– Oi! – Kevin cumprimentou Sophie assim que a viu chegar na escola.

Ela interrompeu o movimento de pegar um livro em seu armário para dar um leve empurrão nele.

– Seu traidor! – falou fingindo irritação.

– Sinto muito! – ele falou rindo.

– Não sente nada! – ela falou ainda com uma falsa raiva.

– Está certa! Eu não me arrependo de nada! E pelo que eu ouvi de ontem nem você – falou provocando.

Sophie finalmente sorriu bobamente.

– Você tem razão! – admitiu.

– Eu tentei te ligar loucamente ontem! – ele falou ansioso para saber detalhes do primeiro encontro da amiga com Quinn.

– Eu estava me fazendo de difícil porque você mentiu para mim – falou Sophie já abandonando a falsa irritação.

– Você é péssima fingindo raiva – ele riu e levou outro leve empurrão.

Os dois começaram a caminhar pelos corredores lado a lado.

– E aí? – ele perguntou ansioso.

– E aí o que? – ela se fez de desentendida.

– Me conta! – ele falou impaciente.

– A sua melhor amiga já não te contou? – brincou.

– Alguém está com ciúmes! – ele falou passando um dos braços envolta do pescoço de Sophie de forma carinhosa.

– Não estou com ciúmes, só tenho certeza que ela já te contou tudo!

– Sim, mas eu gosto de saber as duas versões!

Sophie revirou os olhos e depois de alguns segundos deu-se por vencida.

– Tudo bem! – abandonou de vez a falsa chateação, também estava ansiosa para contar tudo – Foi ótimo! O melhor primeiro encontro que eu já tive! Ninguém nunca cozinhou para mim antes! E ela ainda teve a preocupação de descobrir meu prato preferido! Ela foi tão atenciosa o tempo inteiro – e então respirando fundo – Ela é completamente diferente de tudo que eu pensava!

– Ai, que romântico! – ele falou emocionado – Eu falei que a Quinn era o máximo!

– Acho que estou conseguindo ver ela pelos seus olhos agora! – sorriu de forma boba – Nem acredito que ela é a Rainha de Gelo!

– O que tem ela? – perguntou Claire que havia se aproximado sem eles verem.

Sophie deu um pulo de susto e tentou desconversar.

– Nada... nada... Estávamos só falando de... flag!

– Isso... que nem acreditamos que ela seja tão boa! – ajudou Kevin.

– Só falar do diabo... – falou Claire abaixando a cabeça, percebendo que Quinn passava por eles.

Sophie sentiu a respiração parar por alguns segundos ao vê-la, linda, passando por eles para ir até seu armário. Ela estava com o aspecto que sempre tinha na escola: fria, distante, a típica Rainha de Gelo. Mas naquele momento Sophie não conseguiu deixar de admirar ela, mesmo daquela forma. “Como eu nunca tinha reparado o quão sensual ela fica com esse ar de superioridade?”, pensou. Seus olhos se encontraram por um breve segundo e por mais que Quinn não tivesse demonstrado nenhuma emoção, Sophie conseguia ver um brilho diferente em seu olhar e ele dizia que ela estava feliz.

Claire começou a falar sobre alguma coisa do clube de matemática, mas Sophie não conseguia nem prestar atenção. Ficava tentando disfarçar o olhar que queria seguir Quinn. Viu ela mexer no seu celular, enquanto separava o material no armário e de repente sentiu o próprio telefone vibrar. “Você está muito gostosa hoje”, era a mensagem de um número desconhecido e Sophie sabia que era Quinn, que a olhou de canto de olho disfarçadamente. Lembrou-se do dia que havia deixado seu número com ela e finalmente ela estava usando. “Eu só consigo pensar que quero te beijar”, respondeu e em pouco tempo recebeu a resposta: “Me segue, disfarçadamente”.

Sophie ficou olhando-a de longe e reparou que ela entrou em uma sala. Inventou alguma desculpa para os amigos e foi em sua direção. Esperou um momento que ninguém olhava e entrou na sala, sendo imediatamente empurrada na parede ao lado da porta por Quinn, que a beijou com intensidade.

– Eu estava com vontade de fazer isso desde que você saiu lá de casa ontem – ela falou quando os lábios se afastaram.

Sophie a puxou ainda para mais perto e ficaram com os corpos grudados. As duas já conseguiam sentir um calor enorme e não era porque o ar condicionado daquela sala em obra não funcionava.

– Eu também! – admitiu Sophie – Você está linda!

Quinn não pode deixar de sorrir. O olhar que Sophie direcionava a ela era mágico! Uma mistura de desejo com encantamento. Ela estava realmente conquistando seu coração?

As duas se beijaram novamente, de forma ainda mais intensa. Quinn não conseguiu segurar um gemido de desejo. Infelizmente o sinal tocou e elas precisaram ir para suas salas, mas combinaram de se encontrarem perto das arquibancadas no tempo livre.

Se Sophie já tinha dificuldades em se concentrar, depois dos recentes acontecimentos as coisas ficaram ainda piores. Ela só conseguia pensar em Quinn e não ouvia absolutamente nada que os professores falavam.

Greatdale é uma cidade com muita natureza e por toda cidade existem bosques e parques. Ao lado de King High não era diferente e Quinn e Sophie encontraram um lugar escondido no bosque bem nos arredores da escola para poderem passar tempo juntas sem ninguém para perturbar. Conseguiram aproveitar o tempo livre lá, namorando.

– Você tem certeza que vai mesmo com o seu pai assistir ao jogo na outra cidade? Eu não quero esperar até sábado – perguntou Quinn entre um beijo e outro.

Elas estavam sentadas embaixo de uma árvore.

– Eu combinei com ele há semanas – falou Sophie.

– Mas você tem certeza que vai? – Quinn então aproximou-se de Sophie de forma sensual e sussurrou em seu ouvido – A gente podia aproveitar sua casa vazia...

Sophie sentiu um arrepio até o fundo de sua alma e sentiu sua calcinha molhar na hora. Quinn beijou-a com muito desejo.

– Eu podia ir dormir lá com você – ofereceu-se – Para você não ficar sozinha, claro.

– Você é tão atenciosa – brincou Sophie em um fio de voz.

Quinn então deu sua cartada final: passou sua mão de leve entre as pernas de Sophie e sussurrou em seu ouvido antes de beijar seu pescoço:

– A gente pode se divertir tanto! O que me diz?

Sophie gem*u mal conseguindo segurar o desejo.

– Com certeza! – falou logo antes de puxar Quinn para mais perto de si, em um beijo desesperado.

– Merda! – falou Sophie ouvindo o sinal bater ao longe.

– Temos que ir – anunciou Quinn com pesar, levantando-se.

– Temos mesmo? – falou Sophie levantando e com muita agilidade prendendo Quinn, encostando-a no tronco de uma árvore.

Quinn riu e deixou-se ser beijada novamente.

– Eu queria muito ficar aqui para sempre, mas eu preciso dessa aula! É pré-requisito para História Avançada que preciso fazer ano que vem!

– Meu Deus! Turmas avançadas? Você é cdf! – brincou Sophie e levou um empurrão de leve de Quinn – A Rainha de Gelo gosta de mulher e ainda é nerd! Se a escola toda soubesse disso – riu.

– É sério! Eu já estou atrasada! – falou Quinn rindo e puxando Sophie para voltarem.

O restante do dia passou rápido e Sophie ficou pensando na desculpa que usaria para dizer ao pai que não iria ao jogo com ele. Ela não havia conseguido acompanhá-lo no primeiro jogo fora de casa por causa da mãe e eles haviam perdido feio. Nesse segundo ela havia se comprometido a ir e ajudar o pai. Por mais que ele não gostasse de admitir, Sophie tinha uma criatividade para jogadas e um instinto enorme para saber o exato momento do jogo para usá-las. Brian Allen sabia que um dia ela seria uma treinadora muito melhor que ele, só não estava pronto para admitir que talvez ela já fosse.

Quando os dois estavam assistindo ao jogo da NFL de quinta à noite, o Thursday Night Football, Sophie esperou o intervalo do halftime para trazer o assunto à tona.

– Pai, sobre o jogo de amanhã... – começou.

– Estou otimista! Os Tigers não são mais o mesmo time do ano anterior! Acho que teremos uma vitória fácil! – ele interrompeu.

– Também acho! Os melhores jogadores deles ano passado eram formandos! Aquela defesa não vai conseguir pressionar ninguém! – concordou – Você nem vai precisar de mim, né?

– Eu nunca preciso de você! – ele brincou.

– Quem você quer enganar, pai? Estamos só nós dois aqui! – ela provocou, como sempre adorava fazer.

– Eu sobrevivi muito bem sem você ano passado, obrigada! Levei o time para a final! – falou com confiança.

– E você perdeu! – ela riu – Eu não perco – falou convencida e riu quando o pai jogou uma almofada nela – Mas sério, pai, você não precisa mesmo que eu vá, né?

– Precisar eu não preciso, mas eu quero! É sempre melhor quando minha filha está lá! – falou carinhoso.

– Obrigada, pai – falou sem graça – É que eu estava pensando em passar esse e ir deixar para ir só na semana que vem, que é um jogo mais difícil, contra os Bulldogs!

– Você pode ir nos dois! – ele falou – Aconteceu alguma coisa para você não querer ir?

– É que eu tirei um D em Geografia – contou Sophie – E vou ter um teste semana que vem que vale 25% da nota! Então pensei em ficar estudando...

– Você não quer ir comigo para um jogo de futebol porque quer estudar? – ele perguntou quase rindo do absurdo – Você não conseguiu pensar em nenhuma desculpa melhor?

Sophie revirou os olhos. Ela devia saber que aquilo não ia colar.

– Você quer a casa para você – ele constatou – Por favor não me diga que está planejando fazer uma festa aqui...

– Não é isso – então Sophie não aguentou segurar a piada – Na verdade é tipo uma festa, mas particular – e riu.

– Sophie! – reclamou o pai fazendo uma careta – Eu não me sinto confortável em deixar você em casa sozinha para... – gaguejou – isso...

– Pai, eu já tenho dezessete anos! E nem é como se você não soubesse que eu faço sex*. Já esqueceu o porquê deu ter sido expulsa da outra escola? – lembrou e teve uma ideia – Você mesmo disse que aqui não é Philly, não rola ficar fazendo isso na escola, então...

– Muita informação! – ele interrompeu incomodado.

– Se eu fosse homem você não ia se importar assim!

– Nem tenta jogar essa carta! – ele falou irritado e depois acalmou-se – Você é minha filhinha! Eu não gosto de imaginar alguém com você.

– Pelo menos eu sou lésbica! Não vou estar com nenhum marmanjo! Não corro risco de engravidar, sex* entre mulheres é mais seguro...

– Para, por favor! – falou desesperado – Eu não quero saber da sua vida... sexual...

Eles ficaram em silêncio por alguns segundos.

– Então, está tudo bem? Posso ficar? – perguntou com cuidado.

– Está bem – falou convencido – Mas não me arranja nenhum problema com os pais dessa moça! – falou e ela assentiu – E eu não quero mais saber nada disso! É informação de mais! Me mantenha na ignorância!

– Você devia ter aceitado logo minha desculpa de estudar!

– Dá próxima vez pensa em uma desculpa melhor! – ele reclamou.

Fim do capítulo