Capitulo 11
O banho foi um bálsamo para Stella após a chuva fria, seu corpo queimava não por causa da água quente e sim da lembrança do beijo com Rose. A garota rebelde continuava a ser um mistério para ela, náo haviam conversado sobre o passado da morena e isso aguçava sua curiosidade na mesma proporçáo que provocava medo.
Viu a face escura dela na noite que matara Beto mas também soube reconhecer seu lado bom quando a salvou diversas vezes. Quem era a verdadeira Rosalie afinal? Stella não sabia dizer e por mais que achasse que podia ler as emoções da morena a verdade era que Rose tinha muitas faces. Estas deixavam a loira insegura se sua salvadora estava ali por obrigação ou por que sentia algo a mais. Encontrou as roupas que Lorena separara para ela em cima da cama da suíte, vestiu-se e desceu a procura de Rose.
- Ela foi buscar os garotos. - informou a ruiva quando ela saiu para a varanda.
- E me deixou aqui sozinha? - perguntou Stella procurando alguma armadilha.
- Minha avó e eu não contamos? - rebateu Lorena sorrindo.
- Ela deve confiar mesmo em você - revelou a loira quando não viu nenhuma ameaça.
- Desculpa por ter te levado para aquela casa, náo fazia idéia que iriam te matar. - pediu a ruiva.
- Você não podia adivinhar - justificou Stella, náo havia porquê ficar rememorando o passado.
Nesse instante ela avista Rose vindo com os dois companheiros de viagem. No rosto da morena havia uma expressão distante e quando seus olhos se encontraram viu uma preocupaçáo inquietante.
Lembrou do nome que Lorena falara logo que chegaram, Desmond representava tanto perigo para Rosalie teme-lo? A loira não via outro motivo para a atitude da morena.
Héctor sorriu para Stella e Gabriel também, ambos estavam se divertindo com o temporal de verão. Rose passou por ela sem olhar e chamou Lorena, os três seguiram a ruiva com certeza até os banheiros da casa.
A loira deixou que o som da chuva a acompanhasse naquele momento, fitava a água que se empoçava no cháo e quase jogou o celular longe por causa da vibraçáo. Eram os pais querendo saber como ela estava, ficaram horas conversando e a noite já cobria o céu como manto quando desligou.
- Dona Luísa está chamando para jantar - a voz de Gabriel a trouxe para a realidade. Seguiu o rapaz para dentro e procurou Rose na mesa porém não a encontrou. Será que havia voltado a estaca zero? perguntou para si mesma insegura.
- Relaxe bonita, ella ya vien - tranquilizou Héctor. A loira sentou do lado dele e não demorou para engatarem uma conversa animada. Entretanto ele estava errado, Rosalie não viria jantar e Stella só a encontraria na hora de dormir.
Júlia saíu da recepção tarde, Augusto que iria substituí-la chegou atrasado. Aquela noite não havia sido tão interessante quando uma jovem bela chegou acompanhada de um casal adolescente ás 17 horas antes de ontem.
Esperou que ela viesse até seu quarto porém para sua infelicidade ela não apareceu. Abriu a porta do cúbiculo que chamava de casa e entrou tirando a roupa após a fechar.
O chão frio do banheiro a surpreendeu, mesmo assim andou até o chuveiro e abriu esperando a água esquentar. Desatenta, não viu o homem mascarado sair de debaixo da cama e parar em suas costas á poucos centímetros dela.
Tudo que Júlia lembra antes de apagar é ter levado uma forte pancada na cabeça e da risada fria de alguém próxima a seu ouvido.
Desmond olhou para o corpo da recepcionista do motel com asco, para o assassino não passava de mais um empecilho em seu caminho.
Pegou ela sem qualquer delicadeza e jogou na cama, usando a faca cortou tiras do lençol branco e amarrou os pulsos e tornozelos dela na cama.
Puxou uma cadeira da mesa e esperou contando os segundos para que ela acordasse. Ao primeiro sinal de consciência Desmond levantou e se aproximou da cama com a lâmina da faca á mostra, observou os olhos dela se abrirem assustados e encarando eles falou:
- Viu essa garota? - mostou a foto de Stella que tinha consigo. Como a mulher não encontrou a voz Desmond pegou o braço dela e abriu um corte profundo do pulso até o cotovelo. - Pensa-se que cortando essa veia você morre rápido mas isso não é verdade. Demora muito e nesse tempo posso fazer dos seus últimos minutos na terra um verdadeiro inferno se não me responder.
- Saíram.... ontem de manhã - respondeu Júlia sentindo o corte arder.
- Sabe para onde iam? - perguntou Desmond.
- Fronteira - a voz dela não passava de um sussurro, parecia que ia desmaiar.
- Como? As estradas estão bloquedas pelos caminhoneiros.
- Desvio.
- Qual?
Júlia explicou a ele qual rota pegar e descreveu a estrada de terra. Desmond sorriu satisfeito antes de terminar o serviço sem qualquer remorso.Encontrou Pedro alguns metros do lado de fora com Rámon, explicou o caminho ao ex-namorado de Lorena que conhecendo bem aquela região passou no posto antes. Além de encherem o tanque levaram dois galões de vinte litros como reserva e partiram com o sol nascendo.
Rosalie não quis descer para jantar, preferiu sair do banho e sentar na varanda do andar superior. Não gostava de ser a caça e queria estar preparada quando Desmond viesse, para isso manteve a arma no colo e olhava fixamente para a floresta de eucaliptos.
O silêncio é amigo íntimo da reflexão e como tal a fez pensar em Stella, Leon não se importaria com a relação delas mas Rosalie sim. Tinha feito muitos inimigos no trabalho e eles não deixariam passar uma chance de vingança.
O caso é que Rose não conseguia aceitar que sentir isso fosse algo bom, com Stella a imbativel assassina se tornava vulnerável. Soltou um suspiro longo, não poderia hesitar matar Desmond e teria que mata-lo, tipos como ele eram obssessivos que não paravam até conseguir o que desejam. Se Stella caísse nas mãos dele Rose perderia toda a frieza e razão, o que colocaria não só a morena como a loira em perigo.
- Não desceu por quê? - perguntou Stella parando do lado da cadeira em que Rosalie estava. A morena levantou e foi até o parapeito da varanda tentando se afastar dela.
- Estava sem fome - disse sabendo que era apenas meio verdade.
- Quem é Desmond? - quis saber a loira ignorando a necessidade de espaço de Rose. Outra vez a morena se via sem defesas diante de Stella e nesse caso mentir não era prudente, quanto mais ela soubesse o tipo de gente que estava envolvida nisso mais se manteria a salvo.
- Alguém pior que eu. Sempre matei por dinheiro ou por necessidade, Desmond mata por prazer. - respondeu Rose olhando para a entrada da fazenda, o rosto pálido de Stella refletia os medos que escondia em seu interior.
- Ele não vai nos achar e se encontrar você vai elimina-lo, como fez com Beto. - garantiu Stella.
Rosalie abriu a boca para dizer a loira que antes não se importava se inocentes iam morrer por estarem no meio do fogo cruzado, que dessa vez era diferente porque gostava de Stella e temia perde-la por não ser tão racional quanto seu oponente.
Porém, a mão da loira em seu braço a fez se calar e tudo o mais poderia esperar quando Stella a puxou para um dos quartos. Os lábios se procuraram sedentos um do outro assim que a porta de vidro ligada a varanda se fechou. Protegida por pesadas cortinas brancas, curiosos não poderiam ver o momento em que o desejo falou mais que a razão e Rosalie deitou Stella na cama com delicadeza.
Os olhos se encontraram uma vez mais antes das peles se tocarem, fixos um no outro falando a mesma linguagem que seus coraçóes. As bocas se buscaram em uma tentativa vá de apagar aquela chama que ardia em seus corpos, as roupas foram arrancadas na pressa de consumar o que tanto suas imaginações ja tinham feito.
O som de gemidos se juntou com a sinfonia de respirações pesadas, o suor foi o par perfeito para as manchas vermelhas no pescoço e nos seios. Junto com os arranhões, seriam as únicas testemunhas do que aconteceu ali. A medida que avançava, Rosalie sentia a parte sombria de si morrer para sempre. Teve certeza disso ao fitar o rosto de Stella, ainda inundada por aquele êxtase divinal.
Apavorada por ver que jamais poderia salva-la se a amasse e mais arrependida do que nunca, a morena levantou e se vestiu sem olhar para a loira.
- Isso nunca aconteceu. - disse ela tentando apagar da memória as cenas que protagonizara ali.
- O que deu em você? Em um instante é a pessoa mais doce do mundo, no outro parece alguém que não se importa com nada. - gritou Stella confusa.
- Ei! Eu não disse que ficaria com você, não prometi um futuro nem disse que te amava. A gente só ficou, foi ótimo mas... - não pode terminar.
O pavio curto de Stella acabou e tomada por uma fúria justificada ela agarrou o tênis e tacou em Rose. A morena desviou por pouco e enfim criou coragem para olha-la, a garota não parecia bem e lágrimas escorriam de seus olhos.
- Sai! Não quero ver tua cara táo cedo! - mandou Stella enchugando o liquido salgado do rosto com raiva.
- Desculpa, não era para ser assim. - pediu a morena tentando se aproximar para conforta-la mas tudo que conseguiu foi piorar sua situação.
- Fora! - dessa vez a loira arremessou o celular de Rose nela.
O aparelho caiu no chão e ao pega-lo ela viu que a tela estava quebrada, por incrivel que pareça seu coração não estava muito diferente dela quando passou pela porta da varanda.
Fim do capítulo
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