Como ela pôde ser tão relapsa? Tão displicente? Poderia esperar isso de qualquer um, afinal todos possuíam defeitos até mesmo os deuses, mas ela?! Não, isso não era algo que se esperasse de Athena, a deusa da sabedoria. Ela era conhecida por orquestrar estratégias, por sempre estar um passo à frente de todos os outros ou pelo menos era de se esperar que fosse assim à maior parcela das vezes.

Estava imersa em seus projetos e análises políticas na sua ala pessoal quando recebera o chamado de Annabeth, a princípio achara que não seria algo urgente, apenas os agradecimentos diários de sua prole amada, precisava se concentrar em seu trabalho, seus interesses estavam divergindo novamente com os de seu irmão e ela estava tomando as providências devidas para contornar aquele problema sem embates diretos, por mais que Ares sempre adorasse a alternativa mais desgastante.

-Athena... - a voz de Poseidon lhe chamava mais uma vez, de forma calma. - podemos resolver isso em um momento mais oportuno caso esteja muito ocupada.

A deusa limpou a garganta brevemente, mexeu em alguns documentos e voltou os olhos cinzentos a imagem do homem barbudo de cabelos escuros, olhos verdes e sorriso charmoso que lhe aguardava pacientemente até demais através da mensagem de íris.

-Sinto muito. - tentou parecer menos dispersa do que realmente aparentava. Nunca esteve tão atarefada como agora e parecia que a rede de problemas resolvera envolver seu pescoço justamente agora, pelo menos suas pendências com o deus dos mares eram resolvidas de formas um pouco mais diplomáticas, isso quando o Olimpiano encontrava-se no melhor de seus humores. - já havia sido notificada sobre a insatisfação das náiades com a construção da barragem, farei o possível para que o fluxo das águas não altere de forma prejudicial o habitat delas.

-Assim espero. - ele sorriu satisfeito. - sei que fará o melhor para que as duas partes sejam beneficiadas.

Athena agradeceu mentalmente pela imagem da mensagem ter se dissipado logo em seguida, pois a intercessão forte e devota continuou de uma forma que nunca percebera antes, merecia sua atenção e cuidado. Quando a sua exemplar Annabeth Chase se aproximara justamente da briguenta e arrogante filha do deus da guerra? A semideusa nunca demonstrara sequer qualquer afeição por outros semideuses, seja garotos ou garotas - ela até suspeitara da sua aproximação com o tal Perseu Jackson nos últimos dois anos - mas suas maiores ligações afetivas sempre foram à filha de Zeus e o filho de Hermes, nada mais que isso, sempre fora um tanto arredia quanto a aproximar-se de terceiros.

Franziu o cenho deixando todos os documentos, projetos e seus afazeres de lado para acompanhar com a devida atenção o apelo que a menina fazia... Aceitou a intercessão apenas por ser Annabeth, não que tivesse algo contra a garota de Ares, afinal se analisasse bem, a jovem salvara sua filha algumas vezes no ano passado, devia isso a ela, mas não gostava daquela proximidade, precisava tomar providências, contudo tomar providências significava que teria que mais uma vez recorrer aos dois deuses menos favoráveis a argumentações, Ares e Afrodite.

Tentou relaxar por alguns instantes em seu assento sem muito sucesso, já sentindo a leve tensão no pescoço de forma antecipada. O deus da guerra não se encontrava no Olimpo, provavelmente deveria ter se deslocado até o acampamento meio-sangue para acompanhar o ritual da filha, ou estaria na base aérea militar como era de costume nos finais do dia, já que era praticamente o seu altar particular... O que significava que deveria lidar com Afrodite sozinha, bom por um lado, ruim por outro. Ares nunca conseguia manter uma conversa de forma civilizada por muito tempo, Afrodite era quem normalmente o mantinha calmo e apaziguava os ânimos. No entanto ela possuía suas divergências com a deusa do amor, uma conversa direta com a mesma não era algo que lhe deixava completamente confortável.

Ponderava cuidadosamente sua decisão antes de realmente executá-la, não queria, no fundo se pudesse tomaria outro caminho, outras medidas, mesmo que lhe custasse um pouco mais. Recorrer a "ela" era sempre em casos extremos, pedir e dever favores aos deuses era sempre uma moeda, tinha seus dois lados e cada qual com o seu significado e o seu valor estampado... Infelizmente se tratava de um caso extremo. Era Annabeth, sua filha, não poderia falhar com ela... Não poderia falhar com ela novamente. 

~***~

-E então? - perguntou a voz masculina e de tom desinteressado. O deus menor se fez presente sem qualquer cerimônia como era de praxe.

A morena sorriu de forma contida ao escutar a voz de seu irmão, seus olhos ainda estavam presos às estrelas e seus pensamentos vagavam por lembranças tão distantes quanto se podia recordar quando Deimos chamou-lhe a atenção.

-Está feito. - fora tão direta e simples quanto seu irmão.

Deimos se aproximou a passos lentos, sabia o que aquela frase significava e o peso do tom usado por Harmonia, gostando ou não aquilo lhe irritava.

-Você se importa demais. - os olhos escuros capturaram os cor de chocolate ao segurar o rosto delicado em suas mãos. - são apenas semideuses, pare de se arriscar tanto... Ela não é sua responsabilidade!

-Sou a deusa da concórdia, tenho que fazer a minha parte. - retrucou de forma tranquila como sempre, afagando a mão do irmão que ainda repousava em seu rosto. - a balança esteve desequilibrada por muito tempo, que a profecia e o destino sigam o seu curso.

Ambos foram afetados por uma presença forte, trocaram olhares receosos, sabiam de quem se tratava e o porquê de tal deus estar daquela forma.

-Parece que teremos uma reunião familiar em breve. - Deimos tinha uma expressão séria demais para um rosto que normalmente carregava um sorriso de escárnio como o do pai ou até mesmo apreciava brincadeiras perigosas.

O sorriso singelo sumiu gradativamente do rosto da jovem deusa, suspirou brevemente ao segurar um pouco mais firme o caule da rosa que repousava em seu colo. Era o momento de ficar vigilante.

~***~

Dirigiu-se a passos ritmados, todo o resto poderia esperar, teria de esperar. Atingira o seu objetivo rapidamente, pelo menos nisso ela sabia que não estaria enganada, sabia que encontraria a outra ali quando foi tomada por aquela epifania desastrosa. Dos três talvez "ela" fosse à única que de alguma forma já aguardava os eventos sequenciais com alguma dose de certeza e isso era o que causava irritação, por menor que fosse a Athena... Afinal, em sua concepção, se ela sabia então teria poderes, soluções ou no mínimo algum caminho que pudesse interferir. Mas por que até agora ela não havia feito absolutamente nada?!

Estava em um jardim, o cheiro delicado seria calmante a qualquer ser que se aproximasse, mas a mente de Athena estava nublada pelos pensamentos, possibilidades, memórias e tudo o que aquele assunto de forma macro remetia. À medida que o som de seus passos se propagava pelo estreito caminho de pedras a figura no horizonte ficava mais clara, porém já tinha certeza que a outra notara sua presença. O jardim muito bem cultivado não servia apenas para ser belo e perfumado, mas denunciavam a presença de qualquer outro ser através de seu cheiro ou odor que cruzasse com o perfume das rosas. Também não era algo raro que a deusa e sua filha Harmonia trabalhassem em conjunto em poções e outros itens à base de seus caules, pétalas, seivas e o que mais pudessem aproveitar afinal até mesmo uma rosa possui seus espinhos para sua própria defesa.  

Cabelos cor de chocolate levemente encaracolados desciam até o meio de suas costas, pele bronzeada convidativa ao toque, o vestido branco e de alças delicadas lhe abraçava as curvas como um bom amante, era simples, mas o decote, as joias e a fenda que revelava parte das pernas torneadas eram generosos na medida certa, Afrodite nunca precisou de muito para ser exuberante. Projetava a voz de forma despreocupada uma canção em latim enquanto uma pequenina pomba branca se aventurava em brincar em suas mãos, encantada com a voz de sua senhora.

Seria uma mentirosa se não admitisse que era uma bela moldura viva, mesmo assim Athena manteve sua postura altiva, o olhar duro, mas como era de se esperar fora recebida por um sorriso singelo e encantador e por olhos que faziam qualquer mortal cair de joelhos, não possuíam uma cor definida... Castanhos, azuis, verdes, a deusa do amor liberou o pequeno pássaro de suas mãos após afagar-lhe carinhosamente o topo da cabeça. A filha de Zeus nunca lhe procurava, dificilmente conversavam, mas pelo menos haviam deixado de lado certos ressentimentos, contudo já tinha ciência sobre qual assunto se seguiria e que o mesmo não seria dos mais fáceis, nunca era quando se tratava do amor e a razão, muito menos quando eles estavam em lados opostos, mais ainda quando se tratavam de velhas feridas.

-Porque me procura? - a pergunta saiu de forma robótica. Os olhos ainda voltados para frente, mesmo que já tivesse direcionado às suas boas vindas à deusa. - se já tens a resposta.

Poderia ser um "Olá?", "Tudo bem?", algo mais amigável, mais próximo, mas possuía aquela linha tênue que preferiam tentar não ultrapassar, principalmente Athena e a outra procurava pelo menos respeitar sua decisão.

-Deve existir uma brecha, alguma forma, algum jeito... - Athena foi simples e direta, não era a primeira vez que conversavam sobre aquele assunto, porém esperava ser a última.

A deusa de olhos caleidoscópicos mordeu brevemente o canto do lábio, o tom usado pela guerreira era conhecido, lhe trazia memórias que ela não gostava de recordar. Mas o que mais lhe incomodava naquilo tudo era acharem que ela possuía alguma carta na manga, mas que não a usava por capricho ou por qualquer outro motivo banal.

-Acha mesmo que já não teria intervindo de algum modo? - devolve-lhe com outro questionamento. - eu sei que você quer proteger a sua filha, acha mesmo que sou tão insensível? - tentou conter a frustração em seu tom.

Queria fazer a maldita mulher de olhos cinzentos enxergar de uma vez por todas que nem tudo poderia correr com um estalar de dedos, até mesmo os deuses tinham suas limitações.

Sentiram uma terceira presença, as duas não sabiam como se portar, era o momento de ficarem mais tensas ou menos? Parecia que os três estavam adivinhando o que iria acontecer e pela aura que o deus da guerra estava emanando algo não estava nada bem. Athena cruzou os braços adotando uma postura mais defensiva, voltara a se perder em seus pensamentos, era a pessoa mais racional ali e pelo estado que o outro parecia se encontrar o melhor era manter-se o mais reclusa possível, o perfume das rosas ressaltou nesse momento, até mesmo a patrona do chalé 6 relaxou com o esforço que a outra estava fazendo.

-Ótimo! As duas estão juntas, isso reduz o meu trabalho. - a voz potente de Ares se fez presente assustando os poucos pássaros que ainda encontravam-se no recinto.

Os passos firmes, a expressão séria, o homem alto e forte aproximou-se sem cerimônia alguma, mesmo sabendo que sua companheira não ficaria nada satisfeita com a sua postura um tanto quanto troglodita em seu espaço pessoal.

Afrodite respirou fundo, porém devagar, suas conversas com Athena não eram das mais fáceis, isso era verdade, mas juntar os dois deuses da guerra em um mesmo local era um pouco demais, até mesmo para ela. Massageou levemente a ponte do nariz, teria que ter algum discernimento caso os dois começassem a agir como duas crianças.

-Voltando ao que estávamos conversando. - a morena de olhos cinzentos voltou sua atenção a mulher que continuava sentada, a postura impecável. - você é a única que pode fazer isso...

-Posso? - Afrodite se pronunciou pela primeira vez naquela conversa de forma um pouco mais ressentida. A deusa levantou-se devagar, o olhar indecifrável, os passos sinuosos diminuindo a pouca distância que ainda existia entre ela e Athena. - da mesma forma que pude ajudar o pobre Páris? - perguntou de forma lenta enquanto corria a ponta do dedo indicador do maxilar até o queixo de Athena, os olhos caleidoscópicos correndo dos olhos cinzentos aos lábios virgens, notando a respiração levemente desregulada. - da mesma forma que pude ajudar Helena? Como a mesma passou sua vida ao lado de um homem que nunca a amou!

Ares rolou os olhos, "aquilo" não, "aquilo" de novo não! Se deixasse aquelas duas discutiram por meses novamente sobre a guerra de Tróia. Afrodite nunca esquecera o que acontecera ao jovem e belo príncipe troiano; dos seus protegidos, Páris fora o único por quem a deusa dividira até mesmo o Olimpo. E se tinha uma guerra da qual Ares adoraria passar uma borracha seria essa.

-É claro que pode! Você é a deusa do amor! - completou o deus da guerra de forma exasperada como era de se esperar. Olhou para as duas como se a afirmação fosse à coisa mais óbvia. - mexa seus pauzinhos, faça alguma coisa, mantenha uma delas fora do caminho, acredito que isso não seja difícil pra você.

Até mesmo Athena lhe dera alguma atenção agora, ela e Ares estavam em concordância e talvez aquela fosse a primeira e única vez que tal evento aconteceria.

-Exato! Eu sou a deusa do amor. - ela repetiu com a voz levemente desdenhosa. - e como os dois bem sabem há coisas que nem mesmo o todo poderoso Zeus tem o poder de interferir. - lembrou Afrodite de forma cética, o que não era exatamente do seu feitio. - Silena, uma de minhas filhas, me procurou há dois anos, juntamente com a filha de Ares... - comentou enquanto se distraía com uma rosa próxima a ela, repassava em sua mente o que acontecera naquele dia. - ela tentou de todas as formas quebrar a ligação e me procuraram na excursão que o acampamento fez ao Olimpo, mas não foi possível.

-E pelo que me parece as duas já andam bem próximas... - complementou Ares passando os dedos pelos fios escuros, as mãos ligeiramente menos trêmulas que antes. - sua filha não perde tempo, não é mesmo? - alfinetou o deus de forma sarcástica.

-Não sei do que está falando... - Athena ergueu a sobrancelha devagar, não era algo fácil lhe tirar a calma, mas que seu irmão não fosse um tolo em achar que poderia dizer asneiras sem retorno. - mas meça bem suas palavras ao falar o que for da minha filha. 

-O que? Vai me dizer que não sabe que as duas dormiram juntas?  - provocou o deus novamente diminuindo a distância entre os dois. - como sempre a última a saber, não é mesmo "maninha"? Deveria cuidar melhor dos seus filhos. - ele coçou o queixo enquanto o sorriso malvado brincava em seu rosto. - ok, vamos para algo mais fácil, talvez a grandiosa Athena, queridinha de Zeus, consiga me responder agora. - ele elevou novamente o tom de voz se distraindo com a abotoadura dourada no ombro da deusa. - vai me dizer que não sabe da porr* do colar?

Athena estreitou ainda mais os olhos, ela olhou do irmão para Afrodite, como se estivesse esperando alguma coerência na fala dele, definitivamente havia surtado de vez, porém estava mais preocupada com a sua falta de cuidado com a filha. Deveria ter tomado uma atitude mais prudente com Annabeth, sabia que poderia ter alguma possibilidade, alguma aproximação mesmo que mínima, afinal profecias dificilmente poderiam ser mudadas e quando se tentava manipulá-las o resultado poderia ser ainda pior. Deveria ter dividido sua essência para acompanhar de perto cada passo seu, havia errado terrivelmente.

-Silena as uniu... - confirmou Afrodite sem rodeios, afinal não havia porque para tal. - tornou a conexão entre elas ainda mais forte, é tudo o que sei, mas não achem que eu não a recriminei por isso. - explicou-se logo em seguida antes que os outros dois respingassem qualquer resquício de culpa sobre ela, afinal quando se tratava de impulsividade e imprudência a culpa era sempre jogada para ela.

-Eu não sei nada sobre o colar, sabe bem disso, sabe que ele se perdeu após a guerra. - respondeu a deusa tentando manter a tranquilidade perante o deus da guerra, mas já dava leves passadas de um lado para o outro, também via o esforço de Afrodite para poder manter todos ali com alguma sanidade. - não podemos deixar que isso aconteça, eu perdi uma filha uma vez, não vou perdê-la novamente...

-E o que você fez por ela Athena? O que você fez por sua preciosa filha? - a voz de Ares saiu de forma tão baixa, que só pôde escutar porque o homem estava extremamente próximo, tão próximo que conseguia sentir o seu hálito. Ele deu mais um sorriso de escárnio e se afastou antes de esbravejar. - Devemos refrescar a memória dela Afrodite?! Você não estava preocupada com a sua filha, você estava com raiva porque o seu símbolo e espelho de castidade e pureza havia sido maculado!

-Ares... - A voz de Afrodite lhe chamou de forma um pouco mais incisiva, seu olhar cruzou o de Athena como se tentasse apaziguar a situação delicada para ambas as partes.

-Quem é você para me dar lições? - perguntou de forma superior. - você nunca se importou com ninguém, você só se interessa por algo se isso for lhe beneficiar de alguma forma, qual importância você dá aos seus filhos? Qual reconhecimento você já deu aquela garota desde que ela salvou o seu traseiro egoísta após a sua traição!

-A garota a frente do meu chalé?! - Ele deu uma risadinha retirando uma pequena garrafa do bolso da jaqueta e bebendo um generoso gole. - você está mesmo querendo fazer algum tipo de comparação? Eu perdi a melhor guerreira que a Grécia já teve! - berrou Ares em plenos pulmões novamente, a veia proeminente em sua testa ficando evidente e os orbes de fogo brilhando. - e tudo por causa da SUA FILHA!

Naquele momento o deus da guerra havia cruzado uma linha extremamente tênue e perigosa da qual ele havia esquecido. Seu descontrole o levava a dizer barbaridades desmedidas, principalmente quando se tratava de bater boca com sua irmã, mas ele havia se esquecido de alguém muito fácil de se magoar.

-ARES, JÁ CHEGA! - a voz de Afrodite saiu mais forte e cheia de si do que normalmente utilizaria. 

O deus da guerra ficou estático, Athena permaneceu em sua posição, até mesmo ela teria sucumbido à ordem e ela sequer era vulnerável aos poderes da deusa do amor. Ela poderia ter revidado, poderia ter feito Ares engolir cada palavra, mas sabia que o irmão estava magoando também a sua companheira ao falar daquela forma indireta sobre o amor. Athena aprendera com o tempo que Afrodite era bem mais que deusa dos sorrisos, beleza,  amor e paixões e que desafia-la não seria das atitudes mais inteligentes.

Ares tentou se mover, os olhos cintilantes em ódio na direção de Athena, mas estava sob o domínio de Afrodite e ela não estava brincando, se fosse um mortal ou até mesmo um semideus teria sucumbido a loucura imediatamente.

-Vamos velhote, acabou a festa! - a voz de Deimos lhe distraiu por alguns milésimos, mas fora o suficiente para que a marionete das sombras envolvesse o deus da guerra.

-Mãe, por favor. - a voz de Harmonia suplicou enquanto o chicote de rosas prendia Ares e ao mesmo tempo tentava entorpece-lo.

Athena tomou a atitude mais prudente possível e sumiu com Afrodite do local em uma névoa, Deimos e Harmonia teriam de ser suficientes para conter o furioso deus da guerra. Afrodite ainda tinha o olhar perdido quando apareceram em seus aposentos, às mãos da guerreira pousaram em seu rosto, forçando o contato visual.

-Está tudo bem... - disse da forma mais calma que conseguiu. - Afrodite, olhe pra mim.

Sentiu a deusa do amor relaxar aos poucos com o seu toque, porém a expressão magoada ainda era perceptível.

-Vocês sabem o que tem que ser feito. - disse a morena da forma mais firme que conseguiu, ela se desviou do olhar e do toque de Athena. - uma vez na vida parem de ser tão egoístas e tomem a decisão certa.

Fim do capítulo