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Nas Entrelinhas de uma Mulher por Jubileu

Ver comentários: 3

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Palavras: 1458
Acessos: 985   |  Postado em: 02/05/2020

Capitulo 14

Estava na minha sala pela manhã tomando um capuccino, quando a secretária bateu na porta:

- Srta seu pai quer lhe falar. – e saiu fechando em seguida.

Minutos depois estava na sala dele sentada na confortável cadeira de couro marrom.

- Giulia você fez um belo trabalho. Adoraram seu projeto e fecharam!

- Que maravilha! Quando iniciamos?

- Só assinar os papéis e você já pode entrar. Bom trabalho!

- Obrigada. É só isso?

- Saio de viagem. – disse olhando para o chão.

- Tranquilo e vai para onde? Quando?

- Hoje. Para Amsterdã. – e guardou uns papeis na gaveta.

- Posso ir com você? – disse em tom seco.

- Na próxima.

Só olhei para ele e sai.

Voltei para minha sala e sentei olhando para fora da janela. E quando foi a última vez que viajamos juntos? Ah o que importa? Olhei para o maço de cigarros sobre a mesa e guardei dentro da gaveta. Fumei por um tempo na adolescência só por saber que era “proibido”. Hoje de vez ou outra, quando a minha ansiedade e raiva estão mais afloradas. Deixava o maço à vista só para me afrontar e dizer: “Você é mais forte que isso, você consegue resistir a isso" Era quase 12h00min quando o celular tocou.

- Alô?

Era Ive ligando para saber se eu já havia almoçado ou não e é claro que eu aceitei. Aquela altura o juízo já não mais fazia parte do meu vocabulário. E toda a oportunidade que eu tinha para me divertir, sair e seja lá o que Deus quiser, eu estava dentro.

Passei o endereço para ela e desci para o lobby. Estava sentada no sofá a sua espera com uma revista na mão. No mesmo momento uma Victory The Freedom 106 estacionou e o condutor virou a chave desligando. Com cuidado retirou o capacete e colocou os óculos escuros. Baixei a revista e olhei duas vezes antes de sorrir. Era Ive. Ela desfez o coque no alto da cabeça e seus cabelos caíram em cascata sobre os ombros. Usava um jeans preto com uma blusa de mangas compridas e botas de couro até o joelho. Veio na direção da porta giratória e entrou.

- Boa tarde Srta. - Sorriu - vamos?

- Claro.

Deu-me um beijo na face e saímos.

- Pronta? - Ive perguntou girando a chave na ignição e ajeitando o cabelo dentro do capacete.

- Sim. - disse passando os braços por sua cintura.

Seguíamos para o litoral e não fazia idéia de onde ela poderia estar me levando. O céu apesar de encoberto fazia muito calor e estava muito claro. Minutos depois estacionamos diante de um pequeno prédio de tijolos a vista. Ficava diante do mar. Passamos por um longo corredor e subimos um lance de degraus.

Havia várias mesas no interior e sacada. Ela apontou para fora e fomos para lá. O lugar ela lindo. O mar quebrava nas pedras e formava tipo um imenso chafariz natural.

- Podemos sentar aqui? - perguntei sem tirar os olhos do horizonte.

- Claro! - disse entregando os dois capacetes para o maitre.

- Um espumante, por favor. - pediu Ive sem me olhar.

Ajeitei na cadeira colocando os óculos escuros.

- Gosta de frutos do mar?

- Adoro. - sorri.

E ela chamou o maitre.

- Srta?

- Ostras, por favor!

- Mais alguma coisa?

- Somente, por enquanto, obrigada.

E Ive entregou-lhe o cardápio.

Minutos depois o garçom arrumava o espumante no gelo, depositando duas taças na mesa.

- Ive...

- Sim? - disse enchendo as taças com o líquido borbulhante.

- Por que você me trata assim?

- Desculpe não quis... - ela olhou para o mar, depois para mim. Você tem sido... Como dizer, estou há pouco tempo aqui e você foi a única amizade... que... - gaguejou.

- Tudo bem Ive acho que entendi. – disse ao ver que a tinha deixado sem graça.

Levantei a taça e brindamos à nossa amizade.

Falamos de muitas coisas. Daquela tarde do acidente. Das noites no All In.

Saboreávamos as ostras. As melhores que já havia experimentado.  Estava extasiada. A companhia dela era maravilhosa. A delicadeza com que pegava a taça e levava aos lábios mexia comigo. Os seus lábios nos meus. Parei a taça a uns centímetros da boca olhando para ela.

- O que foi Giulia? – disse olhando nos meus olhos.

- Ive! Desculpa! Aquela noite!

- O que foi? Qual noite? - ela disse em tom preocupado depositando sua taça sobre a mesa.

- Eu... Eu sinto muito! - e corri para fora do restaurante.

- Giulia espera! - disse tentando me alcançar. – Espera!

Desci as escadas e corri para a areia. Eu a havia beijado naquela noite!

 

****

 

Entrei na sala do meu apartamento e deitei no sofá com as pernas sobre o encosto. Abracei a almofada fechando os olhos e senti a suavidez dos lábios de Ive nos meus. O seu perfume afagava a minha pele e num desejo que me apossavam os poros levei uma mão entre as pernas, acariciando.

- Não...  - soquei o sofá. – Você estragou tudo Giulia! – disse olhando para o teto.

Levantei me servi de whisky, liguei o som e me encostei junto à janela da sala. O horizonte estava pincelado de um cinza escuro e sem dúvida a chuva não se demoraria a cair. A imagem de Ive não me saia da cabeça, nem o seu perfume da minha lembrança.

Meu quarto estava escuro e contornei a cama para entreabrir uma das cortinas. Virei o restante do liquido e voltei na sala para me servir de outra dose. Servi-me de duas.

Andava de um lado a outro feito bicho preso em uma jaula. Eu não sabia como consertar aquilo. Eu não tinha cara e nem coragem para olhar para ela. Agora ficou tudo tão nítido, tão claro, que conseguia sentir o gosto do beijo dela na minha boca. Meu Deus o que eu fiz! No mínimo pensaria como todo o resto, que eu não valia nada. Que eu era fraca com a bebida e... Não. Ive era diferente de todas as pessoas que eu havia conhecido depois da Mel. Beijei a garota do nada.

- Como assim sair beijando todas as garotas que visse pela frente! - murmurei. Muito feio dona Giulia. - sorri e virei o whisky. Fui para o quarto tirei a roupa e vesti um baby doll me atirando sobre a cama. Tentando raciocinar. Havia ligado para Monize mais cedo, mas ela estava enrolada com o trabalho e não teria como se encontrar comigo.

- Merda... – praguejei cobrindo o rosto com o travesseiro e o whisky começava a surtir efeito.

Sentia um entorpecimento suave no cérebro e era exatamente isso o que eu precisava: relaxar um pouco até dormir e tentar esquecer.

Acordei de súbito com um barulho na sala.

- Ismália... - sussurrei. – Estou na cama!

Mas disse tão baixo que não sei se ela teria chegado a ouvir.

Estava com os olhos fechados no breu, quando senti alguém sentar-se na beira da cama e tirar o travesseiro do meu rosto.

- Oi...

E abri os olhos aturdida.

- Rui!

E antes que eu conseguisse me levantar ele me segurou pelos pulsos.

- O que está fazendo?  Me solta, está louco?

- Hum baby doll de renda...

- Nem se atreva!

E eu não tinha forças para me soltar.

- Calma ruiva, como você diz “vai ser coisa rápida”.

- Rui sai daqui!

E antes que eu gritasse me beijou.

Debatia-me debaixo dele, mas não conseguia me livrar de suas mãos.

- Não grite!

E eu desvencilhei uma mão e lhe dei um tapa.

- Sua...

E deitou-se em cima de mim, forçando outro beijo e sem que esperasse ouvi um barulho do meu lado e Rui caindo por cima de mim.

- A menina está bem? – disse Ismália com uma frigideira na mão.

- Sim, que idiota!

- Vou chamar a policia!

- Não! Não... ai  – levei a mão na boca e vi sangue na ponta dos dedos.

- Menina, se eu não tivesse chegado o que ele poderia ter feito?

- Ele sempre foi assim, isso sempre aconteceu.

- Seu pai precisa saber.

- Por favor, não fale nada. Vou dar um jeito nisso.

- Vem deixa limpar seu rosto.

- Vou sair com o carro não quero estar aqui quando ele acordar.

- Melhor não menina. Ah trouxe as roupas como prometi.

- Muito obrigada!

 

Tomei um banho rápido, me vesti, deixando um bilhete sobre a cama para quando ele acordasse e que a partir daquele momento ele estava proibido de subir. Ordens expressas a todos os funcionários do prédio.

Fim do capítulo


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Comentários para 14 - Capitulo 14:
bicaf
bicaf

Em: 03/05/2020

Não percebo essa Giulia. Como se deixa ficar nessa situação? Será que vai encontrar com a Ive? Ai que curiosidade! 😘


Resposta do autor:

Ela estava bem confusa! Mas no fim dá certo!

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Brescia
Brescia

Em: 03/05/2020

         Boa noite de novo.

 

Esse capítulo me deixou com mais raiva ainda do Rui, mas tb da Giulia. Como assim ele sempre fez isso?

 

       Baci piccola.


Resposta do autor:

 

Todo mundo com raiva dele e com razão! Rui sempre teve muita inveja da Giulia e sempre tentou conquista-la para tê-la mais perto, mas ela munca deu bola pra ele, razão de deixá-lo furioso. Mas ela sabe bem se defender.

Beijos!

Responder

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thays_
thays_

Em: 02/05/2020

Ela lembrou do beijo! Não acredito!! Não vejo a hora de ler o próximo! A Giulia devia era falar pro pai dela que o Rui fica abusando dela, devia ir na polícia, sei lá. Ô cada chato! Adorei o capítulo. Ps: adoro ostras! 


Resposta do autor:

 

Dá até para ver a cara da Ive coitada, sem entender nada que estava acontecendo. rs 

Então, esse cara é assim desde o começo, não tem o que fazer, mas ela vai arrumar um meio! Fico feliz que tenha gostado!

Ps: Coincidência, também adoro ostras!

Beijo Thays!

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