Megan

Já haviam se passado 15 dias e não obtivemos nenhum resultado positivo para o transplante de Bem, nos últimos três dias ele havia piorado drasticamente , apenas um dos rins estava funcionando e era apenas 30% de funcionamento .

Cat não saia de perto de nós, ela era meu porto seguro, só sentiu um pouco de paz quando estava em seus braços.

No sábado pela manhã enquanto ligava a tv para Ben se distrair ouvi Cat acionar a emergência , Bem estava convulsionando , as enfermeiras e médicos foram muito rápidos e o socorreram de imediato. Eu assisti a tudo sem me mexer, apenas as lagrimas rolavam sem parar, eu estava perdendo meu filho. E naquele instante tomei uma decisão..

Assim que o estabilizaram chamei tia Rita e Caterine e disse séria :

- Vocês ficam com Bem, cuidem dele ate eu voltar..vou resolver isso, beijei Bem na testa e saí sem ao menos das chance delas perguntarem algo.

Sai do hospital e peguei um taxi até a entrada do morro, tinha tomado uma decisão que poderia custar o amor de Caterine, mas não estava em posição de negociar.

Logo na chegada fui recebida por dois “capangas”, me olharam desconfiados, eu estava com cara de cansada pelos dias no hospital, com uma roupa amarrotada com certeza pensaram que eu era alguma viciada em busca de drogas. Eu olhei sério para eles e disse:

- Quero falar com o Markin, onde ele está ?

Os dois riram da minha cara respondendo:

 - E quem tu é pra vir aqui falando assim dando ordens mulher?

E eu secamente respondi :

 - Avisa ele que é a mãe do filho dele.

Os dois se entreolharam com cara de assustados, falaram algo no radio comunicador e em poucos minutos um carro veio me buscar.

Os dois me pediram desculpas mas eu ignorei, não estava interessada em conversa.

Cheguei a uma casa de médio porte, bem maior em qua a que eu vivia com meu filho. Markin estava sentado próximo a uma piscina com uns amigos bebendo. Ele se levantou e ficou de frente comigo com um sarcasmo insuportável no rosto dizendo :

 - Sentiu saudade é gatinha?

Ele tocou meu rosto com as costas das mãos imitando um carinho, eu apenas tirei a mão dele do meu rosto e disse secamente :

 - O Ben está morrendo Markin, o nosso filho está morrendo.

Vi seu sorriso desaparecer imediatamente e ele deu a ordem :

- Paulão , põe todo mundo pra fora e não deixa ninguém me interromper, tem um bagulho sério pra resolver.

De imediato as pessoas foram saindo e me ví sozinha com ele, e de verdade ele não se parecia nada com o garoto que foi criado comigo. Markin e eu nunca fomos apaixonados, ele era meu melhor amigo de infância   tivemos apenas uma noite de sex*. Eu tinha apenas me relacionado com meninas e numa noite de bebedeira resolvi tirar a duvida se tinha atração por homens...E  foi assim que Bem foi concebido , se eu entrei em pânico ? com certeza ! Se eu me arrependo ? Não! Ben tinha se tornado minha vida, minha maior felicidade.

Markin se sentou num banquinho e fez sinal para eu me sentar dizendo seriamente:

-  O que aconteceu com o moleque Megan? O que o pivete tem ?

Eu expliquei toda a situação para ele que ouviu com atenção, e eu terminei :

- Markin eu preciso que você vá ao hospital para ver se é compatível, nosso filho precisa de um rim e tem pouco tempo para esperar.

Markin de imediato chamou seus “parceiros” pelo radio, deu algumas ordens..Ele estava a pouco tempo “subindo de posto” no morro...e tinha medo de algum ataque...

Ele entrou na casa e em pouco tempo voltou trocado, sério, com uma mala de mão dizendo :

- Bora Megan, o pivete não tem tempo de enrolação.

Eu sorri aliviada, tinha uma grande chance dele ser o doador .

Entramos no hospital e Caterine que estava no corredor conversando com uma medica veio ao meu encontro me abraçando e perguntando:

- Você está bem meu anjo? Você saiu praticamente correndo, fiquei tão preocupada contigo.

Eu a abracei apertado respondendo com carinho :

- Está tudo bem meu amor! Como o Bem está?

Quando terminei minha pergunta fui interrompida por Markin dizendo:

- Meu amor ?? Que negócio é esse Megan ??

O olhei respondendo meio preocupada e ansiosa:

 - Markin essa é minha namorada Caterine.

Cat estendeu a mão amistosamente com um sorriso no rosto, sorriso que sumiu quando eu completei :

- Cat..e esse é o Markus, pai do Ben.

Vi realmente o sorriso de Cat morrer em seu rosto, mas ela como sempre elegante e firme manteve sua postura . Apertou a mão de Markus dizendo :

 - Muito prazer Markus , pena nos conhecermos numa situação tão difícil . Megan fala muito de você –

Caterine disse essa ultima frase com um sarcasmo e uma magoa grandes. Isso fez meu coração doer eu nunca queria ser a razão do sofrimento dela ..

Markin olhou desconfiado, apertou sua mão e já disse saindo:

 - Megan, onde eu tenho que ir pra fazer essa bagaça?

Acompanhei ele até as enfermeiras que explicariam tudo para ele e voltei para onde Caterine estava.

Ela estava parada com os braços cruzados, uma das mãos no queixo , mas o que mais me preocupou foi o olhar distante e frio, como na noite que a conheci.

Me aproximei devagar dizendo :

- Amor eu posso explicar...

E pela primeira vez Caterine se afastou do meu toque, do meu carinho aquilo fez meu coração apertar no meu peito. Caterine apenas se afastou um pouco dizendo :

 - Agora não Megan! Eu preciso esfriar a cabeça ...  - Virou de costas e saiu andando para fora do hospital, eu fui atrás dela e abracei pelas costas segurando forte, chorando e dizendo:

- Por favor Cat não me deixa, eu não tinha outra opção , por favor me perdoa....não me abandona por favor.

Caterine se virou de imediato e me abraçou forte, olhou nos meus olhos dizendo :

 - Abandonar você ?? Não pensa bobagem Megan...como eu vou abandonar você se uma parte do meu coração está aqui com você e a outra dentro daquela sala com o Bem!?     Eu to muito puta por você não dividir comigo o que iria fazer, eu já disse que estou aqui por vocês, você precisa confiar em mim, dividir as coisas comigo e não fazer tudo sozinha, escondida..isso me fez sentir traída. Eu não sei nada sobre o pai do Bem, são coisas que eu espero você me contar quando estiver pronta...sem medos , sem receios ...ao seu tempo

Caterine me olhava nos olhos  e eu entendi como ela se sentia, eu tinha mesmo pisado na bola e não estava disposta a errar novamente..foi quando tomei coragem e disse de uma vez:

- Só tem duas coisas que você precisa saber sobre o pai do Bem. Eu e ele nunca nos amamos, eramos amigos de infância e só tivemos uma noite. E era ele que estava comigo quando invadi sua casa.

Fim do capítulo