Capitulo 29 - Meu coração te reconhece
6 de maio de 2020.
Quando aqueles olhos encontraram os meus, eu pude sentir uma força tão intensa, que as minhas pernas fraquejaram. Ela tirou a máscara, me encarando como se estivesse vendo um fantasma.
Levei minha mão a boca.
Era a mulher dos meus sonhos bem a minha frente. O que estava se passando? Eu estava mesmo vivendo aquele momento ou minha mente estava me pregando alguma peça? Podia ouvir o meu coração batendo tão forte e o meu corpo ficar tremulo.
A força daquele olhar...
- Luane...
Por um breve momento, me senti um pouco zonza. Olhei para as outras três mulheres que me encaravam. Uma ruiva muito bonita e outra de cabelos negros, me olhavam com os olhos cheios de lágrimas. A morena de cabelos enrolados levou as mãos a boca.
Voltei a olhar para a morena de olhar forte.
- Quem são vocês? - a ruiva veio até a minha.
- Lua... - ela se jogou em meus braços, chorando copiosamente. - Você tá viva...
Os meus olhos se encheram de lágrimas.
- Deus... - ela se afastou, segurando meu rosto e tirando sua máscara. - Como é bom te ver. Não tem ideia do quanto sentimos sua falta.
- Senhorita Peres, coloque sua máscara. - uma mulher bonita e de olhar triste falou.
- Vocês são minha família? - perguntei, olhando para a morena que vi em meus sonhos.
Ela se aproximou, tocando o meu rosto.
Senti a minha pele formigar e o coração acelerar ainda mais. Ela então me abraçou, forte, e como se eu não tivesse controle sobre meu próprio corpo, os meus braços a envolveram, enquanto ouvia seu choro.
- Eu senti tanta saudade, meu amor... - a última parte da frase me fez sentir um frio na barriga. - Tanta...
Mordi meu lábio.
- Desculpa, mas eu não me recordo de vocês. - ela se afastou brevemente, me atraindo para o seu olhar.
Ela era tão linda...
- Sabemos que não, mas iremos contar tudo que desejar sabe. - ela beijou a minha testa e eu senti como se estivesse... Segura?
Depois de alguns segundos, as quatro mulheres passaram a narrar como eu havia parado no rio. Parecia que a minha vida era bastante agitada e um tanto perigosa. A ruiva, que se chama Larissa, era divertida e parecia ter algo com a morena de cabelos enrolados, a Helena, pois não largavam as mãos. Pietra, esse era o nome da mais silenciosa, estava sentada ao meu lado e não deixava de sorrir.
Elas me passavam a mesma paz que a família de Aninha.
- Olhe... - Charlotte... Esse era o nome da mulher supostamente eu namorava. Pensar assim fazia com que a minha face esquentasse e uma timidez, que eu julguei idiota, tomar conta de mim.
Olhei para a foto.
Havia uma senhora, nos parecíamos muito e também um rapaz. Ele estava com a cabeça raspada, mas carregava um sorriso largo. Sorri, contornando a face de ambos e sentindo meu coração aquecer.
- Essa é a sua mãe, a dona Regina... - Charlotte me olhava. - E ele é o Cris, seu irmão.
- Pareço com ela... - então eu tinha uma família e pelo que parecia eram... Maravilhosos.
Olhei novamente para elas.
- Desculpa não lembrar de vocês. - aspirei o ar. - Mas eu fico feliz de ter outra família.
Olhei para dona Aninha e seu Bernardo, que tinham lágrimas nos olhos.
- Está preparada para voltar pra casa, suburbana? - franzi o cenho. Pietra sorriu.
- Suburbana? - elas riram.
- Essa é uma longa história... - ela segurou minha mão. - Minha irmã e eu sentimos saudades.
- Não queria que fosse... - Tainara me surpreendeu com um abraço. - A gente gosta tanto de você. Até seu apelido combina com você... Já reparou?
Ela sempre tagarelava quando ficava emotiva.
- Combina é? - sorri, vendo-a enxugar suas lágrimas.
- Você é uma luz em meio a escuridão. - a aconcheguei.
Foi muito doloroso dizer "até logo" para aquelas pessoas que cuidaram de mim com tanto carinho, quando eu era apenas uma desconhecida. Prometi que voltaria em breve e a promessa seria cumprida.
Olhei para o amuleto que Taiana havia me dado.
"Pra você lembrar sempre de nós. Te amamos, Lua..."
- Você está bem? - Charlotte se colocou ao meu lado.
O seu cheiro era bom.
- Estou bem confusa. - confessei.
- Quando chegarmos em casa, te levarei ao médico. - eu não conseguia olha-la. - Pra sabermos se há possibilidades de ter suas memórias de volta.
Mordi meu lábio, pois recordei de meu sonho.
- Escute... - respirei fundo. A presença dela me desconcertava. - Somo mesmo namoradas? - a encarei.
A bela mulher levou a mão a nuca.
- Somos... - mordi meu lábio.
- Faz muito tempo? - ela limpou a garganta.
- Quando tudo aconteceu, fazia apenas três meses. - ela segurou minha face.
- A gente se amava? - ela sorriu e eu senti exatamente o mesmo que no sonho.
Ela ia me beijar? O seu rosto estava tão próximo. Minhas mãos suavam.
- Mas que qualquer coisa no mundo. - seus lábios beijaram a minha testa.
Charlotte ficoi me olhando por um longo tempo.
- Você é muito linda. - vi a mulher ficar sem jeito. - Eu sonhei com você.
Seus olhos brilharam.
- So... nhou? - concordei com um acenar.
- A gente falava sobre filhos... - ela pareceu pensar por algum momento.
- Não foi um sonho... Uns dias antes de tudo acontecer, falávamos sobre ter..
- Dois filhos... - falamos juntas.
Acabei sorrindo.
Como eu podia me sentir tão à vontade com uma pessoa que a minha mente nem recordava?
- Isso... - fiquei a observar aquela tão bela mulher.
Desejei ardentemente me recordar dela.
Foi uma longa viagem até a capital e quando chegamos ao Ver-o-Peso, já era noite. Tive que colocar máscara e lavar as mãos. Durante o trajeto, percebi que as poucas pessoas que andavam pelas ruas, usavam proteção.
O mundo estava à beira de um colapso? Ou já havia sido jogado no abismo?
Quando chegamos em frente a uma enorme residência, o meu coração acelerou. A porta foi aberta e por ela, a senhora da foto saiu e disparado em minha direção. Ela apenas se jogou em meus braços, me apertando e beijando meu rosto, enquanto chorava.
Minha mãe...
Olhei sobre seus ombros e um rapazinho estava na porta, olhando para nós. Sorri para ele e o ato o fez caminhar lentamente, até se aproximar.
- Lua... Minha irmã. Deus...
Quando me dei conta, eu chorava, abraçada a eles.
- Meu Deus, obrigada por trazer a minha menina de volta! Obrigada! Obrigada!
Depois de um longo banho, estava junto com eles no jardim da bela casa. Cristian segurava a minha mão e não soltava nem por um momento. Eles falavam de como foi aqueles últimos meses e em como a minha vida era.
Lembrei de Aninha e sua família.
- Como são as pessoas que cuidaram de você, minha filha? - Fui desperta de meus pensamentos com a voz de dona Regina.
Minha mãe... eu precisava me acostumar.
- Bom, eles... - todos me encaravam. - Eles são boas pessoas. Me ensinaram tantas coisas. - sorri. - Mesmo não sabendo de onde eu havia vindo ou se representava algum perigo para eles, me acolheram e me fizeram parte de sua família. Quero que eles possam conhecer vocês.
Mordi meu lábio.
- Não consigo lembrar de nada, mas sinto aqui... - apontei para o meu coração. - Que estou no lugar certo.
- Você tem muito amor aqui, Lua... - Helena baixou sua máscara. - Todos que estão aqui e alguns que não puderam estar, amam você e sentiram saudades, sofreram e choraram ao pensar que tinha nos deixado para sempre. Charlotte passou meses procurando por você.
Olhei para a morena.
- Jamais deixaremos que suma outra vez... - Larissa.
Sim, eu podia sentir todo aquele amor.
Já se passava das onze da noite, quando fui para a cama. Estava sentada, vendo Charlotte voltar de seu closet com um travesseiro e lençol. Ela me olhou, sorrindo e eu me imaginei beijando seus lábios.
"O que estou pensando? Eu nem conheço ela e tô pensando bobagens. Se bem que, eu a conheço sim, mas... Aaaaah! Que droga!"
- Vou dormir com a Pietra no outro quarto... - fechei meus punhos.
- Não quero tirar você do seu quarto. - ela se aproximou, sentando na beirada da cama, tocando minha face.
Fechei meus olhos por alguns segundos, sentindo um choque.
- Você precisa de espaço e eu vou te dar. - ela beijou minha testa. - Eu te amo muito. Dorme bem, meu amor...
Charlotte me olhou por vários segundos, até sair do quarto. Foi então que percebi que predia o ar.
Olhei para todo o cômodo.
- Essa é a minha vida? - Apertei o amuleto em forma de coruja contra o peito.
Havia um vazio enorme em minha mente, mas em meu coração não. Aquelas pessoas eram tão boas e me tratavam com tanto carinho. Eu tinha que fazer minha parte e buscar por ajuda para poder lembrar. Eles já sofreram demais achando que eu estava morta.
Charlotte me veio à mente.
- Parece que tenho bom gosto... - ri da minha própria insanidade. - Melhor eu dormir.
O sono não demorou a vir.
7 de maio de 2020.
Acordei cedo, sentindo saudade do barulho do rio e do vento nas árvores. Tomei banho e desci na esperança de encontrar alguém acordado. Fui para o jardim, o dia estava nublado e frio. Ao me aproximar de uma mangueira enorme, percebi que havia alguém encostado no tronco.
Cheguei mais perto.
- Tá frio, por que está aqui fora? - a morena me encarou.
- Eu gosto de dias assim. - seus olhos inundaram os meus. - Acordou tão cedo. Senta um pouco...
Fiz o que ela me pediu.
- Ontem ouvi a história de todos, menos a sua... - ela olhava para frente.
Seus traços lembravam Charlotte.
- Talvez isso possa confundir a sua cabeça. - franzi o cenho. - Ou te fazer não gostar de mim...
- Por que eu faria isso? - questionei.
- Não sei... Mas tenho medo que ocorra. - não estava entendendo nada.
- Me conte... Acho que mereço saber. - ela me encarou.
- Certeza? - concordei com um acenar de cabeça. - Tudo bem...
Pietra se deitou no gramado bem cuidado.
- Nos conhecemos na faculdade...
Ela passou a narrar, me deixando surpresa em alguns pontos. Engraçado, eu não a imaginava fazendo nada do que ela disse que tinha feito. Quando a olhava, podia ver uma bondade tão grande.
- Espera... - ela franziu o cenho. - Você namorava o irmão da Charlotte, depois eu namorei ele e agora estou com ela? - a morena sorriu.
- Exatamente, suburbana... - ergui as sobrancelhas.
- Patricinha cabeça de vento... - imediatamente ela sentou, me olhando com perplexidade.
- Me chamou de... - franzi o cenho. - Você costuma me chamar assim...
Seus olhos se encheram de lágrimas.
- Eu não sei porquê disse isso... Só saiu. - levei minha mão a cabeça, sentindo-a latejar.
- Isso é um bom sinal... - ela sorriu. - Talvez toda a sua memória volte.
- Desejo que sim... É tão estranho ter a mente vazia. - ela segurou minha mão.
- O mais importante é que você voltou para nós, Lua... Vem, vamos tomar café. - ela ficou de pé e me ajudou a fazer o mesmo. - Sua mãe faz um bolo de coco delicioso.
- Adoro coisas de coco...
- A gente sabe... - ela riu.
Quando retornavamos para dentro da casa, vi Charlotte descendo as escadas. Por um momento, senti meu coração parar e um formigamento vergonhoso em lugares que prefiro não citar.
Ela usava um short jeans curto, uma blusa de mangas longas branca e os fios estavam presos em um coque.
- Incrivel, mesmo sem memória, sua cara de tarada pela Charlotte não muda. - arregalei os olhos com os dizeres da ruiva em meu ouvido.
De onde ela havia saído? Limpei a garganta.
Aquela noite foi impossível dormir e por diversas vezes me peguei chorando, mas não era de tristeza e sim de alivio. Luane estava no quarto ao lado, viva e eu não podia pedir mais nada a Deus.
Ela estava bem e conosco.
A mesa no café da manhã estava cheia e barulhenta. Já havia me acostumado com aquela rotina e não queria que mudasse. Logo os pais de Lari chegariam, pois estavam ansiosos para ver Luane.
Os olhos da loira se encontraram com os meus. Ela sorriu e fez o meu dia ganhar ainda mais cores. Tive medo de encontrar uma pessoa arredia e que pudesse me manter longe, mas não foi assim e no meu íntimo, eu vibrava com a possibilidade de que nossos sentimentos fossem tão fortes, que nem mesmo sua falta de memória estava impedindo.
Acho que me tornei uma grande bobalhona. Quis ri de mim mesma ao constatar isso.
- Preciso sair... - fiquei de pé.
- Mas filha, você nem terminou o café. - dona Regina me olhou feio.
- Prometo que no almoço como melhor. - lhe beijei a testa, olhando para Luane. - Volto em algumas horas...
- Vai sair assim? Não está perigoso lá fora? - sorri. Ela estava preocupada comigo?
- Vou me proteger... - queria tanto poder beija-la, fazer amor como se a minha vida dependesse daquilo. - Volto logo...
- Vou com você... - Helena ficou de pé. - Amor, você quer que eu traga algo?
- Não, amor... - Lari deu um selinho em Helena. Nesse momento, Luane me encarou. - Tomem cuidado.
- Vamos tomar... - respirei fundo, saindo da cozinha antes que fizesse alguma bobagem.
Se estava sendo fácil não poder tocar na mulher que amo? Nenhum pouco.
- Sei que você tá sofrendo por ela não lembrar de nada... - estávamos dentro do carro.
- Confesso que não está sendo fácil. - haviam muitos carros nas ruas. Nem todos estavam respeitando o decreto de isolamento. - Mas não chega nem perto da felicidade que estou sentindo de tê-la novamente.
- Também estou muito feliz... - Helena enxugava o rosto. A morena chorava. - Tenho a Lua como uma irmã e foi por causa dela que Larissa entrou em minha vida. Sou tão grata a todas vocês.
- Vai fazer eu chorar, Helena. - ela riu. - Ainda temos uma reunião com o governador...
- Sua chata... - acabei sorrindo.
Depois de alguns minutos chegamos ao escritório do governador.
Fomos levadas até a sala de reuniões e havia outros políticos, prefeitos e vereadores aliados ao partido. Helena e eu sentamos em uma distância considerável dos outros. Aquele era o protocolo de segurança passado na entrada.
- Bom dia, senhores. - Tomas Silveira entrou na sala. - Que bom que vieram todos. Como sabem, o governo federal está em crise e a população agitada. Nossos hospitais lotados e a economia em declínio, porém continuarei com a minha postura inicial até o fim da pandemia. Outras empresas de publicidade não quiseram colaborar conosco. The Future e a Allen se juntaram a nós, as únicas que atenderam nosso pedido. Queria agradecer por não terem virado as costas para nós.
- Estamos juntos em uma mesma causa, senhor governador. - Helena entregou o material produzido na The Future.
- Se pudermos fazer mais... - conclui.
- Toda a ajuda é bem-vinda... Não temos o presidente ao nosso lado, porém faremos de tudo para que a população paraense esteja segura e seja atendida. - é claro que suas palavras não eram totalmente reais, mas desde o início, Tomas foi contra o decreto da presidência de não fechar o comercio, então era algo a se levar em consideração. Se não fosse a teimosia de muitos governadores, as mortes teriam números ainda mais assustadores.
Era uma verdadeira tragédia o que acontecia em todo mundo.
Já era duas da tarde quando deixamos a sala de reuniões. Helena e eu décimos passar nas empresas e checar como tudo estava. Estava em meu escritório, quando Joanne entrou em meu escritório acompanhada do pai de Helena.
A morena ficou totalmente paralisada.
- Papai? - O olhar frio de Teodoro caiu sobre a filha. - Quando o senhor chegou?
- Ontem à tarde. Fui atrás de você, mas não achei. Preciso conversar com você, Helena. - A morena me olhou e depois para o pai novamente.
- Não vai cumprimentar a Charlotte? - ele me olhou com descaso. O que se passava?
- Agora, Helena... - Joanne sorriu.
- Não... - Teodoro pareceu ficar surpreso com a recusa da filha.
- Que história é essa de não? - Helena sentou.
- Não vou a lugar algum com o senhor. - eu estava impressionada com a postura de Helena. - Não sou mais aquela menininha que morria de medo quando o senhor falava mais grosso...
- Não disse, Teodoro. Charlotte corrompeu sua filha. - ergui a sobrancelha. - Virou uma devassa igual a ela.
Ri, fazendo Joanne ficar vermelha.
- Por isso foi castigada... Agora tá ai sofrendo, porque a outra virou comida de peixe. - trinquei meu maxilar e contei de um até dez. - Bem feito!
- Helena, é verdade que você tá tendo um caso com uma mulher? Te eduquei, dei do bom e do melhor, pra você me fazer isso? Você vai pro inferno por isso. - sentei em minha cadeira.
Vi em minha amiga a dor pelas palavras do pai.
- Sabe papai... Você deveria ser a última pessoa no mundo a ter preconceitos. - ela riu. - Cresci ouvindo você dizer com tanta dor a dificuldade em ser negro. Já foi expulso de um clube de brancos, foi perseguido dentro de shoppings por seguranças e até mesmo proibido de ficar com a mulher que amava, porque mesmo sendo rico, sua cor não os agradava. Me entristece saber que o senhor faz parte de um grupo tão cheio de ódio e sem respeito ao próximo. Me apaixonei por uma mulher sim... Uma mulher incrível, inteligente e tão linda. Ah, papai... Sinto tanto que não terá a honra de conhece-la.
Teodoro ficou mudo, parecendo envergonhado.
- Deveria ficar longe da Joanne... Ela não é uma boa pessoa. - o alertei.
O pai de Helena nos encarou por vários segundos, saindo de nossa presença.
- Você é uma vergonha, Joanne. Além de preconceituosa é uma bandida. - a olhei. - Sei o que fez com o Álvaro. - seus olhos arregalaram. - Ah... Pro seu desgosto, a minha Luane está viva, em casa...
Joanne abriu a boca de leve.
- Feche a porta quando sair... - minha dignissima mãe empurrou a porta, ocasionando um barulho estridente.
Fui até Helena, sentando do seu lado.
- Você está bem? - em seus olhos não havia tristeza.
- Estou aliviada... - ela sorriu. - Vamos pra casa? Estou com saudades da minha ruiva.
Lhe abracei.
- Minha cachinhos cresceu... - ela gargalhou. - Vamos, também quero ficar perto da minha Luane.
- Aquela loira te deixou uma manteiga no sol mesmo. - rolei os olhos. - Sabe o que deveria fazer? - franzi o cenho. - Reconquiste-a...
Pensei por alguns segundos.
- E como faço isso? - Helena riu.
- Vou te ajudar... Vamos, precisamos passar em um lugar.
Saímos da empresa, passando em uma floricultura e depois seguimos para casa. Quando cheguei, dona Regina me informou que Luane estava no quarto descansando. Ao chegar na porta, me senti nervosa.
Resolvi bater.
- Entre... - ajeitei o buque e abri a porta.
- Oi... - ela me olhou sorrindo.
- Oi... Você demorou. - O sorriso deu lugar a um cenho franzido.
Ela sempre fazia aquela expressão quando estava a ponto de brigar.
- Trouxe pra você... - seus olhos caíram sobre as flores e ganharam brilho.
- São tão lindas... - me aproximei e entreguei o buque. - Que rosas cheirosas... Eu adorei. Obrigada, meu amor...
Arregalei os olhos.
- Falei algo errado? - por um momento, senti meus olhos arderem. Limpei a garganta e sorri.
Luane me chamou de "meu amor" sem nem ao menos notar.
- Nada... - seus olhos prenderam os meus. - Fico feliz que tenha gostado.
- Eu amei... - ela olhou para o buque. - Lari me contou como a gente se conheceu.
Sentei na beirada da cama.
- Você não gostava muito de mim... - mordi meu lábio. - E eu não era uma boa pessoa.
- Quando olho pra você, quando você está perto... - seus olhos fugiram dos meus. - Parece que me sinto tão segura. Vejo que cuida de todo mundo e o meu coração sente que tá no lugar certo.
Meus olhos se encheram de lágrimas.
Segurei seu rosto, olhando cada centímetro daquela face tão bonita. Me aproximei, sentindo sua respiração bater em meu rosto. Fechei meus olhos, desejando tocar seus lábios.
Meu corpo esquentou.
- Lua? - Larissa entrou no quarto.
Respirei fundo, frustrada.
- Desculpa... - fiquei de pé. Lari me olhou constrangida.
- Vou tomar banhor... - fui até a porta.
- Eu não sabia... - ela sussurrou em meu ouvido.
- Tudo bem... - cocei a cabeça.
Fui para o quarto de hospedes frustrada.
Depois do banho, resolvi ficar um pouco no quarto. Não era assim que eu desejava estar, mas não iria sufocar Luane. A cercaria com todo o meu amor, de uma maneira sutil, até finalmente poder tê-la como éramos antes.
- Ei? Posso deitar com você? - Pietra entrou no quarto.
- Deita aqui... - ela abri espaço. - Tá tudo bem?
- Você é a pessoa mais importante da minha vida, Charlotte. - franzi o cenho. - Minha melhor amiga...
- Por que está dizendo essas coisa? - ela se aconchegou a mim.
- Porque as vezes me sinto péssima por amar a mesma mulher que você. - respirei fundo. - E mesmo assim, você abriu as portas pra mim. Faz meses que nem entro em meu apartamento.
- Pietra, desde o início você foi sincera e sempre respeitou meu relacionamento. Você se apaixonou e tudo bem. Não mandamos no coração. - A encarei. - Você é a minha irmã, minha família... Entendeu?
- Mesmo? - sorri.
- Mesmo... Você é a minha irmãzinha mais nova... - me coloquei sobre ela.
- Não, Charlotte... Não...
Pietra passou a gargalhar das cocegas que eu fazia nela. Esses meses nos aproximaram bastante. Jamais imaginei que desenvolveríamos tamanha intimidade, mas me fazia tão bem. Em toda a minha vida, mesmo na infância, William e eu jamais tivemos tal relacionamento, então me permiti viver aqueles momentos, mesmo sendo uma mulher de 28 anos.
11 de maio de 2020.
Luane havia feito uma bateria de exames e agora estava com a mãe na recepção. Ele havia conversado com ambas, as tranquilizando sobre os resultados.
Mas ele pediu para que eu ficasse um pouco mais.
- Então não há nenhuma forma medica de fazê-la lembrar? - o médico me olhou com pesar.
- Senhorita Allen, somente o tempo poderá dizer. Não posso afirmar nada de positivo ou negativo. - respirei fundo.
- Tudo bem, doutor. – droga!
– Eu sinto muito. Também queria agradecer pelas doações. As pessoas que trabalham aqui estão muito sobre carregadas e ficaram felizes com o material que chegou.
- Foi um prazer, Nonato... – segurei sua mão em um cumprimento. – Se houver algo mais que eu possa ajudar.
- Muito obrigada, senhorita Allen. – ela sorriu.
- Obrigada, doutor. - fiquei de pé. – Até breve...
- Não perca a fé, senhorita Allen. - apenas concordei com um acenar de cabeça, saindo da sala.
Luane conversava com dona Regina.
Eu não podia perder as esperanças, mas confesso, fiquei abalada com as falas de Nonato. No fundo, eu desejei tanto ouvir algo positivo. Doía um pouco não ver o amor que antes existia nos olhos de Luane.
- Vamos pra casa? - me aproximei. As duas ficaram de pé.
- Tá tudo bem? - a loira me perguntou.
- Está sim...
Sorri, sentindo meu coração apertado.
Fim do capítulo
então kkkkkk
imaginado geral me xingando...
boa noite, meninas...
Comentar este capítulo:
Anny Grazielly
Em: 02/05/2020
Estou triste... só tenho a falar isso... poxa, Charlotte não merece isso.
Resposta do autor:
aaaaaaaaaaaah...
quem sabe o prox te deixa mais alegrinha...
infelizmente, estamos chegando no final...
Já falta bem pouco ;(
já estou sofrendo com saudades das minhas meninas...
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]