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Entre Você & Eu por EriOli

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Palavras: 4034
Acessos: 940   |  Postado em: 03/07/2020

Capitulo 18 - IDIOTISMUS: esqueletos no armário

Capítulo 18 – IDIOTISMUS: esqueletos no armário

Segundo a etimologia, a palavra idiotismo, que vem do latim Idiotismus, e refere-se a muito mais do que só algo “próprio do que é idiota”. O que seria bem a propósito para mim, nesse momento da vida. No entanto, essa mesma palavra é o mesmo que Expressão Idiomática, ou seja, um conjunto de palavras que se caracteriza pela impossibilidade de identificar seu real significado, devido ao sentido literal dos termos que a compõem. De modo geral muitas expressões idiomáticas têm existência curta, já outras acabam resistindo ao tempo e chegam a ultrapassar o contexto original, sendo usadas de forma mais compreensiva.  É o caso da expressão “esqueletos no armário”, emprestada do inglês, “SKELETON IN THE CLOSET”, que acabou por ser usada corriqueiramente no português e que na verdade, diz respeito a um segredo embaraçoso ou vergonhoso, do próprio passado ou da família. O que me faz pensar que, todos, temos muito mais a esconder do supomos. O que não é um bicho de sete cabeças para você, não quer dizer que para outrem não seja. E no fim das contas, a empatia sempre será a melhor solução para lidar com os problemas alheios.

Depois daquela constatação fui para quarto a fim de tomar banho e trocar-me para o almoço. Quando me preparava para sair do banheiro, ouvi vozes exaltadas e alguém batera a porta do quarto fortemente. Parei com a mão sobre a maçaneta e me deixei ficar ali, apenas a escutar. Percebi a voz de Luna entre a discussão, ela parecia dura e revoltada, mas principalmente demonstrava fragilidade.

— Qual o meu problema? Meu problema é você e essa mania de querer reviver coisas inúteis, sai daqui, por favor!

Luna falava “por favor”, mas gritava como eu jamais tinha ouvido, ela estava realmente brava.

— Você não pode simplesmente ficar me expulsando da sua vida, o Lucas nem sequer pode me levar ao apartamento de vocês e até aceito, mas aqui não, aqui você não tem esse direito. E depois, não sei por que essa insistência em fugir de nossos sentimentos, Lu, eu sei que você ainda me ama!

“Nossos sentimentos, Lu...Lu...Lu...neah...affs” repeti debilmente fazendo uma careta e revirei os olhos para a voz melosamente odiosa, provavelmente da tal Marcela, que se propagou tanto quanto meus ciúmes. Confesso que não escutar Luna negar de imediato sobre amar a outra me causou uma dor que eu não conhecia.

— Olha aqui...

Luna gritou novamente, estava totalmente descompensada, mas antes que ela continuasse foi interrompida por Lucas.

— Parem de gritar, estão loucas? Nossos pais estão para voltar da cidade e se virem essa palhaçada vão querer explicações.

— Ah é? Pois a culpa é toda sua! Quem mandou traze-la!

Luna respondera ríspida.

— Ah, não venham me culpar por suas escolhas, conversem e se resolvam como adultas.

— Ah claro, falou o adulto que ainda toma mingau antes de dormir. Quer saber, saiam daqui os dois!!!! Me deixem!!!!

Ela novamente gritou e uau, acho que ela extrapolou todas as cotas de gritos. Isso foi inédito pra mim. E estarrecedor. Engoli em seco quando a porta foi novamente batida com toda a força, provavelmente por ela depois que os dois se foram. Deixei passar uns minutos e saí do banheiro vagarosamente, espiei o quarto inteiro e não a vi. Notei a porta para a varanda aberta e fui até lá, encontrei-a novamente mirando as árvores, mas desta vez ela chorava baixinho. Pigarreei para chamar sua atenção.

— Oi!

Saudei sem graça e minha voz quase sumia. Ao ver-me ela tentou enxugar as lágrimas rapidamente. Mas era inútil. Então, como num passe de mágica, a fúria tomou o rosto dela que se levantou e veio para cima de mim, me pegando desprevenida.

— Onde você se meteu?! Me deixou louca de preocupação e se você se perdesse, hein Patrícia?! Onde você estava com a cabeça pra sair assim, sem me avisar, sem um guia?! Onde você estava quando precisei?! Onde?!

As últimas perguntas já não eram mais sobre minha aventura solitária. Ela falava e me empurrava com raiva. Eu apenas me afastava e aceitava os golpes. Dei alguns passos para trás enquanto ela gesticulava em minha frente. Engoli em seco diante de toda a devastação que enxergava dentro dos olhos dela. Quando ela já não tinha mais forças eu a puxei pela cintura e aproximei nossos corpos, de maneira que seus braços ficaram presos sobre meu peito, olhei em seus olhos e tentei ser o mais honesta possível.

— Me desculpa, não quis te deixar preocupada...

— Mas deixou!!! — Ela me interrompeu indignada e acertou-me novamente com os punhos fechados, mas desta vez suas forças já não tinham a mesma intensidade.

— Eu sinto muito — disse segurando em seu rosto de forma gentil — fique calma eu estou aqui agora, vem aqui vem!

Ela chorava copiosamente e meu coração havia se reduzido ao tamanho de um grão de arroz de tão pequenino que ficou. Abracei-a com todo o amor que agora eu sabia, estava nascendo dentro de mim, tentei passar a sensação de segurança como em todas as vezes que ela me abraçou quando precisei. Fiz com que caminhássemos até o guarda-corpo novamente e sentamos sobre o banco embutido, ficamos ali abraçadas por longos minutos. Algum tempo depois o choro havia cessado, mas a tristeza ainda imperava em seu semblante. Deixei-me ficar ali, acariciando seus cabelos. Não conversamos sobre o ocorrido e possivelmente ela não deveria estar à vontade para falar ainda. Decidi deixar esse assunto para outro momento. Pouco a seguir uma das senhoras que trabalhavam lá, Sofia, era o nome dela, veio avisar que o almoço seria servido na cabana, anexa a piscina. Luna não queria ir de jeito algum e deu certo trabalho convence-la.

— Eu vou estar com você o tempo todo, ok. Ela não irá incomodar novamente, tenho certeza. E, além disso, seus pais estarão presentes, duvido que ela tente alguma coisa. Agora preciso da advogada Maria Luna Medeiros, aquela que não tem medo de falar a verdade e que inibe qualquer reles mortal apenas com um olhar — sorri ficando de frente para ela e olhando-a nos olhos, acariciei seu rosto de forma delicada.

— Acho que ela ficou na capital.

Ela respondeu com manha e desviou o olhar, sorri novamente de sua carinha frágil e envergonhada.

— Não seja boba, ela continua aqui — toquei em seu peito na direção do coração com o indicador — onde sempre esteve. Agora vai lavar esse rosto pra podermos almoçar, tem um buraco no lugar do meu estômago, sabia?

— Besta!

Rimos juntas e o clima pareceu amenizar. Ela empurrou meu ombro antes de partir para o banheiro, dez minutos depois reapareceu de rosto lavado e levemente maquiado, devia querer esconder os olhos inchados, mas eles ainda estavam muito vermelhos. Sorri para ela de forma gentil e sugeri que ela colocasse os óculos escuros, ideia que ela prontamente atendeu. Abri a porta fazendo uma reverência para que ela passasse, ela gargalhou e entrou na onda passando pela porta como que se desfilasse para seus súditos. Balancei a cabeça rindo e fechei a porta atrás de nós. Já do lado de fora, antes de descermos as escadas da varanda, Luna puxou-me pela mão e entrelaçou nossos dedos, percebi que ela apertava mais que o necessário enquanto caminhamos. Quando nos aproximamos da grande cabana observei à ruiva se empertigar ao notar nossa presença. Ao chegarmos vi que os olhos dela passearam de Luna para nossas mãos, que ainda continuavam entrelaçadas. Gabriela, namorada do Lucas, veio correndo me abraçar e os pais de Luna também vieram a nosso encontro, pareciam ter ficado felizes por nos verem de mãos dadas como se fossemos um casal. Lucas tratou logo de fazer minha apresentação pra geral. Quando tentei soltar nossas mãos Luna apertou-as ainda mais como um reflexo. Então gentilmente me virei de frente pra ela, sorri e me aproximei beijando sua bochecha.

— Calma linda, eu sei o que estou fazendo, não se preocupa, não sairei do seu lado.

Sussurrei em seu ouvido antes de me afastar. Desta vez ela assentiu e soltamos nossas mãos.

— Então, o casalzinho aí não vai nos dar a honra nesse almoço, não?! — aproveitei que Lucas chamara nossa atenção fazendo Luna virar-se para ele e a abracei por trás segurando em sua cintura de forma possessiva.

— Mas é claro que vamos — falei por cima do ombro de Luna — mas não custa aproveitar os momentos bons, né?!

Pisquei pra ele de forma sugestiva e reparei que a tal da Marcela não só não tirava os olhos de nós, como também apertava fortemente a faca que ela tinha em mãos, dava pra ver o polegar esbranquiçado. Quase soltei uma risada de deboche, provável que ela quisesse me assassinar naquela hora. Mas claro a bicha era insistente, foi só nos sentarmos para comer que ela desatou a falar, com Luna é claro, toda melosa. A mim ela ignorava. Encheu-a de elogios e mais elogios, na cara dura mesmo. Eu estava a ponto de voar no pescoço dela. Ô mulherzinha chata. A pior parte era ver o quanto Luna ficava acanhada com as infinitas referências a relação que existira entre elas, lembranças que visivelmente deixavam Luna vulnerável perto dela. Isso fazia meu peito se encher de tristeza e a inda mais ciúmes. E também tinham os outros amigos de Lucas que desataram a fazer-me um monte de perguntas sobre fotografias e eu tinha que me revezar em respondê-los e não deixar que a cobra ruiva destilasse mais veneno por ali. Após o almoço Luna parecia estar cansada daqueles embates, então a convidei para voltarmos ao quarto a fim de descansarmos. Aproveitei que ela estava no banho para falar com Diego sobre nossa agenda do próximo mês e também contar sobre os acontecimentos da manhã e o almoço constrangedor. Havia conversado com ele apenas por mensagens. Ele que desde o incidente em meu quarto, quando eu já estava com Mariana, “Mariana, engraçado, não havia pensado nela um só minuto desde que chegamos, no fim das contas Luna tinha razão, como sempre”, pensei com meus botões. Mas como eu dizia Diego não tirava da cabeça a ideia de que havia uma tensão sexual entre mim e Luna, agora ele insistia para que eu me abrisse com ela e falasse dos meus sentimentos.

— O que você tem a perder? E, além disso, o que essa tal de Marcela tem que você não tenha? — Ele argumentava.

— Bom, ela é linda, rica, sofisticada, é médica ou quase, e tem uma longa história com a Luna — suspirei caindo na realidade — de qualquer jeito, não quero perder a Luna. Não quero estragar tudo como foi com a Mariana.

— Primeiro que a duas caras da Mariana não chega aos pés da Luna, segundo, a julgar pelo jeito que a Luna te olha, ela vai dispensar essa ruiva aí em dois tempos, vai por mim.

Sorri com esse comentário e ainda conversamos por mais cinco minutos e precisei desligar, Luna havia saído do banho e parecia me analisar, “será que ela ouviu minha conversa?” gelei ao pensar nessa possibilidade. Decidimos descansar, deitamos novamente na mesma posição da tarde anterior, eu com meus fones e ela agarrada a mim. Ainda fiquei alguns minutos pensando em minha conversa com Diego, principalmente na pergunta que ele me fizera, “O que você tem a perder?”, pensar na resposta para essa pergunta era tão assustador quanto ter um pequeno ataque cardíaco. Senti que Luna se aconchegara ainda mais e, bom, eu poderia me acostumar com isso, não seria mesmo um problema, ri mentalmente antes de fechar os olhos e relaxar. Quando despertamos já era noite, Luna não queria sair da cama e para falar a verdade, eu também não. Por isso, optamos por não aparecer para o jantar, apenas eu, fui à cozinha preparar uns sanduiches e pipocas, pois decidimos caçar alguma série para maratonar.

Dormimos quando a madrugada já ia alta, por isso acordamos mais tarde. Ao sairmos para o café da manhã, todos já estavam em volta da piscina. Naquela quinta-feira ensolarada de julho, nenhuma de nós estava com vontade de encarar a tal da Marcela, Luna por motivos óbvios, eu apenas por ciúmes mesmo, custei admitir isso a mim mesma. Então, convidei-a para irmos até a cachoeira. Saímos de fininho pra que ninguém nos visse, deixando apenas um recado para Dona Olivia. Fiz várias fotos de Luna durante metade do caminho. Ela reclamava quando eu não aparecia, mas pegar o sorriso despretensioso que ela me presenteava estava a virar meu novo hobby. Riamos a toa e fazia já algum tempo que não me sentia tão feliz. Ela ainda separou um tempo para me dar bronca por conta de minha outra ida até lá. Antes de chegarmos ao nosso destino, finalmente encontrei espaço e coragem para falar do assunto Marcela, que tanto me corroía.

— A Marcela e eu costumávamos vir aqui de quinze em quinze dias, mesmo depois da mudança para a capital... Mas isso já faz tempo... Em uma realidade paralela que parece nunca ter existido — Luna soltara sem querer e balançou a cabeça em negação.

— Te traz muitas lembranças, não é?

Havíamos terminado a primeira travessia pela trilha de pedras e ela parecia me analisar e até ponderar antes de enfim responder, mas não antes de suspirar profundamente.

— Sim, as melhores e as piores.

— Quer me contar?

Ela me fitou desconfiada, parecia travar uma guerra consigo mesma, resolvi sorrir tentando passar algum tipo de confiança para que ela prosseguisse. Então ela parou de forma repentina e virou-se completamente para mim. Estávamos sob a copa de uma árvore imensa. Apenas os sons da natureza (o rio corrente, o canto dos pássaros, a brisa suave), preenchiam o silêncio que se seguiu por mais ou menos um milhão de segundos entre nós. Eu não saberia dizer. Ficamos em suspenso até ela voltar a falar.

— Não gosto de falar sobre isso...

— Não precisas, se não o quiseres — tentei interromper.

— Não, tudo bem eu acho, tenho fugido dessa conversa por três longos anos — ela passou a mão pela nuca antes de me encarar. — “Nunca é o momento certo para essa conversa, não é dona Maria Luna?” — Ela imitara os trejeitos da mãe — é o que minha mãe vive dizendo.

Ela sorriu sem vontade e eu apenas dei um meio sorriso para mostrar que estava a prestar atenção. Sentamos sobre algumas pedras que se espalhavam pela beirada do rio, ainda debaixo daquela árvore e decidi não falar nada, então ela continuou.

— Pra resumir, Marcela e eu nos conhecemos ainda crianças, amigas de infância, tão clichê — Luna sorriu sem nenhuma vontade, apenas com amargura. — Bom, ela tem a mesma idade de Lucas e como sou apenas dois anos mais velha, sempre fizemos quase tudo juntos desde que me entendo por gente, crescemos nessa região entre a cidade e o rancho dos meus pais — ela suspirou nostálgica. — Então, foi meio fácil entender que era apaixonada por ela, principalmente depois de me compreender e me assumir de forma pessoal, pra mim mesma, quero dizer. Por algum tempo tive medo desse sentimento e tentei esquece-la. Fui para a faculdade com meus 18 anos, por isso me mudei para a capital, conheci outras garotas nesse período, mas quando estava no segundo ano da faculdade, já com 19 anos, vim passar férias em casa. Como ela e Lucas eram inseparáveis, ela também viera passar férias conosco. Foi quando nos envolvemos de fato, pela primeira vez, ela tinha apenas 17 anos e eu 19. E foram incríveis aqueles dias. Mas aí tive que voltar a capital e engatamos uma espécie de namoro à distância. Aguentamos firme, até o próximo ano. Quando tanto ela quanto Lucas também se mudaram para a capital para iniciar o cursinho pré-vestibular, nesse período vivemos no céu. Namoramos até ela estar com 23 anos e eu com 25, já formada e advogando a mais de dois anos, ela e Lucas estudando Medicina, tudo estava perfeito. Ao menos era o que eu pensava... — ela fez uma pausa e fechou os olhos parecendo lembrar algo importante, antes de continuar —... eu a amava tanto — ela falava com tamanha nostalgia e tristeza que seus olhos se encheram de lágrimas, pelo visto ela havia chegado à parte mais sensível de toda aquela história. — Eu estava feliz, mas não havia me atentado aos detalhes, pensei apenas em mim mesma, em minha felicidade. Ainda estávamos em janeiro e decidi que era o momento perfeito para pedi-la em casamento. Ela aceitou e achei que não poderia haver pessoa mais feliz ou mais sortuda do que eu naquele momento. Sem querer perder tempo, confesso que a pressionei, hoje enxergo isso, marcamos a data para o meio do ano, julho. Eu estava muito animada, já vivíamos praticamente juntas e eu comecei os preparativos para o casamento que seria na casa dos pais dela. A única coisa que não percebi é que ela não estava tão feliz quanto eu — a tristeza emoldurou o rosto de Luna novamente e desta vez as lágrimas rolaram sem serem contidas, sentia meu coração apertar a cada minuto que se passava e tudo o que eu queria era poder desaparecer com aquela dor que transparecia naquelas íris negras como a noite. — Reconheço minha culpa em não me atentar da forma devida e tudo o que eu queria é que ela tivesse sido sincera comigo, mas não, — ela levantou limpando o rosto com o dorso das mãos e agora a raiva é quem dava as caras, virou-se dando as costas para mim gesticulando para as árvores enquanto falava. — Marcela permitiu que eu seguisse adiante com aqueles planos, que no fim descobri, eram apenas meus, no dia da cerimônia ela me deixou um bilhete dizendo que não conseguiria fazer aquilo, que ainda era muito nova para um casamento, que queria viver a juventude e que viajaria de mochilão com Lucas pela Europa.  Até hoje não sei como consegui perdoar o Lucas, entendo que eles sempre foram melhores amigos, mas eu era a família dele, se ela não conseguia ser sincera ele teria de ser, mas foram dois covardes. Eles viajaram por um ano enquanto eu fiquei para juntar os cacos, Lucas tentou falar comigo por meses, me afoguei no trabalho e isso foi a única razão pra não pirar. Cheguei a pensar que eles tinham um caso, mas Lucas havia levado a namorada. Entendo que era um sonho que eles compartilhavam, mas realizar isso pisando nos meus e pior, não só nos meus sonhos, mas nos meus sentimentos também. Era pesado demais pra que eu suportasse. Quando voltaram, Lucas começou uma maratona de desculpas e perdão, passei mais um ano sem falar com ele, mas quando nossa avó adoeceu, chamou-nos para uma conversa franca. Deu bronca em nós dois e fez-nos prometer que cuidaríamos um do outro. No início, foi difícil, mas dois meses depois dessa conversa ela faleceu e as barreiras entre nós caíram por completo. Claro que não somos mais aquela mesma dupla, contudo hoje vivemos em paz e sob o mesmo teto. Eu o amo e isso, não posso negar. No dia do enterro de minha avó foi a primeira vez que vi Marcela novamente depois do dia que deveria ser o mais feliz da minha vida. Eu tentei ignora-la, no entanto, ela conseguiu se aproximar em um momento em que me vi sozinha, como estava vulnerável pela dor da perda ela aproveitou-se, tentou se desculpar, mas meu coração era apenas rancor. Mesmo e apesar da amargura que carregava a respeito dela, igualmente percebi que meus sentimentos por ela não haviam se evaporado como eu pensava, percebi que não estava tão imune a ela quando nos beijamos, por isso fugi e continuo fugindo. Proibi que Lucas a levasse até nosso apartamento, eu sei que a amizade deles jamais se acabará, pois convivi por muito tempo com eles dois a tira colo, é dessas que duram uma vida inteira e até depois. Enfim, temo estar com ela e sucumbir àquele sentimento que tentei enterrar por muito tempo, sempre que Lucas me pedia para conversar com ela, eu sentia raiva, mas principalmente medo. Medo de que ela me fizesse ama-la novamente para depois deixar-me outra vez. É algo confuso para mim — ela elevou as mãos ao rosto cobrindo-o por completo, como se sentisse vergonha de tudo o que havia falado, em seguida passou as mãos pelos cabelos e voltou a me encarar. — Não sei se consegues me compreender?!

Levantei de onde estava e sacudi a cabeça confirmando que a entendia perfeitamente, por um minuto não sabia o que falar depois de todo aquele relato, então fiz a única coisa que tive vontade de fazer desde que ela começara a falar, eu a abracei com força, ela me pareceu surpresa com minha reação, mas logo se entregou aquele abraço. Depois de uns minutos que mais pareceram horas nos separamos e eu a encarei com todo meu amor e carinho, um amor que Luna construíra dia-após-dia desde que nos conhecemos, aprendi a amá-la e nem sei em que momento eu me apaixonara, mas de certa forma, foi ali em meio à natureza, que percebi que meu maior desejo dali em diante era fazê-la feliz.

— Eu entendo perfeitamente e se pudesse, faria essa dor desaparecer para sempre.

Ela sorriu constrangida enquanto eu segurava seu rosto entre minhas mãos.

— Obrigada... Por me escutar... Acho que precisava disso — ela agradeceu-me.

— Eu sempre estarei aqui pra você, podes ter certeza disso... Eu amo você!

Meu coração retumbava quando terminei a última frase e senti que ela estremeceu ao ouvir, beijei sua bochecha de forma delicada e não sei se ela percebera que esta última frase não era apenas uma força do habito ou algo banal e sim, a mais pura verdade. “Chega, Patrícia, comporte-se, ela precisa de uma amiga e não de uma namorada”, repreendi-me em pensamento e fiquei algo envergonhada, então desconversei convidando-a a seguir adiante, até nosso destino, o que ela prontamente concordou. Quando chegamos a grande clareira, fui logo me livrando da mochila, dos tênis e camiseta, ficando apenas de shorts e a parte de cima do biquíni. Joguei-me na água gelada enquanto Luna se despia vagarosamente. Ao emergir dei de cara com Luna apenas de biquíni, engoli em seco, a pele negra parecia refletir a luz do sol como um tesouro brilhante. A cor branca das peças a deixavam mais sexy que a encomenda e senti meu baixo ventre se contrair.

— Está muito gelada?

Ela perguntou me trazendo de volta a órbita. Passei as mãos pelos cabelos e desviei o olhar tentando esconder o desejo.

— Mas é claro que não, vem logo!

Gritei e ao mesmo tempo esguichei água com as mãos na direção dela que saiu dando pulinhos e gritinhos.

— Pare Patrícia! Está sim gelada, sua mentirosa, mas você me paga.

Dito isto, ela saltou para dentro do lago e passou a esguichar água em minha direção. Nadei para perto das pedras e meio que me escondi. Riamos horrores dessa briga tão infantil até ela decidir nadar até mim e sem aviso prévio me abraçar alegando frio. Pelas deusas, minha pele arrepiou e não tinha nada a ver com brisa que soprava ou a água gelada. Há tempos não sentia o contato da pele dela tão próxima a minha, ao menos não sem tantas roupas a nos separar, senti-la dessa maneira atrelado a todos os meus conflitos de sentimentos não era um bom sinal, pelo contrário era como colocar as mãos em um pedaço de lenha ainda aceso, que esquenta e pode até queimar se não o soltarmos com a máxima urgência. E pelo visto aquela era minha prova de fogo e eu já nem conseguia controlar minhas próprias mãos. Sem me conter comecei a passa-las por suas costas e notei que a respiração de Luna ficou alterada, senti que ela me apertara ainda mais. Involuntariamente minha coxa direita procurou espaço entre as suas, que não me recusaram.

Fim do capítulo


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Comentários para 18 - Capitulo 18 - IDIOTISMUS: esqueletos no armário:
MirAlexia
MirAlexia

Em: 30/07/2025

Ruivas são um perigo (eu que o diga) e essa ainda vai fazer alguma. :-@

Responder

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Rose_anne
Rose_anne

Em: 04/07/2020

Que maravilha essas duas 

Será que engaja um romance nessas férias delas ? Estou adorando a interação😍😍😍


Resposta do autor:

Elas têm tudo pra dar certo não é?! rsrsrs

Obrigada por continuar aqui.

Há braços

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