Capitulo 2
Marina saiu da galeria perdida em pensamentos e emoções. Tinha certeza de que seria recebida de forma arrogante como foi tratada há alguns dias. Foi com todas as defesas em mente, mas esqueceu de usá-las no primeiro sorriso doce que recebeu de Estela. Aquela mulher mexia com seus desejos. Em uma das noites de insônia onde travava o embate da raiva com o desejo, se deixou imaginar como seria beijar e tocar aquela mulher. Não imaginou que um simples abraço poderia piorar o desejo em tê-la. Era uma atração física inexplicável e Marina já havia desistido de tentar entender. Não era carência. Era solteira, mas nunca estava sozinha. Tinha seus casos, beijo na boca e uma boa trans* nunca lhe faltava.
Chegou ao consultório às 10h e pediu para que sua secretária visse os horários da tarde. Queria saber se conseguiria encaixar Estela ainda naquele dia. Na verdade, queria estar com ela mais uma vez, se aproximar e conhecer mais da mulher enigmática. Já ansiava por outro encontro mesmo que fosse para tratar de um assunto profissional. Olhar naqueles olhos de fios esverdeados já bastava para Marina. Foi desperta de seu pensamento quando Lourdes, a simpática secretária, passava com ela os horários do dia
- Marina, às 13h você tem o Lucas. É manutenção do aparelho. Ás 13h40min tem a Amanda, é uma obturação. 14h15min você tem o Miguel, aquela criança atentada que demora horas pra fazer qualquer coisa naquela boca. Ainda não sei como você consegue tanta paciência!
Marina riu da indignação da senhora a sua frente.
- Lourdes, Lourdes, os boletos são a minha paciência, mulher! Não posso perder pacientes, sou apenas uma iniciante no ramo e tenho muitos "Migueis" ainda para ter paciência até fazer meu nome. Quem mais?
- Bom, depois só tem um ciso pra extrair às 15h00min da Júlia. Depois dela não tem mais paciente.
- Devo demorar quase 1 hora pra extrair esse ciso. Pensou alguns minutos e pediu - Lourdes, não agende mais ninguém depois da Júlia.
Saiu da recepção e foi para seu consultório. Pegou o celular e discou o número com certa ansiedade. Um.. dois... três... No quarto toque ouviu a voz que tanto ecoava em sua cabeça:
- Alô?
- Estela?
- Sim..
- É a Marina..
- Ah, oi Marina!! Já tem meu horário?
Marina não poderia ver, mas jurava que pela forma como Estela falou ela tinha um sorriso gostoso nos lábios.
- Tenho sim. Você pode vir hoje às 16h00minh?
- Hum.. posso sim. Qual o endereço?
Marina passou o endereço e desligou. Apesar do friozinho na barriga tinha que se concentrar e ir comprar algumas coisas necessárias para o consultório. A ida à galeria tinha tomado tempo demais e agora precisava correr.
***
Estava no final da extração de um ciso da sua penúltima paciente daquele dia. Olhou para o relógio em seu pulso que marcava 15h45minh. Enquanto fazia o procedimento pensava em Estela. Na forma diferente como foi tratada por ela naquela manhã. Era exatamente a forma gentil, até doce, que esperava vir de uma artista plástica. Finalizou o procedimento. Fez a receita com analgesia, antibiótico, anti-inflamatório e entregou a sua paciente, dando as últimas recomendações.
- Revisão em 7 dias, Julinha! - disse abrindo a porta do consultório saindo junto de sua paciente. Despediu-se de Julia com dois beijinhos e um abraço quando olhou para Estela sentada na recepção observando a cena.
- Pode deixar Má! - respondeu Júlia. Passou pela recepção se despedindo de Lourdes
- Marina essa moça disse que tem horário marcado, mas você disse que não era pra eu marcar mais ninguém e sua última paciente marcada na agenda era a Julia.
- Eu sei Lourdes, eu liguei pra Estela vir. Esqueci de te avisar. Olha, ela á a última, vou fazer só limpeza, tá liberada hoje.
- Ah que maravilha! Vou conseguir pegar o metrô mais vazio. Mas tranque a porta depois que eu sair hein! Essa cidade está mais perigosa do que faixa de gaza - falava Lourdes recolhendo sua bolsa e saindo.
- Pode deixar.
Despediu-se da secretária trancando a porta. Olhou para Estela e disse de forma descontraída
- Preparada para a tortura? Ninguém gosta de vir ao dentista ainda que seja só uma limpeza.
- Já fiz o preparo psicológico - Estela respondeu entrando na brincadeira.
- Prometo que tenho a mão leve e te dou um pirulito no final se você se sair bem - Marina não conseguia conter o riso
- Dispenso o pirulito, mas vou pensar em que poderá ser substituído.
Marina deu passagem para que Estela entrasse no consultório. Indicou a cadeira para que a outra se acomodasse e foi preparar o material que usaria. Tentava disfarçar o nervosismo pensando em coisas aleatórias. Lavou as mãos, trocou a touca, colocou as luvas e por último a máscara. Suspirou fundo antes de se sentar e iniciar o procedimento. Ajustou o foco da luz e se aproximou do rosto de Estela. Foi o suficiente para encarar novamente os olhos cor de mel com riscos verdes. Desviou o olhar e pediu:
- Vamos lá? Abre um pouco a boca pra mim.
Estela abriu e Marina iniciou a avaliação balançando negativamente a cabeça dizendo:
- Estela pra que você quer fazer limpeza? Não tem nada aqui, nenhum tártaro, nada! Seus dentes estão perfeitos, parece que você fez limpeza a poucos meses. Não tenho muito que fazer aqui. Afastou-se para que Estela a respondesse
- Como não? Não faço limpeza há meses. Pode fazer o que tiver que fazer aí, mesmo que pra você seja quase nada – insistiu.
Marina nada disse. Aproximou-se novamente e voltou sua atenção para o procedimento. De fato não tinha muito que fazer. Ligou o motorzinho e passou em algumas regiões onde se ensaiava a nascer um tártaro. Finalizou com jato de bicarbonato e pediu que Estela não fechasse a boca por 5 minutos. Durante esses minutos, aspirava algumas vezes o excesso de saliva e olhava disfarçadamente para a mulher deitada na cadeira. Estela mantinha os olhos fechados, e as mãos cruzadas pousadas na altura do abdome.
- Agora vou lavar e você pode cuspir.
Finalizou e ajustou a cadeira para que Estela levantasse.
- Meia hora sem beber água ou comer, tá bem?
- Você não mentiu - percebeu a interrogação de Marina e justificou - Sua mão é leve.
- Faltou só o pirulito, porque você se comportou muito bem! Mas você não quer - Marina abria os braços enquanto sorria.
- Você não deveria oferecer doces, sabia? Dentista e doce não combinam.
- Ah, não sou tão chata. Preciso comprar minhas crianças.
Marina estava se desparamentando quando Estela perguntou:
- Quanto ficou Marina? A Moça da recepção não quis me cobrar porque não sabia se você ia me atender.
- Não foi nada Estela. Eu não tive muito o que fazer.
- Mas fez! Precisa receber.
- Faz assim, qualquer dia desses eu passo na galeria e a gente toma um café.
- Você não vai falar quanto ficou não é? - foi uma pergunta retórica e Estela estava convencida de que a outra não iria ceder. - Bom então qualquer dia eu passo aqui e acerto com a sua secretária.
- Relaxa Estela. Não demorei nem 20 minutos com você. Quer mesmo me pagar? Então prometa que pensará na possibilidade de ser minha paciente ou me indicar para seus amigos e pronto. Nas próximas você paga.
Deu uma piscadinha para Estela e finalizou o assunto. Ia desligando as luzes, o computador pegando as chaves do carro para ir embora. Saíram juntas e enquanto trancava o consultório Marina lembrou-se
- Deu certo com o carro?
- Ah, sim. O mecânico disse que amanhã já fica pronto.
- Veio como?
- Peguei um uber.
- Vamos, te levo em casa.
- Imagine Marina. Vou pedir um uber mesmo – recusou de ímpeto
- Tá traumatizada, né? – baixou os olhos envergonhada - foi a primeira vez que eu bati, viu. Não tinha acontecido antes. Eu dirijo bem.
Estela sequer levou por esse lado, estava recusando porque não queria atrapalhar ou atrasar Marina. Por isso quando percebeu que havia causado constrangimento e deixado a jovem a sua frente chateada, se antecipou:
- Não, Marina! Nem lembrava mais disso. É que eu realmente não quero te atrapalhar. Você acabou de ter um dia cheio hoje e não quero que fique cansada ou se atrase para ir para casa.
Estela falava com tanta sinceridade que Marina se convenceu dando um largo sorriso intimando:
- Então vamos! Te levo. Não vai me atrapalhar, não tenho mais nada para fazer hoje.
Vencida, Estela acompanhou a dentista entrando no carro. Marina deu a partida e percebeu que moravam próximas quando Estela passou o endereço. O caminho foi tranquilo, conversavam amenidades quando uma chuva forte começou. Logo o trânsito também parou como tudo parava no RJ quando chovia forte. Estavam próximas do prédio de Marina quando o engarrafamento começou a ser formado.
- Detesto engarrafamento! Resmungou Estela. Vamos ficar horas pra andar 10 km.
- Meu prédio é aquele ali, apontou Marina para o lado direito da rua. Se você quiser a gente pode ir lá pra casa e quando a chuva cessar eu te levo. Melhor que a gente ficar aqui por horas.
- Não vou te atrapalhar?
- Não. Na verdade até prefiro, também detesto engarrafamento.
Marina deu a seta e jogou o carro no acostamento da pista e em menos de 1 minuto já estava entrando no estacionamento do prédio. Estacionou e saíram do carro. Andaram até o elevador em silêncio. Marina estava nervosa, ofereceu ficarem no apartamento no impulso. Aquela proximidade toda a deixava cada vez mais excitada. Não escondia dela mesma a vontade de experimentar aquele beijo.
Ao entrarem no apartamento, Marina foi falando, como de praxe:
- Fica a vontade, não repara a bagunça... Você quer beber alguma coisa? Água, café, suco... tenho cerveja e vinho também.
- Quantas opções!! - Sorriu. – O que você vai tomar? - devolveu a pergunta.
- Depois do trabalho eu gosto de tomar uma cerveja ou um vinho. Hoje tá pedindo vinho.
- Então bebo o mesmo que você.
- Ótimo.
Marina voltou da cozinha com duas taças e uma garrafa de vinho. Colocou sob a mesa e disse:
- Você se incomoda se eu tomar um banho rápido? Ainda estou com cheiro de consultório.
- Claro, eu espero. Vai lá
- Pode se servir – apontou para o vinho - O controle da tv tá aí no sofá, pode ligar. Fica a vontade mesmo Estela. Eu já volto.
Marina partiu em direção ao banheiro. Enquanto deixava a água morna cair sob seus ombros pensava no quanto queria aquela mulher ali com ela, tomando banho juntas. Estava perdidamente atraída. Não sabia como dar o primeiro passo. Não sabia se poderia dar esse primeiro passo, afinal ela não sabia nada da outra mulher, se era comprometida, se era hétero e, principalmente, se ela teria chances.
Saiu do banho e se vestiu rápido. Optou por um shorts jeans claro confortável e uma camisa de mangas longas de botões. Prendeu os cabelos em um longo rabo de cavalo e retornou à sala onde encontrou Estela sentada no sofá, com as pernas cruzadas e a taça com vinho quase no fim.
- Demorei muito?
- Não. - Estela ia falar mais alguma coisa, mas fechou a boca enquanto se permitiu observar a mulher a sua frente.
- Quer comer alguma coisa? Pelo jeito a chuva não vai passar nem tão cedo - serviu do vinho e sentou no sofá na ponta oposta em que Estela estava.
- Estou sem fome, não se preocupe. Então, me fale mais sobre você. Quantos anos têm?
- Tenho 29. - Marina falou olhando nos olhos de Estela. Bebeu um gole do vinho e passou a língua nos lábios sentindo o sabor.
- Hummm.. Você tem bom gosto para vinhos. Eu adorei esse.
- Adoro tomar em dias como esse, chuvoso. Relaxa e me acalma.
Engataram numa conversa descontraída, hora Marina falava de como iniciou o consultório hora Estela falava da galeria. Descobriram que estudaram na Universidade Federal do Rio de Janeiro, Marina odontologia no ano de 2010 e Estela artes no ano de 1997. Já estavam na segunda garrafa de vinho quando Estela confessou:
- Tem certeza de que só tem 29 anos? Menina, você é mais adulta que muita gente que trabalha comigo.
- Agora eu sou adulta, é?- Marina ria - Fiquei tão brava quando você disse que eu era uma adolescente.
- Você pode continuar me provando que não é uma. - Provocou, se aproximando e sentando mais próximo de Marina.
- Ah, posso? E como eu faria isso?
A voz de Marina quase falhou tamanha foi sua surpresa. Até imaginou que a repentina mudança de comportamento da mulher mais velha pudesse esconder alguma coisa, mas jamais imaginaria que pudesse despertar algo nela.
- Me surpreenda Marina. Disse passando as mãos nos cabelos da outra.
Marina percebeu ali que o desejo era recíproco. Esqueceu qualquer resquício de grosseria que pudesse ter sofrido. Passou as mãos pela nuca de Estela e apertou de leve os cabelos em suas mãos. Olhou novamente para aqueles olhos com fios verdes e aproximou o rosto. Encostou os lábios sentindo a maciez. Pressionou num selinho para logo pedir entrada com sua língua. Iniciou um beijo calmo, com gosto de vinho que se intensificou quando Estela colocou as mãos em sua nuca e pressionou pra si, querendo mais daquele beijo. Em instantes Marina passou beijou o pescoço de Estela, passou a pontinha da língua por toda a superfície enquanto ouvia um gemido abafado. Voltou para boca e continuou o beijo, agora com desejo e urgência. Estela a afastou para desabotoar a camisa de Marina, que percebendo, se livrou da peça deixando à amostra apenas os seios cobertos pelo sutiã branco. O olhar de Estela se tornou faminto e delicadamente a empurrou para que ficasse deitada no sofá. Tirou sua própria blusa ficando também apenas de sutiã. Cobriu o corpo de Marina com o seu próprio e retomaram os beijos. A mais nova tinha pressa, agilmente desabotoou o sutiã da mulher que estava por cima e puxou, sentindo aqueles seios de tamanhos médios, bicos rosados e duros. O tesão aumentou e pediu:
- Tira a calça, vai – sussurrou.
Estela ficou de pé e se livrou da calça de forma sensual, olhando para Marina, que fazia o mesmo com o shorts. Levantou-se e pegou as mãos de Estela e a conduziu para seu quarto. Deitaram na cama e foi Marina quem retomou o comando. Lambeu a orelha da mulher que estava apenas de calcinha e sussurrou:
- Estava doida pra te beijar, desde o início
Continuou beijando o pescoço, percebendo o arrepio que aquele toque causava à outra. Desceu para o colo e tomou o seio esquerdo. Iniciou passando a ponta da língua ao redor do bico rosado para após ch*pá-lo com vontade, repetiu com o direito enquanto passava o dedo indicador na borda da calcinha de renda já molhada. Continuou a provocação com o dedo, afastou a calcinha para o lado e iniciou ali sua exploração no sex* de Estela. O dedo deslizava com facilidade, subia e descia passando pelo clit*ris. Ouvindo os gemidos e suspiros abafados, Marina retirou seu sutiã e calcinha, enquanto a outra se livrava da última peça que lhe restava. Estavam finalmente nuas. Marina passou a perna direita por cima de Estela e encostou seu sex* no dela. Estavam molhadas pelo tesão. Iniciou um rebol*do sensual sentindo o sex* gostoso embaixo do seu. Goz*ria com facilidade se continuasse. Afastou-se sob protesto de Estela.
- Quero sentir seu gosto.
Posicionou-se entre as pernas da mulher que impacientemente agarrava seus cabelos, indicando que não queria que perdessem tempo. Afastou os grandes lábios com as mãos e, sem cerimônias, encaixou a boca no sex* latejante a sua frente. Sentiu aquele gosto gostoso, lambeu com vontade enquanto colocava um dedo fazendo movimento vai e vem. Estela começou a gem*r alto e a excitou ainda mais. Quando Marina sentiu que Estela estava perto de goz*r, foi surpreendida pela mulher que afastava sua cabeça.
- Quero te sentir também.
Foi então que Estela agilmente desceu um pouco mais e iniciaram um 69 delicioso. Se ch*param com vontade, ouvindo os gemidos uma da outra. E como em sincronia, goz*ram no mesmo momento.
Fim do capítulo
Oi Oi, amores!!
As postagens passarão a serem dia de quinta e dormingo. O capítulo extra dia de sábado continua valendo se alcançarmos 10 comentários no capítulo atual.
Quero muito saber o que vocês estão achando, por isso os comentários de vocês são fundamentais!
Ótima semana pra todxs vcs!
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Hanna Quexua
Em: 11/07/2020
Um salve pro engarrafamento e também pra chuva!!!!! Armaria!!
Resposta do autor:
Hahahaha,
um salve!!!!
Adoramos quando esses emprevistos acontecem, não é mesmo?
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