Capitulo 25
Passei no escritório pela manhã de sábado. Ive e Monize me ajudaram a trazer pelo menos quinze caixas com papeis, livros, computadores e quadros. Deixei tudo empilhado na sala, depois mexeria nisso. Combinei de encontrar novamente com Ive na parte da tarde, queria resolver umas coisas antes de ir para a festa do seu sobrinho.
Precisava fazer comida e materiais de limpeza, a dispensava estava praticamente vazia e eu não queria aproveitar da bondade da Ismália novamente, da última vez ela havia pedido para Ema fazer compras para mim. Eu precisava criar coragem e ir até ao mercado e resolver essa situação.
Entrava na garagem do meu prédio meia hora depois de fazer as compras. Trouxe comigo só o que era perecível, colocando tudo sobre a mesa da cozinha. Depois de guardar tudo subi para a piscina. Olhei para o horizonte e abri os braços inspirando profundamente e mergulhei com a roupa que estava no corpo. Despi-me ali mesmo e fui toda nua para o banheiro no piso inferior, quinze minutos depois. Saí com os cabelos úmidos e soltos enrolada na toalha. Vesti um jeans, uma blusa, coloquei meus óculos de sol e peguei a bolsa no sofá da sala.
Entrei no porsche afivelando o cinto de segurança e olhei no retrovisor, dando ré. O dia estava maravilhoso e eu não parava de sorrir. Encostei o carro diante de uma loja de brinquedos, mas o que eu compraria para um garotinho de um ano? Confesso ter ficado em dúvidas com tantas opções, formatos e cores. Percorri todos os corredores da loja e havia gostado de dois brinquedos em especial. Tendo os dois, um em cada mão, optei por um T-rex de pelúcia. Olhei para ele. Tinha alguma coisa nele que me fazia sorrir.
Sai da loja com o embrulho na mão, colocando no banco de trás.
- Próxima parada: cabeleireiro!
Olhei para o celular e não havia nenhuma ligação perdida ou mensagem. Dei partida no carro e sai.
Estacionei na porta do salão minutos depois. Desci para o passeio, abri a porta e uma sineta tocou anunciando a minha entrada. Por mais cedo que eu chegasse o salão estava sempre lotado.
- Giulia querida!
- Dani bom dia!
E ele me abraçou como se há muito tempo não me visse ou como se fosse a última vez a me ver.
- Seus cabelos cresceram muito Ruiva, estão lindos! Vem comigo linda. Sente-se aqui.
Sua alegria sempre me contagiava.
- E como está o Vitor? – perguntei do namorado, não o vendo no salão.
- Está bem. Foi visitar os pais! Tirou uns dias para descansar.
- Que bom.
- Adoro esse tom do seu ruivo! Vai deixar na cintura? Ah e também essas sardas por sobre o nariz. É um charme Ruiva!
- Por mais um tempo. Sim. - sorri.
- Não cortaria por nada querida. São maravilhosos!
Sorri novamente. Dani era uma pessoa única e desde sempre cuidou muito bem dos meus cabelos. Deixava sempre como eu queria e saia dali sempre renovada. Tinha uma clientela fiel o que fez ampliar um andar acima para poder atender a todos. Depois de hidratá-los enxaguou por duas vezes e secou cuidadosamente.
- Um cafezinho Cherry?
- Seria ótimo!
- Vai me dizer que ainda não tomou o café da manhã!
- Não... – olhei para ele e sorri.
- Nem eu amada, me acompanha?
- Claro Dani.
- Meninas já volto! – gritou tirando o avental.
Saímos do salão e fomos até um pequeno café na metade do quarteirão. Entramos por uma porta de vidro que dizia: “Mantenha fechada – Ar condicionado” escrito em letra de fôrma e na cor vermelha. Nessa mesma direção havia um corredor a sumir de vista cheia de mesinhas redondas de mármore e banquetas em madeira com quatro, três ou dois lugares. Sentamos no fundo e primeiramente pedimos um cappuccino e um café.
- Linda não vai comer nada, você vai sumir se continuar assim! Ou pretende voltar às passarelas?
- Sem vontade... - sorri. Nem pensar!
Minutos depois duas xícaras fumegantes eram postas à nossa mesa.
- Hum que delicia virei aqui mais vezes!
- Gostoso demais e todos são muito atenciosos! E... que coisa linda! Comprou onde?
- O que? Ah o anel! Então... foi um pedido de namoro... - e bebi outro pequeno gole.
- Que tudo! E quem é o felizardo? Posso saber? - e segurou a minha mão olhando o anel mais de perto. – Há muito tempo que eu...
- Felizarda... - sorri.
E ele largou minha mão me olhando de boca aberta.
- Cherry o que disse?
- Estou namorando uma garota e o nome dela é Ive.
- Não acredito! - e levou a xícara na boca queimando a língua com o café – Madredeus! - O senhor seu pai sabe? E o cãozinho de guarda?
- O Rui? - e soltei uma gargalhada.
- Esse mesmo. – sorriu. - É segredo?
- Não guardamos, mas também não falamos aos quatro cantos. Somos reservadas, mas sem segredos. Não quero que o Rui saiba tão cedo, nem o meu pai. No momento certo conversarei com ele.
- Que tudo! Sairemos os quatro quando Vitor voltar! E você nos apresenta!
- Estamos combinados!
E o celular tocou.
- Um minuto Dani... – Já tomou café? Quer que eu leve? Ok até depois então.
- Espero que você possa ser feliz. Que ela seja o destino que sempre sonhou.
- Obrigada Dani.
- Preciso ir amada, dever me chama! – disse colocando o dinheiro dos dois pedidos sobre a mesa.
- Não Dani eu...
- Pague a bebida quando nos for apresentá-la!
- Combinado então.
Ele acenou quando passou pela porta e retribui com um sorriso.
Bebi outro gole do capuccino e uma moça passou pela porta sentando a duas mesas da minha. Ela não me era estranha, eu a conhecia de algum lugar. Olhei mais uma vez e pensei.
- Não é aquela amiga da Mel... – sussurrei para mim.
Meu coração disparou. Eu quase não a reconheci pelo corte de cabelo e fiquei tentada a perguntar dela, se estava bem. Respirei fundo, levantei e fui em sua direção.
- Oi... Nos conhecemos, não?
E ela se virou para mim arregalando os olhos.
- Giulia... – gaguejou.
- Isso mesmo, mas não me recordo do seu. Desculpa.
- Margot.
- Isso. Como está a Mel?
Ela olhou para o tampo da mesa e depois para mim.
- Quer se sentar? – ela me apontou a cadeira ao seu lado.
- Desculpa, não quero te incomodar.
- Não incomoda. Muitas coisas aconteceram, mas eu penso que ela esteja bem.
E tive a sensação dos seus olhos estarem marejados de lágrimas e sentei, me ajeitando na cadeira.
- Aconteceu alguma coisa com ela?
Segurei a sua mão.
- Eu não sei te dar notícias precisas. Ela não mora mais aqui.
- Como assim?
- Ela foi trabalhar fora é só isso que eu sei. Foi depois da morte da Paige.
- Paige... O que? – Não estou entendendo.
- Ela levou um tiro em um assalto.
- Meu Deus... Era a namorada dela, não era?
- Não. Elas nunca chegaram a namorar firme. Era só coisa de ficar.
- Mas eu as vi na porta da faculdade se beijando... depois disso nunca mais falei com a Mel. Eu estava furiosa com ela!
- Que eu saiba não era nada sério. Nunca foi.
- Eu não acredito...
- Pensei que vocês estivessem juntas. Ela me disse que haviam terminado, isso foi de um dia para o outro. Eu nunca entendi bem, por que ela era louca por você.
- Isso nunca aconteceu Margot! – disse segurando as lágrimas. Por que ela faria isso? Ela me disse para buscá-la e eu fiquei no estacionamento. Ela saiu com a Paige de mãos dadas e se beijaram. Nunca se quer brigamos! Eu estava apaixonada por ela...
- Quando foi isso?
- Não sei. Eu não sei... – a minha cabeça girava.
- Hum deve ter sido na altura que ela me contou do termino. Eu achei muito estranho, porque ela só falava em você, que se casaria. Tinha planos para vocês.
- Deus do céu... – e uma lagrima seguida da outra, rolou-me pela face.
- Nunca mais soube dela.
- Não estou conseguindo acreditar que ela fez isso comigo.
- Um dia saberemos, sinto isso.
E meu celular apitou, era uma mensagem de Ive.
- Margot preciso ir. – disse lendo.
- Me dê seu celular, vou deixar meu numero com você.
E ela digitou o seu numero na minha agenda.
- Desculpa te incomodar.
- Ei vai ficar tudo bem.
- Preciso saber o que aconteceu...
- Eu também. Cuida-se Giulia.
- Você também.
Sai pela porta chorando, sem saber o que realmente havia acontecido com a Mel e por qual razão ela teria feito tudo aquilo.
Entrei no carro e fui direto para o lugar que havia marcado com ela pela primeira vez. Baixei o vidro da janela e a vi nas minhas lembranças.
Ela veio na minha direção com um olhar encantador e um sorriso enorme que mal lhe cabia na face.
Fim do capítulo
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