POV JULIA

    Sai da sala de Fernanda cuspindo fogo, eu não tinha nada contra Elis, mas só de lembrar que ela já tocou o copo de Fernanda a raiva me consumia, eu nunca fui muito ciumenta, porem tudo mudava de figura quando se tratava de Fernanda. Entrei em minha sala e abri a gaveta onde eu tinha guardado um par de alianças que comprei há um tempo, eram lindas e eu estava doida pra usar a minha.

      Eu estava decidida em pedi-la em namoro, estava ensaiando o pedido há semanas, mas sempre acontecia algo e eu acabava me desencorajando. Eu amo aquela mulher, amo tanto que não quero nem pensar em perdê-la novamente. Guardei a caixinha rapidamente quando ela bateu em minha porta e entrou.

-O que você queria que eu assinasse? –Fernanda colocou a cabeça pra dentro da minha sala e eu fingi desinteresse.

-Não precisa ser agora, você está ocupada com a sua visita. – Eu estava com raiva, e não queria encarar ela.

-Você sabe que nós somos só amigas. – Sei amigas, Alice e Dana também eram só amigas, pensei com meus botões*.

-Sei amigas, que já ficaram né? – Ai que raiva dela, minha vontade era encher ela de beijos, e esquecer isso.

-Você com ciúmes é fofo, mas eu não gosto que sinta ciúmes atoa. – Eu olhei dentro dos seus olhos. – Eu não quero que tenhas motivos pra sentir ciúmes, eu quero te dar a certeza que eu pertenço a você e que eu sou completamente apaixonada por você.

    Meu coração aqueceu e eu dei o meu melhor sorriso e fui retribuída.

-Não consigo pensar em nós duas sem fazer planos pro futuro. – Ela estava tão tranquila e meu peito parecia uma escola de samba. – Por isso eu quero saber se você quer namorar comigo?

    Minhas mãos estavam tremulas e ela logo percebeu, eu fiquei um tempo calada tentando assimilar o que tinha acontecido, e vi que ainda não tinha respondido a pergunta.

-Ju fala alguma coisa? – Ela me tirou do transe. – Eu fui precipitada?

-Desculpe-me. – Seu olhar era apreensivo. – Eu não estava esperando por isso.  

-Então esquece o que eu disse, eu não devia ter feito isso. – Ela já ia se levantar e eu segurei seu braço.

-Não, você não foi precipitada. – Abri a gaveta e fui até ela. – Eu só não esperava de você fazer o pedido antes de mim.

    Mostrei-lhe a caixinha com o par de alianças, ela me olhou surpresa e sorriu lindamente.

-Eu não consigo mais imaginar minha vida sem você. – Eu peguei a mão dela e deslizei o anel. – Esse é o primeiro sim que eu quero ouvir de você!

-São lindas Julia! - Vi uma lagrima rolar e ela secou rapidamente.

-Algumas pessoas passam a vida procurando seu lugar no mundo, mas eu soube que havia encontrado o meu quando vi você pela primeira vez. – Estávamos de mãos dadas e eu estava me segurando pra não me emocionar. – Quando nós nos perdemos eu pedi parte da minha felicidade, e hoje eu só me vejo completa tendo você ao meu lado. Sim eu aceito ser sua namorada, é o que eu mais quero!

-Eu amo você! – Eu não esperava ouvir isso dela, e meu coração transbordou de alegria.

-Eu te amo tanto! – Colei nossos lábios selando aquele pedido que foi tanto esperado por mim, finalmente eu estava ali diante da mulher que sempre amei a quem eu sempre pertenci. – Minha namorada!

-Sua namorada! – Ela sorria lindamente e eu não queria me desgrudar dela. – O que você acha da gente sair pra comemorar mais tarde?

- Eu acho uma ótima ideia! – Estávamos abraçadas ainda. – Podemos ir ao meu apartamento.

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-Combinado. – Demos mais alguns beijos até que ela se desgrudou. – Preciso ir pra minha sala, te vejo mais tarde namorada!

    Ela saiu e eu ainda sentia meu corpo todo reagindo ao pedido dela, eu amo essa mulher e nada vai fazer com que eu a peca novamente, minha vida agora é ao lado dela e ainda vamos viver nossa historia de amor.

       Não havia nada no mundo que me deixasse mais feliz do que estar com Fernanda, ela realmente me completava, nosso namoro era algo natural e gostoso. Já tínhamos assumido nosso romance pra todos do nosso circulo, e não tínhamos o porquê de esconder esse amor tão lindo que tínhamos até Luíza nos parabenizou quando contamos, ela também estava super feliz com a Silvia, e isso me deixava feliz por ela. Minha família e a de Fernanda combinavam tanto que nem sei, meu pai amava estar na companhia de dona Marta e eu até tirei sarro dele algumas vezes, Felipe e Tito estavam um poço de amor, os dois não fazia mais nada separados e isso logo ia dar em casamento. Em alguns finais de semanas a gente se juntava e era festa garantida eu amava aqueles momentos “em família” Até Cláudio e Helen participava conosco.

     Era sexta uma sexta à noite e eu estava muito irritada, pois Fernanda não quis dormir comigo, eu fiz de tudo e ela recusou de todas as formas. Amanhã era o meu aniversario e eu só queria acordar ao lado dela e ela pareceu não dar a mínima pra isso, liguei pro Felipe na esperança dele vir ficar comigo e ela também me dispensou dizendo que tinha que ir trabalhar na boate. O que me restou foi uma garrafa de vinho e um filme na Netflix. Acordei com o corpo dolorido por ter dormido no sofá, alcancei meu celular pra ver as horas e tinha mensagem de Luíza, Josy e alguns familiares me desejando parabéns. Decidir tomar um banho eu ainda estava irritada, Fernanda nem tinha dado as caras.

-Alô? – Atendi ao telefone que tocou assim que sai do banho.

-Oi amor, tudo bem? Só liguei pra dizer que eu vou buscar Elis no aeroporto e não sei se vejo você hoje. – Era Fernanda e quando ela disse isso meu sangue ferveu. Como assim ela ia buscar Elis, e nem se lembrou de que meu aniversario era hoje? – Tchau e um beijo tá?

      Desliguei e joguei o aparelho na cama, que ódio eu estava sentindo dela, ela simplesmente me ignorou, mas ela ia ver comigo depois eu ia fazer pior, não ia dar nenhum pingo de atenção a ela pelos próximos três meses.

      Todo ano no meu aniversario eu passo lá no orfanato pra ver minhas crianças, esse ano queria ir com Fernanda, porem isso não ia rolar já que ela tinha outros compromissos. Me arrumei com uma roupa confortável, e fui tentar esquecer a raiva que eu estava sentido da minha namorada, avisei a irmã Tereza que eu estava caminho e parti pro orfanato.

       Cheguei por lá e estava estranhamente silencioso, geralmente aquele horário as crianças estariam no pátio, mas não tinha ninguém por lá. Encontrei uma das irmãs que me guiou pra onde supostamente as crianças estavam. Entrei e estranhando tudo aquilo quando no salão principal fui surpreendida por uma galera que estava esperando que eu chegasse.

-SURPRESAAAAAA! – Todos gritaram juntos e minha namorada foi a primeira a correr pra me abraçar.

Fim do capítulo