Capitulo 1
Nunca pensei que da noite para dia o mundo surtaria em um caos pandêmico e que eu estaria fazendo estoque com o pouco salario que recebo. Esse ano será tranquilo disseram.
Logo agora, a garotinha que deixou a casa dos pais depois de muita luta e persistência para se livrar de tanto apego mora agora em um apartamento apertado, de um prédio velho e que estaria na casa dos 23 penando para que seus miojos e seu sorvete não ultrapassassem o limite da conta.eu era uma boba com todas aquelas sacolas nas mãos, com minha mascara no rosto escondendo minha cara sofrida com tanto peso que eu carregava quando sai dali, ansiosa para chegar em casa. Sorte a minha que eram apenas três quadras do meu prédio, mas explicar isso para minhas mãos era outro desafio. Vários quilos que eu poderia estar levantando em uma academia eu estava ali sofrendo por antecedência e a vista de todos.eu vi a velhinha que passou por mim e riu da minha dor. Por que velhinha?
Tentei não ligar mas quando uma das sacolas se rasgou e meus quilos de feijões e outras coisas caíram foi inevitável não bufar com raiva. Não tinha como me abaixar e pegar ou criar um terceiro braço para aquilo mas de repente uma moça apareceu do nada e pegou tudo.
--Quer uma ajuda?—disse ela com tudo nos braços para meu alivio.
--Muito obrigada, obrigada mesmo. Só coloca tudinho aqui nessa sacola da mão direita que eu acho que cabe.
--Eu levo pra você.—disse ela com um sorriso no rosto cheia de simpatia mas parando para observar aquela moça, percebi seu moletom vermelho bem desgastado e rasgado nos braços. Seu jeans estava quase de outra cor por causa de todo o sujo sem contar o tênis com uma fita enrolada na ponta, o cabelo bagunçado, cumprido e castanho apesar das condições ainda chamava atenção pela cor. Ela parecia ansiosa e eu não ia julga-la mesmo conhecendo a área onde morava do qual sempre tinha assaltos e furtos. Ela estava me ajudando o que já era diferente de muitos por ali.
Ela me acompanhou pegando da minha mão esquerda mais algumas sacolas e foi um alivio não vou negar. passou a segurar cinco quilos embaixo do braço esquerdo e as sacolas pesadas na direita e eu estava impressionada, ela não me parecia tão forte.
--Meu nome é Amanda.—falei ganhando sua atenção.
--Rafaela, Rafa para os amigos.
--Rafaela..é um bonito nome.(rs) eu moro logo ali e espero que não seja um incomodo..
--Sem problemas, eu levo de boa, eu não tenho muitos compromissos nesses dias.
--Claro a covid. Deveria estar de mascara pelo menos.
--(rs) é..acho que todos deveriam.—seu tom de voz mudou e eu deveria ter me tocado do porque ela não tinha mascara.
Ela me acompanhou ate a frente do prédio, o que nada mais era que um portãozinho enfiado no meio de uma fileira comercial. Como penei para alugar aquele apê, pelo menos eu ainda morava perto dos meus pais e era um bairro consideravelmente bom apesar de tudo. Rafa olhou para a entrada e já deu de cara com o porteiro Raul a olhando feio por cima do jornal.
--Acho que aqui é o fim da parada.(rs)—disse ela sem jeito e claro constrangida.
--Espera é que..não tem como levar lá pra cima.—falei mas ela mesmo assim não tirava os olhos dele.
--Algum problema dona Amanda?—perguntou Raul já curioso com a presença da Rafa ao meu lado. É claro que ele ia pensar coisa errada dela em suas condições mas ele sempre pensava isso de todo mundo.
Ele se levantou da cadeira e veio ao portão com o peito estufado para destranca-lo. Logo ele um gordinho de meia idade.
--Eu preciso que me ajude a levar esses itens lá pra cima.—repeti a Rafa e eu via o quanto ela queria me ajudar mas estava apreensiva.
--Olha dona Amanda o prédio não pode deixar ela subir..—dissera ele de prontidão.
--Então leve pra mim esses cinco quilos e as sacolas dela.—retruquei já sabendo sua resposta.
Ele olhou para todo aquele peso nas mãos de Rafa e riu desconcertado.
--Eu..não posso deixar a portaria. Quem sabe se você deixar no chão do elevador e pegar..—sugeriu ele, era o auge.
--Com essa pandemia você acha mesmo que vou fazer isso?—retruquei já me irritando.
--Esta deixando ela carregar..—respondeu ele perdendo todo o senso enquanto envergonhava Rafa.
--Esquece Raul. Vamos Rafa.
--Tem certeza?—perguntou ela antes de dar o primeiro passo além do portão.
--Vamos Rafa.
Ela apressou os passos e entrou comigo no elevador.
--Desculpa isso é que nunca me deixam entrar em lugar nenhum sem antes..(rs) um bom barraco.
--Não, eu é quem tenho que pedir desculpas por ele. Foi muita falta de educação da parte dele negar sua entrada. Seja quem for você tem direito de entrar em qualquer lugar sem ser julgada.
--(rs) na teoria é fácil falar.
--Então na pratica com toda a educação e moral que temos nesse mundo também não seria difícil.
As portas se abriram no quinto andar, ultimo andar dali e seguimos pelo corredor ate meu apê.
--Numero 505.eu moro aqui.
--Sozinha?
--..é.—foi uma estranha pergunta que ate ela ficou preocupada.
--Desculpa é que..eu não pensava que..alguém como você estaria..
--Eu tenho meus problemas para resolver antes de arrumar alguém pra morar nesse cubículo comigo (rs).por enquanto eu tô bem assim.—eu abri a porta e nunca vi alguém reagir como ela entrando no meu apê.
Parecia muita coisa para ela. O sofá, a tv e logo mais a frente a cozinha e minha mesinha e o meu quarto a esquerda. Tudo era bem juntinho mas tinha cada coisinha no seu lugar e ela examinava tudo muito bem. Ainda bem que eu era expert em Tetris.
--Pode deixar tudo aqui sobre a mesa da cozinha mesmo.
A mesa se encheu de compras e ela continuava deslumbrada e eu aliviada.
--Obrigada mesmo Rafa.—retirei minha mascara e no mesmo instante vi ela me encarar. perdeu ate o sorriso.eu deveria estar terrível.—o que foi?
--Nada..estou a sua disposição gata.—o elogio veio de forma inesperada mas também já tinha tanto tempo que ninguém me chamava assim que ate foi uma surpresa boa..—cê vai precisar de mais alguma coisa?
--Ah não. Você me ajudou ate mais do que pedi. Obrigada mais uma vez.
--Então já vou indo. Qualquer coisa eu..tô por ai.—ela se dirigiu a porta novamente e eu a acompanhei.
Estranhamente ela me encheu com um sentimento maravilhoso que nem mesmo eu podia definir.eu pelo pouco tempo adorei sua companhia e principalmente do seu sorriso. Ela era uma peça rara, não apenas por ter me ajudado com as compras mas pelo jeito como me fazia me sentir a vontade com alguém. Isso era uma coisa difícil para se conquistar de mim já no primeiro encontro.
--Então é isso.(rs) foi muito bom te conhecer Amanda.
--Eu digo o mesmo e por isso..—eu peguei minha carteira e tirei vinte reais do bolso e ela no mesmo instante fechou minha mão.
--Eu não posso aceitar Amanda.
--Claro que pode. Você me ajudou..—abri sua mão e coloquei o dinheiro nela.
--(rs) tudo bem..
Ela sorriu e se despedindo não deixei de contemplar seus olhos brilhantes e cheios de esperança. Eles eram lindos naquele tom luminoso de castanho e de certa forma era triste ver ela partir. Para onde ela iria agora? Só deus sabia.
Fim do capítulo
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kasvattaja Forty-Nine
Em: 22/06/2020
Ola! Tudo bem?
Compreendo a sua colocação, então, por favor, não sinta-se obrigada a nada, mesmo por que concordo com você: em ''Liberta-me'' há um bom fechamento da historia como um todo.
Algumas coisas realmente não deveriam ter uma continuação ou uma segunda parte. Guardada as devidas proporções, seria impensável para os amantes dos bons filmes uma continuidade, por exemplo, de ''Casablanca'': no filme aconteceu o que tinha que acontecer, terminou como tinha que terminar! Assim seja!
É isso!
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kasvattaja Forty-Nine
Em: 21/06/2020
Ola! Tudo bem?
Todas as histórias não terminadas são boas, mas ''Passos De Luxúria'' dá continuidade a ''Liberta-me!'', então é essa... Caso você resolvesse atualizá-la...
Seria interessante, afinal as meninas precisam terminar suas caminhadas.
É isso!
Resposta do autor:
Kas eu fiquei muito em duvida em continuar essa história pq não estava tendo tanta recepção como as outras. liberte-me tem uma historia boa e que fecha bem na primeira temporada mas mesmo assim tmb é um desejo meu terminar a segunda temporada,eu amo demais essa historia e essa meninas e claro que eu vou dar uma atenção ao seu pedido ok.
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Rosa Maria
Em: 06/06/2020
No momento mais interessante acaba... já ansiosa pela continuação esperando que não demore... Kkkkkkk
Belo roteiro
Bjs
Rosa 🌹
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