I
I.
- Senhora, tenho uma triste notícia.
Quando já tinha a sua atenção e todos os olhares na sua direção, comunicou:
- O seu marido morreu.
O silêncio não durou apenas um minuto como é o habitual ou solicitado em respeito ao falecido. Foram longos instantes silenciosos, sem nenhuma manifestação e por isso, o anúncio de falecimento foi repetido.
- O barão está morto.
E o silêncio absoluto prevaleceu. Lágrimas começaram a escorrer pelo rosto da viúva.
O lenço que ela tinha em mãos ficou ensopado e ela nem mesmo se atentou as palavras de conforto ditas por cada pessoa que se aproximava dela.
Ninguém do recinto sabia que o seu choro era de alívio, todos entenderam como tristeza, mas, na realidade ela estava agradecida.
Lady Dayara saiu da sala principal em passos vagarosos e foi em direção da capela.
As pessoas optaram por deixa-la em paz, acreditavam que devido ao luto ela queria ficar sozinha e naquele espaço religioso ela começou a sua prece.
Em nenhum momento lamentou. Pelo contrário, ela rezou em agradecimento.
Do lado de fora já comentavam sobre a causa morte.
- Como ele morreu? (Questionou uma mulher demonstrando muita curiosidade).
- Dizem que caiu de um penhasco, parece que foi um acidente e certamente a Lady vai se casar novamente, já que vai ter uma herança privilegiada (especulou o responsável em ter dado a notícia para todos).
- Com toda a sua beleza todos os homens solteiros vão se interessar, mesmo sem todos os bens que ela tem para oferecer. Ela é muito bonita (afirmou uma senhora).
Enquanto isso, perante o altar, Lady Dayara decidiu que jamais se casaria novamente, pois, estava cansada de sofrer.
Conforme o passar dos dias todos acabaram se conformando com o falecimento.
O barão já estava ausente por dias, em viagem em terras remotas e todos já tinham se acostumado com a sua ausência.
Distante dali a guerreira Moara já tinha escutado fofocas sobre o falecimento do barão MacTough e também que o lord Dimitri estava viajando ao seu encontro, ela já o conhecia, pois, certa vez lutaram juntos, foram vitoriosos numa batalha contra alguns infiéis e até se auxiliaram durante o combate.
Moara não fazia ideia sobre o que ele queria conversar e nunca gostou de jogar conversa fora, por isso, quando finalmente se encontraram foi direta.
- Dimitri, diga logo para que veio e o quer?
- Nós seremos parentes (ele afirmou se aproximando).
- Explique!
- Serei seu cunhado.
- Enlouqueceu?
- Moara, por favor, me escute.
- Com quem você acha que eu devo casar?
- Com a minha irmã.
- Ao menos sabe da minha predileção. Agora que você já disse o que queria pode se retirar.
- Saiba que o rei aprova.
- Passar bem (falou e tentou bater em retirada).
O lord não deixou ela se afastar, rapidamente avançou para cima dela e a segurou.
- Me largue agora! (Esbravejou).
- Você precisa me ouvir.
- Solte-me, não vou repetir.
Ele não a obedeceu e apertou seus braços, visando demonstrar a sua força.
Ela não suporta sentir-se presa, é livre como um pássaro e deu -lhe uma rasteira precisa, derrubando-o com facilidade.
- Foi desagradável da sua parte me derrubar desta forma (ele disse estendendo a mão para que ela lhe ajudasse a levantar).
- Só nos seus sonhos que vou te auxiliar, vá embora e me deixe em paz.
- Acontece que a minha irmã tem alguma informação que não quer revelar e o rei sabe disso.
- E quer ela casada com uma mulher, pois, mulheres, não tem direitos, não são ouvidas por autoridades e ele quer manter ela calada.
- Exato.
- Qual o seu lucro nisso?
- Nenhum.
- Você se deu ao trabalho de vir até aqui sem nenhum interesse?
- Sei que você pode dar a proteção que ela necessita e ela vive com muito medo.
- A ideia é sua ou do rei?
- Ambos, concordamos que é o melhor a ser feito.
- Eu não quero casar. Estou muito bem solteira. Aposto que deva ter outras opções.
- Ela também não quer mais se casar, mas, o rei tem planos e também tem todos os impostos que ele cobra, além disso, ela não é guerreira como nós, não sabe cuidar das terras que possui, precisa de alguém ao seu lado.
- Engana-se ao pensar que sou eu este alguém.
- Você será uma mulher de sorte se a minha irmã te aceitar como companheira.
- Então ela ainda não sabe desta tua loucura e da ordem do teu rei?
- Não.
- Por quanto tempo a tua irmã foi casada?
- Cinco anos.
- Já que são ordens do rei, por qual razão ele não mandou seus soldados?
- Por te conhecer e saber que você poderia matar seus serviçais.
- Não pensou errado, mas, continuo sem ter escolha já que é uma ordem. Tenho muito o que fazer, não vou buscá-la.
- Sem problemas, vou trazer ela até você e seja gentil.
- Você está certo em pensar que irei tratá-la bem e daremos um jeito de conviver.
- Serei imensamente grato.
Moara nada mais disse. Precisava pensar, nunca imaginou que casaria, maldito rei.
Fim do capítulo
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