"Intrecciate"
Contradictio
"Intrecciate"
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"[...] Nós mantemos este amor numa fotografia
Nós fizemos estas memórias para nós mesmos
Onde nossos olhos nunca fecham
Nossos corações nunca estiveram partidos
E o tempo está congelado para sempre... "
***
- Sabe... - sem qualquer resquício de real interesse, ela resolve "puxar assusto", afinal, era o memento apropriado, claramente. - Se você tivesse sido um pouquinho mais solícito ao meu pedido, muitíssimo educado, diga-se de passagem... - levanta o indicador enfatizando sua retórica, e por fim segue, não denotando mínimo desconforto com os resmungos por piedade nos lábios rogadores - Não estaríamos nesse impasse agora, Mohammed! - com inclinar da cabeça, ela encara suas unhas e desaprova veementemente o que encontra (estavam perfeitas, meu caros) - Isso está um desastre, Mohammed, não acha?! - a interrogação pintou a bela face, em seu monologo sem nexo.
- P-Por favor... Se-senhorita M-Melanni-ni-e! - outro rogo veio, mas logo foi interrompido pelo contato, digamos... Nada gentil, do seu maxilar quadrado contra punhos velozes e simultaneamente rijos.
-Ora, meu caro Mohammed... - contorceu o corpo delgado, sentindo uma ponta de tédio - Agora, receio, não poder ajudá-lo! - pontua consternada, mas a falsa tristura nuca se foi das avelãs - Você irritou muito minha irmãzinha, ai... - apontou com a cabeça em direção da mulher ofegante, mas a atenção estava completamente focada em sua tarefa... Reparar uma imperfeição imaginária que a manicure deixou passar. - E... Quando isso acontece, ela fica um pé no saco... Lamento amigo, eu realmente gostava de você! - explica, levando uma das mãos magras á altura dos olhos e analisa seu feito, com auxilio da pequena lixa, "As unhas estavam maravilhosamente feitas".
- M-mas, S-se-nho-rita Melannie?! - exclamou em um árabe sofrido - E-Eu juro que não sei onde a garo-ro-ta est... - e cá estava outra "investida" de seu rosto contra os punhos naturalmente pálidos, mas agora flagelados por pequenas fisurras.
- Melannie, eu estou perdendo a paciência com esse cara! - rosnou Castiel e um rouco intimidante.
E como esperado, lá estava o "pobre senhor Mohammed"- concepção da própria de d'Angelis- voando feito um pássaro de uma extremidade do "cafofo" á outra, mas infelizmente não tinha assas e mais tarde isso lhe causaria um enorme desconforto na altura da coluna lombar. Por hora, apenas lhe rendeu uma moderada falta de ar.
- Ouviu isso, Mohammed? - indaga ao homem impossibilitado de responder - Ela está pendendo a paciência!- negou com a cabeça, em um nasalado desapontamento.
Ainda concentrada no magnético movimento pendular de uma das suas pernas, cruzadas confortavelmente sobre sua coxa delgada, Melannie rola as avelãs nas orbitas vendo a irmã arrasta o corpo de Mohammed até o parapeito da sacada minúscula.
- Ultima chance, babaca! -decretou Kath impaciente, pendurando o apavorado homem pelos pés - Onde está a garota "Curandeira"? - rosnou entre os dentes serrados.
- SENHORITA MELANNIE... - pôs-se a gritar em desespero, sentindo a gravidade esmagar seu cérebro contra o crânio - SENHORITA... E-eu imploro... Por Alá, eu já disse... P-por f-favor, O sheik me ma-mataria se-se...
- Um... - rugiu Castiel dando inicio a contagem regressiva.
- SOCORROOOOO... - rogou tomado pelo pavor - SENHORITA! - apela fervoroso, as lágrimas já rolavam em direção a testa morena.
Um sonoro suspiro resignado, mais alguns passos lentos e preguiçosos depois, trouxe d'Angelis para o contexto, no mínimo inusitado, que discorria no pequeno espaço tomado pelo negro do céu estrelado, entretanto, certamente apavorante para o homem pendurado de ponta cabeça por uma das pernas, com todos os seus incríveis 75 kg de puro osso sustentados pelo aperto de Emanuella em seu tornozelo.
- Mohammed, eu gostei tanto de você, meu caro, acredite... - Melannie confidencia, mas uma vez - Nós só precisamos saber onde as meninas do Sheik vivem, só isso! - entortou a boca, com a "simplicidade" dos fatos. - E é por isso que vou dizer á Kath, aqui... - tocou o ombro da de olhos azuis. - Para trazer você de volta para terra firme, aqui em cima. O que acha dessa idéia? - indaga, ganhando milhares de "ÓTIMA, SENHORITA" em resposta - Então você só precisa dizer para como encontramos a jovem Tandara! - pontua a condição, escorando o corpo despreocupado sobre a mureta.
- Eu nã... - infortunadamente, Mohammed, não pode completar mais uma de suas enésimas negações.
Os pés escorregaram "acidentalmente" do aperto pálido e a gravidade fez seu trabalho.
- Kath, acho que o senhor Mohammed não merecia esse tratamento indelicado! - Melannie "repreende", perscrutando o corpo enroupado em uma kandoora espatifado á não mais que 2m abaixo de onde estavam - Eu realmente gostava dele!- bufou entristecida.
- Seu precioso Mohammed, no máximo, terá um desconforto na coluna quando acordar, d'Angelis! - desdenha Castiel, rolando os olhos e caminha para longe dali.
- Foram momentos mágicos, meu amigo Mohammed... Vemo-nos por ai! -sussurra Melannie em tom saudoso e corre para encalço da irmã, não sem antes fazer uma espécie de reverencia solene.
***
- EU ME RECUSO! -disse firme e cruza os braços, arrebitando o pequeno nariz.
- Nenhuma "concubina" tem a opção de se negar a comparecer quando o Sheik deseja!- esclarece o brutalmente, vulgo segurança, em árabe.
- Pouco me importa os desejos desse velho fedorento, já lhe disse... NÃO IREI! - berrou, para se fazer por entendida.
- Olha só garota, eu não estou com paciência hoje!- decreta ele, agarrando a menina pelo braço magro,
O estardalhaço e protestos veementes da jovem alertaram todos pelos corredores por onde era arrastada. Em dado momento podia se ouvir o "UH!" da platéia, quando a menina franzina achou uma pequena brecha e não hesitou em investir contra os "países baixos" do segurança. Mesmo irado e sem fôlego, a porta ambulante continuou a arrastar-la pelo caminho, parando diante de uma porta dubla de material nobre que ia do chão coberto por tapete ao teto.
Com um sutil toque, as postas cederam passagem apenas para o corpo magro ser lançado violentamente á dentro e depois foi cerrada.
- És realmente bela como dizem, Curandeira! - exclama o home barbudo, admirado com as esmeraldas radiantes - Belíssima... - silabou mais uma vez correndo as mãos ásperas pela pele sedosa e delicada como pêssego.
- Não se encoste a mim, seu verme!- rosnou a jovem mulher, repelindo o toque indesejado com um tapa certeiro.
- Arisca como uma égua no cio! - gargalhou o soberbo sheik, mostrando os dentes amarelos - Não tenha medo, minha linda... - diz ele, aproximando-se outra vez da menina com um sorriso sedutor - Vou domar-la direitinho! - o sorriso nauseante se alarga quando Tandara se encolhe á parede com os verdes rasos pelas lágrimas, sem ter para onde fugir.
***
- Como ela está? - Indaga Katherine descansando os ombros no batente da porta, enquanto os azuis acompanham o trabalho do homem.
- Ela está fraca e desnutrida, mas acordará em algumas horas... - diz o médico auscultado a mulher deitada no meio da enorme cama- Não tenho um diagnóstico ainda, mas as expectativas não são positivas!- lamenta.
- Significa que não sabe o que ela tem! - conclui exasperada.
- Senhorita Castiel, eu lamente, mas precisaria de exames mais apurados e o histórico clínico da Senhora Martinelli para concluir quais queres suspeitas! - esclareceu o jovem médico, preparando-se para sua próxima consulta. - Por hora, senhorita, recomendo mate-la longe de situações estressantes e com as medicações indicada em dia!
- Certamente... - confirma Kath - Obrigada por tudo, doutor! - despediu-se com um aperto de mão.
Á passos lentos, Emanuella, acomoda o corpo cansado na borda da cama. Os azuis escuros foram para a face pálida e sem vida, e mesmo não perdendo a altivez, parecia-se com uma inofensiva mulher.
Era como se os sentimentos em relação à genitora começassem a revirar em seu peito. Odiava-a, isso era claro para si, contudo ainda havia uma rusga de sentimento inominável em seu coração pela impiedosa Capo.
Talvez fosse apenas um desconforto por ver-la naquele estado vulnerável, não sabia dizer, mas certamente não era momento de tentar entender aquilo.
- Quem é você, Merida? - em um suspiro exasperado, Kath inclina a cabeça sobre as mãos escoradas aos joelhos pelo cotovelo - Quem é você...
Será a desprezível dama de ferro que todos temiam. A mulher violada que Diana pregou ou a confusa e contraditória mãe que a carregou nos braços para fora daquele maldito cativeiro?
Não sabia dizer, contudo algo martelava em sua mente... Ela não estava nada bem.
E Katherine prometeu a si mesma que assim que estivesse com Tandara, descobriria toda a verdade por trás da máscara de Capo impiedosa que Merida usava.
Toques tímidos na porta anunciaram a chegada de Melannie.
- Kath, tem um minuto? - indagou a mais nova desviando as avelãs dos azuis para a mãe adormecida e suspirou incomoda.
- Claro... - limpou a garganta - O que precisa? -indagou junto da irmã.
- Eu acho que eu encontrei uma forma de estarmos no mesmo lugar que a Lazzari, sem levantarmos grandes suspeitas! - exclamou apressada, guiando a irmã para outro cômodo.
***
- Iara Muller? - a voz rouca alcançou à loira, tão rápido quanto o dono - É mesmo a residente mais inteligente, promissora, brilhante e irreverente que já pisou as dependências do "Hospital General Muller's & associations", parada bem diante dos meus olhos? - o cenho moreno franziu indagador.
- Davi? - Indaga a medica, estreitando os verdes para o robusto homem á diante de si - David Alcântara? - os lábios rosados se curvaram em um perfeito "O" surpreso.
- Em carne e tecido adiposo, minha cara! - Gargalhou ele, pronto para receber a pequena mulher em seus braços.
- Deixe de besteiras, homem... Está em plena forma! - constatou a loira extrovertida, indicando um lugar á mesa que ocupava, para o recém chegado.
- Você nem brinque com uma coisa dessas, Lara... - Repreende o de cabelos escuros, enquanto os castanhos vasculham o restaurante procurando por algo - É bem capaz daquela sua "namoradinha" intragável sair de trás de uma dessas muretas e me fatiar em pedacinhos! - um sorriso perfeitamente alinhado ilumina o rosto jocoso, amparado por uma barba rala e bem modelado.
- Castiel... - cortou-o - Katherine Muller Castiel, esse é o nome dela! - assistiu o sorriso horrivelmente brilhoso diminuir aos poucos, até de se desfazer por completo - E infelizmente minha esposa não poderia estar presente! - completa Muller, sentindo o desconforto que tal constatação causava em seu coração mais que saudoso, contudo a plena certeza de que isso não duraria muito tempo, assegurava a si mesma... Poderia sentir que estava no caminho certo.
- Você sumiu mulher... - mudou de assunto, revirando-se desconfortavelmente na cadeira acolchoada - Faz anos que o pessoal não tem notícias da Cardiologista mais bem sucedida do Brasil! - Engata, enquanto o garçom lhe ofertava um cardápio.
- O trabalho e a família têm sugado meu tempo, meu caro... - o sorriso da loira cresceu ao lembrar-se da filha - Mas me conte, o que o administrador prodígio do "grande" doutor Augustos Muller faz perdido em Dubai? - indaga, levando sua taça aos lábios e bebericando delicadamente - Achei que estivesse á frente da administração de uma das filias Muller's & associations em território argentino! - comentou, votando a apreciar sua magnífica refeição, logo que seu acompanhante foi devidamente servido pelo jovem garçom.
- Eu moro aqui, tem alguns meses já... - revelou orgulhoso, sem desviar os olhos das esmeraldas - Trabalho para um poderoso petroleiro. Inclusive, gostaria de convidá-la para me acompanhar á uma esplendorosa recepção no palacete dele, garanto que irá amar! - sorriu matreiro - E já vou lhe dizendo que não aceitarei recusas, Larinha! - completou com uma piscadela, não deixando espaços para uma recusa por parte da mulher.
Como um lampejo, a intuição da loira ousou ponderar que ter um aliado em sua busca, já que estava em terreno totalmente desconhecido por si, fosse uma excelente oportunidade.
***
- Por favor, Kath... - o tom poderia ser confundido com o da pequena Angel em uma pedido manhoso, mas era apenas Melannie. - Precisamos que você entre lá como a herdeira da temida dama de ferro, a Capo Siciliana, e para o disfarce vigorar, é imprescindível que não seja reconhecida como Katherine Castiel, a mulher baleada e morta á quase dois anos por "inimigos políticos" do atual chefe de Estado do Brasil, Pedro Castiel! - repassa Melannie, pela centésima vez, todos os seus argumentos para corroborar com aquele "disparate" de idéia, palavras de Emanuella.
-Não, não, não e não! - incisiva a jovem Castiel decretava e a carranca desgostosa só fazia aumentar.
- Kath... - "Droga!", foi tudo que a policial conseguia pensar, olhando para os orbes avelãs brilhantes e "pidonchas" - Por favor, maninha! - piscou rápido, com as bochechas adoravelmente rosadas.
- Droga Melannie... - esbravejou, soltando uma grande e derrotada lufada de ar - Não me olhe assim!- repreendeu-a, tentando manter-se firme e caminhou para longe daquela... "chantagista de araque".
- Diga sim, então! - falou em tom manhoso, juntando as mãos em suplica na frente do mínimo biquinho - Por favor...?! - sorriu travessa.
- Urgh... - rosnou irritadiça, por constatar a prévia do próprio fracasso em negá-la - Os deuses foram sábios em me manter longe desses seus... - desapontada, buscou um adjetivo que mensurasse o que os azuis viam. A expressão de "cachorrinho que caiu da mudança, porém fielmente crente de seu resgate", ironizando sua relutância na face da irmã gêmea -... Olhozinhos adoravelmente sagazes e chantagistas! - desistiu, por fim, deixando os ombros caírem derrotados - O.K! - revirou os olhos para pequena explosão de ansiedade de d'Angelis - Nem Angeline consegue ser tão manhosa assim, Melannie, por deus! - maneou a cabeça em negativo, agora rindo da "estratégia" infantil por parte da irmã.
- Maravilha! - O enorme sorriso branco pintou os lábios matreiros - Vou fazer uma ligação e começaremos a transformá-la na "Putanna fascista filha" mais gata que toda há Dubai um dia conheceu! - Correu para a porta com a euforia extrapolando seus porros.
"Deus?!"
Era para ser um pano simples:
Invadir a fasta que o Sheik daria em seu palacete, rezar para que, dentre mais de trezentas concubinas, ele escolhesse sua sobrinha para acompanhá-lo, então elas á tomariam e sairiam o mais rápido possível de lá com a filha de Tiago Muller. Entretanto, Melannie, insistia em dizer que não poderiam sair do personagem e ser reconhecida como um "Lázaro (personagem bíblico ressuscitado por Jesus) invasor" por quem quer que fosse, no meio de um salão cheio de magnatas e petroleiros, em uma das instalações mais bem vigiadas e protegidas de toda a Arábia saudita, convenhamos, não era uma boa opção.
Para ser bem realista, aquele plano tinha todos os ingredientes possíveis que o fadava ao fracasso, contudo não poderia deixar de tentar. Era a ultima opção, se não quisessem criar uma pequena guerra, claro.
Como se lembrasse de algo, a saltitante Melannie detém seus passo afoitos, tirando as engrenagens da irmã de suas divagações.
- Hã... Kath? - chamou a italiana, voltando-se para a maior.
- Melannie, eu juro por deus que... Se tentar me colocar dentro de uma daquelas burcas horríveis em nome do "disfarce", eu te jogo pela janela! - Rosnou Castiel, enfezada.
- E-eu... - esfregou a nuca em sinal de nervosismo. - Queria me desculpar pelo que disse outro dia, sabe... - engoliu em seco, desviando as avelãs dos azuis surpresos. - Você é pessoa mais forte, incrivelmente corajosa e altruísta que eu conheço! - sorriu acanhada - Eu estava com raiva, mas não tinha o direito de dizer aquelas coisas. Enfim... - endireitou os ombros em pigarreio - Só queria dizer que... Estou muito feliz por você ser minha irmã mais velha! - conclui com sinceridade, aproximando-se da jovem paralisada, depositou um beijo carinhoso nas bochechas pálidas, antes de retomar sua marcha saltitante.
Um sorriso enorme pintou os lábios avermelhados, assim que seu cérebro decodificou as informações que acabara de receber.
- Eu também te amo, Sorella (irmã)... - sussurrou abobalhada, com os azuis tempestuosos estáticos no caminho deixado pela italiana.
***
**Brasil**
- Como assim desapareceu? - Requereu ele, sem qualquer resquício de paciência - AS COISAS NÃO DESAPARECEM DO NADA, CORONEL! - vociferou.
- Senhor presidente, queira compreender, por gentileza... - começou o homem para diante da personalidade alterada de Pedro Castiel. - O Alarme do cofre não disparou em momento algum. Não há nada de suspeito nas gravações e nenhum invasor ousaria roubar um batalhão das forças armadas! - Defendeu-se o coronel.
- Então o que há de ter ocorrido, Coronel, em?! - indagou, exasperado - Ela foi tirada do seu "precioso" cofre por TELEPATIA?- ironizou, espumando ódio pelos cantos da boca - Eu preciso que traga aquela maleta para mim e mate qualquer um que tenha tido contato com o mínimo de informações sobre o conteúdo trancafiado nela! - categorizou, dando por encerrando o assunto.
- Mas senh...
- É UMA ORDEM CORONEL SOUZA! - esmurrando a mesa com punhos cerrados.
- Sim, senhor presidente! - concorda o coronel cabisbaixo.
***
No auto do céu de Dubai, holofotes anunciavam que o palacete do Sheik Zayed estava em festa aquela noite.
Os convidados dos mais elevados níveis na "cadeia social" transitavam em direção a enorme entrada. Nas dependências do palácio a música tornava-se estrondosa, denotando o sentimento lascivo e pomposo que tomava á todos.
As mulheres, de todas as partes do mundo, ornadas pelas jóias mais caras e preciosas, em seus vestidos elegantes e rebol*do sexual, traziam significância á palavra luxuria. Os homens, enlaçando a cintura de suas belas acompanhantes, andavam pelo salão imenso, com o peito inflado em soberba e aristocracia, ostentando todas as riquezas e poder que detinham.
A lamborghini, modelo veneno roadster, ano 2020, tão majestosa quanto negritude do céu ou um garanhão de pelos sedosos contra a luz da rainha lua, atravessou os enormes portões revestidos á ouro puro. Ao passo que rasgava os infindáveis quilômetros de gramada verdejante, o ronco estrondoso - capaz de proporcionar orgasmos aos mais leigos entre os amantes da mecânica e aerodinâmica - requeria para si toda a atenção dos reles mortais telespectadores ali presentes.
Estacionando diante da escadaria acarpetada pelo vermelho camurçado, a opulenta maquina cessou seus movimentos.
O manobrista, antes mesmos que as portas se arqueassem, correu apressado para auxiliara os ocupantes no desembarque.
Qual não foi a surpresa do jovem franzino ao avistar a figura imponente, como uma realeza, saltar de seu "garanhão real".
Enroupada em um elegante e fino smoking de camurça negra, colete e gravata, tudo como manda o figurino, ela recusou as mãos estendidas para si e rodeou o "possante" á passos firmes, tomada dos pés á cabeça por uma áurea de poder. Quedando-se ao alcançar seu destino, entendeu as mãos pálidas e gentis á acompanhante no banco carona.
- Sorella... - Com um sorriso torto, o rouco fez-se presente em um Italiano rebuscado.
E de lá saiu a bela dama fatal, em vestido vinho, modelando o corpo delgado, como uma escultura talhada por um artista. Uma fenda enorme desprendia dele, deixava á mostra as belas e torneadas coxas e sandálias prateadas.
Sorrindo casualmente para o gesto de gentileza, a italiana recebeu de bom grado as mãos auxiliadoras para si e endireitou-se graciosamente ao lado da outra.
- Il platino ti si addice fatalmente, Sorella (A platina fatalmente combina com você, irmã)! - o sorriso inebriante pintou os lábios rubros, ao mirar a irmã mais uma vez, orgulhando-se de seu "trabalho".
- Devo ammettere Che mi è piaciuto Il nuovo look, evidenziare i miei occhi (Tenho que admitir que gostei do novo visual, destaque meus olhos)! - o meio sorriso torto, tão característico, desenhou-se nos convencidos irreverentes lábios avermelhados. Arrastando os dedos pelas madeixas, não mais negras, mas agora platinadas e estrategicamente revoltas em sua liberdade, Emanuella dedicou-se a lançar a chaves da lamborghini ao rapaz bestificado. As orbes negras, fixas ás pernas morenas de Melannie, não atenuavam sua admiração. - In Italia, è consuetudine rimuovere gli occhi irrispettosi di coloro Che osano guardare Le caviglie della sorella minore di un capo (Na Itália, é costume remover os olhos desrespeitosos daqueles que ousam olhar os tornozelos da irmã mais nova de um chefe)! - pontua Kath, com os azuis cintilantes e gélidos sobre o pobre motorista - Capisce (compreende)?! - indagou, com uma sobrancelha grossa arqueada.
- S-Sì Signora, perdonami! - Apressou-se em dizer o rapaz, desviando os olhos para o chão mais que depressa.
- Queira me acompanhar, Bella Donna! - estendeu um braço para a irmã, que não tardou em enlaçá-los e seguir para o interior do salão.
- Não precisava assustar o pobre rapaz assim, Emanuella! - Observou d'Angelis enquanto perscrutava o luxuoso Hal - Assim vou achar que tem ciúmes de sua sorella minore (irmã mais nova)! - Prendeu o riso matreiro, deliciando-se com "super proteção" destinada á si.
- Não fantasie irmãzinha... - Rolou os azuis, e continuou - Estou apenas interpretando minha personagem! - contatou, tentando manter a postura rígida.
- Oh... Certamente!- Zombou a italiana, reafirmando sua ironia nata.
- Lembre-se do plano... - Emanuella diz, separando-se da irmã - Entrar sem levantar suspeitas, encontrar a garota e sair com ela o mais rápido possível! - reforçou a ex-policial, ao alcançar o salão, já tomado por convidado.
- Capisce, Signora Martinelli! - Exclamou ela, ajeitando discretamente o ponto de comunicação em seu ouvido e em rebol*do gracioso, ganhou o ambiente, misturando-se aos outros convidados.
***
- Isso, é de fato, estupendo, caro Alcântara! - exclamou a loira, encantada com tamanha beleza e glória histórica que as paredes do palácio árabe redargüiam.
- Eu disse que não se decepcionaria, Larah! - sorriu convencido, estufando o peito e cedendo o antebraço a bela loira Muller - O Sheik é um amigo de longa data da família e conseguiu engajar-me em cargo de destaque em seu império, portanto me considero um sujeito de sorte em poder administrar parte deu seu império! - explana, desfilando pelo local cercado de luxuria e poder.
Iara estava tão bela quanto poderia, ou seja... Magnífica. Enroupada em um vestido estilo Árabe longo, na tonalidade do azul marinho e veludo, mantinha o brilho sedoso da pele dourada no ombro direito á mostra e a fenda lateral, contrastando em maravilhosa harmonia, com a longa manga esquerda - Caia-lhe como uma capa- frisada em ouro e cristal entendia se sobre as costas. Como retoque final ao espetáculo, uma fivela dourara, modelava o tecido leve á sua cintura fina. Igualmente as madeixas loiras, em um coque elegantemente frouxo no alto da cabeça, enaltecendo a face delicada e bem maquiada.
- Obrigada! - murmurou Muller, recebendo uma taça generosa de espumante.
- Imagine, doutora! - O moreno em um smoking branco, devolveu - E... Não poderia ser tolo ao ponto de não admitir como estas belíssima nesses trajes! - o sorriso largo cresceu galante - Tão bela quanto à própria Afrodite! - comparou David, com uma piscadela sensual.
Iara não respondeu a gracejo do homem, sentia-se extremamente incomoda com o olhar desejo sobe suas curvas. Mesmo assim, abriu um sorriso forçado ao jovem e deixou-se ser guiada pela cintura até a pista onde casais flutuavam ao som das mais diversas melodias.
"Faça por Kath, Iara... foco!" - Repetiu o mantra em sua mente.
A questão era simples... Diplomacia era fundamental naquele momento.
Precisava de informações sobre o paradeiro possível da esposa e aquela cidade havia sido o ultimo rastro dela, mesmo que há meses atrás, então com alguma sorte Muller poderia encontrar algo. Portanto teria que manter uma linha tênue de simpatia para com deu possível aliado, que agora a arrastava pela pista de dança com as mãos indecorosas em sua lombar.
***
Castiel, ou melhor, Emanuella Martinelli a herdeira da Capo Siciliana, perscrutava por todos os lados, buscando algo que indicasse a localização do Sheik Zayed e conseqüentemente a filha do falecido amigo.
Permaneceu na área segregada aos convidados e mantinha comunicação com a irmã pelo "ponto" discretamente escondido entre as madeixas platinadas, enquanto a irmã tentava encontrar a sala da segurança, assim não ficaram á segas no meio de todo aquele movimento.
- Kath... - chamou a voz em seu ouvido - Acho que teremos um pequeno... - o estrondoso ruído de algo se quebrando interferiu na comunicação - Atraso... - recuperou-se a locutora e seguiu - Em nosso plano de tomar a sala de segu...-parou abruptamente - Segurança! - outro ruído e um suspiro resignado depois, Melannie completa.
- Mel... Tem certeza que está tudo bem por ai? - indagou Manu, sorrindo á garçonete que lhe oferecia uma taça de espumante - Grazie! - Agradeceu e continuou a caminhar em uma investigação velada á cada qual que tomasse sua atenção por mais de alguns segundos
Os ruídos que vieram dessa vez quase perfuraram o cérebro da mais velha, antes de anunciarem uma d'Angelis ofegante...
- Dá próxima vez que formos a uma missão disfarçada, eu serei a "Putanna fascista filha"! - reclamou da injustiça que se desenhava em sua mente - Eu aqui, fazendo o trabalho árduo e você flertando com a garçonete gostosa! - resmungou entre dentes, pois fazia um esforço homérico para carregar o corpo desacordado do segurança para longe do corredor - Merda borghese (burguesia de merd*)! - contatou, alinhando o penteado perfeito e cerrando a porta onde desovara o brutamonte.
- Lamento, mas eu tenho o perfil mais adequando para o papel, d'Angelis! - gracejou a mais velha, zombando das injurias da irmã.
- Nisso temos que concordar! - afirmou Melannie, esgueirando-se pelos infindáveis corredores do palacete - Finalmente! - comemorou, sentando-se confortavelmente em uma poltrona diante da enorme tela de vídeos da segurança. Cada pedaço daquele enorme palacete, estava agora abarcado pelas avelãs.
- Droga! - Rosnou a Kath, desviando os azuis de um dos convidados em específico - Melannie, receio que fomos descobertos! - andou apressada para fora do campo de visão do homem que acompanhava com cenho franzido.
- Em? - indagou a menor confusa.
- O maldito carcereiro... - esclarece, em uma fuga silenciosa, tendo o homem em seu encalço - Eu jamais esqueceria aqueles olhos frios e desprezíveis! - Kath referia-se ao homem que a mantivera cativa por intermináveis meses, sem comida, água ou qualquer dignidade. O mesmo horrendo ser que levara Tandara para longe dos azuis da ultima vez.
O som quase imperceptível da diversão que embarcava os convidados, ficava cada vez mais distantes para a percepção de Emanuella, denotando que estava se afastando ainda mais do ambiente restrito aos convidados, tendo agora não um, mas uma meia dizia de seguranças á sua cola.
- O que pretende fazer? - Sugeriu Melannie encontrando a cabeleira platinada na tela de vídeos.
- Plano B! - Exclamo Castiel como sorriso maquiavélico na face dura, sentindo o sangue correr com a adrenalina e excitação por todo o corpo.
Em um movimento furtivo, a jovem entrou em uma das portas inúmeras portas que constituíam o labirinto de corredores. Nas câmeras, d'Angelis não poderia acompanhá-la, já que o cômodo estava afogado pela escuridão.
- Dios mio... - Murmurou a morena, quando um dos seguranças do Sheik abriu a porta com uma arma empunhada. Sua preocupação naquele momento não se estendia á irmã e sim ao jovem rapaz.
Com um movimento rápido, Emanuella lançou a arma em um quanto qualquer do cômodo escuro. Os azuis, ao contrário do oponente, já haviam se acostumado com a falta de claridade, por esse motivo foi fácil para a maior empurrá-lo contra a parede, enquanto as pálidas mãos firmes foram para a gravata negra do oponente e com uma pequena pressão, cortou o oxigênio para o celebro.
- Um já foi... - anunciou a irmã, saindo do quarto e voltou a caminhar, não sem antes alinhar o nó da gravata e abotoaduras no punho.
- Faltam cinco! - observou a irmã, suspirando exasperada. Com as avelãs grudadas na tela, acompanhou mais cinco dos homens, incluindo o tal torturador que era o único em um terno de cor diferente, assim com o hijab, cruzarem o corredor que daria de frente com Emanuella - Kath, vai para esqu...
Tarde demais, contatou Castiel, quando os azuis bateram contra o grupo de brutamontes.
- Ei... - gritou o de terno diferente - Você mesmo, sua puta!- reforçou o árabe, quando a maior girou o tronco buscando certeza de que era ela a pessoa certa para o chamado - Você é aquela maldita que me custou alguns milhões fáceis, sua vagabunda maldita! - rosnou enfurecido
- Olhem só, se não é o "excrementissímo" carcereiro! - o rouco sarcástico cortou o corredor, produzindo uma onde de ódio ainda maior no homem - É um enorme desprazer revê-lo! - Pontua, cerrando o maxilar, para conter o desprezo que emergia em seu interior.
- Onde está aquela puta velha e desprezível que veio ao seu socorro? - espumou em ódio - Vou estripá-la pelo que fez ao meu rosto! - apontou para a cicatriz enorme na face esquerda.
Certo, agora ele havia extrapolado a paciência- que nessa altura do campeonato, todos sabemos que era quase inexistentes - de Castiel. Uma coisa era Melannie chamando a mãe de "Putanna fascista", outra era esse excremento em forma de homem parado a diante de si, ofendendo suas origens desse modo.
- Mel? - chamou pela irmã - Lembra-se da descrição? - indagou, sem tirar os azuis tempestuosos do homem - Esqueça! - pontua Castiel.
- Che i giochi inizino (que os jogos comecem)! - sussurrou Melannie no ouvido da irmã.
Foi preciso uma fração de segundo para que o embate tivesse inicio.
Para que estivesse de fora, pareceria uma luta injusta, cinco homens robustos contra uma mulher. Entretanto, para os envolvidos, não era bem essa a impressão.
Não quando Emanuella correu na direção do grupo e o primeiro engravatado esperou um golpe na altura dos membros superiores, mas com uma inversão veloz o pontapé veio de baixo. Para ser mais exata, como uma espécie de carrinho, a maior deslizou pelo piso liso e seus pés foram diretos ao joelho do oponente e tudo lhe restou foi desmoronar no chão urrando em dor.
- Uih... - Com uma careta retorcida, d'Angelis lamentou pelo homem.
Amedrontado, o antigo carcereiro, sacou de sua arma e atirou na direção do vulto negro, mas esse foi o seu segundo erro da noite, pois a jovem estava bem abrigada atrás do escudo humano que o próximo oponente lhe proporcionou. O equivoco não foi atirar contra a mulher, foi não acertá-la de imediato, isso reduziu seus aliados e atenuou ainda mais a raiva e adrenalina que serviam de combustível para Emanuella, que não tardou em se livrar de mais um dos capangas, empurrando-lhe a cabeça contra a parede, os azuis assistiram-no cair desacordado.
Agora restavam dois...
O frio cortou as vértebras da Platinada quando o homem de dois metros e uma considerável massa muscular partiu em sua direção como a ultima linha de defesa que separava o "líder" da ameaça.
- Porr*... - murmurou em um lamentou a jovem, sabendo que aquele embate lhe causaria mais que alguns arroxeados e contrariando seus instintos, partiu para embate.
***
- Cá está meu homem de confiança! - Exclamou em árabe o velho Sheik com um sorriso travado no rosto rugoso ao notar o moreno aproximando-se - Que prazer ter-lo conosco, David!
- Sheik Zayed, é uma honra, senhor!- saldou-o animado - Querida, gostaria de apresentá-la ao meu chefe, Sheik Zayed Al Maktoum! - exclamou Alcântara puxando a loira pela cintura para mais perto do corpo de pedra.
- Por Alá, meu caro... - constatou o velho, cheio de luxuria indiscreto ao passo que seus olhos analisaram a constrangida Muller - Essa é das boas. Onde encontrou tão bela mulher? - indagou ao Orgulhoso "serviçal" que inocentemente exibia a loira como um mero troféu.
Ultrajada pela forma humilhante com a qual fora tratada, Iara preparava-se para dar as costas ao Sheik e também ao babaca do "aliado inútil" - "Foda-se a diplomacia e as alianças!" - jamais admitiria passar por tal disparate outra vez, prometera a sí mesma diante de toda humilhação que sofrera com Vithor, sentiu o aperto truculento de David mantê-la cativa contra seu corpo.
- Vamos querida... - sorriu-lhe o homem, desconsiderando o ódio inflamar os verdes - Cumprimente o anfitrião!
***
"Certo, talvez os deuses estivessem punindo-a pelo lançamento livre que fizera com o pobre senhor Mohammed!" - Pensou Emanuella sentindo o gosto metálico queimar-lhe a garganta seca.
Esse tinha sido a terceira vez que o corpo magro aterrissava no chão duro e em todas as anteriores o ar fugia do seu pulmão, mas essa foi em dispara a pior, pois alem da falta de ar, havia uma dor lacerante em sua cabeça.
- Acho que essa é a hora que você para de brincadeiras e se rende, vaca! - exclama o líder do bando, sentindo-se triunfante diante da cena que se depreendia sob seus olhos.
- Olha... - Castiel ofegante, com dificuldade extrema, fica sobre os pés - Seu cãozinho de guarda sabe bater! - Sorriu torto, ajeitando as madeixas platinadas para traz - Vejamos agora se ele agüenta apanhar...
Um, dois, três; droga, quatro socos depois e a muralha Humana não saia do lugar.
- Kath... - Melannie pigarreou - Não quero interromper o momento "Davi e Golias", mas é que eu tenho três noticias!
- Será q-que daria pa-ra esperar um m-minutinho, Mel? - Indagou entre dentes. O pálido da face, agora se assemelhava ao vermelho tomate - T-To m-mei se-sem ar! - Esclareceu á irmã, como se ela não pudesse ver o brutamontes acorrentando-a pelo pescoço contra a parede.
- Então, é que não vai dar para esperar... - pontua ela com os olhos em um canto especifico da tela de segurança, enquanto os dedos trabalhavam freneticamente nos comandos dos aparatos sobre a mesa - Como eu ia dizendo, eu tenho uma noticia excelente...
- Excelente... Jura?! - ironizou Castiel, livrando-se do aperto do outro e revidando com um soco certeiro nas costelas desprotegidas do oponente.
- Posso terminar?! - Tudo que ganhou em resposta foram ruídos, portanto isso lhe pareceu uma resposta satisfatória - Enfim... Tenho a excelente, a ruim e a extremamente péssima! - pontua - Qual você que primeiro?
- Vai.se.fuder! - Rosnou Castiel do outro lado da linha, antes de uma pirueta do ar encaixar a coxa grossa na nuca do gigantesco homem. Contudo nem todo o seu tamanho serviu-lhe de ajuda para impedir o estalo em seu pescoço, ocasionado palas habilidosas mãos da platinada, denunciando que o último homem fora ao chão - Eu quero a excelente! - Falou ela, com os azuis mortais sobre o torturador munido de um pequeno revolver que agora, lhe pareceu inútil para sua defesa.
- A excelente é e que encontrei o que procurávamos... - As avelãs focaram na figura de Tandara, enlaçada pelo Sheik - A ruim é que ela é a dama de companhia do Sheik!
- Não era para essa ser a péssima? - Indagou, com seu joelho esquerdo contra a face quadrada de seu antigo carcereiro, a esse ponto a arma já tinha sido arrancada de suas mãos tremulas, sem qualquer delicadeza ou reverência.
- Nada é tão ruim que não possa piora, querida Kath... Lei de Murphy, lembra-se?!
- Em uma escala de péssimo, esse ruim seria quanto, Melannie? - Indagou exasperada, mas isso quem sentiu mais foi o seu oponente, recebendo um belo chute no rumo do estomago.
- Isso depende... - ponderou d'Angelis, tendo plena certeza de que seria mais do que péssimo para a irmã - Quão ruim seria, hipoteticamente falando; claro, se sua adorável esposa estivesse em Dubai? - indagou, como sem maiores pretensões.
-O quê quer dizer com isso? - assustou-se ela com a possibilidade de sua esposa estar ali. Um arrepio gélido correu o corpo em brasas e mais uma vez, quem arcou com as conseqüências fora o pobre homem.
Desta vez não foi um soco, ou uma joelhada, entretanto o velho vaso de porcelana chinesa, não teve a mesma benevolência... parti-se contra o crânio do mesmo.
-Certo, acho q já tenho uma idéia da sua resposta... -sorriu debochada, mas sua preocupação aumentava em escalas estratosféricas ao passo q acompanhava o desconforto na postura da loira na tela - Bem, e quanto pior seria, caso um moreno pomposo e galante estivesse com as mão na lombar da sua linda mulher e pelo que se pode ver, as intenções não são nada honradas, expondo-a como um troféu á todos os convidados? - a careta que pintou a face delicada da italiana seria cômica em outra situação, mas esse não era o caso.
Munida de toda a raiva em seu íntimo, provocada pelo corrosivo ciúme que a cena, não tão hipotética assim, desprendeu a jovem, Castiel, sem qualquer resquício de piedade, afogou a cabeça do homem contra a enorme mesa de vidro. Fora suficiente para desacordar seu oponente, assim como fizera á todos os outro.
Como um touro enjaulada, arqueando as costas em riste, ela rumou para junto do salão, enquanto ia ajeitando sua vestimenta pelo caminho, ouviu a irmã no ponto uma última vez.
-É agora que as coisas ficam interessantes... -murmurou em empolgação infantil.
***
Iara caminhou á passos rápidos para o toalete feminino e seu coração só se acalmou quando alcançou a segurança do ambiente espelhado.
"Céus... como sairia dessa situação agora?!"
Não deveria ter aceitado o convite para essa festa, nem ai menos baixado a guarda ao amigo de adolescência, dedicando-o confiança de que aquele evento seria tranqüilo e passariam despercebidos.
Contudo o que mais a incomodava não era o cerco possessivo de Alcântara, tão pouco os olhares nojentos e indecorosos do Sheik para si, mas sim a jovem menina que o acompanhava. Aqueles olhos, tão verdes quanto o seu e o de Angeline Lazzari, sua mãe, não seria verdade a história da senhora Niara.
"Não poderia ser, certo?!"
Seu pai não seria capaz de matar a única mulher que seu irmão havia amado em toda sua vida e depois ter sumido com a própria neta, sem ao menos Tiago conhecê-la.
Com um suspiro mortificado, a loira sentiu as lágrimas esgotarem sua face angelical.
"- Meu nome é Tandara... - a jovem menina diz, com um sorriso triste, guiando as mãos pequenas em direção da loira - Tandara Lazzari! - pontua, tendo os verdes petrificados em si."
"Tinha sobrinha, filha de seu irmão Tiago!" - Um sorriso abobalhado pintou os lábios fartos, pintados em nude.
Estava aqui por Katherine, mas o destino colocou-a cara á cara com uma parte da sua família.
Divagando em seus próprios pensamentos, Iara mal se atentou para o estalar da porta sendo trancada e a figura de feições duras e passos largos, como um vulto preto, cruzando as vidraças, romper á suas costas.
O ar se extinguiu dos pulmões, quando as esmeraldas encararam os azuis tempestuosos cintilantes através do espelho.
-Você... - indagou Iara Muller em um sussurro descrente.
Fim do capítulo
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