Capitulo 16
Abri os olhos e Giulia não estava mais na cama. Levantei procurando por ela, mas só encontrei um bilhete sobre a mesinha de madeira.
“A noite foi incrível, desculpe sair assim, mas precisava ver o meu pai, um beijo”.
Suspirei fundo e tomei um banho, me vestindo para sair. Precisava ir ao mercado e foi o que fiz. Havia feito uma lista de coisas que eu iria precisar.
Fui para o estacionamento entrando no carro e olhei nos três retrovisores antes de sair. Ás vezes tinha a impressão de estar sendo vigiada e depois que Giulia comentou daquele cara ficaria ainda mais atenta a coisas fora do comum. Eu já teria perdido a paciência há muito tempo com alguém assim na minha cola, ela era e estava sendo muito paciente com essa situação. Sai devagar, acelerando depois em direção ao mercado.
Achei melhor pegar um carrinho, não conseguiria carregar tudo de uma só vez nos braços. Pensava em faltar aquele dia do trabalho, não estava muito disposta. A minha formatura estava chegando e eu precisava providencia a minha beca e a roupa para a festa. Nenhuma das meninas se formaria comigo, faltavam semestres e cursos complementares para elas. Será que só eu tinha saco para administração? Acho que sim.
- O que mais? – disse olhando para o carrinho amarrotado de coisas.
Estava louca para comer lasanha, queria fazer um jantar para a Giulia e seria exatamente isso, eu mandava bem na lasanha, impossível errar. Comprei presunto, queijo e cheiro verde.
Já estava no carro guardando as sacolas quando a Paige me ligou, dizia estar com saudades e se poderíamos nos ver. Só havíamos trocado algumas palavras desde o meu aniversário, mas estávamos sempre na faculdade, rodeadas de gente e dessa vez ela queria estar a sós comigo para conversar. Marquei para nos encontrarmos à tarde em sua casa.
Voltei para o apartamento apinhada de sacolas e precisei fazer duas viagens de elevador para subir tudo. Desmoronei no sofá acendendo um cigarro e abrindo uma cerveja. Olhei para o celular, mas não havia nenhuma chamada e nem mensagem perdida. Pensava na Giulia e disquei o seu número colocando no viva-voz.
- Oi, tudo bem? – perguntei tragando o cigarro.
- Sim, desculpa te deixar sozinha.
- Tudo bem. Já esteve com o seu pai?
- Ainda não, espero que ele não me dê o cano.
- Falar nisso, quero fazer um jantar para você.
- Que lindo, não sabia que você era assim tão romântica. – sorriu.
- Você nem faz idéia do que eu sou capaz.
- Penso que não mesmo, você tem me surpreendido.
- Em que surpreendi você?
- Pensei que vocês lésbicas, não curtissem essa coisa de...
- De...
- Tipo o que você fez comigo.
- Você está falando da cinta?
- Sim...
- Nem todas gostam. E nem sei se você iria gostar.
- Adorei.
- É bom saber disso. Você é deliciosa!
- Podemos nos encontrar à noite? Ah você tem faculdade!
- Tenho os dois primeiros horários, depois estou livre, a tarde vou na casa da Paige.
- Tudo bem, estou querendo você.
- Ai... – gemi. A vontade que tenho é de pegar o carro e ir até onde você esta.
- Se soubesse onde estou não tenho tanta certeza se viria.
- E onde você está?
- Sentada em uma mesa do Roxel’s Bistrô.
- Sim, você tem razão. – sorri. Não seria nada elegante te colocar em cima de uma mesa dessas e...
Imaginei fazendo mil coisas com ela.
- Ok, mas a noite você me diz. – disse sorrindo. Meu pai está aqui vou precisar desligar, quero te apresentar a ele um dia desses.
- Será um prazer. Até a noite então.
- Um beijo!
Bebi a cerveja e fui para a sacada terminar de fumar o cigarro. Pensei nos meus pais e o que deveriam estar fazendo nesse exato momento. Havia perdido completamente o contato com o meu pai, mas sabia mais ou menos onde minha mãe estava morando recentemente. Nunca tive coragem para ir até lá, mas gostaria que ela fosse na minha formatura. Respirei fundo e entrei indo para o quarto, liguei a TV e deitei. Dei um pulo com o alarme do celular.
- Puta que pariu!
Levantei, tomei uma ducha e me arrumei para sair.
Toquei a campainha da Paige meia hora depois. Creio eu que ainda dormia, porque não me lembrava muito dos caminhos que eu havia feito para chegar até ali. Foi o seu Robério quem atendeu a porta, um senhor de bigodes e sobrancelhas grossas, com nariz agudo.
- Boa tarde Senhor!
- Oi Mel. A Paige teve que sair, mas logo estará de volta. Ela saiu com a mãe e foram até ao shopping para escolher um presente de aniversário para sua tia preferida. Entre, sente-se e fique a vontade.
Entrei e sentei no sofá da sala. Ele assistia a um jogo de basebol, comia amendoins e bebia uma xícara de chá preto.
- Não sabia que o senhor gostava. – disse com surpresa.
- Ah, de vez em quando gosto de ver. Quer um pouco de chá com amendoim?
- Eu aceito sim.
Há muito não comia amendoim torrado. Minutos depois entrou com uma bandeja de inox, me servindo de chá com um pratinho de amendoim doce e salgado. Sorri em agradecimento e enchi a boca me deliciando do aperitivo. Penso nunca ter tomado um chá tão quente na minha vida, também não me lembrava de ter queimado a língua com chá. Paige chegou meia hora depois, confesso ter cochilado no sofá e só acordei com ela me cutucando.
- Oi Paige, desculpa.
- Por que não deitou na cama!
- Não precisa, deve ter sido o chá de canela do seu pai, quer dizer, chá preto! Estava delicioso.
- Vem vamos para o meu quarto.
Segui Paige e logo que entramos no quarto todo rosa, ela me apontou a cama. Fui sem pestanejar e ela se deitou ao meu lado, mas não me abraçou, nem eu a ela. Ficamos em silêncio até eu falar alguma coisa.
- Desculpa Paige, eu...
- Não, tudo bem, eu sei que um dia isso iria acontecer, porque eu não saio de cima do muro.
- Eu a conheci...
- No bar, naquele dia que você saiu com a Margot, ela me contou, não precisa mentir para mim. – disse olhando para um par de borboletas pregadas no teto que pareciam mesmo voar.
- Sim. – e procurei a mão dela por cima do lençol.
- Por favor, não faz isso. – disse num sussurro.
- Tá bem desculpa.
- Melhor não ficar muito perto, tenho medo de não resistir e forçando você a fazer coisas que se arrependerá depois.
- Você sabe que não me arrependo de nada que tenha feito. Paige você me conhece melhor que ninguém.
- Vocês estão namorando?
- Não, oficialmente.
E ela virou-se de lado, olhando para mim.
- Por que eu não percebi que você precisava de um sinal meu? – ela disse com lágrimas nos olhos.
- Eu não poderia fazer nada Paige, por mais que tentei eu...
E ela enfiou a mão dentro da calça do meu moletom.
- Desculpa por isso... mas eu não resisto a você.
E senti dois dedos me penetrando fazendo com que eu me abrisse.
- Ai... – arfei.
E ela deitou-se sobre mim, mexendo os dedos.
- Sei que você gosta.
- Mais rápido... - gemi.
Beijava minha boca e me comia como se fosse a última vez. G*zei olhando para os seus olhos repletos de candura.
Fim do capítulo
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