Ágata andava de um lado para o outro contendo a raiva que só crescia dentro de si. De novo estava na sala de espera do hospital da cidade aguardando noticias, mais dessa vez de Helena. Fora preciso que dois dos visinhos de Helena lhe tirassem de cima do homem que encontrara batendo nela quando chegara a seu kit net. Ouvira os gritos e identificara o pavor neles na portaria do pequeno prédio. Nem se lembrava como fora parar na porta de Helena, mais se lembrava de como o homem desferia vários tapas nela, que deitada e rendida no chão tentava lutar em vão. Nunca gostara desse tipo de violência, era forte, pois desde adolescente treinava nas academias e clubes de lutas da cidade, entrara em uma ou duas brigas por causa de mulheres mais nunca a ponto de querer matar alguém... Sim por que se os dois homens não a tivessem tirado de cima do grandão o teria matado com as próprias mãos lhe quebrando o pescoço. Esse não tivera nem tempo de ver o que lhe acontecia, sentira-se apenas sento tirado de cima da mulher e jogado de lado, logo depois socos e por fim duas mãos fortes lhe apertando o pescoço, na tentativa de não se deixar dominar o homem ainda tentou mais em vão revidar, nos olhos da mulher só via fúria, ódio e instinto assassino. Ele ate pensou que morreria quando começou a perder os sentidos mais se viu livre por um instante. Foi rápido, pois logo lhe seguravam quando já ia tentando escapar.  Droga dessa vez se fudera. Mais quando voltara de uma de suas viagens e perguntara na favela por Helena e lhe disseram que ela tinha ido embora com a amiga ficara possesso. Chegara a ficar com ela varias vezes quando sua mãe a comercializava na favela tentara ate comprá-la mais não conseguira. Depois a velha a deu para outra mulher e essa não permitia os programas. Ainda tentou por varias vezes durante os anos conquistá-la, mais Helena  não queria saber dele ou de seu dinheiro. Outras vezes tentara forçá-la mais sempre fora repelido com a ajuda da amiga e de outros visinhos. Numa de suas viagens em que ficara alguns meses fora ao voltar a baita surpresa, a vadia tinha ido embora. De jeito nenhum, ela era dele, sempre fora e sem prensar duas vezes fizera de tudo para achá-la. Inferno... Branquejava ao sentir os policias lhe algemando. Devia ter ficado na favela mesmo, vadia tinha em todo lugar, assim que chegasse à delegacia e puxassem sua ficha... Não sairia da cadeia tão cedo.

Jade entrou correndo pelo corredor do hospital procurando Ágata, nem via Valentina colada a seu lado... Não via nada. Queria apenas saber de Helena... Sem conter as lagrimas de pavor e medo... Estava desnorteada.

            -Por aqui linda. –Sentiu Val lhe direcionar ate chegarem à sala de espera onde encontrou sua irmã andando de um lado pro outro.

            -Ágata e Lena onde esta? –foi logo perguntando.

Assim que os olhos se encontraram pode perceber que sua irmã não estava bem. Toda descabelada, com a roupa desalinhada. Abria e fechava as mãos que ao ver melhor estavam vermelhas.

            -Quem é o cara Jade? –Foi à única coisa que obteve como resposta.       

            -Só tem uma pessoa que viria atrás dela... Alex, ele é como posso falar... Quando morávamos na favela ele achava que Helena era propriedade dele.

            -Puta que pariu... –a grandona falou revoltada.

            -E Helena? –Voltou a perguntar.

            -Esta sendo atendida. Acho que o filho da puta quebrou o braço dela.

Jade foi ate a poltrona mais próxima e se sentou sem forças. As lagrimas eram abundantes. Valentina se sentou ao seu lado e a abraçou. Com certeza aquelas mulheres não tiveram uma vida fácil.

            -Droga de vida... –Jade chorava. –É sempre assim nada da certo. Saímos daquele inferno achando que teríamos paz e nada da certo. Esse homem é louco Ágata. –Falou olhando para a irmã. –Ele não vai deixá-la em paz nunca.

            -Ele esta preso Jade e se depender de mim não sai vivo da cadeia. –falou de forma fria.

            -Obrigada por ter a ajudado.

A grandona nem respondeu, apenas trocou um olhar com Valentina. Ouviram a porta se abrir e o medico entrar.

            -Acabei de atender Helena, ela passa bem. Algumas escoriações... E uma torção no braço, mais não chegou a quebrar. Vai precisar ficar imobilizado por uns cinco dias, mais logo estará bem. Vou receitar alguns remédios para dores.

            -Podemos vê-la? –Jade quis saber.

            -Claro, ela esta acabando de se vestir. Já recebeu alta. Apenas aconselho a procurarem um psicólogo ok. Esse tipo de violência causa traumas.

Jade deu uma risadinha fria e saiu indo procurar o quarto da amiga.

Após a saída do medico Val e Ágata se viram sozinhas.

            -Eu ia matá-lo Valentina, sem remorso nenhum, eu queria apenas continuar apertado aquele pescoço... Filho da puta, ele estava em cima dela descendo a mão cara...

E a grandona desabou diante da amiga de todas as horas. As lagrimas escorriam pelo rosto incontidas.

            -A única coisa que penso é se eu não tivesse chegado? Teve dois vizinhos que ajudaram mais... Fico imaginando o que elas passavam naquela favela cara... Meu pai era um mostro por não as ter tirado de lá.

            -Tem que manter o foco grandona, ele já esta preso e vamos tomar todas as providencias para que ele não saia tão cedo certo?

            -O padrinho já esta cuidando de tudo. –Ágata avisou.

            -Ótimo então agora vamos cuidar das nossas mulheres ok.

Ágata enxugou as lagrimas e olhou para a amiga.

            -Será que tenho algum problema Valentina? –perguntou de supetão.

            -Como assim? - A outra ficou sem entender.

            -Será que é como elas falam mesmo? Trato as mulheres como objeto? Se for assim não sou melhor que esse cara que acha que Helena é sua propriedade...

            -Hei... –Valentina se aproximou de Ágata e cortou. –Pode parar agora, não vá pra esse lado ok. Nunca maltratamos nenhuma mulher, sempre deixamos claro o lance real. Acho apenas que não encontrávamos a ideal. Vou te falar uma coisa e é serio ok. To apaixonada por sua irmã e se depender de mim vamos ficar juntas. Eu a quero pra mim quero o Túlio e tudo o que mais vier junto com ela. Eu decidi me dar uma chance de ser realmente feliz, acho que devia começar a pensar um pouco sobre esses encontros sexuais que você mantém com Brenda e outras e pese na balança o que é mais importante para você. Uma vida de Luxuria ou a garota que esta lá naquele quarto.

            -Não sei se estou preparada para isso Valentina.

            -Então vou ter que concordar com as meninas ao te aconselhar a deixá-la em paz. Acho que elas merecem um amor na vida delas e não apenas encontros sem sentimento.

            -Parece que Jade te colocou no laço em... –Ágata tentou mudar de assunto.

Valentina riu, um sorriso lindo e sincero  e com os olhos brilhando respondeu.

            -Colocou mesmo, um laço que não faço questão nenhuma de desfazer. E então vamos lá ver como elas estão?

            -Vá na frente daqui a pouco eu vou.

            -Cuidado Ágata, pense muito bem nas suas escolhas. Pode estar indo pro lado errado da felicidade.

E sem mais Valentina saiu deixando a amiga sozinha.

Ágata ainda ficou naquela sala por um bom tempo então apenas mandou uma mensagem para Valentina dizendo que ia resolver umas coisas e que encontrava com elas na fazenda.

Fim do capítulo