Versão da Ana,sobre suas últimas horas de vida
Capitulo 48:Ana Carolina (capÃtulo final)
Após formada, passei a dividir as responsabilidades do escritório com meu pai e também passei a prestar assessoria jurídica para o comitê GLBTT de Belém. Me apaixonei pelo trabalho que eles desenvolviam, em pleno século XXI é cruel as cenas de violências que são lançadas contra os homossexuais. Todos os dias, nos deparamos com situações de preconceito, mortes, enfim abracei a causa.
Eu e Laura, já estávamos casadas há 8 anos. Brigas, todos os casais tem, mas as nossas estavam ficando repetitivas, pois o motivo era sempre o mesmo. Laura, dava mais atenção para a empresa do que para mim. Haveria um evento, que aconteceria com a presença de vários comitês GLBTT do Brasil. Pensei que Laura iria comigo, reservei hotel, passagens, mas para variar, deu uma desculpa esfarrapada que não poderia ir. Não sou o tipo de pessoa que perde a cabeça fácil, só que já estava no meu limite e acabamos discutindo, mais uma vez.
Minha intenção, era de fazê-la dormir no sofá, tamanha minha indignação. Liguei o note e fiquei lendo uns processos, pois também trabalho no escritório e meu pai estava com planos de muito em breve se aposentar. Estava tão concentrada, que não percebi, que Laura me observava da porta. Somente percebi sua presença, quando bateu de leve a porta e pediu para conversarmos.
Veio falando e andando em minha direção. Respirei fundo. Apesar de estarmos juntas a bastante tempo, Laura mexia muito comigo, quando ela chegava muito perto de mim, tinha que fazer um esforço sobre humano para não agarra-la. Atentamente lhe ouvir, senti sinceridade em suas palavras. Para minha surpresa, estava disposta a termos um bebê, fui surpreendida com está notícia. Não me contive e nos beijamos, fizemos amor de forma esplêndida a noite toda. Todavia, perto do amanhecer, Laura estava com o sono agitado. Não sei se meu ouviu, mas falei baixinho que a amava e foi se acalmando.
Planejei estar cedo no aeroporto. De nossa casa para lá, é uma distância considerável. Queria também evitar engarrafamento. Chamei Laura e para variar tentou enrolar na cama para levantar. Quando pronunciei “aeroporto” ela me abraçou, pedindo que não viajasse. Não entendi seu ato. Tentei acalma-la e então contou sobre o pesadelo que teve. Laura apesar de tudo, era muito emotiva e eu muito racional, ela é do tipo que não passava por debaixo de escada, quando cruza com gato preto faz figa. Não sou supersticiosa a este ponto, meu destino sou eu quem escrevo a cada dia. Confesso, que mexeu comigo quando contou-me que no seu pesadelo eu morria. Procurei não demonstrar abalo e a chamei para tomarmos banho juntas. Para minha surpresa, ela não me agarrou, sempre que tomávamos banhos juntas nosso banho durava horas. Também não questionei. Outra surpresa, foi ela dispensar o café da manhã. Se serviu apenas, com uma xícara de café com leite e foi para sacada do apartamento. Fiquei observando-a de costas. Estava distante, seu corpo estava la, mas a cabeça em outra dimensão. Terminei meu café e a abracei por trás.
Tentei insistir para me deixar dirigir, mas fui vencida. Durante todo o percurso, coloquei minha mão na sua coxa, na tentativa de acalma-la. Não tocamos no assunto sobre o pesadelo dela. Ao chegarmos nos aeroporto, colocamos minhas bagagens no carrinho e seguimos para o balcão da agência para verificar o vôo e confirmar horário. Como ainda tínhamos um tempo, fomos tomar um cappuccino. Fiquei puxando assunto com Laura, ela estava tensa. Conhecia minha mulher, com a palma da mão, fizemos juras de amor, planos.
Uma dor se instalou no meu coração. Uma sensação de despedida, como se aquela fosse a última vez em que nos veríamos. Fomos interrompidas pela chamada do meu vôo. Nos abraçamos, cortou meu coração deixá-la e ainda por cima chorando. Antes de seguir para o avião, desenhei um coração no ar e mandei lhe um beijo. Parecia que estava deixando uma parte de mim em terra. Sentei no lugar designado para mim no avião, pela janela vi de longe Laura chorando. Cheguei a levantar da poltrona, queria esta nos braços da minha Laura, mas fui impedida pela aeromoça.
Ouvi o aviso do piloto, nos desejando boa viagem e que estávamos levantando vôo. Com uns 30 minutos de vôo, começamos a ouvir barulhos vindo de uma turbina. O avião começou a balançar, as pessoas começaram a ficar apavoradas, gritavam. Tentei ligar meu celular, queria falar com Laura. Novamente, fui impedida por uma aeromoça. Comecei a rezar. Ouvimos muitos gritos. Senti que meu fim estava próximo. Abaixei a cabeça até as pernas. Tampei meus ouvidos com as mãos. Em minha cabeça passou um filme. Desde o dia, em que vi Laura no autódromo, nossa primeira briga, nossa primeira vez, nosso casamento até nossa despedida no aeroporto. Fechei os olhos.
Acompanhei todo o desespero da minha família, dos meu amigos e o de Laura. Meu velório, a briga da minha mãe com Laura quando foi se despedir de mim. Apesar de tudo, perdoei minha mãe. Mesmo longe, estarei sempre protegendo aquela que foi e para sempre será o meu único e grande amor: Laura..para sempre vou te amar! A música a baixo reflete exatamente o que Laura sentiu ao perder seu grande amor!
Uma vez mais
Voa minha ave
Voa sem parar
Viaja pra longe
Te encontrarei
Em algum lugar
Permaneço em ti
Como sempre foi
Mais perfeito e mais fiel
Mesmo sozinho sei que estás perto de mim
Quando triste olho pro céu
Quando eu te vi o sonho aconteceu
Quando eu te vi meu mundo amanheceu
Mas você partiu sem mim
E sei que estás em algum jardim
Entre as flores...
Anjo, meu tão amado anjo
Bem sei que estás
E eu do brando sono hei de acordar
Para os teus olhos ver uma vez mais
O verdadeiro amor espera uma vez mais
Quando eu te vi o sonho aconteceu
Quando eu te vi meu mundo amanheceu
Quando eu te vi o sonho aconteceu
Quando eu te vi meu mundo amanheceu
Mas você partiu sem mim
E sei que estás em algum jardim entre as flores...
Fim
Fim do capítulo
Bom dia meninas...
Primeiro lugar,gostaria de agradecer as pessoas que acompanharam o conto...
Agradeço a cada comentário...
Agradeço a quem leu e não comentou...
Peço desculpas,se não agradei a alguém,mas sinto que cumpri a minha missão...
Missão está que começou a mais de 10 anos atrás,qdo escrevi meu primeiro conto...
Segunda parte do conto,já está pronta e muito em breve voltaremos a nos reencontrar..
Mais uma vez, agradeço ao site pela acolhida, agradeço as pessoas que leram e ficaram comigo até aqui
Agradeço a minha amiga Lusilene,foi com incentivo dela que voltei a escrever e publicar..
Bjos a todas e por favor se cuidem!
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maira30
Em: 09/07/2020
Oiiii... amei seu conto... fiquei encantando em como a Laura conseguiu se deixar envolver pela Ana Carolina e em nenhum momento passou pela minha cabeça esse final... Nossaaaaaaaaaaa... fiquei arrasadaaaaaa... Espero que continue escrevendo pois eu curti muito!!! obirgada... beijo grande
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kasvattaja Forty-Nine
Em: 22/06/2020
Ola! Tudo bem?
Frustração e vazio, sem meias palavras!
Uma perda nunca é fácil, não importa as circunstâncias ou de quem quer que seja, mas às vezes ela é fundamental para o autoconhecimento.
Volte logo!
É isso!
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