– Já foi atendida? – Cléo  disse aproximando-se, iria investigar mais aquela quase adolescente.

-- Vim pegar minha moto, mas o rapaz que me atendeu pediu para eu esperar a Leticia, pois ele não soube falar muito do que foi feito.

 --Essa é sua moto? – Apontou para a moto a sua frente.

--Essa mesmo – Cléo  aproximou-se e viu a folha com o relatório em uma prancheta sobre o banco da moto, estranhou o outro mecânico não ter explicado tudo para ela, até ela que não entendia muito saberia explicar com que foi feito na moto.

--Bem está tudo escrito aqui, vamos ver – Nessa hora Leticia apareceu, com os cabelos arrepiados, uma camisa de botão com as mangas dobradas e uma calça folgada..

 --Algum problema? – Ela perguntou aproximando-se, na hora que viu as duas mulheres ali pensou que Cléo  estava fazendo algum escândalo.

--Não amor, apenas ia atende-la, mas já que chegou você faz isso – Entregou a prancheta a Leticia.

-- Bem em geral ela está ótima, algumas peças foram trocadas, todas avaliadas no limite de preço que você deixou na recepção – Entregou a ela que olhou rapidamente para o papel.

--Então ela está nova?

 --Quase nova, ela é bem conservada, em breve terá que trocar o óleo, não troquei, pois vi que ainda roda um pouco. –

--Muito obrigada Leticia, vou lá na loja acertar tudo – Sorriu para ela – Até mais – Disse para Cléo  saindo.

--Você não destratou a cliente não foi?

--Claro que não Leticia, apenas estranhei o fato dela está aqui sentada esperando e vim perguntar se poderia ajuda-la, quando foi que eu distratei algum cliente seu?

 --Não sei, você têm feito várias coisas novas de uns dias para cá

--Tudo bem, eu vim aqui para sairmos e conversamos e não para brigarmos, vamos?

 --Ainda não larguei – Leticia disse dando as costas e saindo em direção da porta do escritório.

 --Calma Cléo , paciência – Cléo  disse respirando fundo, viu quando um dos mecânicos passou a cumprimentando. – Celio foi você que atendeu aquela loira que veio pegar a moto?

--Foi sim senhora, ela disse que ia esperar a dona Leticia dai mandei ela sentar, fiz errado?

--Não, só estranhei ela está aqui sentada sem ninguém por perto, mas relaxa, vai lá, continua seu trabalho

 --Tá certo – Ele saiu deixando Cléo  pensando, mil coisas passaram na cabeça dela, mas uma foi a mais insistente, ela foi para o escritório encontrou Leticia assinando alguns papeis.

--Eu vou lá para frente, não inventem de brigarem, eu prefiro pegar vocês duas trans*ndo, do que brigando – Beto disse saindo do escritório.

 --Essa calça ficou linda em você – Disse Cléo  sentando na frente da mesa de Leticia. --É do Beto, a minha acabei molhando, daí peguei essa dele.

--É eu sei que é dele, mas caiu bem em você

--Não ficou muito folgada?

--Ficou, mas caiu bem – Leticia levantou o olhar a procura dos olhos negros da esposa.

--Onde está a Isa?

--Vai ficar com a Bruna hoje, ela vai leva-la para escola amanhã.

--Mas vai dormir com ela? – Ela estranhou tal atitude, Cléo  nunca gostou de dormir longe da filha.

 --Vai, Let temos que conversar, ou você acha que podemos continuar assim? – Leticia voltou a atenção para o papel o assinando.

 --Eu concordo com você, temos que conversar – Fechou a pasta levantando. – Veio de carro?

 --Vim sim, podemos ir nele?

 --Pode ser – Ela disse pegando sua jaqueta, abriu a porta para Cléo  passar, despediram-se dos funcionários e já dentro do carro Leticia viu ela tomar uma direção oposta à de casa. –Para onde estamos indo?

--Vamos jantar.

 --Não pode ser em casa?

--Não, vamos jantar fora hoje.

 --Mas eu nem estou arrumada.

 --Você está linda – Cléo  disse olhando de lado, isso despertou um pequeno sorriso em Leticia.

--Você adora quando eu estou assim bem masculina não é? As coisas nunca mudam

--Você sabe que eu gosto – Cléo  deu uma leve piscadela para ele e voltou sua atenção para o transito, ficaram alguns minutos em silencio, foi o tempo que chegaram ao restaurante.

-- Você já veio aqui? – Leticia perguntou ao descer do carro, nunca tinha vindo ao local.

--Foi sugestão da Bru, espero que a comida seja boa.

--O local é bonito – Elas sentaram e em poucos segundos foram atendidas.

-- O jantar já está acabando e não conversamos nada – Foi a conclusão que Cléo  chegou após o jantar está quase acabando e elas só conversaram coisas sem nenhuma importância.

--Foi mesmo, pode começar se quiser, eu já acabei.

--Eu também acabei, tive uma ideia melhor – Cléo  pediu a conta, após pagarem, saíram do restaurante – Gostou da comida?

--Gostei, a Bruna acertou dessa vez – Entraram no carro. –Para onde vamos?

--Para um lugar – Cléo  disse ligando o carro, não demorou muito a Leticia sorriu ao ver onde Cléo  estacionava o carro.—Lembra? – Cléo  perguntou

--Como poderia esquecer – Leticia sorriu olhando para a praça, o local não era mais o mesmo, porém todo o valor simbólico daquele local ainda estava ali.

*******

--Let bem que você poderia me pegar na faculdade hoje.- Elas estavam em uma ligação

--Posso sim, eu iria sair com a Berta, ia para uma festa, mas dou um jeito de ir te buscar.

--Ah! Vai para sua festa, pode deixar, não tem problemas – Falou entristecida.

--Não Cléo , eu vou te buscar, a festa é sem importância.

--Eu não quero atrapalhar sua vida, já basta tudo que estou fazendo você passar.

--Eu entendo seus motivos Cléo , não é fácil se assumir, nem para si nem para a família, eu já disse que lhe entendo.

--Como me entende Leticia? Só fazemos ficar as vezes, quando eu tenho tempo e consigo despistar a minha mãe, isso não é legal, é melhor não dá continuidade a isso.

--Ei ,calma ai, você não está mais querendo ficar comigo é isso?

--Não é uma questão de eu querer Let, muito pelo contrário, é uma questão de não dá certo, você tem sua vida, suas outras garotas que te dão muito mais do que eu te dou, vai lá saia com sua amiga e divirta-se com as garotas livres de lá – Desligou o telefone deixando uma Leticia sem acreditar naquilo tudo.

--Que cara é essa? –  Bento perguntou ao ver a neta parada olhando para o celular.

--A Cléo  vô, disse que não me quer mais me ver – Disse de cabeça baixa.

-- Que pena, eu gostei dela, apesar dela só ter vindo uma vez aqui, mas vi que ela era a garota certa para você, não se preocupe ela acabou o namoro por algum motivo. – Foi abraçar a neta.

--Mas ela não era minha namorada vô, só ficávamos.

--Como assim? Ficávamos?

--Só nos curtíamos, sem compromisso.

--Nossa quanta modernidade – sorriu – Mas você não gosta dela?

--Gosto vô, muito – Deitou no colo do avô

--Então porque não namorou com ela?

--Porque não

--Ainda estou sem entender, sou um velho de sessenta e oito anos, não estou entendendo muito bem as coisas – Começou a fazer carinho nos cabelos da neta.

--Ficar é um tipo conhecer melhor a pessoa, dai se tiver gostando mesmo que namora?

--Isso eu entendi, só não entendi porque não namoravam, você diz que gosta dela, eu vi que mesmo envergonhada ela gosta de você, então porque não namoraram? – Leticia não soube explicar – Me diz porque ela disse que não queria mais ficar com você? Ela se explicou?

-- Foi do nada, eu disse que ia para uma festa com a Berta, dai ela disse que eu podia ir, pois ela só me atrapalhava, que ela não era assumida e mais um monte de coisa. – Ela ergueu a cabeça ao ver que o avô sorriu – Do que o senhor está sorrindo?

--De você

-- De mim?

--Sim de você, que não percebeu que ela está com ciúmes

--Ciúmes de quê vô? Só ia para uma festa com a Berta, e não temos compromisso

--Esse deva ser o problema, ela gosta de você Leticia, como você se sentiria se soubesse que ela está com outra pessoa? – Leticia abaixou a cabeça deitando novamente no colo do avô, sentiu uma dorzinha no peito ao imaginar a hipótese dela com outra pessoa.

--Será vô?

--Escuta o seu velho, ela gosta de você e apenas está com ciúmes.

--Então o que devo fazer agora?

--Você quer ela só para você?

--Quero

--Então vai lá atrás dela e pedi ela em namoro logo, ela é uma boa garota filha, está colocando juízo nessa cabecinha dura – Deu duas tapinhas de leve na cabeça da neta.

--Então vou pedir ela em namoro vô, vou pegar a moto – Ela levantou-se pegando as chaves da moto.

--Mas você vai assim?

--Assim como?

--De short e sandálias de dedo?

--O que tem nisso?

--Tem que ser um pedido especial, vá arrumada, seja romântica, todas as gostam de romantismo.

--É, ela curte essas coisas mesmo

--Veste algo que você sabe que ela goste – Leticia sorriu e correu para o quarto, tentou lembrar de algo que ela vestia que chamava atenção de Cléo , e lembrou de um dia que ela estava com uma calça preta, um blusão do nirvana e um tênis all star cano alto preto.

-- Vô o senhor é o cara – Ela disse e saiu quase que correndo para a universidade que Cléo  estudava, lá chegou e ficou parada na frente por algum tempo até dá a hora que sempre a outra saia, pegou o telefone e ligou para ela que demorou a atender

--Oi Leticia, não precisa mais ligar para mim, acho que já resolvemos tudo – Leticia ia responder mais ao olhar para dentro dos portões viu a outra sentada em um banco com sua amiga, ela parecia está sendo consolada.

--Então eu vou desligar – Leticia desligou o celular, desceu da moto e foi até ela que enxugou rapidamente as lagrimas ao ver Leticia aproxima-se.—Já que não quer que eu te ligue resolvi falar pessoalmente. – Disse na frente dela

--Não tem mais o que conversarmos Leticia – Disse ficando de pé. – Vai lá para a sua festa, curti as suas diversas garotas, não perde tempo com uma garota indecisa que não sabe o que quer da vida, até amanhã Bruna – Deu as costas e saiu caminhando deixando Leticia de cabeça baixa.

--Você gosta mesmo dela? – Bruna perguntou

--Gosto sim

--Então vai atrás dela – Leticia afirmou com a cabeça e saiu atrás dela.

--Cléo  me escuta, por favor  - Segurou no braço da mulher que virou enxugando as lagrimas.

--Escutar o que Leticia? Tudo já foi dito, segue sua vida e eu sigo a minha

--Só vamos conversar antes? Só dez minutos, se você ainda estiver com esse pensamento eu te deixo em casa e negocio encerrado, eu prometo, só dez minutos.

--Tudo bem, pode falar.

--Aqui não, vamos naquela pracinha no final da rua, lá é tranquilo.

--Tá certo, vamos – Leticia sorriu e entregou o capacete a ela, não demorou muito e estavam descendo na pracinha no final da rua onde ficava a faculdade, lá era pouco movimentado. –Então o que você quer falar ? - perguntou assim que desceram da moto

--Vamos nos sentar naquele banco – Caminharam em silencio e assim que sentaram no banco de cimento Cléo  voltou a perguntar

--Pronto agora você tem dez minutos. – Cléo  fingiu olhar para o relógio em seu pulso.

--Não vou precisar de tudo isso – Leticia aproximou-se mais dela – Cléo  eu estou gostando muito de você, esse último mês que estamos ficando foi muito bom, eu não quero acabar com o que temos, tenho duas perguntas para te fazer a segunda depende da primeira. – Pegou na mão da outra – Cléo  você gosta de mim?

--Gosto – Cléo  disse olhando para as mão que estavam sendo entrelaçadas naquele momento.

--Então namora comigo? – Ela ergueu a cabeça encarando a garota ali na sua frente.

--Namorar? Namorar como?

--Namorar namorando – Estava nervosa.

--Mas ninguém sabe de mim, só a Bruna, como vamos namorar? Minha mãe nunca deixaria.

--Cada coisa a seu tempo, eu estou gostando de você e você está gostando de mim, então vamos namorar e deixar o tempo nos guiar, deixar o tempo dizer como será tudo.

--Você não vai aguentar namorar escondido eu conheço você Leticia, não se esconde de nada nem de ninguém.

--Mas para ficar com você eu aceito qualquer coisa.

--Mas Leticia você... – Foi interrompida pelo dedo indicador de Leticia em sua boca.

--Só me responde se você quer ou não

--Eu quero, mas... – Agora foi interrompida pelos lábios de Leticia que tocou os seus.

--É apenas isso que precisamos, o resto vemos depois – Cléo  sorriu e voltou a beija-la. – Namorada – Leticia disse dando vários selinhos nela

--Minha namorada – Cléo  respondeu também sorrindo. – Agora você é só minha?

--Desde que comecei a ficar com você que eu sou só sua – Leticia respondeu fazendo um carinho nos cabelos lisos.

--Eu estou tão feliz – Cléo  abraçou a outra apertado.

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Fim do capítulo