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If I should fall, perpetual run por JennyB

Ver comentários: 3

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Palavras: 4157
Acessos: 4440   |  Postado em: 12/07/2020

Capitulo 56. A semana mais longa - Parte 3

A ruiva entre abriu os olhos, percebendo a notável proximidade entre elas. Alice estava prestes a beijá-la, isso estava claro.

            Emily também queria beijá-la, desejava entender o que aquela sintonia entre elas significava para ela. Mas além de todas as coisas racionais que deveriam proibi-la de fazer isso agora, havia uma importante questão a se analisar: Esse seria seu primeiro beijo, pelo menos, o primeiro do qual se lembraria. Seus olhos buscaram pelos lábios de Alice, despertando em seu corpo ainda mais vontade de beijá-la ao encontra-los.

Seu olhar relutou para deixa-los, mas ela sabia que isso não poderia acontecer. No fundo, Emily sabia que beijá-la agora iria contra tudo que se dispôs a fazer para se conhecer melhor antes de se aproximar das pessoas do seu passado. A atração, o desejo, o nervosismo... Todos esses sentimentos eram reais para ela, mas do outro lado da história havia uma mulher incrível que carregava um sentimento muito mais poderoso que qualquer coisa que ela pudesse sentir agora, e isso também era real, o relacionamento que elas tiveram no passado era real, e isso também precisava ser levado em conta. A ruiva entrou em um conflito interno que envolvia não apenas os seus desejos, mas também a razão de suas atitudes, e o cuidado com o sentimento de Alice.

Seus olhos encontraram-se com os da morena, e antes que a outra pudesse tentar uma aproximação final que resultaria no tão esperado beijo, Emily desviou o rosto.

-- Eu preciso ir pra casa. – As palavras saíram de uma só vez, cuspidas em meio a uma respiração doída.

            Alice reagiu de forma instantânea às palavras, retirando a mão do rosto de Emily em um único movimento. Suas bochechas tomaram uma coloração rosada enquanto ela pressionou os olhos e os lábios, repreendendo-se pela situação que havia causado.

            Alguns sons saíram da boca da morena, em uma tentativa falha de responder, mas nada que Emily pudesse ter entendido, deixando-a extremamente desconfortável com a proximidade que Alice foi incapaz de encerrar.

            Emily esgueirou-se pela brecha que havia entre a parede e o corpo de Alice, buscando uma distância segura que pudesse evitar uma nova situação como aquela. Afinal, havia sido extremamente penoso se afastar de Alice da primeira vez.

-- Você pode me levar? – A morena ainda não havia sequer se mexido, e por breves segundos, aquilo fez com que Emily quisesse rir da situação.

            De um modo egoísta, era bom saber que Alice também queria beijá-la ali, que o desejo era correspondido, e isso dava um frio na barriga na ruiva.

-- Claro! Eu... – Alice virou-se e encontrou uma Emily curiosa cercando-a de olhares por todos os lados. – Eu levo. – Sentiu suas bochechas arderem.

            A advogada não sabia se deveria se desculpar por ter se aproximado daquela forma, mas escolheu não fazer quando se recordou do semblante de Emily completamente entregue ao toque. Não havia do que se desculpar, e ela poderia ter toda a paciência do mundo com Emily, mas não ousaria esconder seu sentimento por ela outra vez. Muito pelo contrário, Alice pretendia deixa-la completamente ciente do seu amor e do quanto a queria.

-- Você quer comer algo antes de ir? Está com... – Foi interrompida.

-- Não. Eu realmente preciso ir. – Olhou no relógio do celular. – Está quase na hora do meu remédio. – Completou ao ver Alice franzir o cenho. – Para dormir. Remédio para dormir.

            O percurso até a casa de Emily foi exatamente igual ao de ida, em completo silêncio. Ambas estavam desconsertadas com a situação que havia ocorrido minutos antes, e falar sobre qualquer outra coisa agora simplesmente não parecia certo, e muito menos confortável.

-- Alice... – A ruiva já estava com a mão na maçaneta da porta quando decidiu dirigir-se a ela. – Obrigada pela coragem de hoje. – Virou-se de frente para a morena, alcançando seu rosto envergonhado. – Eu tenho consciência de que isso também não é fácil para você, na verdade, para nenhum de vocês. – Os cantos da boca de Alice ergueram-se em um sorriso um tanto quanto ressentido.

-- Por mais que possa ser tarde agora... Se serve de alguma coisa, eu realmente sinto muito por não ter tido essa mesma coragem antes. – Aquelas palavras maltrataram seu próprio coração, mas o que estava prestes a dizer seria ainda pior. – Eu não paro de pensar que se eu tivesse contado toda a verdade a você antes, esse acidente, nós... – Engoliu seco. – Nada disso teria acontecido. – Alice apertou as mãos no volante.

-- Talvez. – O par de olhos azuis percorreu desde as mãos de Alice até o seu rosto novamente. – Mas ai eu teria caído de uma montanha ou algo do tipo. – Alice levantou o cenho, surpresa com a leveza das palavras da ruiva. – Eu acho que as coisas acontecem do jeito que tem que acontecer. Se não fosse o acidente de carro, seria outra coisa. E como você disse, se serve de alguma coisa, eu não culpo vocês, nenhum de vocês. – Emily esboçou sua opinião tão pacatamente que sequer percebeu o poder que aquelas palavras tiveram sobre Alice, entregando-a um perdão indireto, um alívio de toda a culpa que carregou todos esses anos com ela.

            As mãos da morena afrouxaram o volante, e embora sua vontade fosse de pular em cima de Emily em agradecimento ao cuidado naquele momento e a sinceridade, ela se manteve firme em seu lugar, permitindo-se observar o olhar calmo da ruiva e a forma que seus lábios moviam-se ao falar.

-- Não pelo acidente. – Seu semblante ficou nublado. – Mas nem ouse mentir dessa forma de novo para mim. A Emily de antigamente podia aceitar esse tipo de coisa, ou não... Eu não sei. – Olhou pela janela do carro antes de afirmar. – Mas eu não aceito. – Alice entreabriu a boca, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, Emily continuou. – E não esperem total confiança da minha parte agora. Porque eu posso não me lembrar do que aconteceu, mas me embrulha o estomago pensar no que vocês fizeram pelas minhas costas. E você pode até ser essa pessoa adorável que tem sido nos últimos dias, mas... Não muda o que você já foi capaz de fazer.

-- Eu entendo. – Alice falou em um tom baixo. – E não tem problema, de verdade. Se eu fosse você, também não confiaria em mim logo de cara depois do que te contei. – A morena deu três toques no volante com o indicador. – E embora eu não possa afirmar que não tenho pressa para conquistar isso, porque óbvio, eu estaria mentindo – Deu-lhe um sorriso porco. – Eu sei ser persistente. E eu tenho total consciência do meu erro com você, e eu jamais faria isso de novo Emily.

-- É bom mesmo! – A ruiva sorriu de volta. – Só é uma pena saber que isso só está valendo deste exato momento em diante.

-- Hã? – Alice ergueu as sobrancelhas e o ombro.

-- Você mentiu para mim hoje, mocinha. – Emily segurou o riso e forçou um semblante ríspido.

-- Como assim? Eu não menti p... – A ruiva interrompeu.

-- Você disse que não havia segundas intenções no seu convite... – Emily saiu do carro de pressa, segurando-se para não gargalhar alto enquanto zombava da situação no quarto com Alice.

            Antes que a morena pudesse responder, Emily abriu o portão e entrou na casa, berrando um “Até mais”.

            Na manhã seguinte, Emily foi acordada pela sua mãe, que adentrou ao seu quarto após bater na porta algumas vezes.

-- Emily, querida, está na hora de levantar. – Aproximou-se da cama, sentando na borda da mesma enquanto observava a filha resmungar algumas coisas.

-- Você pode não se lembrar, mas fazia exatamente assim antes. – Balançou a cabeça, negando-se a acreditar que a filha continuava difícil de acordar.

-- Que culpa tenho eu se você tenta me acordar de madrugada? – Emily puxou o cobertor para cobrir a cabeça enquanto continuava a reclamar.

-- De madrugada? Emily, já são 10h da manhã! – Katrien segurou o riso. – Vamos, ou vai ficar sem café da manhã.

            Emily abaixou o cobertor até a altura de seu nariz e seus olhos logos alcançaram a mãe.

-- Café da manhã, as palavras mágicas para se acordar alguém FAMINTA! – Emily atirou o resto do cobertor para o lado e sorriu para a mãe.

            A ruiva tomou café da manhã na companhia de sua mãe, que apenas sentou-se na bancada com ela, pois já havia comido. Algumas perguntas haviam surgido em relação ao dia anterior na casa de Alice, mas Emily não falou sobre o quase beijo.

-- Bom, pela sua curiosidade no meu dia de ontem eu presumo que você sabia do meu relacionamento com ela, certo? – Katrien espantou-se com a forma direta na qual Emily havia abordado aquele assunto. – Você era tranquila quanto a isso? Digo... Quanto ao fato da sua filha se relacionar com outras mulheres?

-- Sim e... Sim? – Respondeu em meio a um sorriso. – Vocês conversaram sobre muita coisa ontem então.

-- Sim e... Sim? – Repetiu a resposta da mãe em provocação a sua resposta curta. – Você também sabia que ela já havia ficado com a Anne pelas minhas costas?

-- O QUÊ? – A mãe arregalou os olhos, e tocou na mão da filha sobre a bancada. – Elas o quê? Anne traiu o seu irmão com ela?

-- Não mãe, não. Isso foi antes, quando eu aparentemente estava fazendo faculdade. – Um semblante curioso tomou conta do rosto de Emily. – Aliás, eu sou formada em quê?

-- Ah, menos mal. Mas ainda assim, muito mal! – Fechou a cara. – Você se formou em Engenharia da Computação, filha.

-- Quanto tempo jogado fora. – Emily lamentou enquanto mordia outro pedaço de pão.

-- Não fala assim! Você ainda pode recuperar a sua memória e... – Foi interrompida.

-- Ah, claro. – Falou ainda de boca cheia.

            Antes que Katrien pudesse argumentar qualquer outra coisa, a campainha tocou.

-- Vou ver quem é. – Katrien se levantou e foi até a porta.

-- Anne. É a Anne. – Murmurou quando sua mãe já não estava na cozinha.

            Emily tomou um ultimo gole de café, mas antes que pudesse se levantar da bancada, sua mãe retornou para a cozinha acompanhando a tão esperada visita: Anne.

-- Bom dia. – Anne recostou no batente da porta que dava acesso a cozinha.

-- Bom dia. – Emily olhou-a de rabo de olho ao se levantar. – Mãe, eu vou trocar uma palavrinha com a Anne lá em cima, tudo bem?

-- Porta aberta, Emily. – Katrien alertou, fazendo com que a ruiva a repreendesse com o olhar antes de sair da cozinha.

            Ao chegarem no quarto, Emily não obedeceu ao pedido de Katrien, tendo a consciência de que os ânimos poderiam ficar alterados durante aquela conversa.

-- Você e o Robbert já conversaram sobre o que aconteceu? – A ruiva se jogou na cama, recostando sobre a cabeceira enquanto a fitava.

            Anne deixou sua bolsa sobre a cadeira da escrivaninha, e retornou seu olhar para Emily, claramente incomodada com aquela pergunta.

-- Não tem o que conversar, Emily. Seu irmão é um idiota. E ele nunca mais irá encostar aquelas mãos em mim novamente! – A ruiva deu de ombros, não tinha muito o que fazer em relação a isso, mas pergunta-la sobre parecia o certo a se fazer. – Mas não foi por isso que eu vim até aqui.

-- Eu sei. – Seu olhar cruzou-se com o de Anne, permitindo-a notar o nervosismo escoar pelos olhos. – A tal história de como você e Alice foram as responsáveis pelo meu acidente, é disso que você quer falar.

-- Posso me sentar ai? – Soou receosa.

-- Claro. – Emily ajeitou-se na cama para que a outra pudesse se acomodar por lá.

            Ao sentar, Anne começou a contar tudo que a ruiva já havia ouvido de Alice, mas dessa vez, a partir da perspectiva dela. Toda a história bateu, a da bebedeira, da manhã seguinte e também sobre terem entrado em um consenso de não contar nada a Emily. O único detalhe da história na versão de Anne era que ela não sabia quanto tempo Alice havia tido para contar a verdade para ela. Afinal, Alice não havia contado muitos detalhes sobre isso para Anne.

            Ao concluir, o silêncio por parte da ruiva a incomodou.

-- É isso? Você não vai me perguntar nada? Não tem nenhuma dúvida sobre a história que acabei de te contar? – Anne ergueu as mãos.

-- Na verdade, não. – Emily pressionou os lábios enquanto a observava. – A história de vocês realmente encaixou.

-- Vocês, tipo, no plural? – Arqueou as sobrancelhas, confusa.

-- Você e Alice. – Afirmou. – Eu pedi que ela me falasse sobre isso ontem.

-- Ah, claro... Alice. – Anne falou em um tom baixo.

            Anne se levantou da cama, seu corpo estava rígido e o olhar escuro, coberto de raiva e incomodo.

-- Aposto que ela te contou também sobre o fato de ter deixado você de lado enquanto estava em coma.

            Por mais que aquelas palavras tivessem doído em Emily, ela logo percebeu onde a outra queria chegar com aquilo tudo, cortando-a antes mesmo que ela pudesse começar.

-- Ela não precisou. Eu percebi que demoraram sete meses desde que eu acordei para ela aparecer por aqui. – Os olhos da ruiva estreitaram-se.

-- E você não perguntou a ela por onde foi que ela andou esse tempo todo? – O canto da boca de Anne ergueu-se em um sorriso de lado. – Porque ela ficou um ano inteiro sem buscar por noticias suas, e quando sua mãe ligou para ela, para contar que você havia acordado, ela sequer atendeu a ligação, ou respondeu alguma das mensagens que recebeu.

            Anne tocou na ferida aberta ao mencionar todos estes pontos, e aquilo deixou Emily completamente irritada. Ela ajeitou sua postura na cama, deixando a coluna ereta enquanto enfrentava o olhar da outra.

-- Aparentemente isso está interessando mais a você do que a mim, não é mesmo? – Forçou um sorriso irônico.

            Embora Emily houvesse devolvido o questionamento de Anne com outra pergunta, a verdade é que ela não havia parado para pensar nisso até agora. Se Alice a amava, o que estava claro para Emily que era verdade, porque ela havia se afastado dessa forma? Qual o motivo dela não ter voltado antes para encontra-la? Sete meses. Sete meses foi o tempo em que Alice demorou para aparecer, e os questionamentos de Anne levantaram perguntas que Emily não havia feito a si mesma antes, deixando-a desconfortável não só com Anne, mas também com a Alice.

-- Talvez. – Anne repensou sobre o que havia falado. – Na verdade, me desculpa. Eu não deveria me intrometer na história de vocês e...

-- É, não deveria. – Interrompeu-a.

-- Eu só fiquei com raiva, só isso. Era para eu ter te contato isso primeiro.

-- Anne, meu amor – Foi irônica. – Não faz diferença quem contou ou não primeiro. Vocês esperaram o pior acontecer para tomarem a iniciativa. – O sorriso que tomou os lábios de Emily era de total descrença no que havia acabado de ouvir de Anne e também um pouco de deboche.

            As palavras da ruiva machucaram Anne, que abaixou o olhar assim que terminou de ouvi-la. Por pior que aquelas palavras pudessem ter sido, era verdade. Elas tiveram oportunidades para contar isso antes e não tiveram coragem. Foi preciso uma situação como essa, de quase perderem a Emily para sempre para que lhe contassem toda a verdade.

            Em situações como essas, as pessoas finalmente param para pensar em todas as suas atitudes, refletindo todas as coisas que poderiam ter feito melhor ou até mesmo diferente, e mesmo sem ter vivenciado algo semelhante, até Emily tinha plena consciência disso. Aquilo lhe doía, porque elas não haviam mudado por iniciativa própria, o destino forçou-as a isso. E a esta altura do campeonato, como Emily saberia quem seria honesta em contar essa história se as coisas tivessem acontecido de forma diferente? Não tinha como saber.

-- Eu vou te dizer a mesma coisa que disse a ela, porque você também merece saber. – Anne levantou o olhar ao ouvi-la, atentando-se aos seus olhos. – Eu não as culpo pelo acidente, ok? As coisas acontecem por um motivo, e se não fosse um acidente, outra coisa teria acontecido. – Emily desviou o olhar, observando o sol lindo que estava raiando neste dia. – Vai ver foi Deus. Talvez ele tenha me dado uma nova oportunidade de tentar ser alguém melhor... Ou diferente, sei lá. – Seu olhar pairou sobre o céu enquanto pensava no que havia acabado de dizer.

-- Você não... – Anne não conseguiu continuar, e sequer permitiu-se acreditar no que havia acabado de ouvir. – Todos esses anos nós... Nós achamos que a culpa tinha sido nossa por não ter contado antes e...

-- Não foi, Anne. – Interrompeu. – Ao meu ver, pelo menos, não foi. – A ruiva retornou seu olhar para a morena, percebendo que assim como Alice, os olhos de Anne marejaram ao ouvi-la isentá-las da culpa que carregavam. – Isso só não diminui a merd* que fizeram ao esconder isso de mim. Mas também não as tornam responsáveis pelo acidente. Pra falar a verdade, nem o tal de Matheus tem culpa. Talvez nem o pobre do caminhoneiro tenha. – A ruiva franziu a testa, surpresa com suas próprias palavras.

-- Definitivamente você não é a mesma pessoa. – Anne pressionou os lábios em um sorriso aliviado, aproximando-se da cama.

            Sentou-se ao lado de Emily e levou uma das mãos até a testa da outra, verificando sua temperatura.

-- Era só para me certificar que você não está delirando em febre ou algo do tipo. – Deu uma risada.

-- Anne? – Emily afastou seu rosto da mão dela, mantendo seus olhos firmes em sua direção. – Eu preciso me desculpar com você.

-- Pelo quê exatamente? – A morena enrugou o cenho e nariz.

-- Por ter sido rude com você no dia em que você e o Robbert brigaram. – O canto dos olhos da ruiva estavam franzidos, e estreitos. – Os meus nervos também estavam à flor da pele daquele naquele dia, com a situação toda entre vocês, e a ideia de pensar que você, uma pessoa que estava tão próxima de mim, poderia ter feito algo diretamente para causar o meu acidente me deixou perturbada. Eu acho que não raciocinei direito, e com certeza não estava preparada para te ouvir.

            Anne consentiu ao dizer que estava tudo bem, e que entendia o lado da ruiva naquela situação.

-- Mas você também foi rude hoje. – Completou.

-- Por hoje eu não tenho do que me desculpar, e nem vou. Você se mete demais na minha vida às vezes. Já percebeu isso? – Emily colocou o travesseiro sobre o seu colo na cama.

-- Eu só me preocupo com você, Emily. – A ruiva revirou os olhos.

-- Mas não precisa. – Cerrou os dentes. – Eu sou desprovida de memória, não de inteligência.

            Anne tentou levar a situação para um lado descontraído ao responde-la.

-- Conhecer os fatos está intrinsecamente ligado à inteligência, espertinha. – Falou enquanto tocava sua têmpora com a ponta do indicador.

            A ruiva fez uma careta após lançar um sorriso porco para Anne.

-- Pode até ser, mas vamos fazer assim... Se eu quiser saber de algo, eu te pergunto. Caso contrário... – Emily depositou o indicador sobre os próprios lábios que formavam uma linha dura.

            Os olhos de Anne semicerram-se enquanto observava aquela atitude, incrédula.

-- Alguém certamente precisa te ensinar a ter educação. – A morena não conteve o riso, sendo acompanhada por Emily logo em seguida.

 

Na tarde do mesmo dia, casa dos Butckovisky.

 

            Alice estava inquieta durante toda a manhã, com os pensamentos rodando toda e qualquer possibilidade de situações que poderiam estar ocorrendo entre Emily e Anne durante a conversa. Fazia sete meses desde que a ruiva havia acordado, e ela não estava aqui, dando total abertura para que Anne se reaproximasse de Emily do jeito que bem entendesse, e isso a tirava do sério. – Será que elas estão próximas daquele jeito de novo? – Pensar sobre isso fez seu peito apertar. Ela estava deitada na cama, enquanto fitava o teto do seu quarto sem sequer piscar os olhos. – Puta que pariu Alice! Você é uma estúpida, não deveria ter deixado à esperança de lado e... – A morena afundou a ponta dos dedos na palma das mãos. – Eu nunca vou me perdoar se... Não, eu não vou nem pensar nessa possibilidade! – Pensou alto ao levar aos mãos até o rosto, esfregando-o de forma bruta. – Tem o Robbert também... Ele ficou por aqui esse tempo todo e... Eles devem continuar casados, certo? – Franziu o cenho.

            Alice sabia que precisaria ter paciência com Emily nesse momento, que não poderia simplesmente sair investindo nela sem a conquista-la, porque isso poderia afastá-la dela, mas pensar na possibilidade de Anne ter feito isso durante estes sete meses a atormentava, trazendo à tona toda a insegurança que antes era tão comum para ela quando o assunto era a ruiva. Isso partiu o seu coração.

-- Eu não posso passar por isso de novo... – O castanho de seus olhos reluziu quando as lágrimas alcançaram seus olhos, fazendo-a afundar o rosto no travesseiro.

            Alice gritou, abafando sua voz no travesseiro o máximo que pôde, mas gritar não diminuiu a raiva que estava de si mesmo por não ter sido forte para ficar. Agora tudo estava em risco de novo, e por alguns momentos, a morena implorou a Deus para trazer a memória de Emily novamente, sabendo que assim tudo seria mais fácil.

            Foram necessários anos para que elas finalmente conseguissem ficar juntas, e imaginar que isso tudo havia ido para os ares deixava-a sem chão. Era injusto, injusto demais com ela, com Emily, com todo mundo. Elas não mereciam passar por aquilo, e Alice questionou tantas vezes o propósito de tudo isso que chegou a brigar com Deus. Pedindo-o perdão logo em seguida.

            Ela estava na corda bamba entre as escolhas que precisaria fazer adiante, e os riscos que poderiam percutir dessas escolhas pareciam altos demais, deixando-a com o medo de arrepiar sua espinha. De toda forma, investir com tudo em Emily ou não poderia leva-la a perdê-la novamente, e isso a apavorava de uma forma sem igual. E a ameaça de Anne era tão real quanto antes.  

            Os dedos de Alice transcorreram o lençol da cama, buscando pelo celular que ela sabia que estava logo ao lado de sua cabeça.

“ Ei! O que você acha de....”

“| “ – A morena apagou toda a mensagem, repensando sobre o que dizer.

“ Vamos sair de novo? Sem segundas intenções dessa vez rs”

-- Eu não posso escrever isso... – Alice apagou tudo novamente.

            A morena deixou o celular de lado novamente, relutando contra a vontade que estava de vê-la novamente. Se dependesse dela, Alice não desgrudaria de Emily um segundo sequer... Mas as coisas não eram mais fáceis desse jeito.

            O musculo de sua mandíbula contraiu-se, e um semblante pesado assumiu seu rosto. Por mais que ela não quisesse, ela precisava esperar que Emily desse o próximo passo. – Se ela quiser, eu sei que ela mandará mensagem... – Pensou alto.

            E de fato, talvez ela estivesse certa, se ao menos restasse um por cento da antiga Emily ali.

            Alice acabou pegando no sono no meio de um pensamento e outro, e só acordou quando o som de uma mensagem chegando no seu celular a despertou. Mas ela não reagiu de imediato, precisou de um segundo som para que ela entendesse que não havia sido fruto do seu sonho. – Era realmente seu celular.

            As mãos da morena rapidamente buscaram pelo dispositivo enquanto ela já começava a se sentar sobre a cama.

-- Eu sabia que... – Seus olhos quase saltaram do rosto quando viu a notificação, fazendo-a abrir a mensagem de forma apressada e receosa.

“ Alice, sou eu, Evellyn, caso tenha apagado o meu número” – A primeira mensagem já havia estremecido a morena dos pés a cabeça, e ler a mensagem seguinte trouxe-lhe um nó na garganta.

“Eu estou indo para o Brasil. As coisas não podem ter terminado desse jeito, temos que conversar!”.

Fim do capítulo

Notas finais:

Olá meninas,

Bom dia!

 

Como prometido, aqui está mais um capítulo saído do forno! rs

Espero que tenham gostado da leitura, e até breve!

Beijos e mais beijos, e muito obrigada por continuarem acompanhando e disponibilizando parte do tempo de vocês para comentar!

 


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Comentários para 56 - Capitulo 56. A semana mais longa - Parte 3:
patty-321
patty-321

Em: 13/07/2020

Alice e muito azarada. Kkkkk.


Resposta do autor:

Ei Patty,

Boa noite!

 

É com triste pesar que eu concordo! A morena nunca foi muito sortuda, mas vem algumas surpresas por ai!

 

Obrigada pelo carinho em ter passado aqui para comentar!

Um grande beijo e até breve!

Responder

[Faça o login para poder comentar]

Mille
Mille

Em: 12/07/2020

Mais essa chegando Alice não está tendo muita sorte. Bjus e até o próximo capítulo


Resposta do autor:

Oi Mille, boa noite!

Convenhamos que Alice nunca foi das mais sortudas dessa história! rsrs

Mas vem algumas surpresas por ai!

Muito obrigada pelo carinho em disponibilizar um tempo para passar por aqui e comentar.

Um grande beijo e até breve!

Responder

[Faça o login para poder comentar]

lay colombo
lay colombo

Em: 12/07/2020

Puta merda, é rolo em cima de rolo kkkkkk

Anne me irrita demais, peguei ranço e td cena dela na história faz eu revirar os olhos, ainda bem q Em já superou. Alice tá fudida pra se explicar pra ruiva agora, ainda mais com essa doida vindo atrás dela.


Resposta do autor:

Ei Lay!

Boa noite!

Se eu te falar que ainda vem mais rolo por ai, vai me odiar? Espero que não!

As personagens estão sendo remodeladas conforme o "trauma". Vamos ver o que vem por ai! 

Um grande beijo! E obrigada pelo carinho em comentar!

 

Responder

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