vida de policial, quase aplaudo ao ver como eram lindas em suas motos velozes.
Depois que partiram nos posicionamos esperando as instruções para dar início a nossa missão. Apesar da nossa experiência, uma delegada da Polícia Civil de Ilhéus foi convidada a comandar a missão, o que era perfeitamente compreensível, além dela conhecer a cidade, a delegada é uma espécie de lenda viva na polícia, Dra. Nicolle Ferrari era bastante conhecida, não apenas por sua trajetória invejável, mas, por sua beleza exótica, todos que estavam ali em algum momento já tinham ouvido falar dela ou de alguma performance sua. Seus cabelos eram trançados em dreads looks, batiam no final das costas e os olhos de cor violeta contrastava com a pele bronzeada, me senti em uma daquelas séries policiais, alguns diziam que ela havia sido bailarina, outros que havia dançado música flamenca, talvez daí venha a sua postura invejável, ela tinha os olhos penetrantes e traçava estratégias como ninguém, sem querer suspirei admirada e ela sorriu, mostrando os dentes impecáveis e alinhados, ela era simplesmente incrível, parecia uma personagem saída de um filme de Carlos Saura, dava até para ouvir o som das castanholas, ela também poderia ser uma das personagens dos livros de Anne Rice, quem não gostaria de sucumbir nas presas de uma vampira dessas?, o fato é que tudo nela chamava atenção e atraia, tinha um ar de mistério, era uma verdadeira majestade a ser reverenciada, incrível como ela conseguia ser perfeita em tudo, sua presença imponente parecia abraçar os olhos cheios de perspicácia, ela tinha o feeling de quem nasceu para isso. Também não ficava atrás de homem nenhum nas operações que participa, dizem que tem um caso com o perigo, é destemida e se entrega com paixão em todas as operações que participa, sem medo algum de levar um tiro.
Só queria entender como ela faz tudo isso de uma forma tão sedutora e feminina, quando se move parece que nenhum dread sai do lugar, e como consegue agir assim sem estragar as unhas delicadamente pintadas de preto?.
- Agente Patrícia? - Ela me chamou.
- Sim?.
- Eu acabei de passar as suas instruções e parece que não me ouviu, vou repetir e pela última vez, tudo bem?.
- Desculpa, eu me distrai...
- Eu percebi, mas, não dá para se distrair no meio de uma missão tão complicada, cada segundo é precioso, entende?, por uma distração sua, você pode pôr em risco a vida de um colega ou pode morrer, e não queremos isso, não é verdade?.
Senti que meu rosto queimou e dos meus olhos escorreram algumas lágrimas, mas, não tive ninguém para me acolher, busquei um socorro em minha namorada pois de longe vi Dominique, só depois reparei que estava de braços cruzados e com um olhar que parecia que ia me fuzilar, a chamei discretamente e ela virou o rosto, irritada com meu fascínio escancarado pela Delegada Nicolle.
A caminho da fazenda consegui amenizar a situação, Nick sorriu, encostou seus lábios nos meus e assim caminhamos em direção a fazenda, entramos por um ponto cego e com muita facilidade rendemos todos os seguranças no maior silêncio e rapidez, não eram muitos, e na verdade achei todos amadores, para uma grande traficante de animais, Joy tinha um séquito muito ineficaz e inexperiente.
Nos dividimos em grupos, segui com a Delegada Nicolle, Dominique e Nina, e já estávamos a um passo da casa principal para efetuar a prisão, pois aparentemente todos que estavam na fazenda haviam sido rendidos, foi quando um homem de cabelo raspado e cheio de tatuagens nos braços apareceu saído não sei de onde, Dominique por um erro quase fatal estava de costas combinando uma estratégia com Dra. Nicolle, quando eu o vi, sua arma era de baixo calibre, mas, pela distância poderia ser fatal, tudo aconteceu em apenas uma fração de segundos, fiquei tão nervosa que deixei a minha arma cair no chão, mas, rapidamente busquei e apontei em sua direção, não sei o que aconteceu quando ele me viu, parece que ia falar algo, mas, não teve tempo, pois ele já havia sido alvejado pela Delegada Nicolle.
- Da próxima vez Agente Patrícia, não titubeie, o seu vacilo poderia custar a vida da sua namorada, uma das melhores delegadas que já conheci.
Percebi que Dominique ficou tímida com o elogio, só muito mais tarde soube que haviam sido namoradas.
Entramos seguras e muito mais atentas, deixando o corpo do homem para trás, estendido em uma grande poça de sangue, por isso que sempre falo, nunca pergunte a uma policial se ela já matou alguém, sempre pode haver essa possibilidade, fora que essa é uma pergunta indelicada e insensível, não esqueça que a morte de um ser humano jamais vai ser comemorada se não estiver lidando com alguém sem nenhum traço de psicopatia.
Preciso avisar igualmente que entramos fazendo barulho dos grandes, me senti uma grande policial, mas, logo percebi que não tinha nada a ser comemorado, rendemos a cozinheira, o motorista e uma faxineira em um cenário bem diferente do que esperava, onde estavam os capangas?, onde estavam os milhares de seguranças?, onde estavam os inúmeros empregados?, parecia apenas uma casa normal, embora bastante luxuosa de uma fazenda do interior da Bahia, enquanto eu e Nina passamos a vista na sala, observando atentamente a porta de entrada, a Delegada Nicolle interrogava os três suspeitos que estavam sentados no sofá.
- E por fim, onde está Joy? - Perguntou a Delegada Nicolle.
Foi quando vi de longe uma sombra, alguém estava descendo pela escada com um dos braços para cima, com o outro segurava um cachorrinho enquanto falava.
- Estou aqui...por favor, não façam nada com ninguém, sou a única culpada, as demais pessoas apenas trabalham para mim de uma forma pessoal, elas não tem nada a ver com o tráfico.
Eu tremi inteira, reconheceria aquela voz nem que tivesse passado milhões de anos, segui até ela de forma nervosa, minha boca tremia, tanto quanto as minhas pernas e senti por uns instantes que minha pressão despencou, foi preciso Dominique me segurar antes que caísse.
- Mariana...
- Florzinha?.
Falamos as duas ao mesmo tempo, Mariana também se emocionou, ficou pálida enquanto gaguejava meu nome e passava a mão nos cabelos sem acreditar. A Delegada Nicolle se adiantou e rendeu Mariana, já estava começando a explicar os seus direitos quando percebeu que o clima começava a esquentar entre mim e Dominique, eu fiquei irada com ela, como assim ela já tinha ficado com a minha ex?, ainda mais em um banheiro de hotel, o pior...ainda disse na maior cara de pau que a tinha levado ao banheiro só para dar um beijo, pegar um telefone, mas, acabou rolando, entendi, ela esperava o quê?, que o órgão sexual da Mariana pudesse responder alguma coisa?.
Estávamos discutindo baixinho, quando a Delegada Nicolle não concluiu o que estava falando e pediu que a seguíssemos.
- Nina, termine de explicar a situação para a traficante, preciso fazer uma rápida reunião com as duas, se houver algum sinal de fuga, pode atirar.
Segui com Dominique ao meu lado, a Delegada Nicolle pisava duro, e ia na frente com visível irritação, parando para falar na cozinha.
- Eu posso saber que ataque de pelanca foi esse?, por favor, deixem para lavar a roupa suja em outra ocasião, percebi que ambas de alguma maneira tem ligação com a traficante, como vocês sabem, eu poderia pedir o afastamento das duas agora, mas, não vou fazer, quero deixar muito claro que não me interessa em nada o passado de vocês com a tal Mariana, isso pouco importa, mesmo...percebam, Dominique é minha ex, ela terminou comigo, ainda a amo e ela sabe muito bem, e em algum momento, por um acaso, vocês me viram fazendo drama?, estão percebendo nem que seja minimamente qualquer resquício de mimimi?, NÃO!!, sabe o porquê?, aqui eu sou a Delegada Nicolle, e, agora, nesse instante, as duas são policiais, uma é agente e outra é delegada, preciso explicar algo mais?.
Concordamos e voltamos de olhos baixos para concluir nosso trabalho, nos esforçando ao máximo para manter a cara lisa após receber um Ippon, o golpe mais perfeito do Judô, aquele mesmo que determina o fim da luta.
Depois de uma rápida acareação, os empregados foram dispensados, realmente nenhum dos três tinha nenhum tipo de envolvimento com os crimes, todos eram de fato apenas funcionários, quando chegamos vimos o camburão do IML, estavam retirando o corpo do careca, enquanto a Perícia coletava algum material, foi quando Mariana gritou de onde estava, era seu irmão que estava sendo retirado dali. Ela chorou por muito tempo dentro da viatura, quando acalmou um pouco pediu para fazer uma ligação, sendo autorizada por Nicolle.
- Oi Stella, me escuta, eu não tenho muito tempo, estou sendo presa...calma amor, respira... a Federal está me levando para a delegacia, por favor ligue para meus pais...meu irmão, Stella, ele morreu...isso podia ser evitado, se eu não fosse quem eu sou...por favor, fique com o Fandangos para mim...ele é...é o meu cachorrinho, eu o adotei, se puder fale com um advogado, não...não chore meu bem, você não teve culpa de nada, os erros foram meus e só meus...tenho que desligar, te amo.
No caminho pudemos conversar, descobrimos que Cassandra nunca havia entregado a carta, e foi durante esse pequeno percurso que encerramos nossa história, e foi com muitas lágrimas nos olhos que eu vi ali renascer aquela menina que um dia conheci. Tudo perdoado, meu coração está livre, assim como o dela, nos abraçamos e senti que não mais nos encontraríamos mais, o passado ficou ali, e seguimos em busca de novos caminhos inesperados. E quanto Dominique?, tenho certeza que um dia vamos rir de tudo isso.
Quando chegamos a delegacia vi uma mulher muito bonita acompanhada de um advogado, elas se abraçaram e vi naquele abraço o amor que Mariana precisava encontrar, ela estava com aquele cachorrinho feio que vi na casa de Mariana pouco antes, e queria ser uma mosquinha para ouvir as declarações que minha amiga de infância estava fazendo, que divertido, os dias de pegadora acabaram hein Mariana?. Hahahahah.
Fim do capítulo
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Anny Grazielly
Em: 09/03/2021
Aiaiaii... que bom que houve o perdão... espero que elas voltem a se encontrar... tentar, mesmo do zero, se reconectarem com a amizade...
Andreia
Em: 10/12/2020
De algum modo ela tinha que ter tido tempo de mudar sem antes ser pega, será que Stella vai ficar com Mariana.
Patrícia quase fica sem noiva com está secada em, esta Dominique tbm em pega todas e mais um pouco e na horas da operação é hora de lavar roupa suja em Patrícia e Dominique.
Nicole colocou as duas no chinelo.
Bjs
Resposta do autor:
Todas essas delegadas tiveram inspiração nas delegadas que conheci em Curitiba rsrsrs....Nicolle é aquela delegada perfeita, linda, dedicada e destemida...rsrs
bjs
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florakferraro
Em: 06/12/2020
Aí eu imaginei tudo na cena das motociclistas.
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florakferraro
Em: 06/12/2020
A Patrícia é muito fã dessa policial, mas quem não seria, mulher fera e gata. Amei essa delegada.
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brinamiranda Autora da história
Em: 13/08/2020
O próximo capítulo vai ser o POV Mariana, vamos descobrir o que Stella vai fazer rsrsrs sei que ela está cuidando do Fandangos rsfsfs
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Gabi2020
Em: 13/08/2020
Olá!
Eita que a Patrícia babou pouco! Kkkkkk... Ah se fosse comigo, ia levar uma bela cotovelada, de deixar a bichinha sem ar.
Patrícia fica lesa quando se encanta, tá louco! Kkkkkk... Fiquei curiosa o que o Ian ia falar... Mas já era, a implacável acabou com ele.
NIck bem saindinha hein? Se pegou com a Mariana no banheiro, namorou a implacável... Essa não merece palmas e sim Tocantins inteiro!
Gente ataque de dr bem no meio da operação! Kkkkkk... Essa prisão rendeu muito mais do que a temida Joy indo pra cadeia.
Agora que tudo se acertou, a Stella vai ajudar a Mariana? Vão se acertar?
E as duas lesadinhas? Kkkkkk...
O capítulo que era pra ser dramático, acabou sendo cômico em algumas partes, muito bom.
Beijos
Resposta do autor:
Oiê, menina, Paty começou a babar com as polícias de moto, descendo e tirando os capacetes igual a um comercial de shampoo, depois babou na Delegada Nicolle rsrsfs...ela ficou encantada, acho que só parou com a tietagem depois que descobriu que a poderosa era ex da Nick, essa sim é de tirar o chapéu, a bota...tudo rsrsrsrs simmmmm DR no meio de uma missão foi comédia rsrsrs tinha que suavizar a t..
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