Capitulo 16 Final
Stella vendo o grande perigo que sua amada corria deu a volta pela caminhonete e enquanto Armando se distraia fazendo seu discurso de vitória a loirinha pulou sobre ele o fazendo perder a mira e atirar a esmo. O som despertou a ira de Rose que correu até as pistolas, tirou uma do coldre no momento em que o bandido jogava Stella no chão:
- Finalmente te peguei vagabunda, essa é pelo meu irmáo. - rosnou a encarando. O cheiro de polvora invadiu o ar junto com o estrondo de um trovão, a loirinha fechou os olhos com força. Não queiria admitir mas estava com medo, tinha tantos planos, tantos sonhos mas não poderia realiza-los pois tudo acabava ali.
Foi uma surpresa ainda maior sentir braços quentes a rodearem, ela conhecia aquele perfume. Teria chegado no Céu? Abriu os olhos temerosa e se deparou com Rose sorrindo para ela a apertando mais uma vez, ainda segurava a pistola que provavelmente usara. O corpo de Armando jazia sob os pés delas banhado no proprio sangue, aquela fuga desesperada se encerrava com a morte dele.
Rosalie esqueceu as broncas que deveria dar e a abraçou, a felicidade e o alivio que sentiu a fez esquecer os momentos tensos que passou pensando que morreria. Era tão bom poder senti-la outra vez, ver seu coração bater rápido por alguém que se tivesse morrido por ela mesmo teria valido a pena.
Sem pensar tomou os lábios dela sem pressa, tendo plena consciência de que aquilo poderia não durar para sempre mas ela estaria ali enquanto Stella a quisesse. Enchugou as lágrimas dela que ainda estava assustada e jogou a pistola que segurava..
- Está tudo bem agora...acabou. - afirmou Rose abraçando Stella.
- Você matei...ele?. - repetia a loira sem parar.
- Me escute. - Rose segurou o rosto dela e desviou da direção do corpo a fazendo encará-la - Aquele cara merecia morrer, ele é o Armando, o que ia te matar. Eu não tive escolhas, sei que não é uma cena de novela mas a vida é assim.
- Caraca! Que tirasso! - alguém falou atrás dela.
Rose abraçou mais uma vez Stella e se virou para Snake, o amigo se aproximava com alguns dos dele e a observou de cima a baixo. Depois analisou Stella, a morena ao notar os olhares maliciosos dele apontou a escopeta para a cabeça dele:
- Nem pensa ou vai conhecer o Armando pessoalmente. - o rosnado dela saiu com mais ciúme do que pretendia.
- Cara! Belo tiro Rose! - Snake ignorou a ameaça.
- Não há nada para se comemorar, quase a perdi hoje. - a morena apontou com a cabeça para a loira.
- Vai me ajudar com a bagunça? - ele quis saber.
- Não, preciso levar ela para casa, para vida dela. Nada de armas, nada de mortes, nada de perseguições. - Rose disse antes que Stella falasse algo.
- Bom, então te encontro no bar. - Snake deu as costas e de repente virou - Esqueci de dizer, tenho um serviço para você.
- Sinto muito mas vou ter que recusar, o Anjo da Morte está se aposentando. Percebi que a vida é tão boa e ao mesmo tempo tão frágil que posso morrer antes de ter de fato vivido. - o olhar da morena encontrou os da loira surpresos.
- Como quiser, se voltar atrás sabe onde me encontrar. - Snake voltou para a floresta organizando seus homens, iriam partir logo.
O barulho de rodas freando no asfalto chamou atenção das duas, o carro dirigido por Lorena parou bem em frente a entrada do parque, o vento começou a trazer o som de sirenes até elas.
- Ainda bem que nada aconteceu com vocês. - Gabriel disse saltando do carro e correndo até Stella.
- Graças a dios. - Héctor também desceu mas teve uma atitude mais contida como se estivesse magoado com a loira.
- Rose desculpa eu não a vi.… - começou Lorena.
- Não se preocupe, seu erro salvou minha vida essa noite. - a morena escutou por alguns segundos e andou até a traseira da caminhonete pegando a mala que estava ali. - temos que ir, a policia já vai chegar e esse lugar está cheio de corpos.
Todos concordaram em silêncio e foram para o carro, Lorena continuava no volante com Gabriel do lado. Rose se conformou em ser o travesseiro de Stella no banco de trás, a serenidade que via no rosto da loirinha não tinha preço. Respirou aliviada depois de dias carregando aquele peso, vencera Desmond e Armando estava morto então poderiam voltar para casa e era isso que varia.
Olhou para o céu estrelado e contemplou seu novo futuro á frente, ela tinha certeza que nele sim ela seria feliz. No exato instante que seus olhos fecharam os carros de policia passaram por eles, indo para todo aquele mundo que deixava para trás.
2 ANOS DEPOIS
Stella acordou tarde naquele sabado, os pais já tomavam café quando ela chegou na mesa sonolenta. Olhou rapidamente para a tela do celular esperando ver uma ligação de Rosalie mas até agora nada, suspirando ela se pôs a comer em silêncio.
- Chegou algumas cartas do seu amigo espanhol. - disse Leon entregando a corrêspondencia para ela.
- É de Héctor, ele está em Santiago no Chile. - a loira leu sorrindo, fazia quase um mês que eles tinham se separado depois do ocorrido na Argentina.
- Mais uma coisa, não quero a senhorita fugindo de casa atrás da sua namorada. Concordei que você ficasse com Rosalie desde que isso não prejudicasse seus estudos. - Leon foi severo.
- Não fugirei mais, prometo. - Stella garantiu sorrindo.
A campainha tocou e ela correu ver quem era, Rose estava parada na varanda com cara de cansaço onde se lia claramente "esse trabalho é um saco". A loira ignorou o humor dela e a beijou como se não existisse amanhã, Gabriel passou por ela e foi falar com os donos da casa.
- Você não parece muito bem. - Stella queria saber o que tinha dado errado.
- Passei a droga da noite hackeando uma rede para encontrar pistas de uma pessoa desaparecida mas nada. - Rosalie agora trabalhava como detetive particular, encontrar pessoas e segui-las era algo que ela fazia muito bem.
- Você vai conseguir, sempre consegue. - a loira tinha certeza disso.
- Adeus meninas, tenho que ir encontrar Lorena no campus. - despediu-se Gabriel com uma bolacha na boca.
- Isso vai dar namoro... - comentou Stella.
- Isso já deu namoro, só falta assumirem. - Rose riu e acompanhou a loira até a mesa.
As duas sentaram e passaram a dividir o café da manhã, entre risos e conversas elas encerraram o desjejum. Sob o olhar inquisidor de Leon subiram para o quarto de Stella, Rose olhou pela sacada para o céu e depois para a loirinha. Seus olhos negros estavam sombrios e a loira respeitou seu silêncio:
- Uma vez você me perguntou como conheci seu pai, a história é bem longa mas acho que deve saber porque devo tanto a ele. - Rose sentou na cama do lado dela e entrelaçou as mãos das duas. - Eu tinha sete anos quando minha mãe teve cancer, não tinha mais ninguém no mundo além dela. Infelizmente o tratamento era caro e nenhum hospital público poderia atende-la completamente, os particulares queriam dinheiro e não pouco. Na época eu não manjava muito dessas coisas de computação, caso contrário teria roubado milhões sem deixar rastro e salvado ela. Então a idéia mais brilhante que tive era roubar nos bancos, eu ficava de olho nas pessoas que tiravam mais dinheiro e na saida as atraía com alguma história fiada, as levava para um beco, puxava a carteira ou a bolsa que eles tinham e saia correndo.
A todo instante Rose a avaliava para saber o que Stella achava dela, a loira sabia que pessoas como ela não tinham o passado mais fácil do mundo. Ela já conhecia a história de Gabriel, do trágico destino que o aguardava e eles continuaram amigos mesmo assim. Então porque ela julgaria a morena?
- Consegui juntar uma boa quantia mas ela não foi suficiente para cobrir todas as sessões, não sabia mais o que fazer pois juntar toda levava tempo e tempo era algo que não tinhamos. Foi aí que encontrei seu pai, num dos corredores do hospital..…
- O que meu pai fazia no hospital? - perguntou Stella curiosa.
- Acho que eles nunca te disseram que você teve uma irmã. Isabel tinha quatro anos na época, era uma criança saudavel mas pegou a pior fase da cidade. Um assassino estava a solta e um dia viu ela brincando no jardim sozinha, ele a sequestrou, pediu um resgate a agrediu tanto que pensou que ela estava morta. Quando a encontraram a trouxeram para o hospital e por isso seu pai estava ali, ele me viu chorando e me perguntou por quê, contei a história da minha mãe e ele conseguiu a quantia com facilidade mas eu sentia que eu precisava retribuir aquele estranho e passei a caçar o assassino.
- Por isso eles sempre foram tão super protetores, eu não sabia.…eu...
- Não tinha como você saber e não deve se culpar por isso, nada pode mudar o que já passou. - Rosalie a abraçou e continuou a história - Eu sabia onde tinha uma arma, na casa de um conhecido. A roubei e me fiz de isca andando pela cidade a noite, achei que não iria encontrá-lo mas ele apareceu. O maldito veio para cima de mim, eu me esquivei pegando a arma. Lembro de olhar no fundo dos seus olhos antes de atirar, uma bala limpa e perfeita bem no rosto e estava acabado.
- E Isabel?
- Ela morreu dias depois que matei ele, não se recuperou da hemorragia interna que teve. Não veria seu pai por muito tempo mas agora já sabia como arranjar muito dinheiro para o tratamento...como assassina de aluguel. Mesmo com todos os meus esforços minha mãe morreu, eu me sentia sozinha no mundo e era a pior sensação. Jurei que nunca, jamais amaria alguém novamente e fechei meu coração o transformando em uma pedra de gelo. Quanto mais dor e ausência sentia mais me afundava no trabalho, aprendi a manusear outras armas e treinei o tiro, aprimorei minha músculatura e aprendi vários estilos de luta virando uma arma também.
- Você conheceu Snake de onde? - Stella parecia recuperada do choque embora um pouco pálida.
- Um assassino de aluguel não passa despercebido aos olhos de alguém como ele e a medida que apelidos como Anjo da Morte eram dados pela midia e minha fama se espalhava mais interessado ele ficava. Foi ele que entrou em contato comigo oferecendo parceria em vários negócios, ter alguém como Snake por perto é um bom salvo conduto já que ele tem muito mais poder do que aparenta então aceitei essa vantajosa união. Nos aproximamos por conta desses trabalhos e nos tornamos íntimos mas nunca fomos verdadeiramente amigos, somente sócios. Na verdade o sentido de amizade eu só redescobri com Gabriel, Lorena e Héctor.
- Tudo é passado agora.
- É... agora só descubro coisas sobre as pessoas não as mato. - Rose deu um beijo na testa da loira sorrindo.
- Já imaginou como seria se não tivessemos nos conhecido?
- Eu ainda seria um bicho papão das noites. - riu a morena.
A felicidade que Rosalie sentia era maior do que imaginara, ao beijar Stella teve a certeza de que valeu a pena deixar-se levar por aquele sentimento e não o trocaria por nada. Enquanto explorava a boca da loira lembrava dos dias vazios de antes e os deixava para trás conforme suas mãos avançavam por aquele corpo que ela conhecia tão bem enterrando o Anjo da Morte em si para sempre.
FIM
Fim do capítulo
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Comentários para 16 - Capitulo 16 Final:
kasvattaja Forty-Nine
Em: 16/06/2020
Ola! Tudo bem?
Parabéns, você foi boa: texto nem muito longo, nem curto; na medida certa. Apesar de não ser muito fã de socos, chutes e pontapés - mais tiros -, sua história foi bem escrita, sem nenhuma ponta solta. O enredo foi bem construído e as protagonistas também.
Que tal agora uma história com menos adrenalina e mais açúcar?
É isso!
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