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Mel por Jubileu

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Palavras: 1262
Acessos: 1108   |  Postado em: 22/05/2020

Capitulo 17

Fui para a faculdade com a Paige, mas não pensei que fosse demorar tanto na casa dela, ou seja, deveria ter pegado a mochila e ter posto no carro antes de sair do apartamento, mas não o fiz. Confesso ter ficado um pouco deslocada, mas como dizer que havia esquecido de pegar a minha mochila antes de ir para a faculdade? Ou seria melhor se eu dissesse: “Ah estava na casa da Paige até agora com ela na cama e como não queria me atrasar, resolvi não ir a casa e pegar a mochila.”

 Ela estava feliz quando cruzamos a porta de entrada do campus. Tinha a feição leve e saciada. Sai logo depois da segunda aula e passei em casa antes de ir para o apartamento da Giulia, precisava tomar um banho e trocar de roupas. Deveria estar com o cheiro da Paige.

 

Estacionei diante do prédio da Giulia meia hora depois.

Ela vestia só uma camiseta e estava com um copo de whisky na mão quando atravessei a porta da sala. Sabia me provocar com aquele sorriso e eu sabia quando ela me queria. Não tinha como resistir a seus encantos. Era uma mulher sensualmente deliciosa. Levava o gosto dela na boca e o seu cheiro na pele sempre que nos encontrávamos.

Saí do seu apartamento ainda de madrugada, eu não poderia passar a noite toda com ela porque teria que trabalhar logo cedo, precisava por o trabalho em dia, já que eu havia faltado. Passei pelo portão cumprimentando o porteiro com um aceno.

 Deixei o carro estacionado debaixo de uma árvore do outro lado da rua e retirei a chave do bolso da calça, olhando para os dois lados para atravessar. Não havia uma santa alma àquelas horas. Destravei o alarme e quando fui entrar no carro, senti alguém vindo por trás de mim e me rendendo, passando um braço pelo meu pescoço. Não consegui ver o rosto porque usava uma máscara de lã preta. E ele era praticamente da minha altura.

- Me larga! - disse tentando me soltar.

- Ouça bem, está me ouvindo? Se não quer que nada de mal aconteça com a Giulia vai se afastar dela, está ouvindo? – disse me apertando.

- Quem é você? Filho da puta!

E apertou ainda mais o meu pescoço me deixando sem ar.

- Está me ouvindo?

- Eu sei quem é você! – disse quase num sussurro.

- Cala a boca, só eu falo!

E me deu um soco em cima dos rins me fazendo gem*r de dor.

- Não farei isso... Vou denunciar você!

- Não sabe com que está se metendo, mocinha!

- Eu não estou fazendo nada demais! – disse com lágrimas escorrendo pela face.

- Giulia anda cheia de idéias e é você quem anda enchendo a cabeça dela com certas coisas!

- Me solta!

E o soquei entre as pernas, mordendo o seu braço.

No que ele se abaixou eu me virei e dei uma ajoelhada no seu nariz e ele revidou me acertando em cheio com um tapa no rosto, voei para trás caindo no chão e ele fugiu em seguida. Fiquei deitada não sei quanto tempo, minha cabeça rodava. Sentia o gosto de sangue na boca. Não havia ninguém na rua. Tentei me levantar apoiada na parede e fui cambaleando até o carro e me sentei no banco do passageiro. Olhei no retrovisor e um fio de sangue saia da minha boca. Penso ter mordido a língua. Nada tinha sido roubado.

Respirei fundo, tranquei o carro, liguei o alarme e atravessei a rua em direção a guarita do prédio que acabara de sair. Tentei disfarçar o meu rosto e perguntei para o porteiro se poderia subir que havia deixado algo para trás e ele abriu o portão me deixando entrar. Subi pelo elevador, descendo no corredor.

Vi Giulia na porta me esperando, mas eu desabei no meio do caminho cobrindo o rosto e desatei a chorar. Ela veio ao meu encontro e viu sangue na minha roupa.

- Eu não vi... – disse entre soluços. Tentaram me roubar...

- Meu Deus... O que aconteceu? Vem... Consegue andar? – disse me apoiando.

- Acho que sim - e tentei me levantar sentindo muita dor nas costas.

Passei pela porta e ela me levou até o quarto me deitando na cama.

- Vou chamar a policia!

- Não Giulia! Por favor... – disse voltando a chorar.

- Ok. Tudo bem então. Fica tranqüila. Vou buscar gelo.

Voltou minutos depois com um balde com gelo, toalha e uma caixinha de primeiro socorros.

- Dói as costas...

- Vamos tirar a blusa com cuidado.

- Você viu a cara do sujeito?

- Não.

E virei de bruços.

- Ai Mel... Vou te levar para o hospital, sério!

- Não.

- Por favor!

- Isso vai sumir daqui a uns dias.

- Tem um hematoma feio nas costas Mel.

- Isso morre com a gente. Não conte a ninguém. Ele queria roubar o meu carro, foi isso. – menti, pois não queria que ela soubesse qual a razão de tudo isso ter acontecido.

- Desculpa deveria ter ido com você até lá, nem mesmo pensei em dizer para o porteiro deixar você entrar com o carro para o estacionamento. A culpa foi toda minha! - disse com lágrimas nos olhos.

- Giulia, poderia ter acontecido com qualquer um. Não se culpe por isso!

- Vou cuidar de você. Deixa-me limpar o seu rosto.

E voltei a chorar.

 

O meu maior medo era a de que realmente a machucassem. Meus pensamentos estavam confusos, mas só conseguia pensar que a única forma de protegê-la era a de me afastar como ele havia pedido. Alguém estava vigiando os meus passos há dias, sempre tive essa impressão e era verdade. Ela nunca iria saber a verdadeira razão de ter me afastado, ela se sentiria culpada pelo resto da vida pelo o que aconteceu comigo. Olhava dentro dos seus olhos e só conseguia chorar enquanto me despedia em silêncio. Depois que eu saísse dali, nunca mais voltaria a vê-la, eu precisava protegê-la, eu não tinha outra escolha.

 

***

 

Quase uma semana havia se passado desde o incidente e o hematoma das costas praticamente havia desaparecido. Por incrível que pareça fiquei apenas com alguns pequenos hematomas no rosto: um no nariz e um corte na boca, nada que um curativo adesivo não encobrisse. Dizia para quem perguntasse que havia caído de bicicleta.

Falei pouco com Giulia desde então e não atendia seus telefonemas como antes, a desculpa era o pouco tempo que eu tinha para lhe dedicar por conta do trabalho e ela compreendia. Eu precisava mantê-la longe de mim e vice-versa. O mais engraçado de tudo é que me parece que quem me atacou não era ninguém próximo a Giulia, porque senão ela teria comentado algo do tipo: “ah o fulano também se machucou na mesma altura que você” ou “o fulano tirou um dias porque se acidentou”. Era alguém mandado por outra pessoa para fazer o serviço sujo e sairia ileso de qualquer coisa, caso algo desse errado.

 

Uma noite pedi que Giulia fosse me buscar na faculdade e que me aguardasse no estacionamento. Paige e eu sempre saíamos juntas, no mesmo horário. Eu abri a porta e vi o carro dela, olhei para Paige e a abracei, beijando sua boca. Ela não entendeu nada, mas retribuiu o meu beijo. Quando abri meus olhos Giulia não estava mais lá. Este foi o plano que bolei para nos manter afastadas definitivamente.

 

E funcionou.

 

Fim do capítulo


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Comentários para 17 - Capitulo 17:
thays_
thays_

Em: 24/05/2020

Infelizmente já estou sentindo como isso vai acabar :(

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