Capitulo 15
Desmond acordou suado, a febre cedera mas ele ainda estava fraco. Armando deixara duas mulheres cuidando dele e alguns homens para vigia-lo, ele não gostava das mulheres pois elas se pareciam com sua mãe e a vontade dele era matá-las. Infelizmente a fraqueza o fez ficar dias e dias acamado porém não tinha descanso, a todo instante ele via os olhos negros de Rosalie o encarando sem medo e o ódio fervia em suas veias.
Nesses instantes ele se sentava ofegante repassando as cenas da luta e a maestria da assassina, ela não era como sua mãe. Era um tipo de mulher que ele poderia...amar, mas Stella estava em seu caminho e corromperia sua Rosalie com sua prostituição e imundicie.
- Ela deve morrer, a menina tem que morrer. - disse se levantando.
- Deveria estar de repouso. - Armando lembrou ao entrar no quarto.
- É uma perda de tempo ficar aqui, elas estavam indo para a fronteira por algum motivo e se demorarmos para agir vamos perde-las.
- Quanto a isso, achamos a caminhonete no estacionamento de um parque, meus homens estão se preparando para checar. Se está bom deveria vir conosco, quem sabe não encontra a assassina lá e dá o troco.
- Me dê alguns minutos, vou me vestir. - Desmond caminhou até o guarda roupa.
Stella e Rosalie logo estaria em suas mãos e ele faria o que quisesse delas, as usaria a seu bel-prazer. Elas mal perdem por esperar pensou colocando a camisa.
Stella abriu os olhos confusa, o sol de fim de tarde invadia o carro com um brilho alaranjado, o vento de uma janela aberta bagunçava seus cabelos. Sentou arrumando os fios rebeldes que insistiam cair em seu rosto e procurou Rosalie. Lorena dirigia o veiculo, Gabriel estava ao seu lado e Héctor no banco de trás com ela mas nem sinal da morena.
- Onde Rose esta? - perguntou com a voz rouca, a garganta estava seca e se sentia meio sonolenta.
- Stella...ela foi resolver alguns assuntos mas logo volta. Disse para que continuemos a viagem e é o que vamos fazer. - explicou Lorena sem desviar os olhos da estrada.
- Ela foi enfrentar Desmond não foi? Ele vai matar ela, você tem que virar esse carro agora! - Stella se empertiou lembrando o instante em que Rosalie falou com ela pela última vez, então aquele carinho todo de manhã não passava de uma despedida?
- Se fizermos isso todo o sacrificio dela será em vão.. - mal Lorena acabou de falar Stella voou para o banco da frente e virou o volante, a ruiva teve tempo apenas de frear antes que o veiculo girasse bruscamente.
- Carajo! Que piensa nina para hacer algo asi? - reclamou Héctor.
- Eu vou atras dela voces querendo ou não. - Stella abriu a porta e saiu correndo pelo acostamento.
Suas pernas pesavam como chumbo e sua cabeça doia mas ela não se importou, precisava alcançar Rose e impedir que ela enfrentasse Desmond sozinha. A tontura a pegou desprevenida e só não a levou ao chão porque mãos fortes a agarram, Stella queria lutar contra Gabriel mas suas energias estavam acabadas.
- Sinto muito, não podemos deixar você ir. - desculpou-se ele arrastando ela para o carro e a jogando no banco de trás do lado de Héctor entrando logo atrás.
Entre os dois rapazes Stella percebeu que seria impossivel escapar, inconformada aceitou o lanche e o refrigerante que lhe deram e deixou que a conduzissem para seu destino sem reclamar. Algumas horas mais tarde entraram em Cordova e Lorena tratou de procurar um hotel enquanto eles comiam em uma lanchonete, Stella não parava de observar ao redor procurando um meio de escapar mas sabia que ao menor movimento seu Gabriel a seguraria.
Pararam em um dos muitos hotéis da cidade e Lorena foi pedir os quartos deixando Héctor como carregador e Gabriel como vigia, Stella sorriu para ele dissimulada fingindo ter aceitado tudo. A certa altura o jovem desviou os olhos para Lorena e ela aproveitou esse descuido para sair correndo, Héctor tinha ido para os elevadores poucos segundos antes e também não viu sua fuga.
A loira correu pelas ruas da cidade desorientada procurando o caminho para Gobernador Visaroso, perguntou para uma senhora em seu portunhol e a velha lhe explicou como chegar a autoestrada. Sem perder tempo ela correu naquela direção ciente de que se fosse encontrada pelos amigos perderia uma boa chance.
A noite caía quando ela chegou a rodovia, sem outra alternativa levantou o polegar com o braço esticado e começou pedir carona, jovem e bonita não demoraram para pararem para ela. Felizmente era um casal simpatico que a acolheu e não um bando de homens no cio, Stella entrou no carro deles e descobriu que eram de uma cidadezinha perto de Gobernador e prometeram deixa-la lá. Mais tranquila ela relaxou sabendo que em breve estaria com sua amada e evitaria que ela fizesse uma burrice.
Rose entrou na velha cabana de madeira que havia no parque e colocou suas coisas em cima da mesa empoeirada, pegou algumas velas na mochila que usava e as acendeu dando luz ao lugar que antes era iluminado pela lua. O telefone tocou no bolso da calça, ela o pegou habilmente e atendeu:
- O que houve agora? - perguntou Rose.
- Meu informante me avisou que Armando está indo com o comboio para a fronteira com a Argentina, eles estão a menos de três horas de Gobernador Visaroso. - Snake contou preocupado.
- Deixe-os vir. - Rose abriu uma das malas e contemplou as armas de fogo e brancas guardadas ali.
- Eu e os meus estamos meia hora atrasados, chegaremos assim que der. Qual é sua situação?
- Stella esta a quilometros daqui, a salvo. Armei uma emboscada no parque perto da cidade, espero que Desmond seja idiota o suficiente para cair nela.
- Tome cuidado, eles estão em vantagem.
- Não meu caro, eles são minha caça. - Rosalie riu.
- Se diz... Tente sobreviver até eu chegar. - Snake disse perplexo com a calma dela.
- Não vai restar muitos deles para você. - jurou ela antes de desligar.
Rose jogou o celular na mala e pegou um coldre, o colocou sobre os ombros e fechou no peito. O próximo item que tirou foi um segundo coldre, prendeu-o na coxa esquerda e na direita a bainha de um facão.
No coldre do peito colocou duas pistolas e uma faca, no da perna esquerda uma escopeta, o facão foi acomodado em sua bainha com lâmina reluzindo sob a luz das velas.
Prendeu o cinto com as balas e pentes para recarga e trançadas sob o peito mais duas correias com munições de metralhadora, fechou a mala e respirou fundo tentando em vão tirar Stella da cabeça. Contava que Desmond viria sozinho não com quase todos os homens de Armando, por mais que tivesse controle sobre o território a vantagem era toda deles.
- Maldição! - gritou incapaz de conter a fúria. Seu plano brilhante poderia fracassar caso Desmond aproveitasse a confusão e fugisse.
O vento que corria pela janela aberta cessou, o silêncio da noite foi quebrado por um grito estridente de dor. Rose se pôs de pé e saiu para o escuro, eles acabaram de chegar e a guerra irá começar.
Desmond desceu do carro entediado e dolorido, observou a caminhonete e balançou a cabeça para Armando.
- É essa mesma. - o assassassino teve certeza ao ver o estrago no vidro traseiro.
- Ou abandonaram aqui ou estão no parque. - disse Armando abrindo o porta-malas. - Provavelmente no parque, não deixariam essa mala para trás.
- A garota e a assassina são minhas. - Desmond rosnou.
- Vamos nos espalhar, fiquem atentos e armados, não confio naquela mulher. - Armando sacou a pistola do cós da calça e seguiu atrás de seus homens com armamento pesado.
Desmond foi para perto deles usando apenas um facão como arma, o assassino pegou a mesma trilha que os demais e já se achava no limite da irritação quando gritos de dor vieram da frente...a diversão começava.
Mais que rápido ele correu para ver se era Rosalie e encontrou três homens de armando esmagados por troncos grossos de árvore. Notou que havia algumas cordas neles, eram elas que os mantinham suspensos no ar e fora da vista da vitima descuidada.
- Ela colocou armadilhas. - Desmond sorriu passando a mão pela corda, fascinado pelo artifice da assassina.
- Vagabunda! Desgraçada! - xingou Armando furioso. - tomem cuidado por onde andam, essa porr* está cheia de armadilhas.
Desmond tomou a diantera do grupo e tal qual uma serpente, deslizava agilmente pela trilha sempre atento aonde pisava. Ouviu outros gritos pela mata vindo dos outros grupos de busca, não via a hora de encontrar seu Anjo da Morte e a convencer de que eles foram feitos um para o outro.
Avistou luzes bruxuleantes a frente mas antes que pudesse conferir o que era uma faca voou em sua direção abrindo um corte em sua bochecha quando desviou para não ser atingido em cheio.
- Rosalie. - sussurrou ele.
- Desmond, vejo que está bem vivo...- disse uma voz do alto das árvores - Pena que não por muito tempo.
Desmond se jogou atrás do tronco de árvore puxando Armando consigo segundos antes das rajadas de metralhadora atingirem onde eles estavam, os homens do traficante começaram a atirar freneticamente sem saber bem para onde.
Os sobreviventes dos outros grupos os encontraram formando um cerco contra ela e por mais hábil que a assassina fosse Desmond tinha certeza de que não conseguiria escapar dessa vez.
Rosalie subiu na árvore com a ajuda de uma corda cheia de nós e assistiu a chegada dos homens de Armando, sabia que pela direção que tomaram logo a cercariam. Eram tantos que suas armadilhas não seriam o suficiente pensou enquanto preparava a metralhadora sentada no galho da árvore.
Avistou o primeiro grupo graças a luz da lua que passava por entre as folhas e atirou sem dó, a arma pulou em sua mão mas ela não parou até que alguns deles estivessem no chão.
Não esperou os outros chegarem, correu pulando pelos galho com um equilibrio perfeito e usou a corda que pendurou mais cedo para se balançar até a árvore do lado, repetiu esse processo algumas vezes até tomar distância dos grupos que cercaram a árvore onde esteve.
Rindo, ela desceu para o chão e atirou em tudo que se movia, sem tempo para recarregar a metralhadora puxou as duas pistolas e continuou derrubando seus oponentes. Balas passavam zunindo por seus ouvidos, ela estava só meio consciente delas, usando os troncos como cobertura ela atacava seus oponentes de maneira implácavel.
O estouro forte de uma bomba assinalou a chegada de Snake no parque, mais tranquila Rose decidiu ir para o estacionamento barrar a fuga de quem quer que fosse. Correu para uma trilha vazia que daria lá, notou a presença de alguém a seguindo mas evitou atirar sem ver se era aliado ou inimigo.
A luz do estacionamento não demorou para surgir entre as folhagens, os carros de Armando estavam ali e ela poderia sabotá-los para evitar a fuga mas primeiro veria quem vinha atrás. Mal saiu para a mata se virou e esperou alerta, o individuo não demorou para vir para luz e um sorriso satisfeito surgiu no rosto de Rose ao ver Desmond.
Stella vinha sonolenta dentro do carro, a noite estrelada e o cheiro de mato eram extremamente calmantes. Permitiu-se se perder em lembranças de seu relacionamento com Rose, nunca fora fácil pois suas personalidades eram opostas mas extranhamente se completavam. As brigas eram tão intensas quanto a paixão e o amor que as unia e com certeza ouviria um bom sermão da outra porém jamais conseguiria viver sem ela.
Admirava o sacrificio que Rosalie fez, era a maior prova de amor que podia dar mas Stella a queria viva não morta. Mostraria que poderiam enfrentar tudo desde que permaneçam unidas, que também seria útil quando precisasse e lutaria por ela da mesma forma que ela daria a vida pela loira.
Os olhos de Stella viram luzes se aproximar e ela se impertigou alerta pensando que já haviam chegado em Gobernador, seus olhos avistaram um estacionamento e uma caminhonete lhe chamou a atenção. Procurou o vidro traseiro e lá estava as marcas, mais que rápido ela pediu ao casal para parar o carro e agradeceu pela carona.
Passou pela entrada do parque ignorando os vários carros ali e seguiu para a caminhonete, as portas da frente não estavam trancadas nem o porta-malas. Checou o interior do veiculo e não encontrou nada, na traseira restava uma mala, pegou-a e a abriu,
O perfume invadiu suas narinas, tão familiar e doce que os olhos de Stella se encheram d'água. Não percebeu a saudade que sentia até agora e para matá-la tinha que encontrar Rose, se as roupas dela estão ali ela não poderia ter ido longe.
Estava fechando a mala quando ouviu passos, o instinto a fez se esconder atrás da caminhonete. De repente, do meio da escuridão, Rosalie saiu imponente e majestosa em suas roupas pretas, logo atrás dela surgiu um homem alto e moreno segurando um facão.
- Por quê não acabamos com isso logo Desmond? - perguntou Rosalie tirando as duas pistolas e jogando para longe. Fez o mesmo com a metralhadora que carregava nas costas e por último a escopeta, essa veio parar bem nos pés de Stella mas a principio ela não notou, seus olhos estavam fixos no homem.
Então aquele era o assassino que queria matá-la? Parecia tão patetico e palido que não dava medo em ninguém. Ela esperava algo mais amendrontador ou forte e se decepcionara porém sabia o quanto as imagens podem enganar e se Rose o temia tanto deveria ter um bom motivo.
- Para mim quanto mais lento melhor. - a voz de Desmond era inelegivel, Stella não conseguiu compreender se ele estava apenas entrando no jogo ou se havia um sentido oculto para suas palavras. - Para que tanta pressa querida? Temos a noite toda.
- Eu acho que não, você não vai durar um segundo. - Rosalie puxou o facão da bainha em sua coxa e partiu para cima do assassino.
Rose acompanhou a trajetória do facão e soube de antemão que ele não atingiria Desmond, o golpe foi defendido pela lâmina do assassino com habilidade. Respirando fundo ela atacou outra vez, três golpes seguidos que também foram rechaçados por ele.
- Podemos formar um bom par juntos, seriamos invenciveis. - propôs Desmond.
- Você ainda iria atrás de Stella. - Rose se abaixou para evitar o golpe dele.
- Ela precisa morrer, mulheres como ela levam pessoas boas para o mau caminho. - Desmond atacou uma última vez antes de receber um longo corte no peito.
- Se tocar nela, arranco cada pedaço do seu corpo com meu facão. - uma gota de sangue escorreu da lamina dela para o chão.
- Porque a protege tanto? Você deve para Leon? Se for por isso esqueça a divida e venha comigo, Armando lhe pagará duas vezes mais. - ofereceu o assassino.
- Não tenho dividas mas tenho palavra, a menina irá para onde deve ir: á salvo. - garantiu ela firme.
- Sabe que um de nós morrerá se insistir. Não faça isso, eu tenho tantos planos para você. - Desmond tentou se aproximar e acabou ganhando um corte no rosto.
- Nem ouse chegar perto de mim seu maldito! - Rosalie aproveitou a distração dele e o atacou.
Desmond defendeu os golpes desesperadamente e ela via que a concentração dele na batalha havia se acabado, com isso vários cortes surgiram. Rose assistiu os olhos mortos do assassino ganhar vida e quando a fitou exibiam puro ódio.
- Se não vier comigo morrerá como todas elas! - gritou Desmond atacando.
Rosalie desviou dos golpes com agilidade e acertou uma joelhada nas costelas de Desmond, rapidamente aproveitou o ataque dele para segurar o pulso da mão com o facão e cravou sua lâmina no peito dele. Ela praticamente desapareceu dentro do assassino e o sangue quente começou a escorrer.
A morena viu o corpo dele amolecer e ir ao chão, estava tudo acabado. Respirando ofegante ela observou os últimos instantes de vida do seu inimigo, ele ainda se mexia quando ela puxou o facão de uma vez. Os olhos de Desmond foram perdendo brilho e os movimentos cessaram, ele morreu definitivamente.
Passos fizeram Rose fitar a trilha, Armando apareceu apontando a arma para ela. A morena procurou a metralhadora e suas pistolas, tinham caido longe demais dela para ir buscar e a escopeta estava fora de vista lhe restando somente o facão.
- Finalmente te achei sua vagabunda, sabe quantos homens eu perdi nessa merd* de floresta? - perguntou ele engatilhando a arma. - Mas não importa, como pagamento vou te mandar para o Inferno.
Rosalie pode sentir o ódio nas palavras dele, Armando não estava blefando, iria matá-la. Olhou para o facão em sua mão e o soltou, não teria tempo de chegar até ele para dar um golpe mortal nem conseguiria arremessar uma lâmina tão grande e pesada. Era hora do Anjo da Morte aceitar sua própria mortalidade, a hora que ela pensou que nunca veria havia chegado.
Direcionou seus pensamentos para Stella, queria que a última lembrança que tivesse fosse dela. Lamentava não ter tempo para amá-la mas lhe confortava saber que ela estava a salvo e Snake mataria Armando agora que ele foi enfraquecido.
Respirou fundo e estufou o peito enfrentando corajosamente seu destino, cenas da noite na fazenda passavam por sua mente quando ele se preparou para atirar. Aguardou expectante a dor que a levaria desse mundo, o estampido veio alto até seus ouvidos, o som das capsulas caindo no asfalto do estacionamento quebraram aquele silêncio mortal e o fim finalmente chegou.
!
Fim do capítulo
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