Capitulo 19
Ive dormia nos meus braços. Seus cabelos eram macios e eu adorava seu perfume. As nossas mãos estavam entrelaçadas e vez ou outra eu a levava aos lábios e a beijava. Adorava suas mãos. As sobrancelhas eram grossas. Ive era linda e estava dormindo sobre o meu peito agora. Conseguia ver melhor e com mais detalhes, a tatuagem que ela tinha nas costas, era a de uma águia e cobria parte das costelas, pescoço e cintura.
Agora ela estava mais calma.
Durante a noite acordei com seu choro e ela não quis me dizer o que havia acontecido. Não era a primeira vez que a via assim, no bar, naquela noite, algo muito sério a incomodava lhe tirando uma boa noite de sono.
Os primeiros raios de sol batiam no chão da sala e eu levantei cedo para preparar uma xícara de café antes que Ive acordasse. Liguei para o escritório remarcando todos os meus compromissos, inclusive uma reunião, para a semana seguinte. Não queria deixá-la sozinha. Encomendei lírios a uma floricultura e pedi que entregasse em torno das 13h00min. Afastei a cortina e o tempo estava limpo. Se não chovesse faria algo especial com ela.
Voltei para o quarto e ela ainda dormia. Deitei bem devagar e a abracei pela cintura me aconchegando em seu corpo. Ela colocou sua mão sobre a minha e dormiu por mais uns 15 min. então se virou para mim acariciando o meu rosto e suavemente beijou a minha boca.
- Bom dia... – disse quase num sussurro.
- Bom dia, quer me contar o que lhe deixa tão triste? – disse baixinho.
- É uma longa história... - e olhou dentro dos meus olhos segurando a minha mão.
- Estou aqui com você.
Então ela respirou fundo.
- Há pouco mais de um ano fui a passeio com meus pais na casa de uma prima. Saímos bem cedo para não pegar congestionamentos. Era um feriado e tudo estava muito tranqüilo. O meu pai dirigia e eu estava de carona. Quando ele cansava, eu dirigia uma pouco. No meio do caminho ele quis dirigir novamente entramos em um posto, reabastecemos. O meu irmão não foi.
E ela ficou em silêncio e apertou a minha mão.
- Voltamos para estrada e íamos fazer uma curva, não estávamos em velocidade muito alta... Veio um carro no sentido contrário e não tivemos o que fazer, foi muito rápido! Acertou o nosso carro em cheio.
E ela chorava dessa vez com as mãos no rosto, capturando as lágrimas que caiam.
- Giulia eu não sei como sobrevivi, mas eles não... Ninguém sobreviveu! Era o meu aniversário...! – cobriu o rosto novamente.
Eu não soube como reagir àquelas revelações. Passei meus braços ao redor dela e ficamos assim até os soluços cessarem.
- Por isso te vi chorando naquela noite, no bar... - tirei uma mecha do rosto.
- Naquele dia eu completei 27 anos e fazia um ano de morte deles. Todos os anos comemorávamos o meu aniversário na casa dessa prima. Era o modo que tínhamos de estar todos juntos.
Então compreendi que a dor que eu sentia ao vê-la chorando era ainda maior para ela.
- Sinto muito Ive... eu sinto muito. - e acariciava seus cabelos.
- Preciso de uma ducha.... - e limpou as lágrimas.
- Sim faça isso, vou preparar a mesa.
- Não me demoro.
Colocava as frutas sobre a mesa quando Ive entrou na cozinha, pegou uma fatia de pão e mordeu um pedaço. De seguida serviu-se de leite e sentou-se na mesa. Fiz o mesmo.
- Está melhor anjo...
- Você não vai trabalhar? – tomou um gole de leite.
- Não se preocupe.
Acabamos de tomar o café e sentamos no sofá da sala. Eu a abracei junto de mim e ficamos assim por um tempo.
- Giulia só um minuto. Preciso enviar um arquivo para o escritório, já volto. – e fui até o quarto pegar o notebook.
Minutos depois o interfone tocou. Deveria ser a floricultura.
- Atenda Ive!
Ela sorriu ao ver o ramalhete de lírios.
- As flores chegaram! – sorri ao ver a alegria dela com as flores nos braços.
- São lindos... – pegou uma jarra de vidro e foi até a cozinha. Voltou depois colocando as flores no jarro com água sobre o tampo da mesa.
Ive tinha algo que me impressionava, uma força interior que nem ela mesma pensava em existir.
- Quero te levar a um lugar... - sorri. E também quero que conheça uma pessoa.
- Claro... - e ela me puxou pela mão. – Vamos para a cama? – disse me olhando nos olhos.
- Preciso terminar de enviar o e-mail! – sorri.
- Que lugar é esse que você quer me levar, preciso levar alguma roupa?
- Não tem necessidade, mas se quiser...
- Vamos para o escritório, melhor lá que trabalhar em cima da cama – e fui atrás dela.
Pegou na minha mão e fomos até o fim do corredor.
Ive abriu a porta e acendeu as luzes e eu fiquei encantada com a quantidade de livros que ela tinha que cobria praticamente duas paredes inteiras até o teto.
- Uau...
- Desculpa não ter te mostrado ainda.
- Você tem uma coleção incrivel aqui. - sorri.
- Sim alguns são bem raros. Herdei muitos do meu pai.
- Hum também tenho que enviar um arquivo, mas é coisa rápida. – disse olhando para mim.
Puxou a cadeira ligando o monitor.
- Sente-se aqui – e apontou a outra ponta da mesa.
Ive tinha uma agilidade incrível.
- Poderíamos trabalhar juntas... - sorri. - O seu pai também era engenheiro? - continuei.
- Por que não? Era sim...
E seus dedos pareciam ondas sobre o teclado.
- Pronto...!
- Nem te perguntei se tinha o dia livre. – olhei sério para ela.
- Tenho sim, essa semana está mais de boa, estamos finalizando.
- Que bom. Pronto. Também enviado! – pisquei para ela.
Ive voltava a sorrir como antes. A vontade que eu tinha era a de cobri-la de beijos. Ela olhou para mim e levantou-se, passou as pernas por cima das minhas, sentando no meu colo. Beijou meu rosto, meus lábios.
Estava tão linda, tão radiante e eu cada vez mais envolvida com ela.
Fim do capítulo
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