"Supernova"
Contradictio
“Supernova”
***
“Você me ensinou a coragem das estrelas antes de partir
Como a luz continua eternamente, mesmo após a morte
Com falta de ar, você explicou o infinito
Quão raro e belo é apenas o fato de existirmos
Eu não pude deixar de pedir
Para que você dissesse tudo de novo
Tentei escrever
Mas eu nunca consegui achar uma caneta
Eu daria qualquer coisa para ouvir
Você dizer mais uma vez
Que o universo foi feito
Só para ser visto pelos meus olhos ”
-Saturn/Sleeping At Last
***
“- O que fazemos quando encontramos o fundo do poço? – Indagou, inocente, esperançou com todas as forças uma resposta, contudo essa nunca veio.
Nem mesmo os silencio ousou se pronunciar ali, apenas a sonora indicação no pequeno computador de que aquele coração, apesar de fraco, ainda lutava e o ventilador pulmonar, como um verdadeiro altruísta, trabalhando incansavelmente para remediar a hipóxia.
- Cave até encontra uma saída. Lute até alcançar a superfície. Seja otimista, o fim é sempre o começo... – um projeto de sorriso, exaurido de humor, pintou-lhe os lábios avermelhados – E a última, entretanto, não menos importante: “Quando a vida decepciona, qual é a solução? (…) Continue a nadar, continue a nadar…” – As finas lágrimas, tornaram-se grossas e amargas – Você dizia: Kath, olhe... A Dory é uma filósofa, no mínimo a melhor Coaching que esse mundo já viu!- Uma espécie de gargalhada amarga, misturada aos soluços, rompeu o vazio inquietante do quarto, mas tão furtivo quanto ela, o silencio voltou sufocante.
Os azuis tempestuosos, agora pareciam mais com opaco e cortante gelo, vagaram pela madrugada calma e escura. Perdida em suas culpas e fracasso... Suspirou, recorrendo ao ar seco que desceu rasgando seu interior.
- Eu estou tão cansada de nadar... – confessou em um inaudível murmurar – Eu não sei se consigo lutar essa ultima vez! – comprimiu o maxilar com força, buscando manter a mínima postura - Eu já estive tanto tempo no fundo desse poço e a cada centímetro em direção á luz, um pedaço da minha alma fica para traz... - forçou-se a engoliu o “bolo” angustiante em sua garganta – Não posso mais fazer isso! - o rouco ia morrendo á cada palavra, assim com sua sustentação, e escorada á parede seu corpo foi contra a porcelana – Eu sinto tanto, pequena... – Chorou com a face dilacerada entre as mãos – Se houvesse outra maneira, e-eu jamais teria... – Não pode completar, pois o choro copioso a tomou, guindo a de encontro a sua escuridão – S-Sinto muito, July... p-perdoe-me!
E assim, ela rendeu-se aos seus demônios, sendo engolida cruelmente por todas as suas culpas e dores. Encolhida ao chão frio, daquele cubículo com cheiro de morte, a mulher desmontou em um choro tão amargo quanto o fel. ”
***
**48 horas antes, Brasília – Distrito federal **
Quartel General do Exercito...
A vozes emboladas se misturavam uma á outra, supor que fosse difícil de compreender-las era uma eufemismo, impossível, certamente mais apropriado. Os cartazes e placas em riste, traziam certa idéia sobre o assunto ao qual protestavam ou requeriam, elas não sabiam dizer com exatidão.
Como se a gritaria não fosse suficientemente capaz de tornar o ambiente insuportável, uma das ocupantes do veículo, lutava com bravura e exacerbado empenho para encontrar as mais “inusitadas” estações no rádio – Por inusitadas, entenda-se: as mais complicadas de se aceitarem como satisfatórias aos ouvidos.
Exaurida de sua busca, a morena mais nova, resolve dar sua missão por encerada. Fator causador de um suspiro agradecido por parte da outra.
- Eu estava pensando... – Começo ela, depois de alguns minutos de “silencio relativo” – Vocês não têm aulas de historia por aqui, não é?! – supôs, cerrando o cenho questionador.
“Por que, Afrodite?!” (deusa grega da fertilidade) – lamentou a morena maior, amaldiçoando até sua septuagésima geração.
- Olha só aqui... – Continua, apontando para um dos cartazes com letras grandes e garrafais, contendo a frase: “Viva a Ditadura!” – Deveria ser uma piada, se não fosse trágico! – Completa, ajeitando-se ao banco do carona.
“Como isso eu tenho que concordar!” - Apóia em a apurada telepatia, obvio. Só em pensar em argumentar ou articular uma mínima oração, sua “pressão” ia às profundidades – “Calor dos infernos!”
- Por que a gente não pode entrar agora? – pergunta ela, trabalhando em seu melhor tom manhoso.
“De novo isso? Serio Príapo?!” (deus grego da fertilidade, descendente de Afrodite)– Revirou os azuis nas órbitas, injuriada. Desta vez se “lamentou” por receber tal criatura como irmã.
- Precisaremos do código antes disso! – responde-a, em um suspiro irritadiço.
- Por que não podemos esperar em um hotel, então? – Resmungou a morena em um suspiro inquieto – Poderíamos vir á noite, quando obviamente teria menos segurança e manifestantes? – Desandou e questionar - Será que tem alguém nos vigiando? – As avelãs fizeram uma rápida varredura ao redor.
- Eu. Não. Sei! – devolve a maior, controlando o rouco para soar cadenciado e calmo.
Pela enésima vez aquela tarde, sua paciência estava perto de extrapolar o mínimo limite.
Estavam presas á aquele espaço minúsculo e quente, há umas doze horas ininterruptas. Sem banho, sem café da manhã ou almoço e o mormaço quente fazia a pele pálida se irritar e coçar como o inferno, então se estão se perguntado se uma delas explodiria á qualquer momento, a resposta e um: Sem sombra para dúvidas, sim.
- Não poderia ter escolhido um carro mais quente, não?! – Voltou a indagar, sem medir o risco que sua vida corria – Olha, se eu soubesse que escolheria uma lata velha dessas e ainda por cima com ar-condicionado “pifado”... – outro revirar das avelãs, enquanto balançava as mãos de frente ao corpo, na inútil tentativa de aplacar o calor – Eu mesma teria ligado para fazer o aluguel! – completa estupefata.
As orbes azuis, agora faiscantes, fecharam-se com toda a força possível, assim como a contração das mandíbulas – Vã tentativa de manter o autocontrole e não voar naquele pescoçinho insolente e fresco- A motorista tragou uma lufada enorme de ar, mas ao invés de trazer refrescância aos seus neurônios, serviu apenas para estimular ainda mais sua irritação.
“Porr* de calor, eu odeio essa merd*!” – contatou a jovem esmagando o volante, até sentir os nós esbranquiçados dos dedos longos doerem.
- Acho que é a maior estupidez do mundo invadir a instalação mais segura do país, atrás de uma maleta velha... – Desandou a menor á reclamar, não tendo consciência do dragão, soltando fogo pelas ventas, “amarrado á um fio de náilon” ao seu lado esquerdo - O que tem lá? – Abriu os braços no ar, reforçando sua postura questionadora/debochada – Segredos de estado?! – Desdenhou com um estalar da língua em negação – Eu duvido que duas mulheres, por mais espetaculares que possam ser, consiga contra atacar fogo de um batalhão do exercito in...
Como prometido, “cá” estava ela... Explodiu.
- CALA A PORRA DA BOCA, D’ANGELIS! – Gritou a motorista, com toda potencia e decibéis que o rouco poderia produzir.
A italiana birrenta acabou dando um pulo no banco do passageiro.
- Per dio, Donna (por deus, mulher)... - assustando-se com a “hostilidade gratuita”, em sua própria concepção, direcionada á sua pessoa – Quer me matar do coração? – levou a mão ao peito se recuperando da explosão da irmã.
- Em todos os seus “Porquês”, a minha resposta não mudou. Sabe por que, meu anjo? – perguntou retórica, sentido os ombros subirem e depois descerem rapidamente, na proporção inversa ao diafragma – POR QUE. EU. NÃO. SEI! – rosnou a de olhos azuis.
Os segundos de silêncio seguintes pareciam um paraíso para a jovem Castiel, que suspirou aliviada, ajustando-se outra vez atrás do volante.
- Você é muito indelicada, maninha! – recamou com um bico enorme nos lábios, esperando um confronto que a tiraria da monotonia que se torno esperar.
“Essa mulher só pode ser hiperativa!” - negou a motorista rabugenta, sem querer interagir com a companheira.
Mas o grande lamento por sua parte se deu no momento posterior.
- Ficcati un dito in culo (Enfia-te um dedo no cu)! – Sussurrou Melannie, irascível, pela falta de resposta.
Ela não queria crer – “Estava errada, certa?!” – o seu subconsciente gritava, tentando “amenizar” a ira que inflamou os azuis tempestuosos, recaídos sobre a face sarcástica da outra.
Em um “mix” de medo e zombaria, o sorriso sarcástico - como quem diz: “foi isso mesmo que você ouviu, querida!” - pintou os lábios sobe o batom cor nude.
- Eu vou é “enfiar-te” a minha mão bem no centro dos seus córneos, sua... – Rosnou a morena mais velha (dois minutos de diferença), partindo par cima da irmã em um rompante de fúria.
Quando estava preste a dar cabo no seu maior desejo do dia- estrangular a insuportável d’Angelis- assistiu um sonata preto, com a mesma placa que procuravam, atravessar a “cancela” da guarita que daria acesso ao interior do Batalhão.
- Vamos, insuportável!- Ordenou Castiel, batendo a porta do carro com força e caminhou, esgueirando-se pelas pessoas, até a entrada– A boina, idiota! – repreendeu, apontando para o objeto mal alinhado na cabeça da italiana e desenrugou a farda camuflada que enroupava.
- Claro Major! – ironizou com a voz afinada e careta nauseada, rapidamente alcançando os passos longos e impacientes da irmã.
- Figlia di Puttana ... – rosnaram uníssonas em um sussurro secreto; revirando os olhos em perfeita sincronia, longe de se perceberem em tal ato.
***
- O que houve? – Perguntou a loira, correndo em direção á maca que os paramédicos retiravam de dentro da ambulância.
- Mulher, entre 25 e 30 anos, vítimas de ferimentos por projéteis de arma de fogo... – Falou o para-médico apressado, guiando a maca porta á dentro – Recebemos uma ligação anônima e encontramo-la desacordada em uma poça de sangue!
- Identificação? – perguntou o jovem residente.
- Não encontramos nenhum documente com ela! – respondeu ele.
- Droga! – Iara balbuciou reconhecendo a dona dos cabelos ruivos, empalidecida – Eu a conheço. Mandem prepara uma sala de cirurgia, imediatamente! – ordenou.
“Merda Juliana, onde você se meteu dessa vez?!” – sussurrou, correndo com uma Salvatore desacordada para o centro cirúrgico.
***
- Não quero nem saber quantas leis do código penal brasileiro, ou seja lá qual for, estamos infringindo, por vasculhar o gabinete de um marechal do Exercito! – sussurrou Melannie, enquanto revirava todas as gavetas que encontrava pela frente.
- Cala boca e procura essa merd* de maleta logo, para darmos o fora desse buraco, antes que nos peguem! – Rosnou Kath, tentando encontra algo escondido sobe a parede.
- UH... – zombou, revirando as avelãs na orbita – Eu esqueci que você é a poderosa “Major” Emanuella Castiel, filha do presidente! – completa sarcástica.
- Não sei por que está com medo... – replicou a de olhos azuis, sem dar atenção á irmã – Você já fez coisas muito piores, dignas de prisão perpétua! – observou, concentrada em sua busca, agora atrás de um quadro vitoriano – Achei você, danadinho! - Completou com um sorriso torto, encontrando o que procurava.
A italiana rumou em direção da morena e entregou o código – motivo do martírio de 12 horas de Kath; á espera do informante, nada profissional, devo salientar, junto ao “inferno de reclamações de Melannie” – e depois voltou para fazer a “vigia” na porta.
- Vamos lá baby... – Suspirou Castiel, impaciente.
- Tem alguém chegando, anda logo com isso! – apressou d’Angelis, esgueirando a cabeça para fora da sala.
- Anda logo sua porcaria inútil! – Rosnou, perdendo a paciência com os “bips” do leitor analógico do cofre – Pronto, vam... – ia dizendo, contudo foi impedida - Aí!- reclama, Emanuella ao sentir o corpo se chocar contra o chão.
- Eu falei para ir logo!- sussurrou Melannie quase inaudível, se não estivessem praticamente uma sobre a outra, a morena jamais assimilaria.
As vozes vindas do corredor se tornaram mais altas e depois o volume foi se dissipando gradativamente, indicando que os donos haviam se distanciado dali.
- Precisava cair por cima? – Indagou Kath exasperada, jogando o corpo da irmã para o lado e pondo-se sobre os pés.
- Claro, acha que eu machucaria esse lindo corpinho... – aponta para suas curvas - Com uma tonelada de ossos me esmagando? – Indagou alinhando o fardamento, ganhando um revirar dos azuis em sua direção.
- Vamos sai daqui! – soltou, guindo-se para fora.
- “Vamu-xaí-daquiii” – Imitou a outra, afinando a voz – Vai a merd*, Castiel! – Respondeu exaltada, guiando-se á porta.
- Qual é o seu problema, d’Angelis? – Inquiriu a outra, barrando-a com um firme aperto no antebraço, exaurida dos joguinhos infantis da italiana – Porque está agindo de maneira tão intragável?
- Você é meu problema! – Rosnou, cuspindo as palavras – Será que é tão burra ao ponto de não notar, agente?! – com as avelãs cheias de mágoa, dor e raiva – Agora se puder fazer a gentileza de soltar meu braço... – Finalizou ela, praticamente arrancando os braços do aperto da outra, antes de sair andando.
***
- Está tudo dentro do normal! – Diz o homem vestido por um jaleco branco, com a insígnia médica no ombro esquerdo – A senhora só precisa continuar com as medicações como foi prescrito... – observa ele, retirando esfigmomanômetro do braço magro - Estou otimista com o seu progresso! – sorriu-lhe cordial, mas o sorriso morreu quando o som nasal da risada sarcástica preencheu a sala.
- Não te pago uma fortuna para ser otimista, doutor! – respondeu-o com voz fraca, mas ainda carregada de autoridade.
- Eu estou fazendo tudo que esta em meu alcance, Senhora Martinelli!- Defendeu-se o médico, assistindo a morena levantar-se da poltrona com um pouco de dificuldade.
- Sugiro que faça mais, Doutor Correia! – diz ela, aproximando-se á passos firmes do velho que engoliu em seco – Caso contrário, terá um enorme problema nas mãos! – Alertou ela, sem tirar as avelãs das apavoradas orbes negras.
***
- Graças a Deus... – a ruiva desesperada correu na direção da mulher, assim que a viu sair pela porta que dava acesso á UTI e retirar a touca cirúrgica, liberando algumas madeixas que fugiam do coque frouxo – Diga-me c-como está minha filha, doutora, p-por favor. Ela está viva, minha f-filha está b-bem? – soltou as perguntas, entre soluços.
A loira tragou uma lufada de ar, guindo os verdes do homem bem vestido e bem alinhado- porém as olheiras fundas denotavam seu estado esgotado- para a mulher em um choro copioso.
- A senhorita Salvatore se encontra Sobreviveu e segue estável, mas tivemos que induzir-la ao coma! – Informou a médica em uma postura profissional, mas seu desgaste era perceptível.
- Podemos ver-la, doutora Muller? – Indagou o homem abraçando a esposa com força, como quem deseja transmitir carinho e segurança.
- Receio não ser possível, liberar-los hoje! – Pontua Iara.
- Você precisar me deixar ver a minha filha! – protestou a matriarca Salvatore, em auto e bom tom – Eu preciso ver-la! – ordenou, sentindo as lágrimas quentes banhar-lhe a face sardenta.
Iara entendia bem o que a outra sentia, não saberia mensurar o que faria se naquela mesa fosse Angeline. Mas era crucia para a recuperação da paciente, manter-la em isolamento nas horas seguintes.
- Senhora, isso é um hospital, por favor... – Pediu Muller em um tom cansado e verde sem qualquer resquício de vida – É para a segurança da sua filha. Ela acabou de sair de uma cirurgia, não pode ter contato com agentes bactericidas e afins, pois está muito enfraquecida! – Explicou calma.
- Tudo bem doutora! – Afirmou o homem em um tom sereno – Voltaremos amanhã pela manhã para ver nossa filha. Agradecemos por tudo, tenha uma boa noite! – Despediu-se ele, arrastando a mulher ainda sobe protestos.
-Imagine senhor Salvatore. Uma excelente noite! – assistiu a médica, voltando para sua sala.
Estava morta de saudades de sua “Baby girl”, não via a hora de ter aquele corpinho quente e cheiroso junto ao seu.
Já em sua sala, suspirou cansada, aconchegando-se ao estofado fofo do sofá. Murmurou todos os agradecimentos possíveis quando relaxou os pés inchados fora dos sapatos e fechou os olhos para apreciar os minutos que teria antes de encerra o plantão.
Estava prestes a cair na inconsciência, contudo foi desperta pelo som da porta abrir e se fechar em seguida.
Os verdes turvos, entre o prazeroso cochilo e o inicio do despertar, foram em direção contrária ao corpo e se arregalaram quando seu cérebro semi-consciente, registrou a figura adiante.
“Não, que fosse um pesadelo!” – rogou, sentido o cortante e apavorante frio cortar sua espinha.
Imediatamente saltou do sofá e aprumou sua postura na tentativa de disfarçar o medo que corroia seus ossos.
- Olá meu amor... – diz, abrindo um grande sorriso regado á ironia – Senti saudade! – Completa em um falso luto.
- Q-Quem permitiu sua entrada? – Indagou a loira, caminhando para sua mesa – Eu vou chamar a segurança! – estava prestes a encontrar o botão que acionaria o alarme, caso fosse necessário, entretanto as “mãos de ferro” foram mais velozes.
- Oh não, minha “espozinha” querida... – Agarrou as mãos finas, comprimindo-as as sua com força – Achei que iria gostar da surpresa! – silabou ele, com uma careta fragilizada no rosto quadrado.
- Eu não sou coisa alguma sua, seu lunático! – Gritou ela, tentando se afastar do toque asqueroso, mas sentiu a pressão do aperto aumentar – Solta Vithor, está me machucando! – vociferou a menor, sentindo os verdes arderem.
- É assim que você trata seu marido, depois de todo esse tempo? – continuou ela em seu tom cadenciado, colando o corpo robusto ao da loira – Não mereço nem um beijinho? – Indaga com um “bico”, seguido de um sorriso sádico.
- Vithor, por favor... – Sussurrou Iara nauseada, tentado desviar o rosto do hálito fétido do homem – Me-me s-solta! – Implora, sentindo as lagrimas que lutava para deter molharem a face delicada.
- Eu vou largar a hora que eu quiser! – transfigurado, Castiel gritou - Sabe por que querida?! – Sorriu com a retórica - Porque você me pertence! - Largou-a com força, e pôs-se a caminha pela sala.
- Você não passa de um doente mental, asqueroso! – revidou Iara, sentindo todas as células do corpo arder em ódio – EU TE ODEIO! – Gritou.
– Fala baixou, sua puta! – Rosnou Vithor, agarrando as madeixas loiras em um rompante – Devo lembrar que a “doce Kath” não está mais aqui para que se esconda na barra da saia dela? – Zombou ele, prepotente e sarcástico.
- Lava essa boca suja para falar da minha mulher! – Ordenou a menor, atirando-se com fúria na direção do adversário imponente – Sai daqui seu imbecil. Eu tenho nojo de você, NOJO! – Continua ela, deferindo tapas e arranhões pela face do homem.
- Sua vagabunda! – Urrou Vithor, atirando o corpo magro ao chão – Vejo que terá que reaprender alguns bons modos... – endireitou-se, aprumando a grava e os cabelos bagunçados – A convivência com aquela imunda, deixou-lhe insolente outra vez!-o riso maquiavélico só aumento.
- Sai! – Outro grito, acompanhado de soluços cansados e amargurados.
- Eu vou, sim... – Concorda – Mas prometo que voltarei, querida! – sorriu vitorioso e trotou como um verdadeiro desprezível em direção á saída.
***
O enorme marfim retangular é escancarado com brutal violência, guiando d’Angelis, totalmente transtornada, para o interior do Hal de acesso á entrada do palacete.
- Melannie... – O rouco de Castiel resignado veio em seguida, assim como a dona, igualmente derrotada – Por favo, deixe-me explicar! – implorou, sentindo o buraco em seu estomago aumentar.
- E o que há para ser explicado, Katherine? – indagou-a em um rugido - Quer conversar sobre o que, querida irmã? – parou abruptamente, antes de encontrar os degraus da escadaria – Quer falar sobre como atirou nela á sangue frio? – cuspiu em tom elevado, sentindo as lágrimas escorrerem, guando os azuis num misto de dor e agonia para si – Quer que eu relembre á você que é uma assassina? – continua á gritar em sua mágoa e melancolia – Pois bem Emanuella... – Voltou até a irmã, apontando-lhe o indicador em riste, rumo ao tórax – Você a Matou!- Decretou Melannie, sem qualquer arrependimento, ao notar os azuis escurecidos e rasos – É uma assassina!
- Acha que eu gostei? – Indagou, engolindo todas as lágrimas teimosas – Acha que eu gostei de ver a minha parceira de anos, largada sobre uma poça de sangue como um animal sem valor, Melannie? – Kath, serrando os azuis na face dura como pedra – Você não sabe de nada! – devolve na mesma entonação – Eu amava Juliana como se fosse uma irmã! – Confessou entre dentes.
-Quer saber o que não só acho como sei, Castiel? – aproximou mais – Eu sei que você não pensou duas vezes em atirar na mulher que diz ser sua irmã, para salvar a sua pele... - empurrou com força, fazendo-a se desequilibrar – Eu sei que não teve coragem de lutar pela vida dela e enfrentar Martinelli! – Continua á empurrar, extrapolando seu ódio pelas orbes avelã – Você é fraca e desprezível! - vociferou em plenos pulmões. Sua face queimava, tornando seu rosto rubro, parecia devastada e ao mesmo tempo cega pela angustiante dor que inflamava seu peito.
- O que queria que eu fizesse d’Angelis?- gritou derrotada, abrindo os braços no ar, rendendo-se por fim.
Os empurrões de antes, converteram-se em murros sem qualquer delicadeza, ao ponto que jogou o corpo petrificado da morena mais velha contra a parede, com toda violência oriunda de sua mágoa.
- Que me matasse e deixasse-a ela viver, porr*! – com as avelãs fragilizadas e apertou ainda mais os ombros da outra contra a parede.
- Eu não poderia... - Katherine, respirando com imensa dificuldade, sentenciou não podendo mais encarar a irmã.
- Por quê?
Esse era seu limite, constatou Emanuella, diante dos olhos acusatórios sobre si.
- Não é surpresa que Iara tenha te abandona e levado a filha para longe do mostro que você é... –Mirou profundamente os azuis sem vida e arrematou, sem qualquer piedade - Você é igualzinho a Merida, uma mulher fria e sem qualquer resquício de alma!- espumando em ódio e repulsa, afastando-se da maior e voltou ao seu caminho original - Eu vou odiar-la eternamente por tirar de mim a coisa mais pura que experimentei na vida! – Completou Melannie.
Petrificada, Katherine, permaneceu ali, assistindo os passos rudes da italiana que sumiu no topo da escadaria. O que mais doía naquele momento não eram as costas e costelas queimando como um inferno, depois das pancadas contra a parede, contudo as palavras da irmã, cortaram sua alma e sem qualquer cerimônia, partia-a em milhares de fragmento.
Sentia-se desprezível, não podia olhar nos olhos da outra, não suportava a repulsa que encontrou.
Não poderia refutar-la... “Não se pode refutar a verdade” - era lá que morava sua verdadeira dor.
Fim do capítulo
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alineyung
Em: 03/05/2020
Quando eu penso que me encontrei na história eu vejo mais perdida do que nunca!
Percebi que a Kathe e a Iara passaram a historia quase toda longe uma da outra ...não queria que fosse mais uma daquelas historias que elas só ficam juntas no último capítulo, é bem chato isso
E esse Victor que não se dar mau nunca? Poxa o cara inferniza a histoira inteira e só vai ser punido no ultimo capítulo?
História incrivel autora...mas essas coisas aí me chateiam
Mas vc sabe que eu amo a historia
Uma outra coisa que eu percebi é que vc sempre coloca um r no final das palavras...por exemplo: amar-la ao invés de amá-la...proteger-la ao invés de protegê-la.
Beijos
Ansiosa para o próximo capítulo
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