Capitulo 15
Havia passado uma semana desde o almoço na praia com a Ive e a hostilidade do Rui. Não havia trocado uma palavra se quer com ele desde então.
Ive tentou entrar em contato comigo por diversas vezes. Recusei a todos e ela não mais voltou a ligar. Também não voltei mais no All In.
Estava distraída com um projeto quando bateram duas vezes na porta.
- Pode entrar! - e continuei olhando para o desenho.
- Você quer conversar... – disse ela em tom preocupado.
- Sobre o que Eduarda... – olhei para ela.
- Sobre o que aconteceu entre você e o Rui. – Seu pai acha que você se abriria melhor comigo...
- Por que ele mesmo não vem conversar? – desliguei o monitor. - E o que você sabe a esse respeito? Sartori acredita no que ele disse? – Quer saber... - peguei a minha bolsa e segui para fora, batendo a porta.
Rui deve ter dito alguma coisa para meu pai sobre o ocorrido naquele dia e por eu o ter proibido a entrada no prédio. Em casos assim ele sempre se fazia de vitima. Sempre culpando alguém no seu lugar e na maioria das vezes acabava se safando. Mas comigo seria diferente daqui por diante.
Entrei no carro e dei partida olhando para o visor do celular. Minutos depois estava descalça andando na areia. Desabotoei a camisa e caminhei para o mar, mergulhando. Nadei até ficar exausta. Sentei-me abracei o joelho e apoiei a cabeça. Fechei os olhos e pensei em Ive. Ela não tinha culpa. A culpa era toda minha por ter bebido demais.
Sentia sua falta. Eu não sabia explicar o que estava se passando comigo, estava tão confusa com tudo.
Coloquei a ponta dos dedos nos lábios e fechei meus olhos. Eu sentia os seus lábios macios me beijando... Senti que ela quis aquele beijo tanto quanto eu, eu senti que sim, do contrário teria me afastado ou me impedido. Apenas queria tê-la perto de mim nesse momento.
Voltei no escritório só para pegar uma maleta que havia esquecido com meu notebook sobre a mesa e Eduarda voltou a bater.
- Um rapaz deixou isso para você.
- O que é. - peguei o bilhete e abri.
“Giulia não sei o que aconteceu, mas seja lá o que for me liga, converse comigo! Por favor! Ive.”
Horas depois estava no meu apartamento tomando um banho. De lá fui para meu quarto e deitei na minha cama. Havia deixado o bilhete no escritório sobre a escrivaninha ao lado do computador. Olhava para o teto quando sentei na cama e peguei os outros dois bilhetes dentro do criado mudo.
“você é linda”
“você está maravilhosa”
O botão de rosa...
- Não acredito... - e tive um sobressalto.
Corri, peguei o bilhete no escritório e voltei para o quarto. Coloquei os três bilhetes juntos.
“Giulia eu não sei o que aconteceu, mas seja lá o que for me liga, converse comigo! Por favor! Ive”
- Deus Ive... Por que você não me disse?
Os três bilhetes tinham a mesma letra: e era de Ive.
Pela primeira vez na minha vida eu não sabia realmente como agir diante daquela situação. Deveria ligar para ela e conversar a respeito? Sim precisava.
Separei um blazer e calça pretos optando por saltos. Sai do boxe com os cabelos enrolados na toalha e sentei diante do espelho, toda nua. Coloquei a toalha sobre a cama e percorri todo o meu corpo com os olhos. Sequei os meus cabelos. A maquiagem era bem marcante. Vesti-me e percorri o meu quarto de relance. Dei dois passos para trás e peguei as chaves do porsche que estava dependurado com outras chaves ao lado da porta, na sala.
Tirei meu celular da bolsa e peguei o cartão. Sai pela porta e entrei no elevador até a garagem.
Vinte minutos depois estava estacionando diante do antigo prédio e bar All In. Olhei para o relógio. As estrelas começavam a brilhar. Estava nervosa. Desci do carro e dei as chaves para o manobrista. Subi os degraus para o 2° andar e sentei-me na mesma mesa: a do canto. Alguns rostos ali já me eram familiares. Chamei o garçom levantando o dedo:
- Por favor, um whisky com gelo.
- Sim, mais alguma coisa? - pensei em perguntar de Ive, mas desisti.
- Só isso por enquanto.
- Bom divertimento e saiu.
Tomava o whisky pensativa. As minhas mãos suavam. E se ela não estivesse ali? Eu não tinha coragem suficiente para ligar para ela e... Como poderia me desculpar?
A pista estava repleta de pessoas. Olhei para o bar no canto, onde Ive se sentara da primeira vez. Mas só havia um rapaz. Minutos se passaram e nada me fazia sentir melhor.
Bebi o último gole do líquido e peguei o gelo com a ponta do dedo, levando o até a boca, mastigando.
De repente o garçom aproximou-se e depositou outra dose de whisky na mesa. Olhei para ele sem entender:
- Deve ser um engano... Eu... – sorri
- De modo algum. Divirta se. - e ele afastou-se
- Ive... – murmurei.
A minha cabeça girava. Quis chorar. Respirei fundo e deparei com um sorriso do outro lado do salão, mas estava tão escuro que eu só conseguia ver um perfil contornado pela luz de fora.
Olhei para o copo de whisky e as luzes se acenderam. Voltei a olhar naquela direção novamente e sorri. Ive estava sentada virada para mim. Estava vestida de branco. De um tecido muito leve. Estava muito fresca. Estava maravilhosa. As pernas cruzadas. Ela virou-se pegando a bebida e ergueu para o ar. Olhei para o copo de whisky sobre a mesa e meu olhar inundou-se de lágrimas erguendo-o também, em sua direção. Bebi um gole do líquido e me levantei. As luzes se apagaram ficando a meio tom e encaminhei em sua direção. Não havia notado pela distância em que eu estava que ela chorava e sorria ao mesmo tempo. Parei a um passo dela e a abracei.
Olhei para os seus olhos... - desci a mão para sua nuca e aproximei os meus lábios de seu ouvido:
- você foi a coisa mais linda que já me aconteceu...
- Desculpa Giulia, eu não queria lhe trazer problemas. – disse com voz embargada.
- Só estou um pouco confusa nada mais.
Voltei a olhar em seus olhos. Contornei os seus lábios com o dedo. Ela me enlaçou pela cintura e eu fiquei colada em seu corpo. Tinha os meus lábios tão perto dos dela que pude sentir a sua respiração entrecortada.
- Eu penso em você a cada minuto do meu dia... - sussurrei – e tenho medo por isso... Ive.
- Vamos sair daqui... Vem – e saímos dali de mãos dadas. Fomos para o andar de cima e sentamos em um dos sofás. Muitos estavam ali se divertido e jogando sinuca.
- Não precisa ter medo... Olhe para mim... Eu não vou te machucar.
- Desculpa Ive eu cometi um erro com você e foi aí que tudo começou a fazer sentido.
- Não precisa se desculpar. Esta tudo bem.
Ela se aninhou em mim e deitou a cabeça no meu peito. Afagava seus cabelos. Seu perfume era maravilhoso. Seus dedos estavam entrelaçados aos meus. Então eu me aconcheguei mais junto dela, e pela segunda vez voltei a beijá-la em minha nítida lucidez.
Fim do capítulo
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Brescia
Em: 03/05/2020
Boa noite mocinha.
E eu pensando que fosse a Mel, mas foi uma bela surpresa saber que era a Ive que lhe dedicava os bilhetes e as rosas. Achei fofo os gestos, mas ainda quero saber da Mel,rs.
Baci piccola.
Resposta do autor:
Mais uma admiradora da Mel rs Vou fazer uma enquete, "Quem quer saber do paradeiro da Mel"? E criar uma história paralela na visão da própria. Seria bem interessante não?
Ive apesar de tímida é bem romântica... rs da-lhe Mel, já tem até torcida organizada!
Beijos!
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thays_
Em: 03/05/2020
ps: esse bilete é verdadeiro.
gente, eu amei essa parte dela comparando as letras e descobrindo que era a Ive que tinha mandado todos os recados! as duas se beijando no final então... ai meu coração <3
Resposta do autor:
Ps: rindo do "bilete" XD
Ainda bem que ela teve essa idéia de colocar todos juntos, pois talvez o futuro teria sido bem diferente para as duas. Obrigada pela força de sempre! Ai ai...
Beijo!
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LorenMed
Em: 03/05/2020
Oii, estou amando sua escrita, a estória é envolvente não dá para negar. Eu estou muito curiosa e me apeguei bastante a respeito de Mel, eu me apeguei a ela kkkkkkkkk. Me diz se ela vai voltar, o que aconteceu com ela?? Afff eu acho que sou a única que queria elas juntas, mas é isto. Abraços 🥰
Resposta do autor:
Olá LorenMed! Que bom fico feliz por isso! Mel não pensava duas vezes antes de fazer as coisas, ela ia e fazia o que vinha na cabeça. Quem sabe futuramente não escreva uma história só com a Mel? ;)
Nesta história a Mel fica no passado das lembranças da Giulia. Muito difícil voltará, mas foi ela quem despertou na Giulia esse desejo por mulheres algo que ela não esperava.
Eu também queria, mas... torça pelo novo casal :)
Beijos!
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