Capitulo 11
Só me dei conta que não conseguiria falar com a Giulia quando olhei para o meu celular. Tinha todos os contatos no meu pen drive salvos, menos o dela, por ser um número ainda recente e eu não me lembrava de cor.
- Não é possível. – disse sorrindo. - Primeiro ela, agora eu estou incomunicável. Preciso de um aparelho urgente! Acho que nem ela mesma se atentou a isso.
Decidi passar na Giulia antes de ir para a faculdade, mas antes, iria em casa para tomar um banho, trocar de roupas, pegar a minha mochila e meus cigarros.
Puxei o freio de mão estacionando de frente do prédio dela e corri para a guarita.
- Por favor, Giulia! – disse olhando no relógio e torcendo para ela estar em casa.
- Um momento.
E olhei para o céu azul.
- Ela está descendo.
- Ah obrigada!
Giulia vestia um blazer bege, estava linda!
- Oi! – disse passando pelo portão tomando ar por ter corrido. Acabei de chegar do escritório.
- Oi, não tinha o seu número fora do celular.
- Sim, eu não tinha pensado nisso. Desculpa!
- Tranqüilo.
- Toma um café comigo? A cafeteria é logo aqui em baixo, no próximo quarteirão.
- Sim podemos.
E ela estendeu a mão.
Sorri para ela entrelaçando nossos dedos. Estava radiante ao lado daquela mulher e ela estava de mãos dadas comigo. Todos olhavam para nós e eu sorria olhando para ela.
- Adoro estar assim com você.
- Eu também. - ela não escondia o sorriso.
Entramos na cafeteria e sentamos perto da janela. Ela falou-me um dia desses que era uma de suas coisas favoritas: sentar-se perto das janelas e ficar olhando as pessoas passarem a pé ou com seus carros, de bicicleta. Ela gostava de observar o movimento e isso para mim era algo do cotidiano, do dia a dia, eram coisas que eu não prestava muita atenção. Passei a observar mais depois que a conheci. Tomamos um capuccino com um pedaço de torta.
- Como foi o seu dia? – olhei para ela.
- Bem tranqüilo e o seu.
- Pensei em você boa parte do dia.
E ela estendeu uma sacolinha azul para mim.
- Para você.
- Giulia o que é isso... – sorri.
- Abra e verá.
Desembrulhei feito criança, não tenho modos para desembrulhar presentes. Quem me disse isso foi a Paige, quando abria o presente que ela me havia dado de aniversário.
E rasguei de uma só vez o papel que envolvia a caixa e olhei para a Giulia.
- Nossa, eu não posso aceitar!
Disse olhando para o smartphone zero.
- Era o mínimo que eu poderia fazer depois do que aconteceu.
Abri a caixa segurando o aparelho branco nas mãos. Meus olhos se encheram de lágrimas e eu levantei para agradecer. Abraçamos-nos e eu a beijei.
- Há muito tempo não ganho presentes assim. Obrigada!
E limpei as lágrimas.
Acabamos de tomar o lanche e a deixei no portão de entrada do seu prédio.
- Você disse que tinha algo para me falar, o que era?
- Queria te entregar o aparelho e... isto.
E me envolveu a face entre as duas mãos e cobriu os meus lábios com os dela. Depois me abraçou. Senti o seu perfume a me envolver.
Fui para a faculdade sorrindo e de longe vi Margot sentada na escada. Precisei estacionar longe por não encontrar vaga mais na frente. Apanhei a mochila no banco de trás e segui rumo à porta de entrada.
- Oi Margot.
- Oi, tudo bem?
- Sim. As meninas já entraram?
- Já. As duas tinham o primeiro horário.
- Daqui a pouco entro.
- A Paige não para de perguntar de você.
- Imagino... Praticamente não nos falamos ontem.
- O que aconteceu com o celular?
- A Giulia me empurrou na piscina, e ele estava no meu bolso.
- Então vocês seguem se falando, se encontrando...
- Sim. Ela me deu outro.
- Serio, me mostra!
E tirei o celular do bolso.
- Puts deve custar o seu salário inteiro!
- Talvez, mas não tinha como recusar. Ela comprou chip e tudo.
- Quero ver você explicando para a Paige, de como conseguiu.
- Eu também, agora vamos entrar.
- Posso ir para sua casa hoje?
Ela parou na minha frente.
- Sim, só me espera, hoje tenho o penúltimo horário. – disse a contornando.
- Espero aqui fora. Parece-me bem cansada. – disse passando o braço pela minha cintura.
- Dormi pouco. Quer a chave do carro?
- Dormiram né? Não precisa Mel.
Margot tinha um sorriso sacana no rosto.
- Ah para Margot!
- Vocês duas...
E eu sorri entrando para o interior.
Como em outras noites tive muita dificuldade para me concentrar. Fiquei entre o distraída e o sem foco na maior parte do tempo. Pensava na Giulia a cada segundo. No sorriso tímido dela. Sentia o seu perfume saindo dos meus poros.
- Ei Mel...
Sacudi a cabeça ouvindo alguém chamar.
- Oi?
- Vai ficar ai? – gritou Sofie com a cabeça na porta.
Arrumei as minhas coisas e sai.
- Quer ir lá para casa?
- Hoje não posso. A Margot vai?
- Sim. Só não sei da Paige.
- Ela tem mais uma aula agora, acho. – completou Sofie.
- Vem cá Mel, por que não estou conseguindo te ligar? – chiou Sofie.
- Precisei mudar de número, meu celular caiu na água. Vou te dar um toque e você adiciona.
- Entendi. – disse ainda me olhando.
- Puts estou atrasada! - e sai correndo. Depois nos falamos!
Desci um lance de escadas e corri pelo corredor inteiro antes de entrar pela porta da sala. Todos me olharam quando eu entrei.
- Boa noite... – disse quase num sussurro.
- Isso são horas Srta LeBlanc?
- Desculpe.
- Sente-se, por favor.
Que vergonha! Tentei afastar a imagem da Giulia da cabeça e me concentrei como deu.
Recostei o corpo para trás tentando me espreguiçar durante a aula, mas não conseguia esticar as minhas pernas para frente. Estava com uma dor terrível na coluna. Fui me arrastando para a saída. Margot e Sofie estavam do lado de fora, mas não vi Paige.
- Cadê a Paige? – olhei para os lados.
- O pai veio buscar.
- Precisa de carona Sofie?
- Meu pai já está chegando, podem ir se quiserem.
- Tem certeza?
- Claro. Boa noite para vocês!
- Se cuida. Vamos Margot. – disse a puxando pela jaqueta.
Chegamos ao apartamento em silêncio. Eu me sentia exausta e precisava de uma bela noite de sono. Estava andando torta por conta da dor e ali mesmo deixei as minhas coisas, deitando no chão.
- Ai... – e ouvi um estralo na coluna.
- Esta com dor? Quer uma massagem?
- Adoraria. Está com fome? Eu estou.
- Vou ver o que tem na geladeira. Posso preparar algo.
Pensei na Paige naquele momento e pelo que eu conhecia dela, tinha certeza que ela estava chateada comigo.
Estava com os olhos fechados e Margot se aproximou de mim.
- E ai? – olhei para ela.
- Que merd*! O que está acontecendo com você que essa geladeira só tem fruta? – disse segurando um pêssego.
Olhei para ela sem saber o que dizer.
- Estou esperando! Desde quando você é frutariana? Está criando morcegos?
E cai na gargalhada.
- É que... – disse ainda sorrindo.
- Pode dizer... – e ela sentou-se no sofá mordendo a fruta.
- É que eu fiz uma promessa, pronto, contei!
- Ce ta brincando Mel.
- Gostaria de estar. – voltei a fechar os olhos.
- Promessa de quê?
- Não posso contar, senão não se realiza.
E voltei a rir da cara da Margot.
- Você está se desviando do caminho Mel, esta se perdendo! – sorriu me jogando uma almofada.
- Vou pedir uma pizza. - disse sentando.
- Não! Deixa que eu peço! Fica quieta ai! - e se levantou pegando o telefone do gancho.
Soltei outra gargalhada, no mínimo pediria uma pizza de banana.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
thays_
Em: 14/05/2020
Que coisa mais fofa esse capítulo. Amei. Mas algo me diz que as coisas não vão acabar bem pra Mel, porque se fosse o contrário, ela ainda estaria com a Giulia.
Resposta do autor:
Que coisa boa! É sempre assim, quando vai de vento em poupa, algo acontece...
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