Florença por lorenamezza
Capitulo 6 O PASSEIO
O PASSEIO
Pela manhã, Lorena foi para a loja, precisava começar a colocar
tudo em ordem, pois a inauguração estava chegando. Estava arrumando as prateleiras quando, de repente, bateram
à porta:
— Oi, Lorena, posso entrar?
— Marina! Oi, bom dia, entra, por favor! O que faz aqui tão
cedo? — deu-lhe um beijo no rosto.
— Eu vim, porque não gostei da forma como te tratei ontem,
é que fiquei sem jeito de explicar — coçou a cabeça.
— Podia dizer a verdade — riu e continuou arrumando as
coisas.
— Tem compromisso hoje à noite? Está estreando Mulher
Maravilha no cinema, eu quero ver. Estou até com vergonha de
convidar, vai pensar que sou criança.
— Não tenho compromisso, não. E criança por quê? Eu
também adoro filme de super-herói.
— Então, fica assim, eu vejo a que horas é a sessão e te aviso,
o.k.? Bom trabalho aí! — Marina deu uma pequena piscada.
— Combinado, mas não demora em avisar, preciso tomar
banho, não quero ir fedendo e espantar todos no cinema! —
ambas riram.
Marina seguiu rumo ao seu trabalho. Lorena passou o dia
ansiosa, marcaram de ir à sessão das nove horas, depois sairiam
para comer algo.
Giane ligou para Marina, querendo saber o que ela faria no
fim de semana:
— Oi, amor, pena que não vou este fim de semana, estou
com saudade.
— Também estou, Giane, mas você tem de trabalhar, né?!
— Vai fazer o que de bom hoje?
— Sabe a Lorena, aquela em quem você investiu, então, vamos
ao cinema assistir à Mulher Maravilha, como duas crianças
— e riu.
— Legal, pena que não vamos conseguir ir juntos, mas
aproveitem, mande um abraço para ela. Te amo, beijo!
— Beijo, amo você!
Lorena chegou antes de Marina, comprou pipoca e refrigerante.
Tinha se arrumado como se fosse namorar, era fim do
verão, o que permitia ainda usar regatas. Usava calças jeans, um
belo sapato e a bolsa combinando com a regata creme. Estava
elegante e despojada ao mesmo tempo. Marina apareceu de
vestido, adorava usá-los, esse era preto de um tecido bem leve,
que não ficava tão colado no corpo, estava simples, porém linda
como sempre.
— Oi, Marina, linda como sempre! — olhou-a dos pés à
cabeça.
— E você também, na elegância de sempre! Esperou muito?
— Não, acabei de chegar, já comprei a pipoca.
— Comprou só uma, Lorena? Tô brincando, eu como a
sua mesmo.
Durante a sessão, seus braços viviam se encostando, deixando
Lorena arrepiada, por vezes, o toque demorava mais um
pouco, Lorena não sabia se se concentrava no filme ou nos toques.
De vez em quando, ela estendia os dedos procurando encostar
mais em Marina, que parecia deixar o braço para que
fosse tocado. Comentários sobre o filme eram sussurrados entre
elas, deixando seus rostos quase colados, o clima de romance
pairava no ar, ou Lorena pensava que sim.
Terminaram de ver o filme e partiram para o pub irlandês
que já estava ficando famoso. Sentaram, pediram bebidas e, ao
se olharem, riram em um clima descontraído e instigante. Comentários
pós-filme não as deixavam sem assunto. Marina parecia
totalmente envolvida e reparou que Lorena, várias vezes
no meio da conversa, desviava o olhar.
— Lorena, está tudo bem, você está desviando o olhar de
mim por quê? — apoiou o rosto nas mãos e a encarou.
— Para ser sincera, Marina, você é muito atraente e isso me
desconcentra — abaixou a cabeça com certa vergonha.
— Obrigada, mas isso é um problema? — Marina riu.
— Não seria um problema se eu não fosse gay, se você fosse
gay e não estivesse namorando — gargalhou Lorena.
Silêncio por uns dez segundos.
— Desculpe, Marina, estava pensando em um jeito de te
contar, não tivemos oportunidade. Espero que isso não seja
um problema — e tomou um gole de bebida.
— Não, problema nenhum, apenas não imaginei, tudo
bem — e tornou a fitar Lorena —, você disfarça bem, hein?!
— Não disfarço, você é que é desligada — deu de ombros
e riu.
— Então, quando você disse que tinha um relacionamento,
era ela e não ele?
— Sim, tive vários, aquele foi o último.
— E como você descobriu que era gay? — perguntou
curiosa.
— Eu saí do armário com a sua idade, eu namorava um rapaz
e conheci uma mulher na faculdade, fizemos amizade e rolou,
foi natural.
— Mas assim, do nada? Você nunca suspeitou? — parecia
ainda mais curiosa.
— Na verdade, eu tinha sinais de que iria gostar de mulher,
só faltava oportunidade. Eu já me sentia atraída por elas, mas
não via isso como homossexualismo, até ficar com uma — falava
de uma forma natural.
— Nossa, fiquei curiosa, posso perguntar mais?
— Pode sim, não tenho vergonha de falar disso, antes de
meus pais morrerem eu já tinha contado, não queria viver
uma mentira, a pior coisa que existe é você mentir para os pais,
porque depois, não poderá contar com eles em um momento
de dor. Nunca vivi nas sombras.
— Mas eles aceitaram fácil?
— Não, foi uma época difícil, eles achavam que por eu ser
homossexual viveria na promiscuidade. Eu tive de ir mostrando
que não tinha mudado. Ainda era a filha doce e responsável
que sempre fora. Mas não foi fácil, sempre brigávamos, minha
mãe não aceitava, sofri muito e imagino que ela também, mas
fizemos as pazes antes dela morrer.
— Que lindo, Lorena, eu não sei se conseguiria ser tão honesta
comigo assim. E meus pais não aceitariam, minha mãe,
tenho certeza de que não, meu pai, por ser brasileiro, talvez.
Imagino que deva ter sido difícil. E você é uma mulher e tanto
hoje, parabéns!
— Obrigada, não sou tudo isso não, lutei apenas para ser
quem eu queria, tive de vencer barreiras e, acredite, as piores
são as que nós mesmos criamos, antes de tudo, eu precisei me
aceitar. Tem pessoas que não irão me aceitar, mas tudo bem, eu
não vivo delas.
— E quanto a elas, o que deu errado além dessa última? —
Marina se interessara muito pela história.
— Sou muito passional, gosto de fidelidade e nem sempre
as pessoas correspondem na mesma intensidade. Aí, fica
difícil mesmo. E também não sou de festas, sou caseira e algumas
pessoas procuram outra coisa. Mas não sofro mais por
isso, não posso viver no ritmo delas, elas que têm de me acompanhar,
a maturidade mostra isso. Mas agora, chega de falar de
mim. Como é seu relacionamento com Giane?
— Ele adora o trabalho, é um homem super dedicado, mas
não é muito amoroso, quando ama, fala que ama e só, não tem
aquele romance no ar. Eu gosto de ficar sossegada, ele de festas,
brigamos às vezes por isso. Mas eu o amo, ele é um bom
homem — Marina falava como se quisesse provar que ele era
bom, provar para quem, não se sabe.
— Já disse que você fala do seu namorado com um entusiasmo
enorme? — Lorena riu.
A descontração acompanhou ambas até o final da noite,
Lorena levou Marina para casa.
— Obrigada por me contar tudo — deu um beijo carinhoso
em Lorena —, até a próxima.
— De nada, dorme bem!
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
rhina
Em: 24/06/2020
São muitas as afinidades.
Perigo
Rhina
Resposta do autor:
Quem dera nossa vida fosse só preto no branco, mas ela sempre nos dá dois caminhos. Assumimos sempre todos os riscos. Eu acredito que não escolhemos por quem nos apaixonamos, mas sim escolhemos se queremos viver essa paixão . grande bj
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]