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Nossa canção inesperada por Kiss Potter

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Palavras: 10025
Acessos: 1335   |  Postado em: 27/05/2020

Capitulo 40 - Ventos de mudança???

Capítulo 40 – Ventos de mudança???

 

Pov Liz

             

              — Eu vou pensar sobre isso. Até quando posso dar uma resposta? — respondeu, tentando parecer firme e disfarçar sua insegurança.

              — Até o fim da semana. Na segunda-feira a reunião está marcada às três da tarde.

              — Tudo bem — Finalmente olhou para Artur e sorriu. — Obrigada por perguntar.

              — Sei que Luísa vai gostar de saber disso — Ele falou contente.

              — Não diga nada a ela ainda. Pelo menos não até eu decidir.

              — Não se preocupe — Artur levou a mãos aos lábios e fez sinal de silêncio. — Vou deixar que você mesma diga se decidir ir.

              — Obrigada — agradeceu.

— Sabe, essa ideia partiu do próprio Flávio também — Artur pareceu meio desgostoso ao dizer aquelas as palavras e Liz foi pega de surpresa. Jamais pensaria isso nem em um milhão de anos. — Ele pediu que eu não falasse nada, mas foi o que aconteceu.

— Ele que me convidou para a reunião? — confirmou para ver se tinha escutado certo.

— O próprio. Também fiquei surpreso, acredite!

Depois de mais alguns minutos falando sobre a empresa, os dois voltaram até o quarto onde Lia estava junto de Luísa. Assim que entraram, as duas conversavam e sorriam lindamente. Liz ficava feliz demais ao ver que se davam tão bem, era mais que perfeito.

Foi até Lia e sentou-se ao lado dela no sofá, abraçando-a pela cintura. Sabia que não estava dando a devida atenção a ela naqueles dias, mas prometia a si mesma que a compensaria depois, então lhe deu um beijinho na face e suspirou em sua nuca.

              Os primos tinham ido para casa descansar um pouco e Lia e Liz ficariam com Luísa naquela noite.

              — Como eu fico feliz em ver esse sorriso lindo novamente — Artur falou e foi até a tia, lhe dando um beijo na testa.

              — Obrigada pelo apoio, querido! — falou carinhosa e segurou a mão dele.

              Liz se sentia mais aliviada por terem um aliado em Artur.

              — Não precisa agradecer por nada, Luísa. É o mínimo que posso fazer.

              — Apenas estamos aliviados em te ver bem, é tudo que nos importa — Liz pronunciou-se. — Já está conseguindo sentir as pernas bem?

              — Sim, já estão se mexendo um pouco. Não vejo a hora de poder sair daqui.

              — A senhora precisa se recuperar bem, primeiro! — Lia falou com um lindo sorriso na face. Dava para ver o quanto ela gostava de Luísa.

              — Eu sei, querida. Obrigada pelo apoio!

              A rockeira sorriu ao ver aquela energia que era tão dela, a tia parecia muito melhor e mais recuperada ao longo dos dias, mesmo que ainda tivesse alguns cortes e hematomas sendo cicatrizados na face, com certeza ficariam marcas ali.

              — Nem pensa em fazer qualquer esforço. Nada de se apressar. Leve o tempo que for até ficar recuperada cem por cento — Artur repreendeu-a.

              — Eu sei, mas quanto antes melhor, não é?

              Os três sorriram da impaciência dela. Luísa era mesmo uma figura.

              — Me diga, Artur! — Luísa aproveitou que os filhos não estavam ali. — Como estão as coisas na empresa?

              — Está correndo tudo bem, eu garanto.

              — Me diga a verdade! — exigiu de forma severa.

              — Ele está sendo sincero, tia — A rockeira falou, lembrando do que haviam falado alguns minutos atrás. — Flávio não aprontou nada desde o acidente e parece preocupado.

              A tia parecia não acreditar, mas não a culpava. Ela mesma ainda não havia acreditado no comportamento de Flávio naquelas semanas, parecia quase outra pessoa.

              — Isso é bem estranho — Luísa refletiu e permaneceu séria.

— Ele veio aqui no dia que a senhora recebeu alta, junto dos filhos. Trouxe flores e disse que queria te visitar quando tudo estivesse mais calmo.

              — Estou chocada!

              — Ele parece arrependido por algo — Artur falou mais consigo mesmo e parecia desconfiado. — Melhor não baixarmos a guarda.

              — É, eu concordo — Luísa falou, parecendo desconfiada também.

              Liz franziu o cenho e ficou pensativa. Ela e Lia se entreolharam por poucos segundos, sem entender nada. Artur e a tia estavam estranhos demais e não sabia se era devido aos últimos acontecimentos na empresa ou se havia algo mais, sem falar no comportamento mudado de Flávio tão recentemente.

              — Aconteceu algo que eu não saiba? — perguntou e observou bem a expressão dos dois à sua frente.

              — Nada que você já não saiba. Eu não confio no Flávio, mas não é hora para pensar nisso agora — desconversou e Artur apenas concordou ao seu lado e sorriu de leve. Era óbvio que os dois estavam escondendo alguma coisa e iria descobrir o que era.

A noite logo chegou e Artur foi embora, deixando as três sozinhas. Para distrair a tia, Liz levou uma caixinha de som portátil para que ela pudesse escutar suas músicas e também alguns jogos de tabuleiro que ela amava. Imaginava o tédio que era ficar presa em uma maca por longos dias, mas logo o médico iria liberá-la para voltar para casa e fazer as sessões de fisioterapia.

Cedo da manhã Vitória chegou para que as duas fossem para casa. Apenas naquele momento, Liz observou como o quarto estava cheio de flores que os amigos e colegas haviam lhe mandado. Naquela manhã, antes que fossem embora, viu que algumas pessoas esperavam do lado de fora do quarto. Ia saindo de mãos dadas com Lia, quando um senhor grisalho e baixinho a abordou educadamente.

— Você é a senhorita Lisandra, não é?

— Sim, senhor — respondeu educadamente e aceitou o aperto de mão que ele lhe ofereceu.

— Me chame de Roberto. É um prazer revê-la depois de tantos anos — Ele parecia mesmo emocionado em vê-la, mas não fazia ideia de quem ele era. — Sei que não lembra de mim, mas eu sou um antigo amigo da família. Eu era muito amigo dos seus pais.

Ele declarou sorridente e ficou à espera de uma resposta. Liz ainda se sentia um pouco intimidada com os amigos da família, mas, como sempre, esbanjou sua simpatia e elegância.

— O prazer é todo meu, senhor Roberto. De fato, eu não lembro mesmo do senhor, mas é sempre bom conhecer amigos da família.

Percebeu como ele ficou encantando com sua educação.

— Você é igualzinha à sua mãe — aquela informação lhe deixou mesmo sem graça, mas forçou um sorriso. — Desculpe, acabo me emocionando sempre que lembro dela.

O senhor tinha lágrimas nos olhos e secou-as rapidamente com um lenço. Depois, finalmente, pareceu perceber Lia ao seu lado.

— Acredito que não conheço essa moça linda ainda.

Liz olhou para o lado e viu como sua irritadinha ficou sem jeito com o elogio. Era divertido vê-la tímida e meio envergonhada, as bochechas dela ficavam sempre rosadas. Sorrindo, apresentou-a de maneira formal.

— Essa é a Liana Alcântara — apresentou e os dois apertaram as mãos com simpatia. — Ela é a minha namorada.

Viu quando o senhor Roberto pareceu um pouco bobo quando ouviu a palavra namorada e teve vontade de rir, não deixava de ser cômico.

— Ah, é uma bela moça, senhorita. Muito prazer.

Ele disfarçou bem e a namorada lhe cumprimentou também. Logo após isso, pediu licença e as duas se retiraram. Já no carro, depois que deram a partida, Lia comentou:

— Sempre fico sem graça conhecendo essas pessoas.

— Eu sei que fica, mas está se saindo bem. Todos gostam de você.

Lia sorriu debochada e replicou:

— Essa frase combina mais com você do que comigo. Liz. É você quem sempre esbanja simpatia, eu nem tanto...

— Cada uma cativa ao seu jeito — tentou mudar opinião dela. Lia não tinha ideia do quão adorável poderia ser. — Não vê como a minha família te trata? Tia Luísa te adora e meus primos também.

— Mas é impossível não gostar deles. Luísa sempre me deixou confortável. Não sabe como fico feliz em ver que ela está bem.

Lia pôs a mão sobre a sua que estava descansando na coxa dela.

— Se você está, imagina eu.

As duas sorriram e Liz levou-a para tomar café em uma lanchonete antes de irem para casa. Sabia como ela gostava de variedade e novidades com comida. Sentia necessidade de mimá-la um pouco depois de dias tão tensos.

Chegaram no condomínio por volta das dez da manhã e foram direto para o quarto. Dormir no hospital não era confortável e se sentiam cansadas. Depois de um bom banho, logo relaxaram e dormiram. Liz acordou antes de Lia e verificou que já passava das duas da tarde.

Ficou na cama, apreciando a quentura do corpo macio da namorada no seu. De repente se deu conta das saudades que tinha em fazer amor com ela, mas só agora teria cabeça para pensar nisso depois que a preocupação havia passado. Apoiou a cabeça em uma das mãos e observou-a por longos minutos. Não havia nada nela que não amasse e não trocaria nada.

Lia abriu os olhos de uma vez, pegando-a em flagrante e sorriu sem jeito, escondendo o rosto no travesseiro. Amava aquele jeitinho dela e sorrindo, pôs-se sobre seu corpo e beijou sua nuca.

— Boa tarde — sussurrou em seu ouvido e observou a pele de se arrepiando toda.

— Boa tarde — respondeu risonha.

Ficaram de frente uma para a outra e se beijaram com paixão. Liz já estava sentindo o fogo tomar conta de seu corpo quando o celular de Lia tocou alto e claro, atrapalhando-as. Suspirou pesadamente.

“Por que isso sempre tem que acontecer? ” pensou frustrada e rolou para o colchão.

— Desculpe por isso. Tenho que atender, é a mamãe — Lia lhe deu um beijinho na face, levantou da cama, vestiu o roupão e atendeu o telefone.

Gem*u de frustração e socou o travesseiro ao seu lado. Sua barriga roncou de fome e pegou o seu roupão preto, vestindo-o. Lia estava sentada em uma grande espreguiçadeira acolchoada que tinha em sua varanda. O dia estava quente e corria uma leve brisa ali. Sentou-se ao lado dela e pegou apenas o restante da conversa.

— Ok, eu vou me organizar para voltar. Tudo bem, eu aviso quando estiver voltando. Beijos!

O estômago de Liz revirou, aparentemente, os pais dela já estavam clamando por sua volta e seu peito doeu em imaginá-la longe.

— Eles estão pedindo para você voltar?

— Sim, mas é que papai e Pedro fazem aniversário esse mês. Eu esqueci completamente.

Aquilo era novidade para Liz e acabou sorrindo da expressão de culpa que ela tinha no rosto por ter esquecido a data, mas não a culpava.

— Os dois no mesmo mês?

— Sim, diferença de dois dias só um para o outro. Papai é na terça-feira, dia 14 e Pedro dia 16. A gente sempre comemora os dois juntos.

— Entendi! — aproximou-se dela e mexeu em seu cabelo lentamente. — Então quando você vai voltar?

— Melhor eu ir no domingo, não é?

— Claro!

Tentou disfarçar a tristeza e lhe deu um selinho. Não poderia ser egoísta, era o niver do pai dela e de Pedro. Também ela e Lia já estavam longe de casa há quase duas semanas e aparentemente eles ainda não haviam pedido por sua volta.

Já que estavam conversando, contou sobre a proposta que Artur havia feito no outro dia.

— E você vai? — perguntou atenciosa.

— Estou pensando ainda, mas acho que sim.

— Você se sente preparada para voltar?

— Não, mas é agora ou nunca, não é? Sabe de uma coisa?

— O quê?

— Artur disse que Flávio concordou com a ideia e mandou me chamar.

Viu como Lia ficou surpresa e depois ela falou em tom conspiratório:

— É, tem algo estranho por aí.

Liz sorriu de lado, ela também havia reparado.

— Sim, também estou achando tudo estranho. Tia Luísa e Artur sabem de alguma coisa a mais e não estão me contando. Eu vou esperar até segunda e tentar descobrir algo lá na empresa. Talvez longe da Tia Luísa ele me diga alguma coisa, ou até mesmo o Flávio.

— Cuidado, ok? — Lia avisou preocupada e lhe deu um selinho.

— Tudo bem. É uma pena que não vai estar aqui caso eu precise correr para os braços de alguém por socorro.

— Own! Não faz essa manha toda. Eu sei que vai conseguir.

— Espero que sim — Liz pegou a mão dela e beijou no local de sua tatuagem. — Mas você não pode pegar na minha mão dessa vez, é algo que eu tenho que enfrentar sozinha. Tenho que aprender a me virar sem você para não pirar sempre que não estiver por perto.

— Você sempre vai ter um porto seguro em mim e sabe disso! Mas eu concordo. Dessa vez tem que fazer isso sozinha, mas mesmo eu não estando aqui, pode me ligar a hora que for, nem que seja para desabafar ou xingar todo mundo, ok?

— Ok, eu sei disso!

De roupão mesmo as duas desceram e Liz pediu para que servissem almoço para elas. Estavam terminando a sobremesa, quando a campainha tocou. Ficou imaginando quem poderia ser e logo Silvia voltou com uma expressão levemente exaltada e declarou pesarosa:

— A senhora Cíntia Donato insistiu em entrar e está lá na sala, querendo falar com alguém.

Liz arregalou os olhos tamanha a surpresa que tivera. Seu estômago embrulhou e olhou para Lia rapidamente. Ela estava com a face avermelhada e, amarrando bem o laço do roupão, levantou-se na velocidade de uma bala, parecendo irada. Correu até ela e antes que chegassem até a sala, segurou-a firmemente pela cintura.

— Lia, não faça nada! A Cíntia é uma louca, não quero você perto dela! — pediu, fazendo-a lhe fitar.

— Você acha que vou ficar quieta, sabendo que essa rapariga está aqui te atentando? — explodiu de volta. — Mas eu vou terminar agora a surra que comecei naquele dia da festa.

Lia tentou se livrar de suas mãos. Ela estava com uma força descomunal, totalmente tomada pela raiva.

— Calma, senhorita Lia — Silvia ajudou a segurá-la. — Nós vamos dispensá-la.

— Me solta, Liz! — esbravejou.

— Solto se prometer que não vai bater nela. Eu mesma vou colocá-la para fora e não quero que faça nada!

Lia bufava de ódio e viu que as mãos dela tremiam de raiva. Pegou em sua face e beijou-a impetuosamente. Precisava fazê-la se acalmar de algum jeito. A namorada foi recuperando a respiração aos poucos.

— Não deixa ela brincar com você. Me promete!

Lia não respondeu, apenas trincou os dentes e balançou a cabeça concordando.

— Pode deixar, Silva. Eu vou tratar disso! — disse de maneira firme.

A governanta soltou Lia e balançou a cabeça, mas ainda parecia apreensiva.

              — Eu vou ligar para segurança caso ela se recuse a sair — a governanta disse.

              — Pode fazer isso — Liz permitiu e assim que a mulher saiu, voltou seu olhar até a irritadinha.

              — Quem essa puta pensa que é? — Lia estava com muita raiva mesmo. — É muito afronta!

              Cerrou os dentes e os punhos. Viu como ela tentava se controlar e abraçou-a forte.

              — Escuta, não precisamos de um escândalo agora. Seja lá o que for, eu estou com você. Estamos juntas e nada que ela faça vai mudar isso. Deixa que eu vou expulsá-la daqui.

              — Eu quero que deixe bem claro que você não quer que ela venha mais até aqui — falou com força e apertando o dedo contra seu peito. — Se você não mandar ela para puta que pariu, eu mando!

              — Eu sei, eu sei! — acalmou-a com mais um beijo. — Vamos fazer isso juntas. Me abraça!

              Liz enlaçou-a pela cintura e finalmente eles andaram até chegar na sala onde Cíntia estava de pé e pomposa como sempre, não havia mudado nada. Ela observava os quadros nas paredes. Assim que as viu, sua expressão pareceu chocada e surpresa.

              — O que você está fazendo aqui, Cíntia? — perguntou de forma abrupta.

              — Quer dizer que você ainda está com essa pirralha? — falou com desdém.

              O corpo de Lia retesou na mesma hora e segurou-a quando viu que ela quis partir para cima da loira.

              — Você não tem noção de nada? Veio aqui para levar outa surra?

              — Quero ver você tentar, querida! — Cíntia retirou os óculos escuros e deu a Lia um olhar de desprezo. — Se fizer isso eu vou te cobrir com tantos processos que nem seus bisnetos vão se livrar deles.

              — Já chega! — Liz gritou enraivecida. — Não vou deixar que venha até aqui e ameace a minha namorada.

              Foi até ela e pegou-a pelo braço com força, tentando levá-la para porta.

              — Ui! — exclamou debochada e sedutora. — Sempre gostava quando você me pegava assim. Me deixa doida!

              Não acreditava em o quanto Cíntia era inescrupulosa e ouviu as pisadas duras de Lia até elas, mas conseguiu segurá-la antes que fizesse uma besteira.

              — Calma, Lia! — abraçou-a firme e levou-a para longe de Cíntia. — Fica calma!

              — Calma o cacete! Não está vendo o que essa puta está falando? Eu vou dar na cara dela...

              Enquanto tentava segurar a namorada, ouviu a risada debochada da loira soar pela sala.

              — Do que está rindo, sua puta? — Lia vociferou e Liz quase soltou-a daquela vez.

              — Eu só queria saber como Luísa estava. Vi a notícia nos jornais.

              — Isso não é da sua conta! — A namorada disse enraivecida.

              Liz se viu sem saber o que fazer e Lia não colaborava. Tinha medo de que Cíntia fizesse mesmo algo contra ela.

              — Silvia! — gritou por socorro e logo a mulher apareceu na sala parecendo sem saber o que fazer. — Tire Cíntia daqui agora! — ordenou e tentou subir as escadas com sua irritadinha.

              — Mas que gritaria é essa? — Tomás apareceu no topo da escada e todas olharam para ele.

              — Primo, coloca essa mulher para fora nem que seja na força. Por favor!

              Rapidamente Tomás desceu os degraus e se pôs na frente de Cíntia, pegando-a pelo braço e levando-a porta a fora. Ela ainda tentou resistir, mas ele tinha mais força e facilmente colocou-a para fora.

              Lia lhe deu um empurrão e subiu as escadas de uma vez. Liz não conseguia acreditar no que havia acontecido, era a última coisa que precisava naquele momento. Tomás, olhou-a sem entender e Silvia sentou-se no sofá, parecendo um pouco abalada.

              — Liz, o que está acontecendo? Quem é mesmo essa mulher?

              — Era a Cíntia Donato.

              Ele pareceu pensar por alguns segundos e sua expressão foi de surpresa.

              — Essa é aquela mulher casada que você teve um caso?

              — Ela mesma — respondeu desgostosa e foi até o bar da tia, preparar um drink forte para si. — Cíntia nunca cansa de me causar problemas.

               — Mas o que ela veio fazer aqui?

              — Essa mulher é doida, senhor Tomás — Silvia quem falou daquela vez. — Sempre ficou atrás da Liz, sempre! Depois do divórcio milionário ela se tornou ainda mais audaciosa.

              — Ela disse que veio saber sobre tia Luísa — Liz bufou e deu um gole na bebida.

              — Besteira! Ela sabe que você está aqui, isso sim. Veio infernizar.

              — Eu também acho isso, Silvia — O primo concordou e depois deu uma gargalhada. — Estou mesmo surpreso é com a Lia. Ela estava querendo partir para cima da Cíntia?

              — Estava sim.

              Liz olhou para o primo sem acreditar que ele ria da situação. Imagina se ele soubesse da briga das duas na festa de ano novo. Suspirou pesadamente e mirou as escadas à sua frente, já imaginando a explosão que encontraria em seu quarto. Não se sentia minimamente disposta a lidar com aquilo. Terminou sua bebida de uma vez e decidiu enfrentar a fera.

              Preparou uma bebida forte para Lia e foi até o seu quarto. Logo que abriu observou roupas espalhadas pelo chão do quarto e o cômodo cheio de penas brancas para todo lado. Observou que dois travesseiros estavam estourados em sua cama. Ela não estava no cômodo e entrou lá cuidadosamente, observando os cantos do quarto e trancando a porta na chave.

              Estava mesmo com medo dela? Teve vontade de rir com o nervosismo. Lia estava na varanda, debruçada sobre a bancada. Aproximou-se vagarosamente e parou ao seu lado. O olhar dela estava perdido no jardim lá embaixo, viu como sua face estava avermelhada.

Pôs o copo com a bebida no balcão de cimento e antes que pudesse dizer alguma coisa, ela tomou tudo em um só gole e fez uma careta enorme. Havia preparado uma boa dose de uísque, devia estar queimando tudo por dentro naquele momento.

— Hey...

— Eu não quero falar nada! — Lia cortou-a de uma vez e olhou-a.

Podia ver seus olhos avermelhados. Na certa, havia chorado de ódio. Tentou abraçá-la, mas a irritadinha a rechaçou. Revirou os olhos e suspirou.

— Lia, por favor, não vamos brigar por causa dela...

— Vai ser sempre assim? Essa mulher vai te infernizar para sempre?

Conseguia entender o lado dela, Lia tinha razão por estar irritada, era realmente muito chato aquela situação toda. Sabia que tinha que resolver aquilo de uma vez por todas. Com passos largos foi até sua irritadinha e tomou sua face com firmeza, encarando-a.

— Eu vou dar um jeito nisso, minha linda. Eu juro que nem ela e nem ninguém vai ser um problema para nós duas.

Os olhos da namorada se fecharam lentamente e ela relaxou a face em suas mãos. Abraçou-a bem apertado e sentiu todo o corpo quente e delicado contra o seu. Queria apenas esquecer de tudo e começou a investigar seu pescoço com beijos e mordidas. Viu quando a pele dela se arrepiou e aproveitou-se disso.

Liz desfez o laço do roupão dela e despiu-a lentamente, ela estava frágil e entregou-se facilmente, também despindo a rockeira de seu roupão e enlaçando-a pelo pescoço. O contato dos corpos nus aqueceu seu coração. Também se sentia frágil e podia sentir a insegurança dela. Sabia que deviam conversar, mas sentia necessidade de sex* primeiro, precisavam relaxar.

Levou-a para a cama e as duas se entregaram ao momento. Sentiam saudades uma da outra, dos toques, do perfume. Fizeram amor intensamente durante a tarde e depois do orgasmo intenso que Lia a proporcionou, a rockeira chorou se sentindo super sensível. Ficaram na cama, apenas matando as saudades e abraçadas, com Lia deitada sobre seu peito.

— Eu vou dar um jeito nisso, ok? — Liz declarou e deu um beijo no topo de sua cabeça. — Eu não vou mais me encontrar com ela. Não vou deixar que Cíntia se torne um problema entre nós.

Lia nada falou. Liz sabia que ela estava chateada, mas ao menos ela havia se controlado mais na raiva. Ainda bem, pois, não teria forças para lidar com a irritabilidade dela naquele momento. Pela noite, levou-a para jantar fora, apenas as duas. Queria que passassem bons momentos juntas, já que voltariam a ficar distantes novamente.

No sábado, compraram sua passagem de volta para a cidade. O voo sairia às três da tarde. Marcaram que Vivi iria buscá-la no aeroporto e lhe dar uma carona. O amargo da saudade já estava no paladar de ambas e nem haviam se separado ainda. Liz não queria mais sentir aquilo tudo, precisava tomar coragem de fazer aquilo que o seu coração desejava e o momento parecia estar chegando.

Elas passaram o dia na piscina do condomínio e pela tarde usaram a hidromassagem. Liz pediu para que Silvia preparasse alguns aperitivos com camarão, queria mimá-la o máximo possível e sabia o quanto a namorada amava frutos do mar. Pela noite, Liz, Lia e Vitória jantaram juntas e jogaram conversa fora no sofá da sala.

A prima contou para elas que havia se acertado com aquela sua paquera de Nova Iorque e que as duas estavam ficando, mas que não era compromisso sério, por enquanto. Tomás estava com Luísa naquela noite e decidiram que iriam cedo da manhã até o hospital no dia seguinte.

Como combinado, no domingo pela manhã foram até o hospital acompanhar Vitória e levar o primo de volta para casa. Lia também aproveitou para se despedir de Luísa e lhe desejou melhoras, prometendo voltar assim que fosse possível. Almoçaram cedo e partiram para o aeroporto. O coração de Liz já se comprimia de saudades, não queria que ela fosse, mas não poderia fazer nada por enquanto.

— Então, nós vamos fazer uma pequena comemoração no fim de semana para o pai e para o Pedro — A irritadinha falou antes que fosse para a sua fila de embarque. — Eu sei que você nem deve estar com cabeça para isso, mas acha que consegue ir?

— No fim de semana? Consigo sim, não se preocupe, eu vou até você — pegou na mão dela e beijou-a carinhosamente. — Quem sabe você já não volta comigo?!

Lia suspirou e fez uma carinha triste e frustrada.

— Eu não posso prometer isso, mas vou tentar. Por favor, amanhã, depois da reunião, me liga, ok? Quero saber de tudo.

— Claro que vou ligar.

— E se aquela mulher aparecer de novo...

— Não se preocupe com isso. Confia em mim, por favor!

— Eu confio, amor!

Liz sorriu sincera e beijou-a com carinho, já sabia exatamente o que iria fazer e teria aquela semana para se organizar. Ficou no aeroporto, olhando pela grande janela até que o avião dela finalmente decolou. Era mesmo cada vez mais difícil dizer tchau. Apenas precisava tomar coragem e convencê-la a aceitar sua proposta quando a fizesse.

Liz passou a noite com a tia naquele domingo. Ela estava se recuperando e o médico disse que logo iria dar alta e recomendar sessões de fisioterapia para que ela recuperasse bem os movimentos da perna. Ligou para Artur quando as enfermeiras levaram Luísa para seu banho noturno e disse a ele que podia contar com sua presença no dia seguinte.

Já deitada para dormir, conversou por mensagem com Lia até a hora de dormir. A irritadinha disse que havia conversado com os pais e eles dois haviam decidido que ela iria tirar a carteira de habilitação junto de Pedro, finalmente. Seria ótimo poder dividir ainda mais a direção com ela e vibrou com a notícia.

              Amanheceu se sentindo nervosa na segunda-feira. Só naquele dia, se tocou que não tinha roupas adequadas ou formais para ir até essa reunião. O jeito foi assaltar o guarda-roupa da tia à procura de uma blusa que ficasse boa em si. Às oito, ela saiu de casa e foi dirigindo até lá. Pela primeira vez em muito tempo, suas mãos estavam geladas de medo e seu coração disparando feito doido.

              Assim que ela parou em frente ao prédio, precisou respirar fundo por um momento. A fachada estava diferente e de alguma forma, parecia ainda mais imponente e moderna. Um porteiro aproximou-se e ela baixou o vidro para que ele a visse.

              — Bom dia senhorita. Tem alguma identificação?

              Liz sorriu, é claro que ninguém ali a conhecia e mostrou a identidade ao homem. Viu como ele arregalou os olhos ao ler seu nome e dar-se conta de quem ela era.

              — Senhorita Vargas. Bom dia! É um prazer tê-la por aqui, tudo bem? Me chamo, Dênis.

              — Olá, Dênis — respondeu simpática.

              — Senhor Artur avisou que chegaria. Vou liberar sua entrada imediatamente.

              — Obrigada!

              — Por nada. Seja muito bem-vinda à empresa.

              Logo o portão foi liberado. Era incrível o requinte e organização do estacionamento. Ela fez o caminho até o prédio, que tinha grama e lindas flores por todo o caminho. Era enorme ali. Depois de estacionar em uma ampla e coberta garagem, desceu do carro se sentindo completamente deslocada.

              Muita coisa havia mudado ali e observou as placas de informação. Foi até a recepção onde haviam duas moças trabalhando. Logo uma delas lhe atendeu com simpatia.

              — Bom dia, senhorita. Em que posso ajudá-la?

              — Bom dia. Sou Lisandra Vargas. O Sr. Artur me espera para uma reunião.

              A recepcionista arregalou um pouco os olhos e sorriu nervosamente, parecendo procurar alguma coisa no balcão.

              — Senhorita Vargas, ele me informou que a senhorita estava vindo. Seja muito bem-vinda.

              A moça lhe entregou um crachá de identificação e sorriu com ainda mais simpatia.

              — Me chamo, Amanda e levarei a senhorita até a sala de reuniões.

              — Muito obrigada!

              Liz estava impressionada com a simpatia e educação de todos. Ainda se lembrava mais ou menos do caminho e uma nostalgia misturada com tristeza tomou conta de seu coração. Estava revivendo perfeitamente em sua mente as vezes que acompanhara o pai ali antes que tudo acontecesse, quando o desejo do seu coração era poder ter logo idade de trabalhar de verdade e ajudar o pai.

              — Deve ser estranho estar de volta depois de tanto tempo, não é? — Amanda disparou, parecendo ter muita prioridade no que falava. Era de domínio geral que a empresa tinha uma herdeira que não queria saber dos negócios.

              — Na verdade é estranhamente familiar.

              — Imagino!

              Liz estava impressionada de verdade com o requinte e modernização de tudo. Assim que saíram do elevador, passaram por um largo corredor, repleto por salas de vidro, onde os funcionários estavam trabalhando. Alguns olhares iam em sua direção com curiosidade e tentou ignorar isso. Já estava nervosa o suficiente. Finalmente a moça parou em frente à uma ampla sala que tinha o nome de Artur na porta, podia ver ele trabalhando, concentrado ao telefone.

              — Aqui é a sala do Sr. Artur. Ele está à sua espera.

              — Obrigada, Amanda.

              — Disponha, senhorita Vargas. Qualquer coisa, podem me chamar que estarei às ordens.

              Ela lhe deu um lindo sorriso e saiu rebol*ndo lindamente, foi inevitável não reparar. Balançou a cabeça, espantando os pensamentos e bateu na porta. Artur estava concentrado em uma ligação, mas sorriu quando a viu e fez um gesto para que ela sentasse na cadeira à sua frente. Logo ele finalizou a ligação e sorriu.

              — Você chegou cedo — disse admirado e parecia analisa-la. Certamente estranhando suas roupas mais formais.

              — É, resolvi dar uma volta antes e ver como tudo estava.

              — Vamos! — Ele pôs-se de pé prontamente. — Vou te mostrar tudo antes da reunião.

              — Não quero atrapalhar, você de estar cheio de coisas para fazer.

              — Bem, vários papéis para analisar, mas posso fazer isso depois.

              Os dois saíram da sala e rapidamente Artur foi lhe apresentando os setores burocráticos da empresa. Quando chegaram ao TI, cumprimentou seu primo, que pareceu muito surpreso em vê-la ali. Depois continuaram com o tour. Finalmente chegaram até a última sala. A única que não era de vidro. A sala da CEO.

              Seu coração parou. Aquela costumava ser a sala do seu pai, lembrava perfeitamente disso. Havia uma secretária do lado de fora da porta e ela os cumprimentou simpaticamente.

              — Lúcia, essa é a senhorita Lisandra Vargas, sobrinha de Luísa e Flávio.

              Liz sempre ficava sem jeito com aquelas apresentações, principalmente com a cara de espanto que todos faziam ao vê-la.

              — Bom dia, senhorita Vargas. É um prazer tê-la por aqui.

              — Muito obrigada! — agradeceu com simpatia. Ninguém tinha culpa da sua dor e assuntos mal resolvidos.

              — Quer entrar e dar uma olhada? — Artur perguntou ao seu lado.

              Aquela sala parecia ser o cerne de suas preocupações. Tinha memórias vívidas de seu pai ali, por trás da imensa mesa e pilhas de papéis, com o olhar triste, tentando lidar com tudo e voltar à normalidade. Aquela lembrança foi a que veio mais dolorosa em seu âmago. Respirou fundo e pensou seriamente em dar meia-volta. Talvez não fosse uma boa ideia encarar tudo de uma vez. Quem sabe depois da reunião tivesse coragem para tal ato.

              — Outra hora, quem sabe!       

              — Tudo bem. Vamos até a sala das maquetes — Ele pôs uma mão sobre o ombro de Liz de maneira calorosa. — Obrigada, Lúcia.

              — Por nada, senhor. Tenham um bom dia.

              Liz forçou um sorriso e saiu um pouco apressada dali, mas Artur acompanhou-a.

              — Você está bem? — perguntou preocupado.

              — Estou. São apenas memórias...

              — Está lembrando de Alfredo?

              — Sim, eu costumava vir na empresa com ele quando eu era mais nova. Antes de tudo que aconteceu.

              — Por isso você não se sentia à vontade em voltar aqui, não é?             

              Liz se incomodou por ele estar fazendo aquelas perguntas. Não gostava de se abrir com mais ninguém sobre seus sentimentos, além de Lia e tentando não ser grossa, respondeu:

              — Eu vou ficar bem. Pode me mostrar o resto das coisas?

              — Claro!

              Eles foram até a tal sala das maquetes e, de fato, Liz entendeu o nome. Haviam várias maquetes dispostas ali e várias pessoas estavam na sala a montar mais algumas. 

              — É aqui que desenvolvemos o projeto mais visual para mostrar aos clientes. Principalmente de projetos grandiosos como esse — Artur apontou para uma que, com certeza, passava de dois metros de comprimento. Parecia ser o projeto de um condomínio. — Esse é o condomínio que Flávio fechou negócio. Já saiu do papel.

              Liz lembrou-se automaticamente da tia estressada e desgostosa por conta daquilo, mas apenas permaneceu calada e observou o projeto que era realmente muito grandioso e de luxo.

              — É um baita projeto, admito!

              — Sim, teremos muito trabalho nele. Ainda mais que agora iremos construir um hospital público também. Agora que o governo mudou e deixou algumas “empreiteiras” favoritas de lado, ganhamos a licitação para isso.

              — Eu não sabia que fazíamos trabalhos para o estado.

              — É coisa recente porque sempre tivemos medo de nos envolver com a corrupção dos governos, mas alguns dos investidores, incluindo Flávio, estavam pressionando essa decisão já a algum tempo.

               — E temos força para bancar dois projetos tão grandes ao mesmo tempo?

              Artur sorriu levemente de sua pergunta inocente.

              — Temos sim, Liz. Não é à toa que somos uma multinacional reconhecida e com vários investidores. A empresa vinha crescendo bastante a cada ano e Luísa e Flávio enveredaram por vários caminhos. Eles sabem o que fazer, fora que o conselho da empresa é muito bom e prestativo.

              Apenas deu de ombros, claro que ainda não havia estudado tudo sobre aquilo, mas já vira bastante coisa nas aulas. Preferiu calar-se, infelizmente não poderia opinar com prioridade sobre tais assuntos.

              — Acho melhor irmos para a sala de reunião. Já são quase nove.

              Os dois se encaminharam para a grande sala. Assim que eles entraram, vários olhares se voltaram curiosos para si. Era agora ou nunca! Precisava controlar o nervosismo e aprender a lidar com aqueles magnatas. Seu estômago embrulhou só de imaginar.

              Muitas faces ela reconheceu do dia da festa de réveillon na qual a tia lhe apresentara para boa parte daqueles senhores e eles sorriram e a cumprimentaram educadamente. Às nove em ponto, Flávio chegou na sala com toda a sua pose imponente e foi recebido muito bem pelos acionistas. Liz via o quanto ele era respeitado ali.

              — Liz — finalmente ele aproximou-se, lhe deu um sorriso sincero e falou baixinho para que apenas ela escutasse. — Jamais pensei que iria te ver aqui novamente e não sabe como estou feliz com isso. Como se sente?

              Liz ficou intimidade com a aproximação dele. Aquele comportamento não condizia em nada com o sujeito egoísta e inescrupuloso que conhecera a vida toda. Luísa e Artur tinham razão, apesar de estar emotiva, era bom manter reservas quanto a ele.

              — Não é fácil, mas estou bem. Obrigada, tio!

              — Sei que você é forte como sua mãe e que em algum lugar os dois estão orgulhosos de você.

              A rockeira não conseguia entender aquele novo jeito do tio. Havia algo de muito errado ali, só não conseguia crer no que estava vendo. No fundo se sentia tocada por suas palavras. Por que ele nunca lhe dissera aquelas coisas antes? Aparentemente Flávio havia mudado desde o acidente da tia, mas por quê?

              Artur apenas observava sério e sem dizer nada. Conseguiu sentir como ele estava se controlando para não falar ou fazer algo ofensivo. Precisava mesmo entender o que se passava ali.

              Finalmente a reunião iniciou-se. Flávio foi o primeiro a falar e lhe apresentou a todos os investidores, logo em seguida pediu para que ela relatasse como Luísa estava. Não havia ensaiado nada do que ia falar e se sentiu intimidada quando todos voltaram as atenções para ela. Primeiro cumprimentou a todos e se apresentou formalmente.

              — Como sabem, tia Luísa sofreu um acidente grave na semana passada e depois de dias tensos à espera, finalmente está conseguindo se recuperar totalmente. O médico disse que ela foi muito forte e que mesmo com a gravidade do acidente, ela não sofreu danos sérios.

              Pôde ver comoção no rosto dos senhores. Eles pareciam mesmo contentes e aliviados em escutar as boas notícias.

              — Ela já deixou o hospital? — Um senhor grisalho, usando paletó, perguntou.

              — Ainda não, mas o médico já deixou bem claro que ela vai receber alta essa semana e começar com as sessões de fisioterapia para recuperar melhor os movimentos, mas não foi nada grave, devido ao acidente ela precisou fazer uma pequena cirurgia na perna e vai ter que fortificar os músculos com a ajuda adequada.

              — Acredito que falo por todos nessa sala quando digo que é um alívio saber que nossa CEO está bem. Luísa é uma grande mulher, todos ficamos muito preocupados.

              — E eu fico feliz em saber que as preocupações são sinceras.

              — Com licença, senhorita Vargas, mas você pensa em fazer parte da empresa de agora em diante? — Um outro investidor perguntou. Ele parecia ter a idade de Artur e Flávio.

              Liz emudeceu por alguns segundos enquanto analisava internamente a resposta que daria a seguir. Não havia sido tão mau voltar quanto pensava que seria, mesmo que não tivesse conseguido entrar na antiga sala do pai. Olhou para o lado e viu Artur e Flávio parados com a atenção voltada para si.

              Algo ali não estava certo e precisava descobrir do que se tratava. Também sentia vontade de voltar e tentar novamente se aquilo era o que realmente queria, por isso, no impulso do momento, respondeu:

              — Na verdade sim, estarei retornando à empresa a partir de hoje e espero conseguir aprender o máximo que eu puder, mesmo tendo estado ausente por algum tempo, torço para que isso não seja um empecilho.

              — No que depender de nós, não haverá problema algum — Um outro senhor de óculos falou e parecia bem emocionado. — Desculpe dizer isso, mas eu sou um investidor antigo e é uma honra ver a filha de Elena participando disso tudo. Ela foi uma mulher incrível, assim como Luísa e tenho certeza que você será também.

              Liz sorriu e quase se emocionou ao ouvir aquilo, mas tentou disfarçar.

              — Obrigada, senhor...?

              — Me chame apenas de Paulo, é uma honra conhecer a senhorita.

              — Obrigada Sr. Paulo. É muito importante escutar isso.

              Liz podia ver que tanto Artur quanto Flávio pareciam surpresos com sua resposta. Com certeza eles não esperavam por aquilo. Depois de mais algum tempo entre perguntas e respostas e falarem sobre algumas questões sobre investimentos, no qual Liz apenas ouviu a tudo silenciosamente, eles deram a reunião por encerrada.

              A rockeira ficou surpresa com a atitude calorosa que havia recebido, imaginava que seria uma coisa totalmente diferente, mas sabia que não poderia vacilar. Sabia que o mundo dos negócios não era de brincadeira e tinha que correr atrás do prejuízo da ausência. Com certeza Luísa a ajudaria no que fosse possível, não tinha dúvidas disso.

              Após a reunião, ela se encontrou à sós com Artur e Flávio. O tio foi o primeiro a se expressar.

              — Você tem certeza disso, Liz?

              — Certeza não, mas eu vou tentar. Preciso fazer isso!

              Ele parecia um pouco confuso e desconfiado, mas nada falou.

              — Eu acho essa ideia incrível. Você participar de tudo logo agora que Luísa está afastada. Eu tenho certeza que ela vai vibrar quando souber disso.

              — A verdade é que eu nem sei por onde começar — confessou aos dois.

              — É normal depois de tanto tempo, mas tenho certeza que logo vai se adaptar com a dinâmica da empresa — Flávio voltou a falar. — Eu espero que goste!

              — Eu também espero. Achei que ficaria decepcionado com minha decisão.

              O tio deu uma risada sarcástica e andou pela sala, olhando-a de longe.

              — Não posso mentir que já faz um tempo que eu venho ficando frustrado em ver uma boa parte de ações em seu nome, que não estavam tendo serventia alguma. Por isso eu fiz a proposta no final do ano e vinha pressionando Luísa por uma resposta, mas... já que está mesmo disposta a voltar...

              — Eu estou mais do que disposta. Estou aqui agora, não estou?

              — Está, mas não é fácil. Aqui, Luísa e eu damos o nosso sangue. Temos grandes responsabilidades, Liz. Espero que saiba que isso não é uma brincadeira — Ele aproximou-se dela mais uma vez e olhou-a bem no fundo dos olhos. — Se você quer vir, venha com tudo! Não se deixe levar pela simpatia daqueles senhores, eles serão os primeiros a atirar pedras em você na primeira oportunidade.

              Não era nenhuma ingênua, se tinha aprendido algo ao longo da vida era que não se podia contar muito nem confiar tanto nas pessoas.

              — Não é fácil para mim estar de volta, então é claro que isso não é apenas brincadeira!

              — Eu imagino que seja difícil, mas já está na hora de superar. Pensei que fosse fraca igual meu irmão...

              — Como ousa?! — Artur intrometeu-se na conversa. — Como pode falar essas coisas para ela? Olhe a forma como fala do seu próprio irmão.

              — Ah, pelo amor de Deus! Vocês adoram fazer drama por tudo! — declarou sem paciência. — Alfredo era sim meu irmão e eu o amava. Foi horrível tudo que aconteceu, mas estou apenas dizendo a verdade, mesmo que seja dolorosa e fico feliz em ver que ela não é assim.

              — Eu não quero falar disso, já chega! — declarou se sentindo enjoada.

Estava mesmo muito bom para ser verdade. É claro que Flávio nunca mudaria. De repente lembrou-se de todas as coisas que ele já havia feito e dito.

— Vamos arrumar uma sala para você — Artur passou uma mão protetora por seu ombro. — Vamos sair daqui!

— Eu não quero uma sala só para mim. Quero aprender junto com os outros, começar de baixo, mas concordo em sair logo daqui.

Olhou seriamente para o tio e ele tinha um sorriso de contentamento nos lábios.

— Estou gostando de ver, sobrinha!

              Liz saiu sem falar mais nada. Não suportaria olhar mais para a cara do tio naquele momento. Artur levou-a até sua sala.

              — Flávio pode ser um monstro, às vezes.

              — Sim, eu que o diga!

              — Você está bem?

              Liz não queria se torturar, pensando em todas aquelas coisas. Precisava falar com Lia primeiro antes de seguir. Apenas queria ocupar sua mente com coisas úteis.

              — Estou. Vou só fazer uma ligação e já volto — respondeu prontamente e saiu da sala.

 

***

Pov Lia

              Já era quase onze da manhã quando recebeu a ligação de Liz. Por sorte a namorada não tinha ficado tão abalada ao voltar para a empresa da família e sorriu orgulhosa, sabia que ela conseguiria atravessar aquela barreira aos poucos e já tinha tido grande sucesso. Era só olhar desde o ano passado até agora para ver a grande mudança que ela teve.

              Os pais estavam no trabalho e ela e o irmão foram até a pequena autoescola da cidade a fim de se inscrever no curso. Como Pedro estava fazendo 18, os pais decidiram dar a CNH de presente para ele e como não haviam dado nada a ela em seu aniversário, iriam fazer aquele mimo, o que a deixou bastante feliz.

              Depois de inscritos, retiraram as taxas a pagar e a moça do atendimento comunicou que o curso começaria já na próxima semana e que na sexta ainda, eles iriam fazer os primeiros testes para iniciar todo o processo. Teriam que ir até a cidade grande para isso.

              — Nós podemos aproveitar que vamos e acabar dormindo por lá na sexta-feira. Aproveitar um pouco a cidade — Pedro deu a ideia.

              — Eu sei bem o que você quer aproveitar — sorriu maliciosamente para ele. É claro que ele estava pensando em passar tempo com Vivi.

              O irmão deu aquele sorrisinho sapeca.

              — O que me diz? — insistiu ele. — É bom que ficamos até Liz chegar no sábado e voltamos todos juntos para nossa comemoração.

              — Não é má ideia — refletiu. Aproveitaria para fazer uma surpresa ao ficar esperando-a no apartamento. — Vamos falar com a mãe e o pai primeiro.

              — Ok!

              Pela noite, assim que sentaram à mesa para o jantar, foi a primeira coisa que conversaram com os pais, que não protestaram.

              — Vocês vão dormir onde já que Lia está sem apartamento? — a mãe perguntou desconfiada.

              — Ficaremos no apê da Liz, sem problemas!

              — Ela já está de volta? — Horácio parecia curioso.

              — Não, ela vai passar a semana na cidade com a tia, só vai vir no sábado, daí voltaremos todos juntos para cá.

              — Entendo!

              — Como está a tia dela? — A mãe perguntou preocupada.

              — Se recuperando bem. Liz me disse que ela vai receber alta do hospital ainda essa semana.

              — Foi um livramento! — O pai exclamou. — Vi fotos do acidente na internet e pareceu feio.

              — Sim, os médicos disseram a mesma coisa, que ela teve muita sorte.

              Com mais aquilo resolvido, Lia foi para seu quarto a fim de conversar com Liz, ela não havia falado mais nada o restante do dia e logo sua mente começou a pensar um monte de bobagens. Será que Cíntia havia aparecido novamente? Só de pensar nisso seu sangue já fervia de raiva.

              Lia: “Você está onde? Pode falar agora? ”

              Já passava das sete da noite e viu que ela não havia recebido a mensagem ainda, como se estivesse sem internet e preocupou-se. Não iria esperar mais e ligou em seguida, mas ela não lhe atendeu. Xingou Liz mentalmente e tentou se controlar, ficaria à espera de notícias suas.

              Algum tempo depois seu telefone finalmente tocou, mas era Vanessa. A amiga estava ligando para lhe contar as boas novas sobre o intercâmbio. Mesmo com a greve, a coordenadora do curso havia lhe ligado para confirmarem sua ida para Londres. Empolgada, a ruiva lhe contou sobre as opções de moradia que o intercâmbio lhe oferecia e também sobre todas as regras necessárias para ficar de vez com a vaga.

              Lia estava feliz por ela, mas não podia mentir que ouvir tudo aquilo lhe deixou com um aperto no peito. Antes mesmo de o resultado sair, ficava fantasiando como seria tudo aquilo caso conseguisse passar. Fazer um intercâmbio era o seu sonho desde muito nova e prometeu a si mesma que nunca desistiria dele.

              — Você está na casa dos seus pais, não é? — Vanessa tinha um tom sério.

              — Estou sim, por quê?

              — Ah... tudo bem! Deixa para lá...

              — Pode dizer, o que foi? — insistiu um pouco mais.

              — É que eu queria sua ajuda. Sei lá, trocar uma ideia pessoalmente, quem sabe. Estou um pouco indecisa sobre a questão da moradia. É que eu já tinha colocado na minha cabeça que nós duas passaríamos e que faríamos isso juntas, sabe? Estou um pouco perdida.

              Lia sorriu com a declaração da amiga, ela não era a única que havia fantasiado coisas, por isso a entendia perfeitamente.

              — Olha, por coincidência eu estarei indo para a cidade essa semana. Fazer o exame para tirar a habilitação. Vou na sexta-feira pela manhã e de tarde estarei livre. O que acha?

              — Nossa, Lia! Isso é perfeito, mas a Liz não vai se incomodar?

              Lia franziu o cenho e ficou um pouco incomodada com a pergunta. É claro que Liz não a impedia de fazer nada. Sabia que ela tinha reservas ao redor da ruiva, mas nada que atrapalhasse.

              — Claro que não vai se incomodar, até porque ela nem está na cidade esses dias.

              — Ah, nesse caso então, eu agradeço a atenção. A que horas a gente pode se encontrar?

              — Depois do almoço. Eu vou estar no apartamento dela, daí te mando uma mensagem com a localização, ok?

              — Tudo certo. Até sexta, então.

              — Até sexta!

              Ligou para Vivi, perguntando se ela se incomodaria em recebê-los na sexta, mas aparentemente Pedro já havia sido mais rápido. O irmão não perdia mesmo tempo e claro que a morena também não iria recusar uma visita dele.

              Já era quase nove da noite quando Liz finalmente lhe retornou. Já estava ficando frustrada com a falta de notícias dela. A namorada disse que saiu tarde da empresa e que havia passado no hospital para ver a tia e que em seguido havia saído para jantar com Tomás e só chegara em casa naquela hora.

              Lia ficou um pouco desconfiada, mas resolveu se controlar. Não queria encher o saco dela tanto assim. Precisava confiar mais em sua rockeira. Contou a ela sobre a habilitação e que iria até a cidade na sexta-feira junto de Pedro fazer os exames. Ela mesma deu a ideia de que ficasse em seu apartamento, mas Lia não revelou que ficaria até sábado.

              Por algum motivo não quis falar sobre Vanessa. Não queria que ela ficasse chateada. Sabia quanta coisa já estava se passando na cabeça de Liz com toda aquela situação. Até porque não iria fazer nada demais.

              Elas se falaram até Lia pegar no sono. Dormiu logo já que acordariam cedo no dia seguinte para prepararem um café-da-manhã para o seu pai já que era o dia do niver dele.

***

              A semana se passou sem qualquer novidade ou assunto inédito. Lia estava incomodada, pois Liz estava muito distante naquela semana. É claro que sabia que agora ela estava muito ocupada indo trabalhar todos os dias, mas algo estava estranho. A rockeira sempre lhe mandava mensagens curtas e rápidas e geralmente só lhe respondia já pela noite.

              Já sabia que a distância não rolava muito bem entre elas, era sempre um problema, mas naquela semana foi pior e só uma coisa vinha à sua mente: Cíntia. Se corroeu a semana inteira para não tocar no nome dela, mas já estava se pisando de agonia.

              Na quinta-feira que era niver de Pedro, fizeram um belo café-da-manhã para ele também e durante o dia, o irmão convidou alguns amigos para irem até sua casa e passaram o dia se divertindo na piscina. Ao menos conseguiu se distrair um pouco na companhia deles.

              Sexta-feira também foi bem corrido. Acordaram bem cedo da manhã para irem até a cidade. Por sorte mal tinha fiscalização na estrada já que nem ela e nem Pedro tinham habilitação ainda.

              Por sorte os dois passaram de primeiro na tal psicotécnica e agora era só começar a fazer o curso na semana que vem e já marcar a prova. Eles saíram de lá e foram direto para o apartamento de Liz onde Vivi os esperava. Havia mandado uma mensagem para Cris, tinha saudades da amiga e seria ótimo se encontrar com ela, mas a loira lhe disse que estava em casa e que não poderia ir para a cidade naquele fim de semana.

              Os três almoçaram juntos e pela tarde encontrou-se com Vanessa. Elas conversaram a tarde toda, onde ela lhe contou em detalhes tudo sobre o intercâmbio. Ela tinha dúvidas sobre que tipo de moradia escolher, eram muitas opções e foi aí que ela pediu a opinião de Lia.

Juntas, elas analisaram todos os prós e contras de cada lugar e decidiram que a melhor opção de acomodação seria em uma casa de família, que parecia ser o lugar mais confiável, menos solitário e aconchegante. Claro que seria estranho viver com “estranhos”, mas era uma casa apropriada para isso, então tinham certeza que seria ótimo.

Vanessa ficou por lá até a noite e acabaram pedindo uma pizza para a janta. Pedro e Vivi se juntaram aos dois e os 4 ficaram na sala apenas jogando conversa fora. Foi estranho aquilo para Lia, pois geralmente esses programas eram feitos ao lado de Liz. Por várias vezes mandou mensagens para ela, que sempre demorava a responder e aquilo estragou um pouco sua noite.

Dormiu no quarto de Liz e enrolada nos lençóis dela que tinham um pouco do seu cheiro. Pelo menos aquilo aplacou um pouco a saudade e frustração que sentia. No dia seguinte, acordou lá pelas nove com uma mensagem dela. Ela havia mandado foto do jatinho há meia hora, dizendo que já estava voltando para a cidade. Foi impossível não soltar um lindo sorriso apaixonado ao ver aquilo.

Era muito otária por Liz, mas era inevitável. Quando o assunto era ela, quase nunca mandava em sua própria vontade. Os 4 foram buscá-la no aeroporto no horário marcado já por volta do meio-dia. Viu como ela ficou surpresa ao vê-la ali. Ela estava linda como sempre com seus jeans rasgados e usando óculos escuros. As duas correram uma para a outra e se entregaram em um abraço intenso.

Não conseguia descrever nunca aqueles reencontros. Era uma sensação única de felicidade sentir aquele calor e o cheiro gostoso que lhe atraíam tanto. Logo depois foi o beijo colado e gostoso que trocaram. Amava tudo nela, tudo! Desde sua boa macia até o hálito morno e agravável que ela sempre tinha.

Vivi e Pedro as olhavam risonhos e logo em seguida os dois finalmente puderam cumprimentá-la. Pedro foi na frente com Vivi e as duas foram agarradinhas no banco de trás, matando as saudades. Depois do almoço, decidiram voltar logo para o interior. O irmão havia convidado a morena para a comemoração, por isso ela também iria.

Liz cochilou durante todo o caminho. Ela parecia bastante abatida e cansada, na certa o trabalho na empresa devia estar sugando sua energia mental, já que ela ainda estava lidando com aqueles sentimentos quanto ao pai e tudo mais. Precisavam de uma longa conversa.

Eles foram direto para sua casa, onde seus pais os cumprimentaram com alegria. Eles ficavam meio sem jeito com Vivi ainda, mas foram educados. Lia ficou feliz quando viu a atenção e cuidado que os dois tiveram com Liz ao perguntarem por sua tia e se tudo estava bem.

Eram essas coisas que aquietavam seu coração, quando se lembrava da barra que havia sido no começo e ver como já estava se tornando cada vez mais comum ela frequentar a casa. Liz a chamou para irem até a pousada para ficarem um pouco a sós e nem hesitou. Os funcionários da pousada já tinham até pego amizade com a namorada de tanto que ela se hospedava, mas nem se surpreendeu com isso.

Lia queria conversar com ela sobre a distância da semana, mas precisavam matar as saudades uma da outra, primeiro e fizeram um amor bem gostoso durante a tarde. A irritadinha amava aqueles momentos e aquele jeito que era só das duas. Liz parecia distante e preocupada com alguma coisa. Deitou-se sobre o peito dela e ficou lhe encarando.

— O que aconteceu? Você parece cansada.

— Esses dias na empresa foram cansativos. Tia Luísa teve alta na quinta e finalmente voltou para casa.

 — Como ela reagiu quando soube que você estava indo trabalhar?

Liz soltou um leve sorriso e parecia estar revivendo uma lembrança.

— Ela quase não acreditava quando eu contei. Artur teve que confirmar para ela poder acreditar.

Lia podia imaginar a cena, mas não podia culpá-la. A rockeira tinha o dom de sempre surpreender.

— E você descobriu o que aconteceu já?

— Passei a semana cercando o Artur, mas nada... talvez não seja nada mesmo, sei lá.

— É, talvez — Lia olhou-a bem e observou algumas olheiras. Tocou-as levemente. — E como está sendo na empresa? Está mesmo conseguindo lidar bem com isso?

— Não foi tão difícil quanto eu imaginava. Só não consegui entrar na antiga sala do meu pai, mas tirando isso.

— Um passo de cada vez — deu um selinho nela e observou-a. — Te achei tão distante essa semana.

Liz lhe deu um sorrisinho culpado e puxou-a para um beijo carinhoso.

— Desculpe por isso! Foi uma semana cansativa. Eu estava fazendo uma coisas, então...

— Fazendo o quê?

Liz parecia nervosa de uma hora para a outra e ansiosa também. Sentou-se e olhou-a seriamente.

— O que foi, Liz? — repetiu. Não gostava daquele suspense.

Mas ela apenas permaneceu calada. Do nada, a rockeira levantou da cama e procurou por algo em sua mochila. Observou-a ir completamente nua até lá e voltar com toda a sua sensualidade tão característica. Ela tinha um pequeno envelope nas mãos e assim que sentou-se, entregou-o para ela.

Imaginava se era alguma outra carta do pai ou algo do tipo, mas quando tateou bem o papel, sentiu algo mais sólido lá. Abrindo de uma vez, deparou-se com uma chave presa a um chaveiro. Olhou bem sem entender do que se tratava e em seguida virou-se para ela, que parecia ainda mais nervosa.

Será que tinha alguma coisa a ver com a empresa ou mais segredos do pai dela? Perguntou-se. Só podia ser algo daquilo para ela ter ficado tão ausente durante a semana.

— Que chave é essa?

— Eu passei a semana procurando o apartamento perfeito e acho que encontrei — disse de uma vez.

— Apartamento para quê? — voltou a perguntar. Não estava mesmo entendendo aonde ela queria chegar com tudo aquilo.

Liz sorriu nervosa e passou as mãos nos cabelos, bagunçando-os.

— Lia, eu não quero sempre ter que dizer tchau. Passei a semana toda procurando esse apartamento para nós duas.

— O quê? — seu coração deu uma leve guinada. Não conseguia acreditar no que estava ouvindo. Era mesmo aquilo que estava pensando?

— Lia... — Pôde ver como os olhos dela se encheram com lágrimas e logo em seguida ela disse com a voz embargada. — Eu te amo, muito. Vem morar comigo?

 

***

 

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Olá, mais uma vez, desculpem pela demora, mas espero que o capítulo compense o atraso!


Bjs!


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Comentários para 40 - Capitulo 40 - Ventos de mudança???:
patty-321
patty-321

Em: 24/09/2020

Que fofura.

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Anny Grazielly
Anny Grazielly

Em: 28/05/2020

Caracaaaaaaaaa .... que capítulo.... como amo essaa duas... queria muito que elas passassem por todos esses problemas sempre juntas... pq eh fato que uma eh o suporte da outra... as duas sao mais fortes juntas... mas tenho medo que essa Cintia acabe com o namoro delas... nao gostei desse olhar de Liz para Amanda e nem dessa Vanessa sempre no pe de Lis... 

aiaiaiaiaiaia... tenho medo das duas brigarem e acabar o namoro e nesse tempo as duas ficarem com Amanda e Vanessa respecitivamente... isso seria muito triste... muito mesmo

Sobre esse acidente da tia dela... tenho certeza que o Flavio ta envolvido... assim como no acidente da mae... esse cara nao me entra... 

resumindo... mesmo que Liz tenha pedido para Lis morar com ela, acho que nao será tão fácil assim... aiaiaiai Autora... nao faz a gente sofrer com elas nao... deixa elas juntinhas e felizes... mesmo lutando com os problemas que vão surgir... mas que elas estejam sempre juntas... pleaseeeee.... 


Resposta do autor:

Own... fico feliz mesmo que tenha gostado. EU sempre fico apreensiva quando posto um capítulo novo e o feedback de vocês é super importante. Amo demais. S2 S2 S2 

Elas têm muito força sim juntas e vc falou certo, elas são mesmo o suporte uma da outra, é o que eu mais gosto nessa relação.

Rrsrs... quanto a Amanda e Vanessa, vamos ver se elas vão ser problema... quem sabe?!

Bem, o Flávio é o primeiro suspeito, né... não me admira nada! O cara tem uma péssima reputação mesmo, eu não ficaria surpresa.

kkkkkkkk, vem conferir nesse próiximo capítulo se elas vão ter algum problema ou não! Espero que goste

Beijinhos!

 

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Socorro
Socorro

Em: 28/05/2020

E agora Lia!??

adorando tudo 

e pelo jeito mta confusão tbm.

Esse Flávio vai dar trabalho 

abraços autora 


Resposta do autor:

kkkkkkkkkkk e agora Lia? É mesmo uma boa pergunta. Será que eça vai dizer sim???? Vem descobrir aqui no novo capítulo, vou postar agora! rsrsrs

Fico feliz que esteja gostando das minhas meninas S2 S2

Não posso negar, vem confusão por aí sim... o Flávio sempre está associado as coisas ruins, mas não me admira com a reputação que tem.

 

Beijinhos e espero mais comentários!

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Aurelia
Aurelia

Em: 28/05/2020

Oh gente ela disse eu te amo pra Lia, que lindoooooo. Eita que agora é saber a resposta dela, uma mudança bem significativa na vida das duas. Complicado também pra Lia essa proposta, tomara que não se separem por isso, gosto não delas separadas e esse urubu perturbando a Liz, eu hein, credo. Quase leva outra surra da Liana e nem se toca. Bjos


Resposta do autor:

Olá Aurelia querida

Então, Liz finalmente disse as palavrinhas mágicas, né? Foi lindo escrever essa cena, mas no fundo a gente bem sabe quantas vezes ela já se declarou assim para Lia através de atos que é o mais importante.

Se Lia vai aceitar ou não, eu não sei... mas vem descobrir nesse novo capítulo! rsrsrs

De facto, seria uma grande mudança para as duas sem dúvidas, mas não seria motivo não para elas se separarem, as duas estão muito firmes e confiantes uma com a outra.

E a Cíntia é um urubu mesmo, eu quase deixava a Lia dar outra surra nela. kkkkkkkkkkkk

 

Beijinhos!

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