Ainda pensando em sua relação com Cacau, Emme finalmente descansou depois de ler por cinco vezes cada palavra da outra, via sinceridade naquele texto. Olhou para Léo, o rapaz dormia, ficou feliz de vê-lo querer dividir o mesmo quarto, estavam em camas de solteiro.

A cidade em que estavam era perto de sua cidade natal, poucas horas de avião. Quando Emme finalmente acordou Léo estava com a câmera ligada, ele Jogava videos na internet contando um pouco de seu dia a dia. 

_Que horas são? 

_4 da tarde. Eu já estou arrumado.

_Certo, vou banhar, não demoro. 

Ao sair do banho, Emme logo se trocou e secou os cabelos. 

_Estou começando um novo empreendimento Léo, sei bem que essa vida de modelo dura pouco tempo, preciso aproveitar essa minha fama.

_Rica e bela. Já divulguei inúmeras vezes teus projetos no meu canal.

_Te dou uma comissão por cada roupa comprada através dos teus vídeos.

_Ontem foi puxado não é mesmo? Ainda bem que nosso voo está marcado somente amanhã pela manhã.

A modelo concordou, ele desligou a câmera, os trabalhos tinham terminado sairiam para comemorar. 

_Vou terminar com Eduardo.

_Tem certeza? – Emme via no olhar do rapaz que ele não estava feliz a algum tempo.

_Já temos uma semana aqui e mau trocamos duas palavras. Tá frio e vai ficar mais frio ainda, tenho sete meses com ele e ele nunca me apresentou a família dele. Se nunca fez, não vai ser agora que vai fazer, enfim, não vai rolar. – Sentou na cama.

_Eu sinto muito, mas se isso é o melhor a fazer faça e procure alguém que te assuma. Nunca se diminua pra caber na vida de uma pessoa, aprendi isso com Bernadete, me rebaixei demais com ela, acreditava em tudo que ela me dizia, eu fui uma boba por muito tempo.

_E a Cacau? 

_Já li e reli o texto que ela me mandou ontem, vejo sinceridade nas palavras dela meu amigo, mas eu quero mais. Ela me cobrou porque eu não disse que amava ela. – Emme sorriu. 

_E você a ama? 

_Eu me amo em primeiro lugar. Ainda é cedo para dizer isso. Sou louca por ela, mas ela ainda não sabe namorar, você entende? Mente demais, infelizmente. Se ela quer algo comigo vai ter que ser construído na sinceridade, odeio mentiras. Mas se a pessoa mentir que saiba pelo menos mentir, posso ter muitos defeitos, mas eu sei calcular uma mentira, aprendi isso com Bernadete também. Ela sempre me viu como desequilibrada e até certo ponto eu fui e sou, eu preciso dar uma lição em Cacau. – Sorriu novamente _aqui não é perigoso acender esse cigarro? 

_Não, tá tranquilo. Então, continua...

_O que quero dizer é que quando eu estava com Bernadete eu sabia que ela ficava doida só em me imaginar nos braços de alguém, eu dava uns beijos e tirava fotos e depois dizia que tinha dormido com eles tudo para ver ela com ciúmes, eu fazia isso porque ela era casada e merecia. Se eu fizer isso com Cacau ela não vai mais querer me ver nem pintada, então como estamos indo para esse evento provavelmente não vou ficar com ninguém, mas se eu ficar ela não vai saber, porque quando eu faço algo eu faço bem feito, não sou como ela que deixa rastro por onde passa. 

_Ela deve ter ficado doidinha quando você disse que conversaria  com ela somente quando chegasse. – Os dois sorriram, logo Emme sentiu vontade de chorar depois que tragou o cigarro mau feito que o rapaz tentou fazer. 

_Acabamos o relacionamento... eu sinto que preciso dar uma lição nela, é isso. A Cacau não pode sempre mentir e se sair de boa entende?

_Pois dê essa lição amiga, vocês são como café e leite, vejo isso. É como arroz e feijão ou pizza e queijo.

_Tenho medo de nos decepcionarmos entende? Esse rapaz é muito bonito – mostrou a foto de Vitor _a Cacau é vivida demais, já aprontou muito.

_Ela parece ser tão comportada, o que ela fez de tão errado assim? Nossa, ele é um gato, certeza que fica com homens. 

Emme não contou ao amigo o passado de Cacau, jamais iria fazer isso. Era algo que só pertencia a ela.

_Quando eu digo vivida é porque já se casou, já se separou, casou de novo. Cacau é mulher séria.

_Isso é verdade, dar para ver em sua feição. Dona de si, poucas vezes vejo ela sorrindo, agora que está sem óculos acho ela mais séria ainda,  mais sei que ela deve ter um bom coração, assim como você Emme. 

Ela então passou a falar das qualidades da mulher, contou de sua humildade, de como ela tratava bem seus funcionários sem sentir-se superior a eles, de como ela conduz a fábrica com leveza e de como ela dar uma risada gostosa quando Emme conta algo engraçado.

_Se isso não for amor Emme, eu não sei mais o que é. Se eu digo para o Eduardo que eu não sei fazer um arroz ele diz que eu não sirvo para nada. Jamais ele vai sorrir de algo desse tipo. 

Emme pegou o celular e releu novamente seu texto, era lindo, digno de uma publicação. 

_Eu conheço cada sorriso dela, mas Enfim, amanhã conversarei com ela. Lhe direi todas as minhas vontades e se ela tiver apta a aceitar nós continuaremos de onde paramos, senão, deixe a dança prosseguir conforme a música. Mas eu sou louca por aquela mulher, amo cada traço de seu rosto, tem dias que eu só durmo depois de beijar ele todo. Pele macia, bem cuidada, amo depositar um beijo em cada parte. Nariz bem feito, boca avermelhada, olhos vivos. Ela me dá um tesão do caralh*, mas eu não entendo o porquê de ela mentir tanto entende? Parece que tem até prazer quando faz isso... Desse jeito eu não quero, posso ter milhões de defeitos Léo, mas mentir não. Ela vai ter que aprender a falar a verdade senão vai me perder de vez, eu não tolero mentiras. Eu tô com muita raiva dela. – Emme sorriu, o cigarro que fumava já estava surgindo efeitos. _Vamos? Esse macacão está bom?

_Perfeito, só falta uma coisa.

_Já sei, a bandeira do respeito, amo essa bandeira, luta pela igualdade, pelo direito de amar quem quisermos, precisamos nos unir não é verdade? Aquela rebelião de Stonewall ficou marcada em nossa história, pena que hoje não é 28 de junho – O rapaz lhe entregou uma e deu uma volta em seu ombro amarrando-a. _Faz dois anos que não vou a um movimento desses. Mas eu quero dançar, pular, ser livre, assim como esse dia. 

_O que importa é fazermos isso todo ano, a de Metropolis está chegando, vamos está também lá marchando pelas nossas vitórias amigas. – Beijou seu rosto e sorriu contente. 

Léo contou que iriam encontrar um grupo de amigos, lá ficariam dançando, brincando e bebendo, quem sabe até fisgar um rapaz para ele ficar. Algo não muito difícil por estarem em um ambiente com tantos, Léo já não via mais motivos de estar com Eduardo, não o amava, não sentia sua falta, tudo o que queria era se entregar aquele momento. Segurou a mão de Emme para que não se perdessem um do outro naquele amontoado de gente, enquanto seguia em busca dos amigos deparou-se com um rapaz que não o conhecia, logo se beijaram e ao sair do beijo o mesmo rapaz se aproximou de Emme para também lhe beijar. Emme sorriu e virou o rosto.

_Parece está só, hoje é um dia livre. – O homem disse tentando outro beijo.

_Sim, estou só, mas estou bem acompanhada pelo meu amigo. Eu não quero te beijar. 

_Tudo bem. – E seguiu o caminho. 

_Estamos quase chegando. O primeiro já beijei, hoje vou contar quantos chifres Eduardo irá levar. 

Ao decorrer daquela festa o rapaz beijou várias bocas, e em cada boca que beijava alguns queria o beijo de Emme. Ela até se atreveu a colocar seus lábios em um rapaz, mas este logo quis invadir sua boca com a língua, ela o afastou. 

Léo agora beijava uma menina, segurava sua cintura e sorriu quando se afastou. 

_E tua amiga é linda, ela curte? – A mulher um tanto jovem quis saber. Quando Léo disse que sim a menina seguiu até ela e sorriu se apresentando. Era nova, tinha vinte anos, pele negra e cabelo curtinho, usava uma roupa colorida. Tentou um beijo, Emme se afastou. Ali era tanta tentação, mas nunca esquecia-se de Cacau e de seu texto com palavras e frases bonitas, ela pediu perdão, precisavam mesmo conversar. A menina deu um selinho rápido para não assustar a modelo, ficou por ali rodando-a. Comprou uma bebida e passaram a dividir o mesmo canudo.

_Parece modelo. – Puxou assunto em seu ouvido, com a música alta pouco dava para entender.

_Sim, sou e você? – Por educação lhe devolveu a pergunta. Disse algo que Emme não entendeu, mas sorriu fingindo ter entendido. 

_Linda você.

_Oi? Fala mais alto, não estou entendendo.

_Eu disse que você é linda.

_Ah, obrigada. 

_Sério, muito linda. Será se eu consigo um beijo teu? 

Emme sorriu. 

_Desculpa, eu tenho alguém. 

_Uma pena. – Ela contou triste. _Tudo bem então. 

Emme viu-a se distanciar, meninas novas não eram seu fraco. Decidiu aproveitar aquela tarde de festa que veio acompanhada por uma noite mais animada. 

_Eu definitivamente não gosto de pessoas novas Léo. Parece que falta algo entende? Se eu ficasse com ela seria em vão, só seria por beijar mesmo.

_É porque você gosta da morena lá. 

E seguindo o evento, Emme viu Léo beijar inúmeras bocas, pediu ao amigo para maneirar, eles não sabiam de onde as bocas que o rapaz beijava tinham estado antes da dele. 

A cada música que tocava, a cada dança alguém se aproximava para beijar a menina dos olhos claros, ela logo dizia não e seguia dançando. Era tanta gente, tantas mulheres e tantos não, que quando alguém se aproximava ela dizia que era apenas simpatizante. 

Festa boa, festa animada. Ao ligar seu celular viu uma mensagem de Cacau, sorriu. Ao abrir era uma foto dela sorrindo abraçada com Mel, seguida por uma mensagem: “Estamos com saudades, volta logo, amamos você.”

O coração encheu mais ainda de saudades também. Cacau sabia jogar. Emme mostrou para o amigo a foto. 

_Diga que também está com saudades. 

_Eu não. Eu disse ontem que quando eu chegasse eu ia lá para conversarmos.

_Você mesma me disse que ela era orgulhosa, se ela está fazendo isso é porque realmente está com saudades e está fazendo de tudo para se reconciliar. – Tomou seu celular e mandou uma mensagem. _Estou com muitas saudades, que bom que nosso filho tem a outra mãe para cuidar enquanto estou fora. – Ao ler enviou. 

Emme ia guardar o aparelho, mas o sentiu vibrar. 

“Ele sente falta da outra mãe. A avó dele teve que viajar e me deixou cuidando dele, como sou também uma boa mãe larguei tudo, estou ensinando ele a fazer xixi lá fora. Comprei um remédio, a atendente me garantiu que se eu colocasse  cinco gotas na areia ele iria fazer xixi para sempre naquele mesmo lugar. Volta logo mamãe Emme, quero teu colinho também ao lado da mamãe Cacau. Ps: O seu filho Rolim que está digitando, a mamãe Cacau está colocando meu leitinho.” 

Emme caiu na gargalhada. Encostou-se em uma árvore e passou a trocar mensagens com ela.

“Esse remédio é mesmo eficaz? Não acredito muito em remédios que fazem o animal fazer xixi, mas se for verdade vou querer um urgente. Cuide bem do nosso filho, quando o comprei na fase mania era um desejo que esteve sempre comigo de ter um animal. Obrigada por cuidar dele.”

Depois de enviar a mensagem alguns minutos depois Cacau enviou outra foto, era de mel com roupinhas.

“Estou charmoso. Mamãe caprichou no presente, onde você tá?” 

Emme, então sorrindo tirou uma foto exibindo a bandeira LGBT, estava cheia de brilho pelo rosto, fatalmente os abraços que recebeu dos amigos de Léo lhe deixaram daquele jeito. 

“Estou comemorando o amor.” 

A partir daquela foto Cacau demorou a mandar outra mensagem, mas quando mandou veio com uma pergunta nada agradável. 

“Já beijou quantas bocas? Sei bem como funciona esses eventos, ainda mais com você alegando está solteira.”

“Alegando não, eu estou solteira Cacau.”

“Pois ótima noite, sairei com umas amigas agora para um bar.”

Um suspiro.

“Se divirta Cacau.”

Sua vontade era de saber qual bar e que amigas. Cacau tinha uma facilidade de ter amigos que não sabia de onde ela arrumava tantos. 

Continuou a se divertir sem dar chances a ninguém para lhe beijar, ao final da festa o grupo de colegas foram a um barzinho. Léo era leve e animado, o rapaz dançava, conversava, fazia os outros sorrir. Emme se atreveu a tomar alguns shots, a sorrir e a dançar também, em seguida cantaram no karaokê divertindo o ambiente. 

_Agora precisamos ir Emme, amanhã pegamos o voo cedo. – Beijou a boca de um rapaz e combinou um encontro. Segurou a mão de Emme e se despediram. _Vamos de táxi, quando chegarmos quero dormir muito. – Ele tossiu. 

_Pois vamos.

_Me segura Emme que eu estou bêbado. 

E cuidando um do outro chegaram ao pequeno quarto, ambos caindo para lados diferentes ainda sorrindo de tudo o que tinha acontecido. 

_Boa madrugada. 

_Boa madrugada Léo.

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Passaram a viagem toda dormindo, Emme encontrou a mãe no aeroporto, e Léo logo se despediu indo com seu pai.

_Passa lá em casa hoje se der.

_Tá bom Emme. – O rapaz piscou o olho cúmplice e foi com o pai embora. 

_Oi mãe, que saudade.

_Fez boa viagem? Como foi ontem na parada da diversidade?

_Ótima viagem e ótima festa.

_Quando tiver uma aqui quero ir com você, saber como funciona essa galera.

_Essa galera mãe? Ta bem jovial viu.

Foi contando tudo o que aconteceu, tudo o que aprontou ao lado de Leonardo. Quando Emme chegou em casa sentiu falta de mel.

_Vou ter uma conversa com Cacau, desse jeito não dar certo, vamos realmente terminar. 

Decida a ter uma conversa com a morena, Emme seguiu até sua casa no carro de sua mãe, ao buzinar o portão foi aberto no automático por Cacau, ela estava de banho tomado, cabelos soltos, um batom de leve, parecia lhe esperar. Quando o portão se fechou Cacau deitou-se na rede. 

_Oi, bom dia, achei que tava na agência.

_Bom dia Emme, nada, decidir deixar um pouco a agência de lado, eu e Eduardo estamos nos estranhando. Vou ficar agora concentrada no que eu realmente vim fazer em Metropolis.

_Fugir do teu passado? 

Cacau revirou os olhos. Emme puxou uma cadeira e sentou ao seu lado segurando mel no colo. 

_Meu amor, vim te resgatar. – Beijou o animal de todo jeito e cruzou as pernas. _Obrigada por cuidar dele, mãe chegou hoje e foi direto pro aeroporto me pegar.

_Você batizou ele como mel Rolim, então é meu filho também. 

_Deixo você ficar com ele nos finais de semana se quiser. Ele é adorável. – levantou-se e destravou o carro fazendo menção de entrar no automóvel. _Nos vemos em algum lugar. 

Cacau se levantou da rede. 

_Toma um café comigo.

_Não, obrigada! Preciso mesmo ir. 

_Espera ai, vou pegar a bolsa dele. 

Emme sorriu. Cacau foi até a casa e pegou de fato uma bolsa cheia de roupinhas do pequeno animal. 

_Comprei uma mamadeira pra ele. Dei leite na boca.

_É um animal Cacau, não uma criança. 

_Gosto de mimar quando eu gosto. – Entregou a bolsa e olhou para ela segurando sua mão. _Não vai, vamos passar a manhã aqui juntas.

_Para quê Cacau? 

_Para nos amarmos Emme. 

_Não quero mais, você de nada se parece com a pessoa que eu conheci a alguns meses.

_Emme, eu continuo a mesma pessoa. 

_Você mente demais, não quero. Vou ficar aqui com você e amanhã descubro um podre teu. Vou me enrolar contigo agora e a noite vai está se encontrando sabe-se lá com quem. Não, não e não. – Entrou no carro colocando mel ao seu lado. _Tchau. 

Ligou-o e esperou Cacau abrir o portão. 

_Abre, por favor.

Ela deitou na rede e passou a ler. 

_Ivete? Tem o controle desse portão?

A mulher apareceu e disse que não. 

_Cacau, está surda?

_Oi Emme? Ivete pode ir fazer tuas coisas, eu abro aqui pra ela. 

Emme voltou a ligar o carro, Cacau continuou a balançar na rede. 

_Ta de sacanagem não é? 

_Eu não sou mentirosa...

_Teu apelido agora vai ser Pinóquio. 

_Não vou mais te omitir nada, eu prometo Emme. 

_Não acredito em você. Anda, abre esse portão, agora.

Vendo que a outra não ia abrir, a modelo foi até o portão e o destravou colocando no manual, abriu-o e voltou para o carro o ligando. Cacau foi até o portão e fechou, assim aumentando a raiva de Emme. 

_Droga Cacau. 

_Nós precisamos conversar.

Ela então saiu do carro soltando mel na área de lazer. 

_Eu não vou mais ficar contigo, ainda não entendeu? Eu não te quero mais. – Foi até onde ela e tentou pegar o controle. _Pode me dar a porcaria desse controle? Você sabe muito bem o que fez, até hoje não mentir e nem te omitir nada. 

_Ah e o colar não é omissão? Quem te deu esse colar? 

_Não venha com isso, ele não faz parte do que a gente estava vivendo. 

_João Vitor é o meu passado.

_Mas vive se encontrando com ele. 

_Eu já não sei mais o que preciso fazer para você entender que eu e ele não temos mais nada. Quer ir ao casamento dele comigo pra você ver que de fato estou falando a verdade para você? Eu não tenho nem mais argumentos Emme, meus textos todos foram sinceros, eu já não sei o que te dizer. 

_Não confio em você, desculpa mais é a verdade. Estou magoada com tudo isso. 

_Emme, estou sendo o mais sincera possível, você já sabe do meu passado, sabe que me envolvi com ele, eu não te contei que eu me encontrei com ele porque fiquei com medo de tua reação. Olha para mim, eu prometo não mentir para você. 

_E consegue fazer isso? Ta no teu sangue mentir.

Cacau sorriu de nervosa. Sempre foi preciso mentir, mas agora estava em uma relação nova, não tinha mais motivos.

_Eu estou falando a verdade, vamos retornar nossa relação Emme? Eu sinto tua falta. 

_E ontem você saiu para beber?

_E você foi para o movimento LGBT? O que aprontou tanto?

_Diferente de você eu encaro a verdade custa o que custar. Dei selinho em algumas pessoas, nada demais. Não estava afim de ficar com ninguém.

_Não me traiu? – Cacau sorriu. Acreditava em Emme. 

_Nós não temos nada, não fiquei porque não quis. 

_Ontem sai para beber com Isa e mais dois amigos dela. Foi bem divertido.

_E Larissa também não é? 

_Não, Larissa estava estudando. Não estou mentindo.

_Difícil acreditar em você agora. 

_Para de besteira, eu acredito em você quando diz que não ficou com ninguém ontem, então passa a acreditar em mim. Não vou mais mentir é a última vez que te digo isso. – Segurou em sua mão colocando-a em seu peito. _Passa o dia comigo? Vamos comemorar nosso primeiro mês e oito dias de namoro? 

Emme pensou por um instante.

_Se eu descobrir outra mentira eu não vou perdoar. Estou falando sério. 

_Vamos sair pra jantar? Você paga, está cheia do dinheiro não é? 

Emme sorriu. 

_Está me devendo aquele dinheiro do motel, aquele quarto ali foi caro pra caramba. 

Cacau puxou-a para um beijo.

_Pago quantos motéis e quantos restaurantes forem necessários, mais fica comigo Emme. Vamos ali no quarto? Estou louca para te ter. 

_Olha Cacau eu não gosto das tuas atitudes, mas tem sorte de eu ser apaixonada por ti. 

_Emme eu já fiz muitas besteiras na vida, mas até hoje a melhor coisa que me aconteceu foi uma mimada entrar na minha vida e bagunçar ela igual você faz. 

Emme sorriu e beijou-a, em seguida deu um tapa em seu ombro.

_Dona Cacau, estou de olho.

_E eu estou de olho em você e  você é só minha. – Seguiram para o quarto. 

_Cuidou bem do Mel?

_Claro que sim, é nosso filho.

_Nosso filho vai querer pensão quando nos separarmos de verdade. Eu menti pra você, você não foi a pior pessoa que eu conheci – Cacau sorriu ao ouvir aquilo _você foi a segunda pior – Brincou e caíram na cama rindo _estou brincando, você foi a melhor. 

_Você tem tuas bipolaridade e eu aceito, você também foi a melhor pessoa viu. Sou louca e maluca por ti Emme. – Levantou seu vestido beijando toda sua barriga. _Me derreto por você. 

_Então vem cá e me beija. Odeio sentir ciúmes, até me achei controlada quando brigamos. 

_Controlada? – Segurou suas mãos olhando-a. _Você é o meu descontrole todinho. 

_E feliz um mês e oito dias de namoro. – Emme disse entre os beijos e risos. _Que saudade da minha morena, desse sorriso, do gosto do teu beijo. 

_Você vem toda cheirosa sabendo que não vou resistir a você não é mesmo?

_E você também está toda arrumada e sempre cheirosa.

_Então vem aqui e deixa eu te fazer minha mulher. – Beijou seu pescoço jogando as roupas por todo o quarto. _Estou com o corpo ardendo por ti e o melhor sex* para mim é esse pela manhã.

Cacau desceu por todo seu colo beijando cada parte, amando-a. Emme fechou os olhos aceitando todos eles, amando cada beijo que ela deixava. 

_Vamos usar o brinquedo? Estou com vontade. – Emme disse e Cacau logo obedeceu, tirou do guarda roupa o objeto e o vestiu. Deitou sobre o corpo de Emme com desejo, possuindo-a como estava com vontade a dias. _Isso, eu amo como você faz. Vai mais rápido, quero ser tua Cacau, mas eu preciso confiar em ti. – Beijou-a abrindo mais as pernas, depois respirou fundo quando sentiu o corpo descansar, beijou seu ombro, estavam suadas. 

_Estou falando a verdade pra você. Aguenta mais? 

Emme olhou as horas, a morena precisava buscar Laura na escola. 

_Ainda temos meia hora, deita aqui do meu lado, quero te abraçar. 

Cacau deitou. Emme lhe abraçou beijando todo seu rosto. 

_Você também tem sorte que trans* muito bem. 

_Eu tenho sorte só por isso? – As duas riram. 

_Por você ter o melhor sex* e por você ser essa pessoa maravilhosa também...

_Eu preciso te contar algo Emme. 

_Ficou com alguém ontem é isso? – Parou os beijos. 

_Não, não sou burra. Mas eu preciso ir ao casamento de João, vem comigo? 

Estavam as duas enroladas no mesmo lençol quando Cacau lhe disse aquilo e aproveitando o convite de ir ao casamento do seu ex garoto de programa, ela também contou que tinha contratado alguém para investigar Bernadete. 

_Só assim para ela te deixar em paz Emme. Estou jogando limpo contigo, não estou te omitindo nada.

 

 

 

 

 

Fim do capítulo