-- Droga esqueci de colocar o celular para despertar – Leticia pulou da cama olhando para o relógio, já passava das dez da manhã, trocou de roupa o mais rápido que pode pegou a moto e guiou até a casa da sogra.

--Está atrasada, a Isa já perguntou várias vezes por você -Ela foi recepcionada com a rispidez da sogra.

--Bom dia dona Zilda – Disse em um tom de deboche, mas a senhora nem teve o trabalho de responder.

--Mãe que demora – A menina disse pulando no colo da mãe.

--Desculpa anjo eu dormi demais.

-- Para onde vamos?

-- Não sei vamos perguntar par a mamãe se ela têm uma ideia?

--Vamos ela está lá no quarto. – A menina saiu andando na frente e logo entrou no quarto, Leticia viu a mulher concentrada lendo um livro.

--Olha resolveu chegar -Disse tirando os óculos de leitura.

--Isa faz um favor para a mãe? Me deixar conversar cinco minutinhos com ela?

--Tá certo, mas não demorem – Disse saindo do quarto, Leticia olhou para Cléo , que não deu a mínima atenção a ela e voltou a olhar para o livro

--Cléo podemos conversar?

--Fale. – Disse seca sem olha-la

--Custa ao menos olhar para mim?

--Custa, para mim custa muito, porque quando eu olho para você só tenho vontade de falar um monte de merd* que está engasgada aqui, mas aqui não é nem a hora nem o local para isso. – Falou com um tom baixo

--Eu entendo que esteja com raiva, mas não precisa de tudo isso, você sabe que eu esqueço até a data do meu aniversário, quanto mais a data que começamos a namorar.

-- É muito bom saber que não teve tanta importância para você, vou lembrar isso na próxima vez que eu tentar te fazer uma surpresa, eu fui uma idiota. – Estava contendo a voz

--Eu já pedi desculpa, não precisa fazer assim – Aproximou-se e pegou a mão da mulher – Droga me desculpa por esquecer, eu entendo que pisei na bola, mas me deixe ao menos tentar me remediar por isso?- Beijou a mão da mulher com delicadeza.

--Eu já estou cansada de você fazer suas merd*s depois vim com essa cara de Madalena arrependida.

--Eu só não quero ficar assim com você, não quero ficar mal com você, sabe o quanto é difícil para mim ficar longe de você. – A abraçou – Desculpa Bebê – Beijou o pescoço dela

--Mãe seu celular – A menina entrou no quarto com o celular da mãe na mão – É o tio Beto

--Oi Beto – Ela disse atendendo.--Estou na casa da dona Zilda, vou passear com a Cléo  e a Isa... Está certo então, até amanhã – Voltou a atenção para Cléo .—Então para onde vamos? Alguma ideia?

--Que tal zoológico? – Leticia sugeriu.

--Gostei da ideia, ver o leão – Rugiu abraçando a filha – Ver a amiga da mamãe – Olhou para a menina depois as duas olharam para Cléo  e falaram juntas.

--A onça! – E começaram a sorrir.

--A onça é? Se eu pegar vocês, ai sim vão ver o que é uma onça – Leticia colocou a menina no colo e saiu correndo com para sala com a filha.

--Olha para isso bagunçou o cabelo dela, deu um trabalhão para arrumar – Zilda reclamou.

--Vó vamos para o zoológico. – A mulher sorriu para a neta

-- Ate amanhã, mãe – Beijou a bochecha da mãe --Cléo  pegou a bolsa e olhou para Leticia -- Vai levar a moto em casa antes?

--É melhor, vou esperar vocês na frente de casa – Leticia deu um beijo na testa da filha e saiu.

 

-- Não sei como você muda tão rápido de ideia quando ela vem com uma conversa mole.

--Mãe eu amo minha esposa a senhora sabe disse, não começa a implicar com ela -Beijou  atesta dela – Quando eu sair da escola amanhã passo aqui – Saiu pegando a chave do carro e seguiu com a filha para casa, lá ainda desceu colocou um tênis para ficar mais confortável e saíram para o zoológico, passaram o dia ali se divertindo.

 

--Nossa estou morta de cansada – Leticia disse abrindo a porta de casa.—Vou acordar ela para dá um banho nela, está toda suja

--Essa porquinha, ela está cada dia mais pesada – Leticia sorriu entrando com a menina adormecida em seus braços.

--Ei acorda Isa, vamos tomar um banho – Leticia foi para o quarto, enquanto Cléo  tentava acordar a menina.

--Estou morta de cansada – Disse Cléo  pegando uma toalha e indo para o banheiro.

--O que você acha de vestir aquela camisola para mim? – foi até ela beijando seu ombro.

--Ainda estou com raiva de você – tentou resistir mas, deixou-se levar pelo carinho da outra inclinando a cabeça para o lado.

--Deixa eu tirar essa raiva com muito amor– Começou a beijar o pescoço exposto.

--Está bem, me deixa tomar um banho antes – Cléo  foi para o banheiro com a camisola na mão.

--É hoje que vou tirar o atraso – Sentou na cama entusiasmada para esperar a esposa.

 

--Mãe eu tô  com medo – Leticia escutou a voz da filha junto com as batidas na porta.

--Medo de quer meu anjo? -  Leticia abriu a porta

--Eu vi o bicho papão – Ela disse abraçando a mãe 

--A mãe não já disse que não existe bicho papão, lembra?

--Lembro, mas eu tenho medo dele.

--Tudo bem deita aqui -  Ela levou a filha para a cama a fazendo deitar abraçada a si.

-- Está pronta? – Leticia só viu a perna da mulher se mostrando na porta do banheiro.

--Ela veio para cá Cléo  – Informou da presença da filha.

--O que houve? – Cléo  aproximou-se da cama

--Bicho papão novamente. – Leticia fazia carinho nos cabelos cacheados dela.

--Aqueles infelizes, não sabem educar as crianças e ficam colocando medo nelas – Ela se referia ao orfanado onde a criança morava, sempre colocavam medo na criança com histórias de terror. – Vou tomar uma agua – Ela saiu do quarto deixando Leticia apenas olhando para o corpo dentro daquela camisolinha vermelha.

--Estou precisando muito de sex* – Leticia disse baixinho enquanto desligava o abajur para dormir.

 

 

 

-- Então conseguiu dobrar a fera? – Foi a primeira coisa que ele Beto perguntou assim que chegou na oficina.

--Deu trabalho, mas conseguir. – Estava entretida com o serviço de uma moto.

--Mas fez as pazes daquele jeito? Com muito sex*? Porque pra fazer as pazes tem que ser em grande estilo.

--Que nada, a Isa teve um pesadelo e correu lá para cama. – Fez uma careta

--Por isso não caso, do que adianta ter uma mulher gata como a Cléo  do seu lado e não trans*r a mais de dois meses? É o mesmo que ter uma Ferrari não dirigir. – Disse zombando da amiga

--Vai a merd* – Ela sorriu da comparação do amigo

--Eu não, agora vou para o banco que estou cheia de coisas para fazer- Disse saindo deixando Leticia com suas lembranças

 

 

********

 

--Você é uma devoradora de sorvete sabia? Não deixou quase nada para mim.

--Eu te avisei que comprasse o do maior, e você que se interessou mais na pipoca que no sorvete.

--Pessoas normais comem pipocas assistindo filme.

--Sim, mas quem disse que eu sou normal? Olha ainda tem uma colher, abre a boca – Cléo  levou o sorvete para a boca de Leticia que aceitou, mas em nenhum momento desprendeu do olhar da outra. – Eu acho que sujou um poupo – Cléo  passou dos dedos no canto da boca de Leticia que não esperou mais, apenas atendeu ao que o seu corpo pedia há semanas, desde do dia que saíram para a festa de sua amiga que não se desgrudaram mais, porem nunca tinha passado de um olhar mais penetrante, ou um carinho, agora era o momento que Leticia estava esperando, sonhava em beijar aqueles lábios, e pode sentir que o suave toque da boca de Cléo , era muito melhor que em qualquer dos sonhos que tivera. --Let, er... é melhor eu ir para casa – Cléo  disse separando as bocas.

--Não Cléo , não foge, você também quis, eu sentir isso.

--Eu estou confusa, não sei, é melhor eu ir para casa.

--Me deixa te levar?

--Não precisa eu vou sozinha – Ela saiu da casa de Leiticia quase que correndo.

 

********

 

 

--Oi, você está ai? – Leticia foi interrompida de suas lembranças por um toque em seu ombro.

--Desculpa me distrair, pois não posso ajudar? – Leticia levantou do banquinho que estava para ver uma loira, um pouco mais baixa que ela.

--É que trouxe minha moto, mas não tinha ninguém lá frente e fui entrando. – Colocou as mãos no bolso de trás da calça jeans clara, com alguns rasgões na altura da coxa.

--É devem estar ocupados, em que posso te ajudar com a ela?

--Com ela?  - A mulher disse sorrindo

--Com a moto, posso te ajudar com a sua moto.

--Há! A moto – Disse sorrindo – É aquela ali – Apontou para a moto. – Ela está com algum problema na tração fica estralando. – Leticia a acompanhou até perto da moto.

--É vai ter que trocar essa tração, está bem desgastada.

--Ela precisa de uma revisão isso sim, demora para trocar?

--Está muito apressada?

--Estou fugir do trabalho para vim aqui, uma amiga me indicou o lugar, aliás super recomendou – Disse sorrindo.

--Sua amiga é inteligente – Ela sorriu limpando a mão em uma flanela – Vai comprar a tração aqui na nossa loja ou vai apenas trazer para trocar?

--Vou comprar aqui mesmo, soube que é a loja mais em conta da região mesmo.

--Faz assim, compra a tração que vou passar a sua na frente das outras, mas será nosso segredo – Leticia disse empurrando a moto para dentro .

--Adoro segredos – A loira foi para loja e Leticia não pode deixar de dá uma espiada no corpo da cliente, balançou a cabeça em negativo e começou a tirar a peça gasta da moto, logo a loira voltou. --  Você faz isso tão rápido,  eu nem sei para onde vai – Ela olhava com atenção o que Leticia fazia.

--É apenas pratica não tem tanta dificuldade assim.

--Vou trazê-la para uma revisão, mas venho sem tanta pressa.

--Faça isso, sempre é bom revisar a moto a cada dez mil km rodado.

--A minha tem bem mais que isso, mas como comprei ela do meu irmão e sei que ele era cuidadoso nunca vim fazer antes.

--Mas veja ai, quando quiser trazer é só deixar aqui, dependendo da quantidade de motos entregamos no mesmo dia – Disse ficando em pé – Pode me emprestar a chave dela?

--Já está pronta?

--Está sim não demora muito, apenas quero conferir se está tudo direitinho – Leticia ligou a moto a acelerando, e fazendo o pneu da traseira rodar. – Prontinho, a corrente pode apertar ou folgar com o uso, qualquer coisa pode traze-la aqui – Entregou a chave.

--Quanto deu?

--Nada, como comprou a peça na nossa loja a mão de obra é de graça.

--Serio? Que demais, mas ao menos posso saber o nome da minha super mecânica?

--Claro – Ela limpou a mão na flanela – Me chamo Leticia.

--Eu me chamo Celina, é um enorme prazer Leticia – Disse estendendo a mão com um largo sorriso.

--Vai sujar sua mão – Leticia mesmo assim apertou a mão dela.

---Não tem problema, logo, logo voltou para a revisão.

--Vamos esperar – Celina montou na moto e saiu da oficina.

--Nossa que gata – Elton disse aproximando-se.

--Realmente muito linda – Disso voltando para a moto que estava ajeitando antes. – Onde você estava? O serviço dela era seu.

--Eu fui testar uma moto com um cliente, eu volto para te ajudar aqui, assim não fico te devendo favor. – Sorriu saindo de perto de Leticia que se distraiu com o  serviço que perdeu a hora.

--Não vai buscar a Isa hoje? – Ela levantou rápido.

--Merda me esqueci de buscar a Isa – Saiu pegando os capacetes. – Vou lá já volto – Ela saiu com a moto um pouco mais rápido que o normal, em alguns minutos chegou na escola.

--Oi seu Jaime a Isa Já largou? – Perguntou para o porteiro da escola

--A Professora Cléo  acabou de entrar com ela.

--Eu me atrasei, vou lá pega-la – Entrou e foi ate a sala que a esposa trabalhava, ela largava depois da filha pois dava aula no ensino médio que largava uma hora depois do infantil.

--Atrasada novamente – Cléo  saiu da sala com a filha

--Desculpa me distrair no trabalho.

--Você sempre se distrai. – Falou brava – Esquenta o almoço – Beijou o topo da cabeça da filha e entrou na sala.

--Desculpa filha, - Disse enquanto caminhavam para saída.

--A mamãe ficou brava.

--É eu vi, mas depois nós fazemos um ataque de cocegas nela, daí a raiva acaba. – Ela colocou o pequeno capacete na criança, subiu na moto e ajudou a filha que logo subiu na moto e abraçou-a, a casa delas era ali pertinho, dez minutos andando, logo estavam em casa, Leticia colocou a menina no banho e foi esquentar o almoço que a esposa já deixara pronto.

--Mãe eu quero assistir o desenho da princesa Sofia. – A menina disse entrando na cozinha

--Você vai, mas antes vamos almoçar, já coloquei seu pratinho.

--Eu queria assistir, a vovó deixa eu comer na sala.

--É mas aqui não é a casa da sua a avó, senta na mesa – A menina sentou com a cara emburrada – E se não comer tudo não come a sobremesa – A menina mesmo com a cara feia comeu todo o conteúdo e foi para seu quarto assistir televisão

-- Onde está a Isa? – Perguntou Cléo  assim que entrou e viu a mulher lavando alguns pratos

--Assistindo televisão?

--Ela já almoçou?

--Já, almoçou e comeu sobremesa.

--Vou tomar um banho para vim almoçar – Leticia deve a brilhante ideia de ir “ajudar” a esposa em seu banho, entrou no quarto já tirando a roupa e quando tentou abrir a porta do banheiro trancada.

--Cléo  abre aqui

--Ai não Let vai no outro, eu no banho – Falou alto sem abrir a porta, Leticia balançou a cabeça em negativo já pegando suas roupas e vestindo, voltou para a cozinha acabando de colocar a mesa para almoçar, ela demorou um pouco e Leticia foi chama-la, a encontrou no deitada na cama mexendo no celular

--Se não vai almoçar ao menos avisa para eu não ficar esperando

--Eu vou, só me distrair – Levantou indo para a mesa.

-- Vou ter que dá aula hoje até mais tarde, a turma vai ficar para uma revisão.

--Eu já disse que não sou a favor dessas aulas a noite

--Você não é a favor, mas eu sou.

--Você não precisa dessa mixaria que os cursinhos pagam

-- Mas você sabe o quanto eu gosto de dá aula para concurseiros, então não começa, eu pedi para a Maysa obrigar a Isa jantar, ela está horrível para comer.

--Se der para eu sair cedo da oficina eu mesmo faço isso. – Estava emburrada

--Não era para ser ao contrario aqui? Eu que deveria está com cara feia?

--Por que você deveria estar de cara feia? O que eu fiz dessa vez?

--Mais uma vez esqueceu de buscar a filha, mas deixa isso para lá, já me acostumei.

--Eu não esqueci, apenas me atrasei.

--Já falei para deixar para lá, qual motivo desse mal humor todo? Posso saber?

--Você ainda pergunta? Você chegou não veio ao menos perto de mim, dai eu resolvo ir tomar banho com você e o que você faz? Nem me deixa entrar.

--Talvez se você dissesse que queria tomar banho comigo eu abriria a porta, pensei que você estava apenas querendo usar o banheiro.

--Você deveria prestar mais atenção em mim.

--Nossa que discurso mais machista, o que você quer? Que eu esteja na cama com as pernas abertas todos os dias que você chegar do trabalho? Que pare de trabalhar para ser apenas uma dona de casa?

--Não falei isso, apenas queria um pouco mais de atenção.

--Talvez quando eu tiver essa atenção toda eu possa te dá – Saiu da mesa deixando quase toda comida do prato.

--Mas que droga – Leticia disse levantando, pegou a sua carteira e o capacete saindo para o trabalho.

 

--Dinda Bruna – Isadora disse assim que viu a madrinha entrando.

--Boa tarde princesa, olha o que a madrinha trouxe – Entregou uma caixa de chocolate para a menina.

--Você entope ela de doces, vai estragar minha filha – Cléo  disse abraçando a amiga.

--Madrinha é para essas coisas mesmo

--Mamãe já acabei a lição posso assistir no quarto?

--Pode, mas não vai comer a caixa de chocolate toda de uma vez. – A menina saiu correndo para seu quarto.

--E você como está? Mais calma?

--Não sei o que é ficar calma há alguns meses, as coisas parece que só piora.

--Fala com a Leticia, eu vou marcar com um colega meu ele é um ótimo terapeuta.

--Eu vou falar com ela, espero que consiga abrir aquela cabeça dura.

--Conversa direitinho, com calma que você consegui, esse meu colega usa um método bem diferente do convencional, mas é super requisitado, consegui ótimos resultados.

-- Eu acho que para o nosso caso tem que ser esse ai mesmo – Sorriu.

--Eu já vou, só vim dá um oi mesmo, se cuida e qualquer coisa me liga – Despediu-se da afilhada e foi para seu trabalho, enquanto Cléo  organizou umas coisas e assim que a babá que ficava por algumas horas com a menina chegou ela saiu para trabalhar.

Fim do capítulo