Capitulo 4
- Então Estela tinha uma filha. – constatava em voz alta - Será que é casada? Mas se fosse não tinha cabimento me convidar para o jantar. – Revirou os olhos se repreendendo. Sabia que não deveria ter aceitado. Se Julia soubesse iria reprovar toda e qualquer aceitação de aproximação por parte de Marina. Não tinha muito que fazer mais. Retornou sua atenção para o trabalho se desligando de tudo novamente durante todo o dia.
Naquele dia não almoçou, comeu um sanduiche entre o intervalo de um paciente para o outro. Trabalhou direto até às 18h quando encerrou o expediente naquele dia. Recolheu sua bolsa e foi para casa. Somente quando chegou ao seu apartamento que pegou no celular. Havia uma ligação da mãe e algumas mensagens, incluindo uma de Estela. Ligou para a mãe antes de checar as mensagens. Conversaram o de sempre e Marina prometeu a mãe que apareceria no final de semana e se despediram. Abriu a mensagem de Estela
“Muito obrigada mais uma vez por ter tido tanta paciência com a Elisa, ela adorou você. Te espero para o jantar aqui em casa. Senti sua falta. O endereço é: Condomínio do Edifício Botafogo I – Praia de Botafogo, 416, apt 301. Pode chegar aqui umas 20h. Bjs”
Era 20h15min quando chegou ao endereço de Estela. O Porteiro autorizou sua entrada. No elevador, aproveitou para se olhar no espelho. A escolha da calça de pantalona preta e a blusa de alças finas lhe trazendo um aspecto elegante e informal parecia perfeito. Ajeitou os cabelos com a mão colocando de lado. Saiu do elevador no andar que o porteiro havia indicado. Logo identificou a porta do apartamento de Estela. Tocou a campainha tentando esconder seu nervosismo. Foi Estela quem atendeu a porta, com um enorme sorriso.
- Você tá linda! – foi a primeira coisa que disse ao ver Marina – vem, entra.
Marina entrou reparando o quanto aquela mulher conseguia ficar ainda mais linda. Vestia apenas um vestido azul e assim como os dela, os cabelos estavam soltos. Estela era o tipo de mulher que menos era mais. Ficava linda com pouca coisa e Marina não cansava de admirar isso nela.
- Obrigada, você também tá.
- Estávamos apenas esperando você. Vou chamar a Elisa – antes que Estela saísse, Elisa pareceu na sala e correu para abraçar Marina.
- Tia! Olha, eu já colori duas páginas – disse se afastando para mostrar o livro pintado.
- Você pinta muito bem! – sorria com sinceridade.
- Vamos jantar meninas? - Estela conduziu as duas para a mesa, já posta – Marina, eu espero que goste, fiz massa.
- Eu adoro tudo que tenha massa – riu pela primeira vez naquela noite, sem receio.
O jantar transcorreu bem. Estela havia separado um vinho para que as duas tomassem durante o jantar. Elisa foi falante durante toda a refeição e Marina a elogiava para Estela, dizendo que a menina era muito esperta e inteligente para a idade.
Após o jantar, Elisa já se encontrava um tanto quanto sonolenta no sofá, e sua mãe a ajudou a escovar os dentes e colocar o pijama.
- Ela estuda pela manhã, acorda cedo e quando já dá essa hora ela já fica sonolenta – Falava com Marina enquanto colocava Elisa na cama.
- Boa noite, Tia Marina – jogou um beijinho de longe, olhando para marina que estava encostada no batente da porta do quarto da menina.
- Boa noite, meu amor.
Estela deixou um abajur ligado e fechou a porta do quarto da filha. Foram para sala e fez sinal para que Marina sentasse no sofá, que assim o fez.
- Marina, queria conversar com você... Naquele dia – procurava pelas palavras – não me arrependi como você pensa – fez uma pausa – Eu tenho uma filha, ela estava na casa do pai naquele dia e eu prometi que a buscaria a noite. A minha situação é um pouco complicada, sabe.. – suspirou.
- Então me explica – encorajou
- Estou em um processo de separação com meu ex marido. Ele dificultou muito as coisas porque nunca aceitou o término. Há mais de um ano estou separada dele. E agora ele começou a usar a minha filha para me atingir. Então ele só tá esperando um deslize meu. Não que eu me relacionar novamente com outra pessoa, seja ela homem ou mulher possa ser um deslize. Acho justa toda e qualquer forma de amor e não quero viver às sombras do preconceito da sociedade, entende? Mas, infelizmente, no atual momento da minha vida, preciso ter cautela. Não duvido que meu ex marido use qualquer coisa para me atingir e eu me relacionando com outra mulher seria um prato cheio pra ele nesse momento.
Estela carregava em sua fala um discurso carregado em tristezas. Os olhos de tonalidade mel e tão expressivos estavam tristes. Marina sentiu vontade de abraça-la e assim fez. Foi nesse momento que todo o sentimento de desejo de ambas fez com que se esquecessem de tudo. Estela a beijou no pescoço enquanto ainda estava abraçada, fazendo Marina arrepiar. Marina buscou os lábios de Estela e ali se entregaram a um beijo carregado de saudades. Beijaram-se deixando as mãos ganharem vida própria. Exploraram sem demora o beijo gostoso. Foi Estela quem investiu mais fundo, colocando as mãos por baixo da blusa de Marina, alcançando os seios. A mais jovem permitiu por um momento, mas como que voltasse ao seu juízo, interviu falando no ouvido.
- Eu quero.. quero muito, mas tem a Elisa – falava tentando conter o desejo
- Ela tem o sono pesado, não se preocupe – Estela ainda tentava alcançar novamente os seios de Marina enquanto a beijava.
- Mas se ela levantar e nos ver aqui? – Estava realmente preocupada e não conseguia relaxar.
Propôs, então, quase que em súplica
- Vamos para o meu quarto.
Foram de mãos dadas até o cômodo e após a porta ser trancada, retomaram as carícias, aumentando o tesão que havia entre elas. Beijavam-se sem pressa, enquanto se acariciavam. As mãos de Estela apertavam os seios firmes da jovem deitada em sua cama, tão entregue a ela. Não souberam precisar em que momento ficaram nuas, mas sentiam o corpo uma da outra, quente. Com a coxa pressionava o sex* molhado de Marina, enquanto sussurrava para ela
- Rebola pra mim
Não precisava Estela pedir, Marina inconscientemente já se movimentava em busca de prazer. Estava completamente molhada, queria gem*r, queria gritar... tamanho era o prazer que estava sentindo apenas por sentir o corpo de Estela. E como se ela pudesse ler o que se passava na cabeça da mais nova, pediu
- Só vai precisar gem*r baixinho... Gem* bem baixinho pra mim, vai...
Estela pedia com voz rouca de prazer. Marina gemia quase que inaudível. Não aguentando mais de tesão, se posicionou entre as pernas da outra e encaixou os sex*s começando um movimento de fricção.Tanta excitação fez com que Estela goz*sse naquele momento. Sabia que a outra ainda não tinha chegado ao clímax. Com uma agilidade invejável, deitou ao lado de Marina a fazendo virar de costas pra ela. Percebendo o que Estela queria, facilitou flexionando a perna direita um pouco mais pra cima. Sentiu um dedo invadir seu sex* e logo em seguida dois. Estela a penetrava num ritmo acelerado enquanto escutava Marina pedir
-Continua... aahh – gemia num sussurro
E em poucos minutos, Marina gozou. Diferente da primeira vez, Estela a abraçou por trás, ficando de conchinha a ela. Não houve fuga ou arrependimento. Ficaram em silêncio até Estela confessar
- Você me faz sentir viva, como há muito tempo eu não sentia.
Marina sentia uma estranha sensação invadir seu íntimo. Estava verdadeiramente feliz e satisfeita pelo que acabara de acontecer. Pôde sentir a mulher, a qual estava aninhada, se entregar sem pudor ou medo. Era apenas o desejo guiando uma a outra. Estavam ali ouvindo a respiração uma da outra junto com as batidas do coração desacelerarem, deixando ao ambiente silencioso uma melodia quase singela. Não saberia como seria o próximo passo após aquela gostosa trans*. Estela era volúvel e isso a deixava sem saber como agir.
Sentiu os dedos percorrerem a extensão de seu abdome em uma leve carícia, sendo trazida de volta de seus questionamentos. Arrepiou-se quando sentiu um beijo demorado em sua nuca para logo depois ir ao seu ouvido
- Fica comigo essa noite
Sem que precisasse de respostas, virou buscando os lábios. Beijaram-se demoradamente, com calma e maestria explorando cada canto e sabor que aquele beijo proporcionava. Sentiu o prazer de minutos atrás se fundir com a excitação daquele momento molhando sua coxa que acabara de posicionar entre as pernas de Estela. Pressionou mais o sex* da outra a provocando. Entre beijos - que de calmos passaram a ser urgentes – e gemidos, exploraram-se. Estela tomou para si, os seios médios e arrepiados, depositando leves mordidas. Deixou um rastro pelo abdome enquanto passa a língua por toda a extensão. Hora ch*pava, hora lambia.. Rodeou a cicatriz umbilical com a ponta da língua e estendeu o gesto ao sex* da jovem que, impacientemente suspirava tentando conter o tesão que sentia em cada toque. Iniciou a exploração pelo sex* da garota que tanto a tirava dos eixos. Sentir aquele gosto em sua boca, a textura daquele sex* pulsante e o cheiro inebriante fazia Estela perder o controle de si própria. Enquanto a ch*pava, levou sua mão direita em seu próprio sex* e iniciou as estocadas. Ouvir os gemidos de Marina pedindo mais aumentava ainda mais seu desejo. Quando sentiu que a outra começava a dar os primeiros sinais de que o gozo viria em questão de minutos, apressou em suas próprias estocadas e, assim, puderam goz*r juntas. Estela foi de encontro à boca que encaixava perfeitamente à sua e buscou o beijo sentindo a boca quente. Estavam suadas, mas satisfeitas. Abraçaram-se mais uma vez, sem que fosse necessário ser dito nada e ali, adormeceram.
***
Os primeiros sinais de que o dia havia amanhecido entravam pela fresta da cortina. Sentiu o abraço de Estela a envolver enquanto despertava. Ali teve a certeza de que não foi tudo um sonho ou alucinação de sua cabeça. Envolveu os braços que a abraçava nos seus.
- Bom dia. Preciso levantar... acordar a Elisa.
Marina virou para ficar de frente. Sorriu com os olhos ainda fechados, beijou com um selinho a boca, o pescoço ate chegar ao ouvido de Estela
- Bom dia – abriu os olhos e voltou a encarar a mulher a sua frente.
- Desse jeito eu vou querer sempre te convidar para jantar aqui em casa – Sorriu carinhosamente enquanto acariciava o rosto de Marina. – Preciso mesmo levantar. É uma dificuldade fazer Elisa acordar e ainda preciso ir até a galeria hoje.
- Adorei a noite que passamos juntas – Foi sincera - Preciso só de uma toalha para tomar um banho.
- Pode ir que eu já te levo. Mas antes – aproximou de sua boca – preciso de um beijo de verdade. – Beijaram-se.
Após tomar banho e vestir-se, Marina encontrou Estela colocando a mesa do café. Estava linda num roupão azul.
- Senta e tomar café comigo, daqui a pouco eu chamo a Elisa.
Olhou no relógio e um tanto quanto triste recusou
- Obrigada, mas tenho que passar em casa ainda para trocar de roupa e meu primeiro paciente é pra daqui uma hora.
Aproximou-se dela e selou um beijo. Abraçando-a fez questão de frisar
- Muito obrigada por ter passado a noite comigo. Gostei muito... Espero que tenha desfeito qualquer má impressão minha. A gente vai se falando, certo?
- Não precisa agradecer. Gostei tanto quanto você. Nos falamos – piscou para a outra com um sorriso de canto.
A jovem voltou ao seu apartamento com o coração leve. Estava feliz. Estela havia mostrado o seu melhor lado a desarmando por inteira. Mas ainda assim tinha a estranha sensação de que precisava está atenta. Na cama haviam se entendido perfeitamente, mas e fora dela? O que havia se passado hoje pela manhã foi fora do habitual, mas não se sentia segura para acreditar que aquilo pudesse virar um hábito. Ainda sentia insegurança no modo em que Estela pudesse trata-la. Não quis estragar sua alegria daquele dia com esses questionamentos e fez questão de deixa-los de lado.
Trabalhou o dia todo mais bem humorada que o normal. Encerrou o expediente e sentiu vontade de retornar para casa e ser recebia por Estela e Elisa. Repreendeu-se no mesmo momento por aquele pensamento. Estela era linda, sensual, elegante e boa de cama, mas também uma mulher cheia de problemas e de uma personalidade duvidosa. Sabia que precisava ir sem expectativas para não se frustrar, mas já era tarde demais. Expectativa já era o seu sobrenome naquele momento. Precisava se distrair. Estela não havia mandado nenhuma mensagem, ela também não iria. Não queria parecer a “adolescente apaixonada”. Decidiu ligar para a amiga, mesmo sabendo que ouviria poucas e boas.
- Mas Ju – tentava argumentar ao telefone enquanto colocava no micro-ondas uma lasanha congelada – não tive como recusar com aquela criança me olhando daquele jeito. Você sabe que criança é meu ponto fraco. Calma aí – colocou o celular no viva voz - pronto
- Eu não sei por que ainda te aconselho se você vai lá e faz tudo errado. Eu ainda acho que você vai quebrar a casa com a “toda elegante”
- “toda elegante?” – Marina ria – você já foi melhor em debochar dos meus casos
- Ah então vocês tem um caso???
- Bom não exatamente, né. Só tivemos alguns encontros e...
- DOIS MARINA! – Julia quase gritava – dois encontros oficialmente. Porque pra mim, encontro só vale quando vamos pra cama.
- Tá bom, Ju. Não sei o que tenho com ela, mas vou deixar rolar.
- E ela te ligou hoje ou te mandou mensagem? – percebendo o silêncio, prosseguiu – eu acho melhor você encarar isso como adulta. Essa mulher é encrenca, em processo de separação .. e o pior, com um homem! Quem te garante que você não é só uma distração pros dias difíceis dela?
Julia sabia ser direta quando queria e Marina a detestava por isso.
- Você tá muito amargurada, sabia? Há quanto tempo não trans*?
- Não é sobre mim que estamos falando. Se não aguenta ouvir verdades não deveria ter me contado.
- Tá bom Ju! Não quero brigar com você. Vou tentar desencanar dela... – comeu um pedaço da lasanha – vem aqui em casa amanhã?
- Pra você ficar me alugando sobre a senhora elegante? Tô fora.
- Ai Ju, deixa de besteira. Faz tempo que você não vem aqui, podemos beber alguma coisa, pedir uma pizza, ver filme sei lá.. amanhã é sábado.
- Tá, tá bom..
- Seus pontos como estão? Já caíram?
- Já sim, tá tudo bem. Já consigo comer as coisas. Vou precisar ir mesmo pra revisão?
- Vem aqui amanhã que eu dou uma olhada, mas acredito que não vá precisar, já que caiu.
Conversaram mais alguns minutos e desligaram. O que Julia tinha de bom coração ela tinha de sinceridade, falava o que achava sem filtro e, por vezes, deixava Marina chateada. Sabia que não fazia por mal, era o jeito dela. Prezava a amizade das duas e a opinião de Julia sempre era levada em consideração.
Queria ouvir a voz de Estela, mas não sabia se era ela quem deveria tomar a iniciativa. Não queria parecer ansiosa. Conferiu o whatsapp e nenhuma mensagem. Era estranho que após aquela noite maravilhosa, cheio de troca de carinhos não havia sequer uma mensagem da outra. Decidiu que não procuraria.
Estava deitada enquanto tentava, inutilmente, dormir. Lembrava-se da noite anterior e seu corpo deu os primeiros sinais de excitação. Olhou a hora 23:05.. decidiu ignorar a razão e agiu pela emoção, ou pelo tesão melhor dizendo. Abriu o aplicativo e procurou o contato
“Não parei de pensar na nossa noite, queria tanto repetir..”
Deixou o celular de canto e fechou os olhos, descendo a mão para dentro da calcinha, acariciou o sex* molhado e se tocou imaginando Estela ali, fazendo amor com ela. Logo adormeceu.
Quando acordou a primeira coisa que fez foi checar o celular para saber se havia sido respondida. Seu desapontamento foi maior ao constatar que, além de não ter sido respondida, foi ignorada uma vez que sua mensagem foi visualizada. Diferente das outras vezes, Marina não sentiu raiva de Estela, sentiu decepção. Raiva sentiu dela mesma por criar tanta expectativa mesmo com tantos avisos vindos das próprias atitudes de Estela quanto dos conselhos de Julia.
Levantou-se a contragosto. Tinha dois pacientes marcados para aquela manhã. Não comeu nada e foi para o consultório após um demorado banho gelado. Trabalhou aquela manhã e após o último paciente fechou o consultório indo para casa. Ao chegar no estacionamento, escutou o celular tocar. Parou o veículo na vaga e pegou o aparelho para atender. Viu no visor o nome da amiga
- Oi Ju, tô chegando em casa agora. Pode subir, te encontro lá em cima.
Fim do capítulo
Oi oiie, amores!!!
E aí? o que vocês acham que vai rolar com a chegada de Júlia??
Quero saber da opinião de vocês... Comentemm!
Beijo grande !!
Comentar este capítulo:
patty-321
Em: 03/07/2020
A ju e bem direta.sera q gosta da amiga? Estela e uma incógnita, a gente gosta assim. Kkkl
Resposta do autor:
Oi oie!! Seja bem vinda ;)
Uma personagem que não sabe o que quer da vida estremece nossas leituras kkkk
Seráaa que a Ju gosta da Marina????
Os próximos capítulos estão bem legais!!!
Bjão
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