Capitulo 19 - MOMENTUM: o embalo necessário
Capítulo 19 – MOMENTUM: o embalo necessário
Nunca fui boa em exatas, no entanto em Física, mais precisamente em Mecânica Clássica, existe uma grandeza chamada de Momento Linear ou simplesmente Momentum, e não, não significa um mero momento (moment). Significa na verdade, embalo, ou seja, aplicar força sobre um corpo inerte, fazendo-o entrar em movimento. E o mais importante, esse movimento precisa ser aproveitado. Bom, nem preciso dizer que o embalo da minha vida inerte atendia por Luna.
Estremeci de prazer quando Luna alcançou minha nuca e prosseguiu até sua mão enfiar-se entre os fios dos meus cabelos, apertando-os sensualmente e demonstrando que seus movimentos estavam tão descontrolados quanto os meus. Luna naquele instante, agarrada a mim e seminua, estava sendo minha perdição, principalmente por começar a roçar os lábios em meu pescoço. A respiração quente sapecava minha pele e me fazia ter calafrios de deleite, as mãos deslizavam vagarosamente indo dos cabelos até os ombros, enquanto os lábios já percorriam o maxilar de forma suave. Meu corpo vibrou, e minhas mãos pinicavam com a vontade insana de apertar sua bunda, por isso fui incapaz de inibir o movimento dos quadris. Reprimi um gemido, mas não acho que tenha realmente conseguido sucesso nesse feito. Nossas bocas se aproximavam e meu coração disparou em antecipação.
— GERÔNIMOOOOOOOOOOOOOOO!!!!
Foi o que ouvimos logo antes de nos desgrudarmos assustadas, seguido de um estrondoso “SPLASH” e pequenos jatos de água para todos os lados. Depois mais saltos, gritos e risadas. Lucas e sua turma e, com turma quero dizer que a ruiva melosa estava presente, chegaram fazendo uma grande baderna, acabando com a bolha invisível, com todo o encanto, com toda a tensão sexual, foi tudo por água abaixo, literalmente. Não sei se tinha mais raiva de mim ou do Lucas por ter aparecido em uma ocasião tão inoportuna. Luna parecia algo vexada e sequer conseguia me encarar. Já a ruiva parecia se deliciar, era como se ela soubesse que haviam atrapalhado nosso momento. Eu não duvidaria que a ideia de terem aparecido ali tivesse vindo dela. Saí da água quase bufando e sorri mecanicamente para todos. Vi a ruiva se aproximar de Luna e soltei uma lufada de ar. Nem havia percebido que estava a segurar a respiração.
Fui até a mochila e peguei a câmera, comecei a fazer uns cliques a fim de me acalmar, pois a ruiva chata não saiu mais do pé da minha Luna, ela sorria com felicidade e gesticulava como se mostrasse a Luna que ali também havia lembranças que ambas compartilhavam. Fotografei-as também e senti inveja da forma que elas se olhavam, na verdade odiei o olhar que Luna direcionava a ela, um olhar quase de reconhecimento, de saudade eu já nem saberia dizer, só conseguia enxerga-las pela ótica dos meus ciúmes. Decidi parar de me torturar e passei a fotografar o restante do grupo. Depois de alguns minutos, enquanto fotografava o alto, admirei as quedas d’água e resolvi fazer uma coisa que tive vontade desde o outro dia quando visitei a cachoeira pela primeira vez. Fui novamente até a mochila e troquei a câmera por uma à prova d’água, dessa vez fui preparada.
Aproveitando a distração de todos e escalei uma parte do paredão rochoso e depois peguei uma pequena trilha até a queda de mais ou menos 13,5mt de altura. Olhei lá embaixo e senti meu coração ir a mil em antecipação, o som forte das águas que formavam a cachoeira, caindo ali do meu lado por cima das rochas fazia a adrenalina percorrer todo meu corpo. Soltei uma nova lufada de ar e sorri para a câmera que filmava mais uma de minhas loucuras e sem mais pensar saltei proferindo um grito de extravaso. A queda livre durara apenas alguns segundos, mas a sensação boa de submergir sentindo o gelo da água parecia tão infinita quanto revigorante. Quando emergi os meninos me saudaram com assovios, gritos e salvas de palmas. Nadei para uma parte um pouco mais rasa onde a água batia na altura do colo, eu sorria feliz e passei a filmar a todos tentando um giro de quase 360°, só quase mesmo, porque na metade desse trajeto Luna aparecera bem na frente da câmera e não parecia nada feliz. Engoli em seco, nem vi em que momento ela nadou até mim. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa ela me abraçou forte, ergui as sobrancelhas em surpresa e meu corpo tencionou. Depois de uns segundos finalmente retribuí aquele abraço, que para mim, era o melhor do mundo. Sentia-me em paz. Ficamos abraçadas por longos minutos até que ela se afastou e eu já sentia saudades daquele contato.
— Não pense que isso fará você escapar de uma bronca! — Luna soltara assim que nos separamos do abraço.
— Mas o que eu fiz?!
Perguntei dando uma de desentendida enquanto Luna revirava os olhos cruzando os braços.
— O que você fez?! Ainda perguntas?! No que você estava pensando sua maluca, tá querendo se matar? Ainda bem que tenho boa saúde, porque cada dia é um mine infarto diferente.
Luna dizia apontando o indicador na direção do meu rosto.
— Ok! — Disse rendida — podes me dar quanta bronca quiser. Só não podes ficar emburrada comigo, senão eu gamo.
Pisquei zombeteira e sorri de forma amistosa torcendo para que ela se sentisse bem por estar ao meu lado. Aproximei-me novamente e peguei-a de surpresa com um novo abraço, só queria que ela sentisse o mesmo que eu estava a sentir, queria poder transmitir a mesma paz que eu sentia quando era ela quem procurava me acolher em seus braços.
— Gente! Acho que já deu né?! — ouvi a voz melosa da tal Marcela, então nos separamos novamente enquanto eu lutava contra a vontade de revirar os olhos — Estou com fome, vocês não?!
Todos pareciam concordar com ela, então resolvemos acompanhar a caravana e voltamos todos juntos. Luna fizera questão de caminhar praticamente grudada a mim e a bolha invisível parecia não querer mais se retirar, riamos das palhaçadas de um dos amigos de Lucas e a ruiva não tirava os olhos de nós. Não posso negar que aquilo fizera meu humor melhorar ainda mais, enquanto ela parecia vermelha e duvido que fosse por causa do sol. Ri internamente. O restante do dia passou rápido e tranquilo, mesmo com a proximidade não falamos sobre o fato de quase trans*rmos em meio à natureza. De certa forma estávamos meio que a fugir dessa conversa, se é que deveria haver uma conversa. A esse fato deve-se a minha falta de coragem em dormir ao lado de Luna naquela noite, pois se sentisse ela tão próxima outra vez eu não responderia por mim. Resolvi deitar-me em uma rede que ficava na varanda, próximo à porta do quarto dela. Luna reclamou, mas não me impediu. Demorei a pegar no sono, mas ele veio com a lembrança dos momentos com Luna, dormi sorrindo no fim das contas.
Acordei com um alvoroço de vozes e me senti desnorteada com a forte luz do sol que invadia minha rede, estranhei o lugar que estava e só então lembrei que havia dormido na varanda. Notei varias pessoas andando por todos os lados, pareciam carregar um monte de coisas, no entanto, não percebia do que se tratava. Levantei e a porta para o quarto estava mais fechada do que eu me lembrava de haver deixado, abri vagarosamente e enfiei a cabeça entre o vão, não queria acordar Luna. Tentei ser o mais silenciosa possível, porém, meu coração bateu tão entristecido quanto desesperado ao ver aquela ruiva idiota abraçando Luna por trás. Elas dormiam serenas, e eu reprimi um choro que parecia querer se desprender de mim. Tive vontade de ir até lá e arrancar aquela mulher de perto de Luna. Mas que direito eu teria de fazer isso? Nós não tínhamos nada e cada vez mais tudo me levava a crer que nunca teríamos.
Sem fazer qualquer barulho saí fechando a porta vagarosamente. Caminhei até o banco e sentei esfregando as mãos espalmadas sobre o rosto diversas vezes na tentativa de inibir a vontade imensa de deixar as lágrimas caírem livres. Com muito custo me acalmei. Respirei profundamente algumas centenas de vezes antes de finalmente me acalmar, minha vontade era de ir até a cachoeira novamente e saltar dentro da água gelada e ter a ilusão de anestesiar a dor que fazia meu peito arder. Os últimos dois dias foram tão reveladores quanto chocantes, eu tentava não pensar muito nisso, no entanto, a cada momento que eu passava com Luna era como se ela deixasse sua própria essência gravada em mim. O reconhecimento dos meus verdadeiros sentimentos por ela me atingiu com força novamente e já era a segunda vez que isso acontecia em menos de 24 horas. Antes que não conseguisse mais reprimir o choro, levantei, peguei a camisa jeans que havia deixado sobre o guarda-corpo e vesti. Segui para a cozinha dando a volta pela parte de trás da varanda mesmo. Encontrei dona Olivia e Sofia que me receberam sorridentes, mas duvido que tenha sido capaz de esconder tão bem meu estado emocional.
— Está tudo bem, Paty? Não dormiu bem essa noite? — Dona Olivia me perguntava desconfiada. — Seus olhos estão um pouco vermelhos — ela completou e eu confirmei que sou péssima em esconder meus sentimentos.
— C...claro, don...quer dizer, Olivia — gaguejei — só ainda não acordei direito.
Tentei sorrir e mesmo assim ela me parecia desconfiada.
— Se você diz, acredito em você — ela sorriu amistosa e eu aliviada — e tenho a solução perfeita!
Ela sorriu abertamente e começou a colocar várias guloseimas a minha frente. Não pude evitar em sorrir de volta, aquilo me lembrou de minha mãe e me fez sentir levemente melancólica. O clima ficou ameno e eu até consegui esquecer um pouco o que havia me deixado triste. Pena que alegria de pobre dura pouco, já dizia o ditado. Não muito depois Luna surgiu com a ruiva a tiracolo. Marcela sorria feliz e saudou-nos com um caloroso bom dia. E a cena das duas abraçadas sobre a cama me alcançou com força, senti meu estômago nausear. Sem cerimônias ela sentou-se bem a minha frente e entendi que foi por pura provocação. Já Luna, não parecia nada feliz, parecia mal-humorada na verdade e quando seu olhar encontrou o meu, uma mistura de vexação e culpa parecia dançar nos olhos de pérola negra.
Baixei o olhar quando lembrei que meus olhos avermelhados me denunciavam. E levei um susto quando ela se aproximou de forma repentina e me beijou a bochecha desejando bom dia. Meu coração descompassou com aquele gesto. E mais ainda, uma corrente elétrica atravessou meu corpo de cima a baixo quando ela, em vez de afastar-se, passou a acariciar minha nuca por baixo do colarinho enquanto conversava sobre qualquer coisa com a mãe e com Sofia. Fechei os olhos por reflexo curtindo aquele toque suave e muito sugestivo. Só os abri novamente quando ouvi o tintilar do encontro da xícara com o pires que Marcela usava, e que saiu alto demais, logo antes dela levantar-se como um furacão e sair fuzilando Luna com o olhar. Nem se dignou a pedir licença. Que mal educada. Parece que Luna havia despertado a fúria dela. Ri mentalmente antes de finalmente prestar atenção à conversa das outras três mulheres.
— Quer dizer que vamos ter uma festa para encerrar o ciclo junino na comunidade?
Perguntei curiosa e já animada com a possibilidade de fotografias incríveis.
— Sim, todos os anos nós abrimos as porteiras do rancho para a comunidade comemorar o encerramento desse período, todos ajudam e já estão trabalhando de vento em poupa na cozinha da cabana. Teremos muitas coisas gostosas, uma grande fogueira e muita música boa.
— Uau! Gostei, em que posso ajudar?!
A mãe de Luna sorriu satisfeita e começou a explicar quais atividades estavam mais atrasadas. A festa seria a noite e havia pessoas para todos os lados. Fiquei tão animada que até esqueci as aflições em que o meu coração idiota me metia. O dia passou voando com tantas atividades. Só uma coisa me tirava o foco, quando Luna e eu estávamos no mesmo ambiente, nossos olhares se buscavam a todo instante, parecíamos dizer um milhão de coisas sem sequer abrir a boca, trocávamos sorrisos discretos, mas muito sugestivos e felizes. Às 17 horas, tudo já estava pronto e os pais de Luna preparam um lanche para todos os trabalhadores, a felicidade geral era palpável e a festa meio que já havia iniciado, mesmo que não fosse a hora marcada, as pessoas se confraternizavam felizes. Depois do lanche todos se despediram até a noite. Conheci algumas pessoas incríveis e enquanto ia me despedindo Luna saiu das minhas vistas e a tal ruiva também. Confesso que isso me deixava triste e desconfortável, não queria pensar besteiras, mas era inevitável.
Quando voltei ao quarto com a intenção de me arrumar não encontrei Luna e novamente a tristeza me invadiu. Tentei afastar aqueles pensamentos que me faziam mal e foquei na escolha do que vestir. Depois de jogar em cima da cama quase tudo que trouxe na mala e na mochila, percebi que não tinha nada de junino em meus pertences, muito menos botas apropriadas, trouxe apenas um par de tênis e um par de coturnos marrons. Acabei decidindo vestir um short preto de alfaiataria e uma camiseta de listras horizontais azul-marinho e branca, além disso, é claro pedi socorro para Lucas, mas foi Gabriela quem acabou me emprestando uma das camisas xadrez de Lucas. Na verdade ela me deu a camisa, disse que havia comprado duas para o namorado, mas acabou não gostando tanto desta, que era uma mistura quadriculada de azul e preto. Agradeci satisfeita. Dava pra passar, ou melhor, dava pra não passar vergonha. Depois que me arrumei, olhei-me no espelho, não tinha esse hábito, mas estranhamente naquele dia eu desejava estar no mínimo apresentável. Após analisar achei que não ficara tão ruim, a camisa era um tanto maior que meu tamanho, eu havia jogado sobre a camiseta e o comprimento ficou na altura da bainha do short, dobrei as mangas e deixei aberta mesmo, então finalmente me rendi ao par de coturnos marrons já que meus tênis ainda estavam molhados. Culpe minha visita à cachoeira. Era isso ou um par de chinelos surrados. É também achei que não ficaria legal.
A festa estava marcada para as oito da noite e foi essa a hora exata que saí do quarto, Luna realmente não aparecera e isso me incomodava mais do que eu poderia admitir. Mesmo depois de ter participado de toda aquela arrumação ainda me surpreendi com o resultado. Comecei a fotografar tudo ali mesmo da varanda. As lâmpadas incandescentes enfeitavam todo o espaço acima do extenso gramado como pequenos pontos de luz que mais pareciam pequenas labaredas suspensas. As mesas de madeira cobertas com tecidos típicos de festas de São João davam um charme a mais. Ficou tudo muito incrível. No palco que havíamos montado a banda já passava o som e bem a frente dele foi delimitado um espaço para quem quisesse se arriscar na dança. Os primeiros convidados já circulavam espalhados e o cheiro de churrasco era sentido ao longe dando água na boca. Uma imensa mesa coberta com uma toalha xadrez foi colocada logo atrás do casarão. A mesa estava repleta de quitutes juninos, dos mais variados sabores. Num espaço um pouco mais afastado, uma grande fogueira foi erguida para ser acesa no auge da festança. O som da música alegre já invadia o ambiente e o ritmo era contagiante. Tudo estava perfeito. A noite estava linda e a lua nos brindava com seu brilho prateado.
Ela só não era mais linda que a dona dos meus pensamentos. E bom, lá estava ela descendo as escadas da varanda. Linda! Vestida com uma camisa jeans azul com as pontas amarradas em um nó deixando o abdômen a mostra, uma saia florida que ia até o meio das coxas, os cabelos partidos ao meio, caíam com duas trancinhas nas laterais do rosto anguloso, gata demais. Cheguei a suspirar quando passeei os olhos de cima a baixo. Tão sexy quanto elegante, mas principalmente descontraída e sorridente cumprimentando algumas pessoas. Como eu amava aquele sorriso, me perdia naquelas covinhas e olhar para ela me fazia sentir realmente viva. Desejei correr até ela e senti-la em meus braços, no entanto, a fotógrafa oficial não tinha folga, a todo instante alguém me chamava para mais uma foto. Acabei perdendo-a de vista algumas vezes, mas como um imã eu a buscava com o olhar e quando eles se encontravam eu era presenteada com um novo sorriso, aquele sorriso que fazia meu coração aquecer.
Mas nem tudo eram flores e justamente no momento em que teria a oportunidade de me aproximar dela a ruiva que até então tinha se mantido afastada, foi mais rápida do que eu. Puxou-a para dançar e Luna era incentivada pelas pessoas próximas a aceitar não tendo como escapar. Não pude evitar me sentir triste e enciumada com aquela cena. Ainda me torturava contemplando as duas dançarem com os corpos colados o animado forró quando Lucas se aproximou.
— Concede-me a honra dessa dança?
Ele perguntou sorridente e eu me esquivei querendo fugir.
— Fala sério, Lucas, convida a Gabi.
— Não seja boba, será a melhor dança da sua vida, prometo, confia em mim!
Ele piscou zombeteiro, mas sorria educado e muito misterioso pro meu gosto. Nem tive tempo de responder já que as pessoas ao redor passaram a também insistir que eu aceitasse. Levantei-me e rendida aceitei. Repousei a câmera em cima da mesa e acompanhei-o até o espaço reservado a dança. Começamos a dançar e ele guiava-me como um perfeito dançarino de forró. Dançamos por quase dez minutos ou menos, não saberia dizer, minha atenção havia sido roubada pelos volteios que os corpos colados de Luna e Marcela faziam pelo gramado. Sem que eu percebesse, Lucas parou a cadência da dança e me pediu um minuto virando-se para Marcela e Luna que acabavam de se aproximar.
— Com licença, maninha, mas será que podemos trocar? Podes me emprestar minha melhor amiga um pouco?
Ele perguntou e sínico sorria de lado enquanto eu ficara inerte como uma estátua. Luna sequer pensara duas vezes.
— Por favor! — Ela dissera entregando a mão que segurava ao irmão, Marcela fuzilou-o com o olhar, mas não podia fazer nada.
Luna sorriu lindamente para mim antes de colar seu corpo no meu mais que o necessário, começou a balançar os quadris no mesmo ritmo que o meu e afundou o rosto na curva do meu pescoço. O contato fez meu corpo estremecer, o roçar do corpo dela no meu reascendeu meu desejo por ela numa velocidade incrível.
— Pensei que nunca ia consegui chegar perto de você essa noite.
Ela disse em meu ouvido e minha pele arrepiou com o contato dos lábios.
— Que bom que conseguiu... Não aguentava mais ficar longe de você.
Disse sem pensar e ela afastou o rosto para me olhar. Curiosa ela prosseguiu.
— Já com saudades? — Ela zombou e eu entrei na onda.
— Demais! — Sorri.
— Vamos sair daqui?
Ela convidou e sem esperar separou nossos corpos e saiu me puxando, consegui apenas convence-la a resgatarmos minha câmera antes de segui-la pelo lado da varanda que dava para os quartos.
— Eu trouxe você aqui porque preciso esclarecer algumas coisas — ela iniciou receosa assim que chegamos à porta do quarto dela.
— Que coisas, exatamente? — Questionei.
— Na verdade, queria explicar que entre a Marcela e eu nunca mais houve nada... Quer dizer... Eu sei... Sei que talvez você tenha visto algo essa manhã e eu não quero que existam mal entendidos...
— Não precisas explicar... — interrompi. — Não me deves explicações, quero dizer.
— Não se trata de explicações e sim de uma tentativa de me deixar mal com você, entende? Eu vi como você nos olhou na hora do café e eu só queria que você soubesse que eu não dormi com ela, nem sei que horas ela se enfiou em minha cama. Eu jamais faria algo assim, ainda mais depois do que estava prestes a acontecer lá na cachoeira.
Luna balançou a cabeça em negação e virou-se envergonhada, passou a mirar a lua e eu não pude evitar sorrir. Eu só queria abraça-la e dizer que eu entendia, queria ela soubesse tudo o que ela me fazia sentir, tudo o que a proximidade do corpo dela me causava. Eu a amava e não dizer isso em voz alta estava a me sufocar. Ponderando todos os sentimentos que lutavam dentro de mim, decidi pela verdade, uma chance era tudo o que eu precisava. Enchi o peito de ar antes de tomar coragem para falar. Caminhei até ficar ao lado dela e também admirei a lua por uns poucos segundos.
— Olha Luna — me virei para ela e ela para mim — eu não quero ser ou me tornar uma mala sem alça pra você, mais do que eu já tenho sido. Mas tenho uma coisa a confessar e para fazer isso eu queria ter a eloquência que você tem senhorita advogada — sorri — mas como não sou tão sofisticada quanto você, eu vou apenas tentar ser honesta e muito, muito direta — respirei fundo. — Eu te amo, Maria Luna Medeiros e, eu vou falar de novo porque é muito bom dizer isso em voz alta. Eu. Te. Amo. E eu tô guardando isso dentro de mim a um bom tempo e — desatei a falar — tenho desejado você por tantas vezes que não dá nem pra contar, tentei até esquecer e enterrar todo esse sentimento, mas tá difícil, ou melhor, impossível. Eu penso em você o tempo todo, tô completamente apaixonada por você, e não me pergunte em que momento isso aconteceu ou como aconteceu, porque eu não tenho uma resposta exata pra essas perguntas, eu só sei que aconteceu. E sei que posso parecer volúvel, mas eu te peço, se existir qualquer chance de você sentir o mesmo por mim, me deixa te fazer feliz? — vi os olhos de Luna marejarem, pareciam emocionados ou era apenas meu subconsciente me traindo e um pequeno silêncio se fez entre nós, respirei fundo novamente e engoli em seco — E eu vou te beijar agora, se você deixar é claro!
Aproximei-me e repousei as mãos espalmadas, uma de cada lado do rosto e deslizei o polegar ao longo de sua boca que entreabriu como um claro convite, Luna não se mexeu e nem disse nada, apenas fechou os olhos. Então inclinei o rosto para frente e pousei meus lábios sobre os dela, uma explosão de contentamento misturado com saudade e reconhecimento. O beijo começou cálido, mas suave. Depois de uns segundos os corpos chocaram-se aumentando o movimento que nossas bocas compartilhavam. As mãos já não paravam quietas e passei a desliza-las em seu corpo até onde elas alcançavam, não querendo desgrudar de sua boca. Luna me fez sentar sobre o banco e sem perder tempo sentou-se com as pernas abertas sobre o meu colo e continuamos a nos beijar. Encostamos as testas quando o ar nos faltou, ela me olhou ofegante e sorriu passando uma das mãos pelos cabelos que já se desgrenhavam. Sorri de volta, igualmente ofegante e ela jogou a cabeça para trás ainda sorrindo ao morder o lábio inferior. Um gesto tão inocente, mas muito sensual, tanto que minha mão foi incapaz de ficar onde estava. Logo me vi deslizando-a por seu pescoço a mostra, então escorreguei até o primeiro botão da camisa jeans que ela usava. Abria o primeiro com suavidade quando ela me olhou novamente, abri um após o outro e por último desatei o nó. Meu ventre contraiu em desejo e novamente levei as mãos até o pescoço, depois as desci até os ombros descobrindo-os parcialmente. Escorreguei pelo colo entre os seios, seu peito subia e descia ofegante, acariciei o abdome com ambas as mãos indo em direção as costas e puxei-a para mais perto. Voltamos a nos beijar enquanto continuava a passear as mãos pelas costas, agora sem o tecido da camisa me impedindo de sentir o calor que emanava dela. Mudei as mãos de lugar, enfiando-as por baixo da saia, apertei suas coxas e Luna gem*u em meio ao beijo. Não aguentava mais esperar para tê-la por completo, levantei com ela em meu colo e caminhei trôpega. Ela saltou para o chão quando chegamos à porta, virou de costas para mim e eu a agarrei por trás.
Assim que fechamos a porta atrás de nós, nossos corpos novamente se encontraram, senti a textura da sua língua na minha e a fúria com que seu corpo se esfregava ao meu. Mergulhei novamente na curva de seu pescoço e me livrei de sua camisa, abri o fecho do sutiã e desci meus beijos por toda a extensão de pele, agora descoberta, e ensandecida de desejo apertei seus seios antes de começar a ch*par os mamilos, primeiro um depois o outro. Ora segurando-os com as mãos espalmadas ora apertando os bicos salientes. Luna gemia agarrada aos meus cabelos. Voltei a beijar sua boca com ainda mais urgência até ela soltar-se de mim e começar a despir-se por completo. Vidrada em seu corpo a vi livrar-se dos sapatos e a saia deslizar pernas a baixo junto com a calcinha. Arrepiei inteira ao avista-la completamente nua e meu sex* transbordou. Sem perder mais tempo também me livrei dos sapatos e roupas. Deitamos sobre a cama e ela se pôs sobre mim, buscando minha boca com a mesma ânsia de antes e em seguida desceu uma mão por meu corpo até encontrar meu sex* encharcado, espalmou esfregando o clit*ris, depois apertou com a mão em concha antes de me penetrar movimentando os dedos para dentro e para fora. Delirei de prazer e não muito tempo depois meu sex* explodiu em espasmos. Arfei enquanto recuperava o fôlego e então senti Luna deslizar languidamente sobre o meu corpo, ela gemia sem nem ao menos eu tê-la feito minha e meu desejo reacendeu como uma onda que nos arrasta ao fundo do mais intenso prazer, o prazer de fazer amor com se ama. Luna erguera o corpo descolando suas coxas das minhas, abriu as pernas e sentou sobre meu abdômen fazendo seu sex* comprimir-se de encontro a minha barriga, para cima e para baixo, deslizando com os líquidos de seu sex* que se misturavam ao meu suor. Girei sobre seu corpo e a fiz deitar-se de costas na cama ainda sentindo o encontro do sex* molhado com minha pele. Investi contra seu corpo e ela entendera minha intensão abrindo as pernas por completo, com as duas mãos ela mesma encaminhou meus quadris e nossos sex*s finalmente se encontraram. Gemi alto com o contato e continuei a esfregar-me sobre ela enquanto beijava sua boca. Gemíamos quase em uníssono entre um beijo e outro. Nem sei quanto tempo se passara, mas quando senti que seu corpo começara a tremer passei a beijar o pescoço e os ombros antes de cortar momentaneamente o contato com sex* delicioso de Luna, para descer por toda extensão de seu corpo, provando, lambendo, beijando até encontrar o sex* pulsante novamente e prova-lo com minha própria boca. Vi seu corpo arquear, sua cabeça pender para trás quando minha língua entrou fundo nela, tão fundo que Luna soltara um urro de prazer apertando minha mão esquerda que jazia entrelaçada a sua. E em um movimento ainda mais ousado, ch*pei seu clit*ris e desta vez a penetrei com a mão que estava livre, no mesmo instante senti as paredes de seu sex* apertar meus dedos e um líquido viscoso escorrer, enquanto ela abrochava minha cabeça entre as coxas. Espasmos sacudiam seu corpo no exato momento em que os fogos explodiram lá fora, quase uma comemoração pelo ato que acabamos de compartilhar. Mas era apenas o anúncio de que o ápice da festa havia chegado e a grande fogueira havia sido acesa. Bom, uma fogueira também se acendera ali, naquele quarto, e esta estava longe de apagar. Ri mentalmente e sorri feliz externamente quando um ligeiro sorriso de malicia se desenhava em um dos cantos de sua boca. Era o embalo que eu precisava para continuar sendo arrastada por aquele tsunami de desejo.
Fim do capítulo
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