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If I should fall, perpetual run por JennyB

Ver comentários: 7

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Palavras: 4598
Acessos: 3555   |  Postado em: 08/07/2020

Notas iniciais:

Com amor, Jenny. 

Capitulo 55. A semana mais longa - Parte 2

 

 

 

            Chegar até a casa de Alice não demorou muito, mas o trajeto foi um tanto quanto silencioso e aquilo incomodou a ruiva, que certamente não estava acostumada com tanto silêncio da parte da outra. O que ela não sabia, era que aquele silêncio tinha nome e sobrenome: Nervosismo puro.

-- Então é aqui que você mora. – Ponderou enquanto observava a entrada da casa.

-- É aqui que eu moro. – Alice sorriu ao reafirmá-la. – Vamos entrar.

            Emily acompanhou a morena pela porta de acesso da garagem que saia diretamente na sala de recepção da casa, e foi inevitável não olhar todos os arredores. As paredes da sala eram de tons bege e branco gelo, repletas de porta-retratos de diferentes tamanhos. Em um dos cantos, um armário embutido também portava, além de objetos de decoração, algumas todos de família. O chão da sala tinha o seu centro coberto por um tapete com listras em tons de marrom, bege e verde cáqui. Uma mesa de centro retangular portava alguns objetos de escritório, e um pequeno vaso de flores. Mas o que realmente chamou a atenção da ruiva foi o abajur retrô em madeira esculpida ao lado do sofá.

-- Pode ficar à vontade aqui, eu vou buscar algo para comermos... Coisa rápida! – Alice apressou os passos em direção à um corredor, e saiu sem ouvir qualquer resposta da ruiva.

            Nos últimos dias, Emily havia despertado uma imensa curiosidade em saber quem era Alice Butckovisky. Parte dessa curiosidade se devia as sensações estranhas que seu corpo emanava na presença dela, e a outra parte devido aos flashes de memória que invadiam seus pensamentos. Mesmo sem saber se eram lembranças ou fruto de sua imaginação, Emily sabia que Alice não era como as outras pessoas, ela não poderia ser. Afinal, seu corpo parecia lembrar de como era estar perto dela.

            A ruiva aproveitou a ausência de Alice para aproximar-se das fotos que estavam sobre o armário. Analisando cada uma delas enquanto permitia-se absorver momentos da vida da outra. Em uma das fotos, Alice estava de beca e com seu diploma em mãos, seu sorriso irradiava.

– Uma grande conquista, imagino eu. – Pensou em voz alta, seguindo para a próxima foto. – Viviam e Thiago... – Os lábios de Emily curvaram-se, formando um sorriso contente. – Eles estavam tão felizes aqui. – Afirmou ao encarar uma foto dos dois segurando a mão da pequena Alice ainda quando criança.  – Nossa família era realmente próxima... – Seus olhos percorram com atenção três fotos, uma ao lado da outra, que continham ambas as famílias unidas, e em todas elas ou Alice ou ela estavam emburradas, e aquilo a fez rir, principalmente pela última foto na qual seus pais claramente haviam as obrigado a se abraçar para a foto.

 

            Emily pegou uma das fotos seguintes em suas mãos e a aproximou dela, não acreditando no que estava diante dos seus olhos. Seu coração tomou um ritmo acelerado e seus pensamentos levaram-na de volta para a sua primeira lembrança, trazendo realidade ao que antes parecia não passar do fruto da sua imaginação. Seus olhos percorreram minuciosamente cada detalhe daquela foto, e embora ela pudesse não se lembrar de todos os detalhes, aquelas definitivamente eram as roupas da mulher que ela havia visto na noite em que dançou em uma lanchonete.

            Na foto, estavam apenas Alice e ela, lado a lado. Alice carregando um sorriso divertido nos lábios enquanto a ruiva transmitia um semblante tímido, com bochechas rubras e um sorriso discreto.

-- Será que... – Procurou pela tatuagem no polegar de Alice, porém as mãos da jovem não estavam visíveis na foto.

            Emily se perdeu nos sentimentos que aquela foto lhe trouxe, deixando-a completamente ausente da realidade. Por mais que estivesse claro agora de que aquele flash era real, ela precisava ouvir isso de Alice. Precisava que alguém desse vida a sua lembrança.

-- Terra chamando Emily... – Alice repetia pela terceira vez, finalmente despertando a ruiva do seu transe.

            O corpo de Emily saltou ao ouvir a voz da outra, virando-se automaticamente para ela, ainda com o porta retrato em mãos.

-- Ah, pega em flagrante! – Alice franziu o cenho e sorriu para tentar descontrair. – Vejamos o que temos aqui... – Seus passos aproximaram-na de Emily, e antes que a ruiva pudesse reagir, Alice pegou o porta retrato de sua mão, virando-o para si.

            Emily entreabriu a boca na intenção de questioná-la sobre este dia, mas não foi necessário. A morena se antecipou, permitindo-a segurar a informação de que ela talvez se lembrasse de algo sobre esse dia.

-- Eu poderia jurar que você ainda iria querer me matar por tê-la feito dançar nesse dia. – Os olhos de Alice alcançaram os da ruiva. – Mesmo sem memória. – Brincou.

            A ruiva não conseguiu sequer entrar na brincadeira da outra. Seus olhos estavam estagnados naquele castanho tão intenso, mas seus pensamentos já haviam se encarregado de tirá-la dali novamente. – “Então é tudo verdade! Aquele dia, a dança, a voz... Tudo se encaixa agora. É uma memória real, é uma memória real...”.

            Sem que tivesse consciência dos seus movimentos, as mãos da ruiva foram de encontro as de Alice, levantando-as até a altura de seu busto em conjunto com o porta retrato.  Emily não precisou procurar muito, seus olhos logo alcançaram a tatuagem da qual se lembrava: “Gratidão” logo acima do polegar, na parte superior da mão. Naquele instante sua respiração cessou, e seus olhos preencheram-se de um sentimento antes desconhecido: alívio. Alívio por ter se lembrado de algo, mesmo que mínimo. Isso a trouxe a esperança que tanto precisava para que pudesse se reencontrar com seu antigo eu. Para que pudesse enfim entender e conhecer a mulher que estava a sua frente.

            Alice arqueou as sobrancelhas, sem entender a atitude da ruiva. Seus olhos percorreram toda a feição do rosto de Emily, e um sorriso discreto foi notado. Ela estava estranhamente... Feliz? – A morena pensou.

-- Você está bem? – A voz soou rouca, chamando a atenção da ruiva para si.

-- Eu... É... Sim. Estou. – Pressionou os lábios em um sorriso forçado. – Eu só fiquei curiosa. Me conta como foi esse dia? – Emily não ousou falar sobre sua lembrança.

            Alice prontamente se dispôs a contar sobre os acontecimentos daquele dia para Emily. Puxando-a até o sofá que estava logo atrás delas. Enquanto contava, serviu algumas torradas com ricota e suco de laranja como café da manhã. A ruiva observava cada expressão que se formava no rosto da outra enquanto ouvia atentamente cada palavra daquela história. Naquele instante, todas as peças se encaixaram, e a lembrança que antes era um borrão, finalmente tomava forma e vida.

            A voz calma de Alice e a forma detalhada como contava sobre tudo fez com que Emily retornasse a aquele momento como se estivesse o vivenciando.

            “Os braços de Alice cercavam o pescoço da ruiva enquanto se movimentavam pelo salão. Quando seus rostos se afastaram, Emily pôde ver o sorriso nos lábios da advogada. – Era idêntico ao sorriso de quando a viu pela primeira vez, repleto de felicidade. – O par de olhos castanhos reluziam e a gargalhada da qual se recordou quando rodopiou a morena em seus braços fez seu corpo se arrepiar.”

 A felicidade daquela lembrança irradiou seu coração, e o reflexo disso foi o sorriso divertido e alegre que tomou os lábios da ruiva naquela sala, chamando a atenção de Alice.

 

-- O que foi Harley? – Franziu o cenho ao encarar Emily.

-- Nada! – Alice curvou seu rosto e pressionou os lábios sem tirar os olhos dela. – É só que... Pela primeira vez eu não estou incomodada ao ouvir uma história sobre o meu passado.

-- Não está porque você não lembra da vergonha que sentiu lá, isso sim. – Emily riu desta vez.

            Alice pensou em prosseguir com a história, mas o riso da ruiva havia lhe tirado a concentração.

-- É uma possibilidade. Nós nunca saberemos. – A advogada ficou pálida em questão de segundos ao ouvi-la, fazendo com que Emily se calasse naquele instante. – Não foi nesse sentido que eu falei, eu... – A ruiva alcançou a perna de Alice, tocando-a logo acima do joelho. – Alice, não foi isso que eu quis dizer.

-- Está tudo bem. – Embora não conseguisse sequer respirar, sua voz soou firme.

            A morena sentiu seu coração gelar ao martelar novamente aquela realidade, afinal, Emily estava certa, nunca se lembrar era uma possibilidade muito real.

-- Emily... – Alice levantou o olhar, encontrando aquele par de olhos azuis que fitavam-na com tanta cautela. – Posso te perguntar uma coisa? E tudo bem se você não quiser responder.  – A ruiva consentiu. – Na fazenda você disse que teve alguns flashs que poderiam ou não ser memórias... – Afundou os dedos na palma da mão. – Você já teve algum flash comigo?

            O coração de Emily saltou no peito, e seu primeiro reflexo foi afastar o corpo da proximidade que estava com a advogada. Ela não esperava por uma pergunta dessas justo agora. Seu coração implorava para que ela contasse a verdade para Alice, revelando a comprovação que havia acabado de receber, mas a razão falou mais alto.

“-- Emily, não me entenda mal... Mas cuidado com os seus passos. Todos nós temos o nosso próprio tempo e...” – As palavras de Katrien invadiram o pensamento da filha durante os longos segundos em que permaneceu em silêncio.

-- Quem dera. – Seus olhos desprenderam-se da outra, buscando refúgio no porta retrato que estava ao lado de Alice no sofá.

            Emily não podia contar a verdade. Seria injusto com Alice dar lhe qualquer tipo de esperança em relação a ela. A ruiva compreendia que precisava se conhecer primeiro e entender seus sentimentos antes de arriscar algo do tipo. Era injusto deixar outra pessoa tão confusa e perdida quanto ela, sem saber o que esperar dos dias seguintes, sem saber se o tempo lhe traria todas as suas memórias de volta ou não.

            Recordar-se de um momento desses ao lado de Alice trouxe a ela uma única certeza: A morena era realmente especial tanto no seu passado e também no presente dela. Afinal, o sentimento que controlou seu coração apenas ao lembrar-se de uma dança com Alice não era algo comum em sua vida.

-- Entendi. – A voz soou fraca, e seus olhos perderam o brilho.

-- Alice, eu realmente sinto muito. – A verdade finalmente saiu naquelas palavras pacatas. Emily sentia, e sentia muito, mas por não poder contar a ela tudo que queria. – Se ajuda de alguma forma, eu gosto das lembranças dos momentos que estamos construindo agora. – Deu leves apertos na perna da advogada, buscando sua atenção.

            As bochechas de Alice ergueram-se um pouco em uma tentativa de sorrir, mas seus lábios não desprenderam-se uns dos outros.

            Embora as palavras da ruiva houvessem lhe deixado contente, ela não conseguiria sorrir ou fingir completa felicidade agora. Alice era tão humana quanto qualquer outra pessoa, e por mais que ela quisesse permanecer forte para Emily, em alguns momentos seu corpo e emocional pediam socorro. Foi necessário alguns minutos para que a morena se recuperasse, e a ruiva respeitou isso.

-- Vamos subir, tem algumas coisas que eu quero te mostrar. – Alice se pronunciou, levantando-se do sofá logo em seguida.

            As horas passaram voando naquele dia, e por mais que a manhã houvesse começado com essa pequena turbulência, os demasiados assuntos que conversaram espantaram qualquer desconforto que qualquer uma das duas pudessem ter sentido antes. Passaram a tarde ouvindo músicas antigas das quais Emily um dia gostou, e também alguns filmes que Alice julgava ser indispensável para a cultura da ruiva, e acabaram como quando eram mais jovens: apagadas na cama durante um deles.

            Já passavam das nove da noite quando Alice acordou, ouvindo a voz da ruiva, claramente irritada, brigando no telefone.

-- Para de me ligar, que saco! EU JÁ FALEI QUE NÃO QUERO CONVERSAR AGORA! – Emily percebeu que havia alterado o tom de voz e voltou a sussurrar. – Eu sei, eu sei. Mas eu estou ocupada agora, não é o momento. – A ruiva andava de um lado para o outro no quarto, observando as outras casas do bairro pela janela do quarto de Alice. Sua postura enrijecida traduzia o desconforto daquela ligação. – Tudo bem, podemos conversar amanhã. Agora eu vou desligar, ok? – Completou ao olhar para trás e notar a morena sentando-se na cama.

            Aqueles olhos castanhos observavam-na com atenção, e as rugas que demarcavam a testa da advogada emanavam sua evidente preocupação.

-- Desculpa ter te acordado. – Virou-se de frente para Alice enquanto guardava o celular no bolso do seu short.

-- Você está bem? – A pergunta soou receosa.

            Emily soltou um ar pesado enquanto se aproximava da cama, balançando a cabeça em um consentimento forçado, enquanto mantinha seus lábios pressionados em uma linha quase reta.

-- Vou ficar. – Seus olhos foram de encontro aos da advogada, e logo percorreram todo o restante do rosto e corpo dela até alcançar a altura de uma de suas mãos. Alice tateava o lençol da cama com o polegar. – Era a Anne, minha ex-cunhada e ex... namorada? – Franziu a testa.

-- Ah. – Limitou-se ao emitir apenas o som fraco dessas palavras.

-- Aliás, eu não sei se eu deveria falar sobre isso, mas... – Desprendeu-se da conexão entre seus olhares e caminhou até a janela, recostando ao lado da mesma. Emily cruzou seus braços antes de retornar a atenção para a advogada. -- Tem uma coisa que eu acidentalmente descobri sobre o meu passado que envolve você.  

            O olhar incisivo da ruiva fez o estomago de Alice embrulhar. Seus olhos rapidamente alcançaram os da outra. O rosto empalidecido explanava seu nervosismo, e não demorou muito para que a palma de suas mãos começasse a suar no mesmo ritmo em que as palavras saiam da boca de Emily.

-- A questão é que se não for por você, Anne acabará falando sobre isso amanhã e... – Rangeu os dentes. – Eu não quero ser pega de surpresa. – Seus olhos rondaram nas orbitas. – Porque o fato de vocês terem trans*do tornou-as responsáveis pelo meu acidente? Eu não entendo... Foi um caminhão que bateu no carro que eu estava. O que isso tem a ver com vocês? – Os cantos dos seus olhos estavam franzidos.

            Todas as palavras do mundo evadiram da boca de Alice quando seu coração saltou dentro do peito. Ela não imaginava que a ruiva já tinha acesso a essa informação, uma vez que ao reencontrá-la, seu tratamento com ela havia sido completamente imparcial e de certa forma até atencioso, o que não condizia com o comportamento de alguém que soubesse da sua parcela de culpa. Seus olhos esbugalharam e o maxilar manteve-se pressionado em um semblante rígido e surpreso. A boca secou, e um nó instalou-se em sua garganta. – Como Emily poderia saber disso? Anne não falaria sobre isso nem que lhe pagassem, pelo menos não a Anne da qual ela se recordava. Aos olhos de Alice, embora Anne também tivesse sofrido muito quando tudo aconteceu, ela não era do tipo de mulher honesta que arriscaria perder o apreço da ruiva por uma história dessas, ainda mais sabendo que sua memória poderia nunca voltar.

            Alice entreabriu a boca em uma tentativa falha de respondê-la, mas sua voz negou-se a sair, e foi preciso um longo momento de reflexão e coragem para que ela finalmente falasse.

-- Eu realmente não sei o que falaram com você sobre isso, mas eu prometo para você que posso explicar. – Sua voz estava trêmula e lágrimas começavam a brilhar em seus olhos.

-- Na verdade, não me falaram nada... – Apertou os dedos entre os braços ao notar o desconforto da morena com o assunto. – Eu meio que ouvi Anne dizer para o meu irmão que o fato de vocês terem dormido juntas poderia ter uma parcela de culpa no acidente. – Seus olhos transcorreram os arredores do quarto antes de encontrarem com os da morena novamente. – E se, aparentemente, eu terei que saber realmente disso, eu prefiro conhecer todos os lados da história antes de formar uma opinião sobre o assunto. Porque a forma que eu me senti em relação à Anne quando ouvi da primeira vez... Não foi nada bom. E eu sinceramente não quero me sentir assim com você. – Umedeceu os lábios com a ponta da língua antes de prosseguir. – Então, por favor, me explica.

            Alice consentiu em um movimento sucinto enquanto buscava a razão e coragem para contar tudo à Emily.

            Seu coração pulsava de forma tão descompassada no peito que chegava a arder.

-- Eu vou explicar, e se você se perder em algum detalhe, pode me interromper e questionar, tudo bem? – Buscou o consentimento da ruiva. – Quando nós ainda éramos jovens...

            Alice embarcou em todo o conjunto de histórias que precisavam ser contadas antes de chegar ao clímax do real motivo da sua culpa. Ela precisou mencionar o relacionamento que Emily e Anne tiveram durante o ensino médio, e também o motivo pelo qual a ruiva havia decidido ir embora de Porto Alegre para cursar a faculdade em outro estado, e embora essa já fosse uma história conhecida por ela, ainda lhe doeu ouvir sobre a traição de Anne novamente, mas a dor não foi proveniente de algum sentimento por Anne, e sim pelo simples fato de ter sido passada para trás por duas pessoas tão próximas a ela antes e depois do acidente.

-- Então quando você foi embora, inacreditavelmente Anne e eu acabamos nos aproximando, porque de fato o único assunto que tínhamos em comum era a saudade que sentíamos de você. – Seus olhos foram de encontro ao chão, e uma tristeza nublou suas feições. – Então, durante uma festa nós acabamos bebendo demais e eu realmente não me recordo como chegamos a isso, mas aconteceu muito mais que um beijo. – Engoliu seco quando viu o semblante da ruiva ficar denso. – Eu tenho alguns flashes desse dia, mas a verdade é que eu só me lembro de ter acordado ao lado dela na cama e sentir um remorso enorme tomar conta de mim. – Alice sentiu um aperto no peito com as lembranças do sentimento que sentiu naquele dia. – Eu senti raiva e nojo de mim mesma por ter permitido que aquilo acontecesse e... Por mais que eu quisesse colocar a culpa de tudo isso na Anne, ou no efeito do álcool, eu não vou. Porque bêbada ou não, eu sei que sou responsável pelas minhas atitudes. – Alice ameaçou levantar da cama, mas um aceno de mão da ruiva deixou claro que ela não queria aproximações agora.

-- Não me entenda mal, Alice. – Emily semicerrou os olhos. – Mas eu prefiro olhar você daqui enquanto falamos sobre isso. – Seu timbre soou frio.

            Os lábios de Alice curvaram-se em um sorriso forçado, consentindo com as necessidades da ruiva.

-- Enfim... A questão é que, mesmo depois de anos e até depois de você ter voltado, eu não tive coragem de falar sobre isso com você. Muito menos a Anne. – Alice balançou a cabeça, negando-se a acreditar que diria aquilo, mas a verdade precisava ser dita, doesse a quem doer. – E por muito tempo, Anne e eu concordamos que aquele assunto tinha morrido ali. E esse era um segredo que nós iríamos enterrar para sempre... – Sua respiração ficou pesada e dificultosa enquanto tentava lutar contra a vontade que sentia de chorar ao falar sobre isso em voz alta, mas depois de quase perder Emily por conta dessa falta de coragem, já era hora de revelar tudo. – O único problema é que o Matheus nunca concordou com isso. E bom, ele nos viu naquele dia de manhã e entendeu tudo, da forma que queria, mas entendeu. – O semblante de Alice fechou. – E sinceramente, aquele filho da puta foi egoísta ao te contar! – As palavras saíram ríspidas de sua boca, e Emily surpreendeu-se com a reação de Alice, que levantou em um rompante. – Eu tenho certeza que... – A ruiva a interrompeu.

-- Quem é Matheus? – Franziu o cenho.

            Os olhos de Emily transmitiam uma mistura de raiva e confusão. E era notável o quanto as revelações de Alice com relação à história haviam a deixado com o pé atrás, principalmente pela revelação de que se não fosse por esse rapaz, ela jamais saberia da verdade. Mas ainda não era a hora de julgar as atitudes dela, afinal, ainda tinha mais para ouvir.

-- Matheus era um amigo nosso do ensino médio. – Falou entre os dentes. – Mas ele não via você apenas como uma amiga, e todos sabiam disso. E é por isso que eu sinceramente acredito que ele não tenha te contado isso pensando na boa ação de te contar a verdade. – Alice levantou da cama, mas seus passos não a aproximaram de Emily, apenas vagaram pelo quarto enquanto falava abertamente sobre seus pensamentos. – Ele nunca escondeu que gostava de você, e eu realmente acredito que ele possa ter-te contato tudo isso para deixar você livre para ele tentar investir, se é que me entende. – Alice parou diante da ruiva, e observou o semblante reflexivo que tomou seu rosto.

-- É uma possibilidade que eu não vou descartar. Mas é só sua opinião, eu não o conheço, então... – A morena interrompeu.

-- Não, Emily... Desculpe. Eu acabei desabafando sobre isso e... Eu não quero que você vá pelos meus pensamentos. – Gesticulou enquanto falava apressadamente.

-- Eu não vou. – Emily enfrentou os olhos da morena, e por um instante seu corpo estremeceu ao notar que os olhos da outra estavam úmidos e brilhantes por conta de lágrimas que não ousaram escapar-lhe dos olhos. – Eu sei que não deve ser fácil falar sobre isso, porque também não é fácil ouvir... Mas eu preciso saber.

            Novamente a morena consentiu, e seus olhos buscaram refúgio em qualquer outro canto do quarto antes de retornarem para Emily.

-- A questão é Emily, que esse assunto só veio à tona no dia do seu acidente. – Alice viu a ruiva retrair o corpo quando deu um passo em sua direção. – Um pouco antes de ele acontecer, nós estávamos em uma festa da empresa onde você trabalhava e o Matheus apareceu por lá. – Mordeu o lábio inferior enquanto repensava suas futuras palavras. – Ele tinha me dado um prazo para contar a verdade para você, e eu não consegui contar. Não tive coragem. – A ruiva olhava-a atentamente. – Então você e ele saíram de carro da festa depois dele ter me confrontado sobre o assunto... E você foi de livre e espontânea vontade porque queria saber da história que eu não fui capaz de te dizer. – Alice se virou quando uma lágrima escorreu pelo seu rosto. Alcançando-a depressa com uma das mãos. Quando retornou o olhar para a ruiva, seus olhos estavam densos e avermelhados, mas sem nenhuma lágrima umedecendo suas bochechas. – E você já pode imaginar o resto da história, certo? – A voz trêmula e o rosto torcido não foram capazes de segurar as lágrimas que vieram em seguida.

            Alice desculpou-se algumas vezes enquanto passava a mão pelo rosto, admitindo que não era fácil tocar no assunto do acidente para ela, e embora Emily compreendesse, ela não sentiu vontade de acolhê-la daquela crise. Seus olhos frios e cautelosos apenas observavam-na durante a recomposição, buscando pelo momento certo de perguntar o que realmente estava a incomodando naquela história toda.

-- Eu só não entendi uma coisa. – A ruiva aguardou até que Alice se acalmasse antes de pontuar. Seus lábios inferiores estavam sob os lábios superiores, e a testa franzida. – Porque você e não a Anne? O Matheus ofereceu um prazo para você, mas a Anne também havia errado tanto quanto você.

            Alice emitiu um som baixo durante uma respiração densa, e seus olhos buscaram pelo par de olhos azuis da ruiva antes de lhe contar.

-- Porque você estava comigo, Emily. E não com a Anne. – Os ombros de Alice curvaram-se para baixo, mas seus olhos não desprenderam-se dos dela.

            Aquela sim era uma revelação que havia atingido a ruiva em cheio. O coração descompassou quando as palavras eclodiram em seus ouvidos, e o tremor que subiu pela sua espinha trouxe-lhe uma sensação gelada ao estômago. Os olhares trocados entre elas conversaram sem que nenhuma palavra precisasse ser dita, e embora aquela história trouxesse sensações desagradáveis, ter estado com Alice não lhe parecia algo ruim.

            Emily sabia do amor da morena por ela desde a fazenda, e em momento algum Alice tentou esconder isso, afinal, seus olhos gritavam “EU TE AMO” toda vez que se encontravam com a ruiva, e não precisava ser uma expert em romances para saber disso. O carinho e cuidado que ela tinha com a ruiva aquecia seu coração, e isso não era comum para ela. Na verdade, tudo em Alice transbordava esse sentimento, e agora, mais do que nunca, Emily precisaria tomar muito cuidado com a atração que sentia pela morena.

-- Antes de tudo isso acontecer, nós estávamos juntas Harley. – Os passos de Alice aproximaram-na da ruiva de forma inconsciente enquanto reafirmava isso.

            A aproximação não pareceu incomodar Emily naquele momento. Seus olhos estavam presos demais ao castanho intenso de Alice para que ela pudesse se dar conta de que já estavam a um passo de colidirem seus corpos. A respiração da morena pesou no peito, e uma de suas mãos, trêmulas como vara verde, aproximaram-se do rosto de Emily. O toque da ponta de seus dedos nas bochechas dela foi como um choque, fazendo-a afastá-los poucos milímetros antes de tentar um novo contato. Seus dedos transcorreram as maçãs do rosto da ruiva, que acabou fechou os olhos e curvando o rosto para o lado contrário ao da mão de Alice durante o toque. Seu polegar alcançou o lóbulo da orelha de Emily durante o caminho, enquanto os outros dedos adentravam aos fios de cabelo da sua nuca.

            Os olhos da morena percorreram minuciosamente cada detalhe do rosto de Emily, não podendo deixar de notar o aceite que o corpo dela havia concedido ao toque. Seus lábios finos estavam mais avermelhados que o comum, pois a ruiva havia os mordiscado por diversas vezes durante a conversa, tornando-se impossível não imaginar o quanto seria bom senti-los novamente. Seus rostos estavam a milímetros um do outro, permitindo-as sentir a respiração descompassada uma da outra. Alice percorreu os olhos pela face de Emily mais uma vez enquanto pressionava os lábios em um sorriso completo e feliz. Seu coração implorava por um beijo a cada batida apertada no peito, e seus pensamentos forçavam-na a acreditar que essa lembrança seria o suficiente para fazer com que Emily perdoasse tudo de errado que ela havia feito antes, para fazer com que ela não a odiasse por conta desse passado.

            A ruiva entre abriu os olhos, percebendo a notável proximidade entre elas. Alice estava prestes a beijá-la, isso estava claro.

 

 

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Bom meninas, 

Como uma fênix ressurge das cinzas, aqui estou eu! Renascida das cinzas HAHAHAHA.

Espero que estejam contentes em me ver de volta, e sem mais delongas, peço perdão a vocês por ter sumido por tanto tempo. Tempos sombrios estavam me rondando, mas apenas no sentido da ausência de criatividade mesmo.

Eu ainda estou um pouco perdida nisso tudo, mas se tem uma coisa que eu realmente não quero e não pretendo fazer é deixar algo pelas metades, sem a devida conclusão que vocês merecem.

Estou empenhada em terminar essa história (Não percam a fé em mim).

 

Espero que tenham gostado do capítulo, e em breve eu volto com mais! (P.S. Dessa vez o em breve é um em breve mesmo rs).

 

Obrigada pelos comentários deixados mesmo após a minha ausência, eu li todos, não pensem que passaram despercebidos! Muito obrigada de verdade pelo carinho de vocês. E logo mais eu responderei tudo!

 

Até breve, e muitos e muitos beijos atrasados para vocês!

P.S. Desculpem por qualquer erro de digitação.

 

 


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Comentários para 55 - Capitulo 55. A semana mais longa - Parte 2:
Donaria
Donaria

Em: 17/07/2020

Ola autora!!! fiquei extremamente satisfeita em ver essa historia maravilhosa de volta. Eu comecei a ler em 2018, o nick name ainda era sophiebrt. E fiquei mas satisfeita ainda em saber que a historia vai ter final, mas preciso reler para lembrar bem da historia...farei isso com extremo prazer....beijos autora e continua por favor.

 


Resposta do autor:

Ei meu bem! 

Pode ficar tranquila que dessa vez o final virá pra valer!

A intenção era postar toda semana, mas as vezes eu me enrolo produzindo um capítulo a frente do que o que eu deveria postar agora... Então demoro uma semana a mais, mas só as vezes rsrsrs

 

Estou de volta e continuarei me comprometendo com vocês como vocês fizeram comigo ao continuar acompanhando e comentando no decorrer de todos esses anos.

 

Agradeço muito o carinho, compreensão e paciência que você teve.

Um grande beijo, e até (no mais tarde) sexta feira.

Responder

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Simone
Simone

Em: 12/07/2020

Ei! Foi uma surpresa receber o email de atualização da história. Uma surpresa boa, com certeza. 

Que bom que retornou. Que bom que está tudo bem. 

Comecei a ler o capítulo e que saudade gostosa me invadiu. Mas, a por terminar a leitura tornei uma decisão nada difícil. Vou reler a história completa. Acho que nós (Eu e a história) merecemos isso (rsrsrsrs).

Fiquei feliz em saber que dessa vez não vai demorar tanto.

Seja muito bem vinda de volta! 

Abraços,

Simone


Resposta do autor:

Ei meu bem!

Fico muito feliz em saber que ainda está acompanhando, e muito obrigada por não ter perdido a sua fé!

Estou de volta para trazer a vocês o tão esperado final! Tenho alguns capítulos para desembolar essa história ainda, mas espero que goste de cada um deles!

Muito obrigada por disponibilizar um tempo seu para comentar aqui! É muito gratificante receber esse carinho! 

Um grande beijo.

P.S. Eu também li novamente toda a história para não errar nos detalhes, rs.

Até muito breve!

 

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Flavia Rocha
Flavia Rocha

Em: 11/07/2020

Gosto muito dessa história. Fico feliz que tenha voltado, autora. 


Resposta do autor:

Ei Flávia! Que bom que ainda está acompanhando!

Volto para trazer o tão merecido e esperado final!

P.S. Saudades das nossas sessões de filme via Skype! hahahaha

Um grande beijo!

 

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Mille
Mille

Em: 09/07/2020

Oi Jenny

Muuto bom seu retorno. 

A verdade sobre o que causou acidente de Emily, enfim sabemos o que tanto a Alice tinha medo.

Bjus e até o próximo capítulo 


Resposta do autor:

Ei Mille,

Bom dia!

Obrigada por continuar acompanhando, e por demonstrar todo esse carinho ao continuar comentando também!

Um grande beijo e até domingo!

Responder

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lay colombo
lay colombo

Em: 09/07/2020

Aí não acredito q tu voltou mesmo, cê sabe q eu sou apaixonada na Ali... Na sua história, fico feliz q vc pretende terminar, como eu disse uma vez pode demorar desde q vc sempre volte eu tô feliz.

Bjo meu anjo, até o próximo


Resposta do autor:

Pois pode acreditar!

Como dizem, quem é vivo sempre aparece, e ainda estou viva hahaha.

Obrigada por manter-se firme todos esses anos!

Nossas nenéns estão de volta!

Um grande beijo e até domingo!

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patty-321
patty-321

Em: 08/07/2020

Que bom.q voltou e sinto que agora teremos o fim. Ah gosto muito dessa estória é nem preciso reler alguns capítulos pq lembro de tudo. Tomara q te ruiva aceite esse beijo, Alice sofre demais.


Resposta do autor:

Ei Patty!

Bom dia!

Muito obrigada pelo carinho, e por ter se mantido firme durante todos estes anos!

Cuidarei para entregar para vocês o tão esperado e merecido final! 

Um grande beijo e até domingo! :)

Responder

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JeeOli
JeeOli

Em: 08/07/2020

aí eu amoo essa história e quero muito ver como vai se desenvolver 


Resposta do autor:

Ei meu bem,

Bom dia!

Pode deixar que dessa vez você irá conseguir ver isso rs

Estou de volta e domingo sai mais um capítulo para vocês! 

Um grande beijo! E que felicidade a minha em ver que você continua acompanhando! 

 

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