Laura e Ana Carolina colocaram em prática os seus planos  de casamento. Praticamente já estavam casadas, quase tudo de Ana já estava na casa de Laura. Eram raras, as vezes que não 'dormiam' juntas. Após a formatura de Ana, esta que já estagiava no escritório do pai, depois que recebeu a licença da OAB tornou-se advogada efetiva junto com seu pai no escritório da família e como conheceu a fundo o comitê GLBTT de Belém, tomou a decisão de  abraçar a causa do movimento no seu trabalho de conclusão de curso, passou também a prestar assessoria jurídica de graça a todos os que procuravam ajuda. 

Eram inúmeros os casos, que ficava difícil para Ana não se envolver. Entre esses casos, estavam de espancamentos, agressões das mais diversas dirigidas aos homossexuais e travestis. Ana era contra a qualquer tipo de injustiças, abominava violência. Todos no comitê sabiam, que Ana era casadas, apesar de Laura ter ido raramente no local. Laura admirava e dava a maior força para Ana , quando esta decidiu assessorar juridicamente a comunidade gls. Já estavam juntas há 4 anos, estavam fazendo planos de se casarem o mais breve possível. Ana se dividia entre morar no ap com Laura e a casa dos pais. 

A relação de Ana, com sua mãe, permanecia a mesma, infelizmente. Por mais que Ana tentasse, uma aproximação, dona Inês se afastava mais e mais da filha. Em uma das vezes, em uma das inúmeras discursões, dona Inês falou com todas as letras que preferia vê a filha morta do que ao lado de outra mulher. Se não fosse o apoio incondicional de Laura, Ana teria cometido uma besteira, suas palavras cortaram como uma navalha seu coração. 

Além de receber apoio do Dr.Elson e de Fábio, tinha o apoio de seu segundo irmão e melhor amigo Gustavo. As amigas de Laura, tornaram-se amigas de Ana, a família de Laura aceitava o relacionamento das duas. Foi ao meio de uma das tantas dircursões, que Ana tomou a decisão de fazer uma cerimônia íntima, apenas para as pessoas que apoiavam a relação delas. Como advogada, preparou um contrato para que se uma das duas viesse a falecer, ninguém viesse a questionar os bens que estas construíram juntas. Laura foi contra, pois sua família jamais questionaria nenhum de seus bens, mas sabia que se fosse Ana quem falecesse antes, de todos da sua família seria sua mãe a única que questionaria juridicamente algo.

Laura não tinha experiência nenhuma, quando o assunto era casamento, até porque nunca lhe passou pela cabeça a possibilidade de dividir sua vida com ninguém. Para ela significava, perda da sua liberdade. Entretanto, ao conhecer Ana, está mesmo sem forçar nada fez com Laura mudasse de opinião. Para Laura uma cerimônia, por mais que fosse apenas para os íntimos, seria mera formalidade, pois já a considerava sua esposa. Os preparativos para o casamento, corriam a pleno vapor. Ana fez questão de preparar a próprio punho o contrato de casamento delas, registrou tudo em cartório, conforme a lei. De seu lado, seu pai foi a testemunha e de Laura seu irmão Roberto. Ana que estava a frente dos preparativos do casório, porque se dependesse de Laura convidaria por telefone meia dúzia de pessoas e os chamariam para irem para algum bar. Laura além de prática era simples.Ana também era, mas queria algo marcante. Queria mostrar ao mundo que foi nos braços de uma mulher, isso mesmo, uma mulher que descobriu a felicidade e mil razões para viver.

Músicos, buffer, vestidos, convidados, convites e entre outras formalidades que Ana não dispensou ficaram por conta desta, Gustavo e as amigas de Laura: Júlia e Juliana também ajudaram. Laura não gostou muito da idéia de ter que usar vestido, mas também mataria sua amada se aparecesse de terno e gravata. Como no filmes Lost and Delirious (para quem já viu da para ter uma idéia de duas atrizes dançando uma valsa, uma de vestido e a outra de terno e gravata). seria hilário, mas perderia o amor da sua vida, o melhor era não arriscar. O tempo fez com que Ana e Laura, aprendessem a conviver com suas diferenças. 

Ana muito certinha e Laura a falta de organização em pessoa. Mas ambas sabiam onde e o porquê de terem que mudar, entretanto concordavam que a mudança deveria partir de si próprio e não algo imposto. Afinal, ninguém deve ou pelo menos não deveria moldar seu parceiro(a) a seu bel-prazer, senão você corre o risco de se envolver com um personagem. 

Ana apenas pediu para que Laura preparasse os seus votos de casamento, o que para esta não seria sacrifício nenhum. Laura sempre dava um jeito, de surpreender sua amada. Os padrinhos de Laura foram Júlia e Roberto e de Ana, Gustavo e Fábio...diferente? sim, afinal se nem os dedos das nossas mãos são iguais, por que nós temos que ser?! .

O local escolhido, foi onde se viram pela primeira vez: o autódromo. Em uma manhã de ensolarada, com céu de brigadeiro. Como combinado entre as duas, apenas as pessoas mais íntimas de cada uma foram convidadas, como previsto a única que não compareceu foi a mãe de Ana. Neste dia, Laura estava uma pilha de nervos, pois depois de 4 anos de namoro, nunca ficaram 1 dia sem se vê nem se falar. Mesmo quando Laura precisava viajar a trabalho, elas se falavam. Quando a saudade e o desejo falavam mais alto, chegavam a fazer amor pelo telefone. Outro detalhe, o sex* entre elas ficava melhor e mais ardente a cada dia. Era como se quando fizessem amor se descobrissem mutuamente...como se fosse a primeira vez delas! 

Continua...

Fim do capítulo