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I Want You por Leticia Petra

Ver comentários: 4

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Palavras: 4067
Acessos: 4519   |  Postado em: 26/04/2020

Capitulo 27 - Sem memórias

24 de dezembro de 2019.

Véspera de Natal.

"Que dor horrível... Minha cabeça vai explodir e o meu pé... Como dói. O que é isso? Minha barriga está doendo de... Fome? Sim, acho que sim. Mas por que não consigo abrir meus olhos? Preciso acordar... Vai, levanta..."

- Aninha... A menina acordou. - onde eu estava?

- Égua... Pensei que não ia acordar mais. - uma senhora com traços indígenas me encarava. - Bem-vinda de volta, criança.

- Quem são vocês? Onde eu estou? - a minha cabeça estava confusa e latej*v*. O meu pé direito doía muito e estava imobilizado.

Trinquei os dentes com dor.

- Me chamo Joana, mas pode me chamar de Aninha. - ela sorriu. - Esse é o velho Bernardo, mas todos chamam ele de olho de gato.

- Que velho o que? Ainda sou um garotão. - ele também tinha traços indígenas.

- Você mal da conta de levantar da cadeira, homem... - ela olhou novamente para mim. - Como você se chama, criança?

      Coloquei a mão na cabeça, tentando encontrar em minha memória alguma resposta, porém foi assustador quando notei que não havia nada.

- Eu não me lembro... - fechei os olhos, sentindo uma pontada forte. A minha cabeça estava enfaixada. - O que aconteceu?

Os encarei.

O senhorzinho foi até um pote grande, parecia um filtro, e trouxe para mim um copo com água.

- Beba, filha... - eles pareciam ser boas pessoas. - Deve estar com a garganta seca.

Mas, quem sou eu?

- Minhas filhas encontraram você nas margens do mangal há quatro dias. - arregalei os olhos.

- No mangal? - senti meus olhos arderem e lágrimas descerem.

- Sim, filha... Você chegou até nós com muitos hematomas, seu tornozelo está quebrado e um corte muito profundo bem aqui... - seu Bernardo colocou sua mão na parte de trás da minha cabeça, onde estava doendo bastante. - Deve ser por causa dessa ferida que não lembra de nada... Dormiu durante esses quatro dias e as vezes chamava por alguém...

Deus...

      Olhei ao redor, percebendo a simplicidade do lugar e me dando conta que a pequena casa ficava bem em cima da água, pois eu podia ouvir claramente o barulho vindo debaixo.

- Onde eu estou? - deixei o copo de lado.

- Bem longe da capital... Umas seis ou sete horas de barco. - dona Aninha ficou de pé. - Não se preocupa criança... Vamos sarar as suas feridas e depois procurar por sua família. Não temos muito, como pode ver, mas iremos até o povoado quando você se sentir melhor. O que acha?

      Não havia muita escolha. Se eles estavam cuidando de mim esse tempo todo, então significava que eu podia confiar, certo?

- Coma... Está gordo e bonito. Pesquei hoje cedo. - sorri, pegando o alimento.

- O cheiro tá bom... Obrigada. - o sabor estava delicioso. - Onde estão suas filhas?

- Foram buscar alguns caranguejos pra janta. Longo estão de volta. - franzi o cenho.

Não havia energia elétrica. Como eles se viravam?

- Aqui tem remédio que eu fiz... Deve dá até sua recuperação. - tentei ficar sentada, mas sem muito sucesso.

      Deixei as inúmeras perguntas para depois, porque naquele momento só havia espaço para a dor que se espalhava por todo meu corpo. Quando terminei o singelo almoço, acabei por dormir me sentindo exausta.

Como eu havia ido parar ali e será que havia alguém me procurando?

 

1 de janeiro de 2020.

      Alguns dias havia se passado e agora estávamos em um novo ano. Eu estava me locomovendo com a ajuda de uma bengala que as filhas de dona Aninha e seu Bernardo haviam feito com uma madeira encontrada no mangal. A única coisa que se podia ver da humilde casa era a maré e muita vegetação. O povoado mais perto ficava a três horas.

      Havia apenas uma pequena canoa que a família utilizava para poder buscar alimentos uma vez no mês.

      Eu me encarava no pequeno espelho que Taiana, a mais velha das duas meninas, havia me dado. Me perguntava quem eu era, de onde havia vindo e o que tinha feito para ter aparecido naquele lugar com tantos hematomas.

Quase morta...

- Já sumiu quase todas as marcas. - Tainara sentou a minha frente. Estávamos na pequena ponte ao lado da casa de madeira.

O sol estava aos poucos dando lugar a noite.

- Só falta o da cabeça e o pé. - ela sorriu.

      As duas irmãs eram tão simpáticas e prestativas. Me perguntava se não havia desejo em sair dali. Talvez a resposta fosse não, pois apesar de ser longe de qualquer cidade, era silencioso, cheio de paz e ar puro.

- Logo vai poder procurar a sua família... - franzi o cenho. - O que foi?

- Tenho medo do que posso encontrar se procurar... - deitei, mirando o céu majestoso que estava acima de mim. - Será que eu sou uma pessoa ruim e por isso estava daquele jeito quando cheguei?

- Não pense desse jeito... Toma. - ela colocou em minha mão um cordão com um pirgente em formato de cruz e uma pulseira com uma lua.

- De quem é isso? - franzi o cenho.

Eram tão bonitos.

- Estava com você quando te encontramos... - de repente o sorriso de alguém veio como um flash em minha mente. Senti uma pontada forte e levei a mão a cabeça. - Tá tudo bem? - Tainara segurou minha outra mão.

- Está sim... Já passou. - abri meus olhos. - Foi só uma pontada...

- Acho que tá na hora de tomar o remédio. - ela ficou de pé. - Venha...

Aceitei sua ajuda.

- Precisamos te dar um nome... Não é, Taiana? - entramos na pequena casa. - Pai, mãe?

- Deixa eu ver qual... - a mais velha se aproximou. As lamparinas iluminavam o pequeno espaço. - Mãe, ela tem cara de quê?

- Deixem a menina em paz, crianças... - seu Bernardo mandou.

- Deixa de ser chato, velho... - ri da expressão de desagrado dele ao escutar a esposa o chamando de velho. - Ela tem cara de... Paulina.

- Paulina, mamãe? - a irmã mais nova se mostrou indignada.

     As três passaram a "discutir", até que chegaram a um veredito. Me chamariam de Beatriz. Depois do jantar, fomos sentar do lado de fora. O céu estava estrelado e o vento fresco.

- Posso perguntar algumas coisas? - aquele lugar era um pequeno paraíso.

De repente a ideia de ir embora me pareceu ruim.

- Claro que pode, minha filha... - dona Aninha me entregou uma xicara com café.

- Notei que vocês dois falam tão bem. De onde vieram? - os dois sorriram.

- De Belem há uns dezenove anos. - dona Aninha começou a falar. - Bernardo e eu nos formamos em gestão ambiental e depois de formados, passamos a visitar vários ribeirinhos ao longo desse rio.

- Tinhamos trinta e dois anos quando em uma dessas visitas, nos apaixonamos pelo lugar. - seu Bernardo sorriu. - Jamais imaginei que viria morar a beira de um rio e de forma tão simples. A vida na cidade não era tão espetacular assim e quando chegamos aqui, foi como se nossas almas tivessem se conectado.

- Temos sangue indigena correndo em nossas veias... - dona Aninha levou a xicara de café a boca. - No fim, ele falou mais alto.

Ela sorriu.

- Nossas famílias foram contra e desde então, perdemos o contato. Criamos e alfabetizamos nossas filhas aqui. Elas também não querem sair daqui, mas se algum dia for do desejo de ambas... Não poderemos impedir.

Olhei novamente ao redor, onde apenas a lua clareava.

- Esse lugar é muito lindo... - sorri, aspirando aquele ar puro. - Não deve ser nenhum sacrifício ficar aqui...

 

16 de fevereiro de 2020.

- Por favor... Não façam isso...

- Ordens são ordens, madame... - o meu rosto foi acertado com força.

- É uma pena ter que fazer isso... - alguém segurou a minha face. Eu podia sentir algo quente molhando meu rosto. - Você é tão bonita...

Novamente fui golpeada e jogada no chão. Eu podia ouvir as batidas do meu coração.

- Me deixem ir... Eu imploro. - minhas forças estavam no fim.

- Estamos sendo muito bem pagos, madame... Não podemos te deixar ir. - fechei meus olhos, fazendo uma oração silenciosa.

- Ei, seus idiotas? O chefe tá esperando com as outras convidadas. Vamos. - fui elevada e arrastada. A minha cabeça doia e os meus olhos pesavam.

- Joguem ela no mar...

- Não... Não...

 

- NÃO!

Acordei em um pulo, sentindo meu coração vir a boca.

- Calma... Foi só um pesadelo, Beatriz... - Taiana segurava a minha mão. - Volta a dormir...

Deitei, não conseguindo parar de pensar no sonho. Há dias que ele se repetia e mais parecia uma lembrança de tão real.

- Deus... Por que não volta logo a minha memória?

      Fazia um pouco mais de um mês que estava ali e havia tirado a imobilização do meu tornozelo. Ainda doía um pouco, mas já podia me mover sem nenhuma dificuldade. Ao longo daqueles dias aprendi a pescar e outros serviços manuais.

No dia seguinte.

- Vem pegar caranguejo com a gente, Beatriz... - Tainara me convidou. Ela e a irmã haviam acordado cedo para realizar as tarefas. - Você vai gostar...

- E os seus pais? - Aninha lavava louça e Bernardo arrumava uma rede de pesca.

- Vá, filha... Não se preocupe. - a senhora sorriu.

- Tudo bem... Voltamos logo. - coloquei uma blusa de mangas longas e sai com as meninas.

      O acesso até o mangal não foi nada fácil e por diversas vezes me vi atolada, despertando risadas em ambas as irmãs. Depois delas conseguirem pegar vários, sentamos uma raiz. O meu saco estava totalmente vazio e o meu dedo doía, resultado de um aperto forte que levei de um dos bichinhos.

- Não se preocupa. Logo você pega o jeito. - Taiana sorriu. - A Tainara quando tentou a primeira vez, voltou pra casa chorando.

- Deixa de ser chata, Taiana... Você também foi igualzinha. - a mais nova fez bico. - Beatriz?

- Hum? - encarei a menina.

- Já reparou como você é bonita? - senti minha face esquentar. - Parece aquelas modelos de capa de revista. Lembra, mana, aquela modelo que vimos na revista na taberna do tio Bene?

- É verdade... Você parece mesmo. - ri dos devaneios das duas.

- Acho que eu não deveria ser modelo... Nem sou tão bonita assim. - sorri sem graça.

- Bea? Quando sua memória voltar, você vai deixar a gente? - respirei fundo, olhando para a lama cinza.

- Eu não sei... - mordi meu lábio. - Será que tem alguém me procurando? Será que eu era uma boa pessoa?

- É claro que é, Beatriz... A gente gosta muito de você. - a mais nova segurou minhas mãos e sorriu.

- Também gosto muito de vocês... - de repente algo gelado grudou em minha bochecha.

- Ah, não... Guerra de lama... - Tainara tentou correr, mas também foi atingida.

      A nossa caça a comida se transformou em uma verdadeira zona e quando voltamos para casa, estávamos irreconhecíveis. Dona Aninha nos mandou direto para a maré e ficamos por lá até o almoço.

      Eu não sabia qual era a minha origem, mas podia afirmar que estava me sentindo bem naquele lugar. Parecia tudo tão simples e perfeito, porém ainda me pegava pensando se eu tinha uma família, amigos, um namorado. O que eu havia feito para ter merecido tudo aquilo? Seria eu alguma criminosa? Droga, essas perguntas vão me deixar louca. Pensar que eu poderia ter feito algo de grave me enchia de muita angustia. Talvez aquele fosse um castigo.

Talvez fosse melhor que ninguém me encontrasse.

"O que significam esses sonhos? Deve ser um aviso pra não tentar buscar de onde vim, por quem sou."

 

 

27 de março de 2020.

      As buscas haviam sido encerradas pela polícia, pois as equipes se convenceram que não havia nenhuma possibilidade de encontrá-la viva e nem seu corpo, porém não desisti e continuei procurando por ela.

Havia contrato uma equipe particular.

      E como se não fosse suficiente, o mundo passava por uma terrível pandemia que infelizmente também chegaria ao nosso país. Estava tudo um verdadeiro caos e eu não sabia mais como prosseguir.

A minha fé estava abalada.

- Charlotte? Seus pais estão na sala de reuniões. - Paola me tirou de meus pensamentos.

Olhei para a revista em que Luane e eu havíamos saído na capa.

- E você recebeu uma ligação do advogado do ex-prefeito. - trinquei meu maxilar. - Ele pediu pra você e sua irmã irem até lá.

- Obrigada, Paola... - fechei meus olhos, impedindo que as lágrimas caissem.

- Ah, chefinha... - Paola veio até mim, me fazendo ficar de pé para olha-la nos olhos. - Ela vai ser encontrada... Não perca a fé.

- Charlotte... - Pietra entrou em minha sala.

      Há mais de um mês, ela e Malu estavam trabalhando na Allen. Depois da prisão de Álvaro, ela só tinha seu apartamento e nada mais. Pietra não se importou em começar debaixo e de uma forma inacreditável, a minha irmã havia se tornado uma pilastra que impedia meu mundo de desabar.

- Não podemos mais adiar... - Paola se afastou brevemente.

- Depois da reunião... Iremos até lá. - ela concordou com um acenar de cabeça e saiu de minha sala. - Obrigada, Paola. Você é uma grande amiga.

Ela sorriu.

      A reunião foi sobre as medidas que seria tomada se houvesse o agravamento da pandemia que assolava o mundo. James estava me auxiliando na presidência. Eu me esforçava muito além do normal para me manter atenta ao que era dito, porém não estava sendo uma tarefa fácil.

Eu só conseguia pensar nela.

- Charlotte? - limpei a garganta.

- Iremos seguir as ordens que vierem do governador. - fiquei de pé. - Se ele disser que devemos aderir ao isolamento total, o faremos. Não vou colocar nenhum de meus colaboradores em risco.

- Isso significará uma baixa catastrófica em nosso capital. - Joanne se pronunciou.

- Vamos aguardar as medidas do governador. A reunião está encerrada. - Saí da sala.

Caminhava de volta para a minha sala.

- Estava te esperando... - Pietra estava sentada na recepção. - Vamos?

- Vamos...

      O caminho até o presidio foi difícil e eu tentava não sucumbir ao ódio, porém não sabia qual seria a minha reação ao ficar cara a cara com Álvaro. O que ele ainda queria? Não tinha nos feito mal o suficiente?

- Obrigada por virem... - o advogado agradeceu, estendendo a mão, porém Petra e eu não aceitamos o cumprimento. - Bem, ele logo virá...

Respirei fundo, tentando controlar meu ódio.

- Que bom que vieram... - trinquei meu maxilar ao vê-lo.

Pietra segurou a minha mão.

- Calma... Eu também o odeio, mas você é melhor que ele. Não faça nada. - ela sussurrou.

Álvaro parou diante de nós e nos encarou por vários segundos.

- Essa roupa laranjada cai bem em você. - sorri.

- O que quer de nós? - Pietra perguntou e Álvaro sentou.

- Contar a verdade. - franzi o cenho. - E pedir perdão, por mais que não vá valer em nada.

- Perdão, seu infeliz? - o puxei pela blusa.

- Sem contato... - o guarda me alertou.

O soltei.

- Fale logo, pois não tenho todo tempo do mundo. - não estava sendo nada fácil estar ali.

Eu queria esganar aquele homem.

- Não a ouviu, Álvaro? - Pietra voltou a segurar minha mão.

- Ok... Não estou tentando justificar os meus erros. - ele passou a nos encarar. - Nada justifica, porém queria deixar algumas coisas claras. Sei que quando fez o dossiê a meu respeito, soube que eu tentei dar um golpe em James e Joanne. - Álvaro franziu o cenho. - Mas essa não é a verdade. Quando sua mãe me trocou pelo James, confesso que sofri bastante e desejei me vingar, mas na época ainda havia caráter em mim, então tentei deixar tudo como estava...

- Do que falas? - franzi o cenho.

- Sua mãe me procurou dizendo que eu deveria entregar a minha parte na empresa e usou de sedução para me convencer, mas eu não concordei. A Allen foi erguida com o meu suor e dedicação, então eu não abriria mão. - não estava gostando do rumo que aquela conversa estava tomando. - Depois de alguns meses, fui acusado de roubo, desvio e muitas outras coisas. Haviam documentos com a minha assinatura...

Droga. Droga.

- Eu não fiz aquilo... Foi a sua mãe quem arquitetou tudo aquilo e depois de alguns anos, jogou na minha cara. - senti como se houvesse levado um soco no estômago. - Ela me queria fora pra poder ficar com tudo, pois na época os seus avôs iriam deserda-la e deixa-la sem absolutamente nada. Quando ela me contou aquilo tudo, naquele momento morreu todo o meu caráter... Posso ser culpado de muitas coisas, mas queria que soubesse quem Joanne Allen realmente é.

Fiquei de pé, não suportando tudo aquilo.

- Charlotte? - Pietra também o faz.

- Veja a sorte que me rodeia... - ri sem humor. - Meus pais são dois maus caráteres. Jamais vou perdoar você por nada disso, Álvaro. Você arruinou a minha vida e...

- E eu lamento profundamente, Charlotte. - o encarei. Em seus olhos pude ver lágrimas surgindo. - Quando sua irmã disse que você é minha filha, naquele momento... Naquele momento foi como se o meu antigo eu estivesse de volta. Jamais terei o perdão de vocês, minhas filhas, mas saibam que eu sinto muito por tudo que fiz. - ele secou suas lágrimas. - Pietra... Eu fui tão imprudente com você... Errei tanto. Minhas filhas...

- Não sou nada sua, Álvaro. - um nó se formou em minha garganta. - Vamos, Pietra...

- Vamos...

      Dei as costas para ele, saindo daquela sala o mais rápido que pude. Pietra caminhava ao meu lado, em total silencio. Cheguei em casa e uma chuva forte caia sobre a cidade. Dona Regina e Cris não estavam. Dona Claudia havia pedido aos dois que passassem uns dias com eles em sua nova casa. Larissa havia realizado um dos seus sonhos, o que não foi comemorado como o esperado.

A ruiva estava tão arrasada quanto eu.

      Deixei minha bolsa sobre o sofá e caminhei até o jardim, sendo golpeada pela chuva forte e fria. Pietra estava logo atrás, na varada a me olhar. Me ajoelhei, sentindo uma dor insuportável no peito. Então eu gritei, chorei e tentei extravasar todo aquele sentimento que me matava todos os dias.

Petra me abraçou, dividindo comigo aquele momento.

 

13 de abril de 2020, segunda-feira.

      O Brasil passava por seu pior momento com a alastrarão da pandemia e a crise instalada no governo. A Allen e The Future haviam reduzido em 80% suas atividades. Seria uma queda significativa, mas todos decidimos que a vida estava acima do lucro. Com isso, as buscas foram cessadas.

- Filha? - dona Regina me chamou. - Tem certeza que tá preparada?

Sequei algumas lágrimas.

- Acho que está na hora de cair na real... - ela me abraçou, chorando muito. - Ele nem pode ver o Cris sendo curado.

- Eu sinto tanta saudade... - meu coração se apertou ainda mais.

- Mãe... Charlotte. - dona Regina e eu nos afastamos. - Vamos?

- Vamos... Querido.

      Descemos, indo para a parte de trás de casa aonde iria ocorrer uma missa em memória de Luane. Havia uma foto sua e muitas velas, flores. Todos estavam ali, apesar da recomendação de não aglomeração, era necessário.

Ajeitei minha mascara em minha face.

- Mana... Espero que possa me ouvir de onde estiver. - Larissa iniciou. A ruiva tinha os olhos inchados. - Bom, queria te dizer que o Cris está curado... Ele foi tão forte. Você iria sentir orgulho dele.

Helena se colocou ao meu lado. Ela jamais saiu do meu lado.

- Sabe aquele sonho que tínhamos de morar em um mesmo prédio? Pois é, eu realizei parte dele. - fechei meus olhos, aspirando o ar. - Você iria adorar a vista. Helena e eu estamos ainda mais apaixonadas. Ela é incrível... Ah, sua amada e a irmã se tornaram grandes amigas. Sua mãe e seu irmão moram com a Charlotte, ela cuida tão bem deles. Eu sinto muito sua falta... Eu... Eu.

Larissa não conseguiu falar mais nada e foi amparada por Helena.

"Ah, meu amor... Daria tudo para estar com você outra vez. Pra te sentir em meus braços, ouvir sua voz e ver aquele sorriso lindo. Se eu soubesse que... Eu te amo, Luane."

       Foi uma noite difícil e quando chegou ao fim, me sentei na varanda do meu quarto com uma garrafa de whisky do lado. Estava frio e certamente logo choveria. Era assim todas as madrugadas.

- Vamos nos dedicar a distribuição de alimentos... - Helena estava em pé ao meu lado. - Há toneladas no deposito.

- Larissa conseguiu as matérias de higiene? - tomei um gole da bebida que desceu queimando minha garganta.

- Passamos da meta. - a morena me encarou. - Não beba tanto...

Respirei fundo, deixando a garrafa no chão.

- O munda tá um caos, mas podemos ajudar de alguma forma. - ela sentou a minha frente. - Não desisti, por ela, pela dona Regina, pelo Cris... Por nós, Charlotte. Não desisti...

Deitei sobre as coxas de Helena.

- Eu não sei o que seria de mim sem vocês. - encarei a imensidão acima, que deixava cair suas primeiras gotas.

- Estaremos sempre com você...

 

Dois dias depois.  

      Tive que ir até a Allen aquele dia, pois havia esquecido alguns documentos em minha sala. Quando estava saindo, dei de cara com Alessandra na entrada da empresa. Fazia meses que não a via. Pensava até que ela teria indo para outro país.

- Deseja algo? - a empresa estava fazia.

- Podemos conversar? - respirei fundo.

- Entre... - segui novamente para o interior da empresa.

Ao chegarmos em meu escritório, encarei a mulher que parecia outra pessoa.

- Fale... - olhei o relógio. - Ainda tenho alguns compromissos...

- Eu queria pedir perdão por tudo... - franzi o cenho.

- Não acha que é um pouco tarde pra isso? - Alessandra colocou a mão sobre a nuca.

- Deveria ter vindo antes... - ela olhou para um ponto.

Logo percebi que se tratava de uma foto de Luane.

- Eu realmente me apaixonei por ela. - ergui a sobrancelha. - No início eu só queria sex* e me sentia tentada pela dificuldade, mas com o tempo percebi que não deixava de pensar nela. Me aliei a sua ex e acabei contando certas coisas. Fiquei fora de mim, mas quando percebi o que estava fazendo, decidi pôr um fim. Daniela tinha planos de te humilhar expondo um vídeo que ela adquiriu do Álvaro Cavalcante...

Ri sem humor.

- Quando ela me contou os planos, vi que iria destruir sua credibilidade e a de sua empresa. Por puro prazer. - fechei meus punhos com força e depois os aliviei. - Consegui apagar o vídeo e a cópia de segurança que ela havia feito... Depois você sabe o que ocorreu.  Vim apenas te dizer isso pessoalmente, pois estou indo embora.

- Quer um prêmio por isso? - cruzei meus braços.

- Não... Quero apenas me libertar dessas amarras. - Alessandra foi até a porta. - Por mais que não tenha sido reciproco, ainda penso nelas todos os dias.

A mulher se foi, me deixando com um milhão de pensamentos sufocantes.

      Fui até a grande janela, olhando para o tempo triste daquele dia monótono. Eu jamais conseguiria esquecer de Luane. Não importava quanto tempo passasse, ela ainda seria dona do meu coração. Eu só pedia a Deus que pudesse aliviar um pouco daquela dor.

- Ah, meu amor...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fim do capítulo

Notas finais:

e vamos de mais um... se houver algum erro, me avisem... 

ando com a vista cansada... nem acredito que terei que futuramente usar oculos... bua...

bom domingo, meninas... 


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Comentários para 27 - Capitulo 27 - Sem memórias:
Anny Grazielly
Anny Grazielly

Em: 26/04/2020

Aaaaaaa autora... serio? Lua com outra?!?! Mesmo que seja por pouco tempo... naoooooooo... pleaseeee.... se sim, me diga logo qual o capítulo que as duas voltariam para eu voltar tb... kkkkk... serio... não aguento ler Lua com outra sem ser Charlotte... muita dor no peito nesse momento... um capítulo bem triste e delicado.


Resposta do autor:

Kkkkkkkkkk

Você é ótima! 

Está entregue a história das duas e isso me deixa muito feliz. Calma, minha valiosa leitora, ainda há tanto a acontecer. Não desista da nossas meninas... Você tá fazendo chantagem 😂😂😂😂😂😂 meu pai 😂😂😂😂

Rindo muito aqui....

 

Responder

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patty-321
patty-321

Em: 26/04/2020

Tadinha da poderosa. Lua sem memória, não sofre tanto quanto ela. E a lua é maravilhosa pois todas se apaixonaram por ela.


Resposta do autor:

Lua meio que se convenceu que provavelmente mereceu o que foi feito consigo. Isso é um ponto bem grave. Lua, além da beleza, tem algo que atraí... Três mulheres loucas por ela. 

Maaaaaas... Seu coração já foi tomando. Ou não? 🤔 Kkkk pontos a se considerar ...

Responder

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lis
lis

Em: 26/04/2020

ai ai tu ama nos deixar aguniadas né poxa alivia ai hein elas já sofreram tanto e já se passou quase seis meses que a Lua sumiu, espero que nem ela nem a Allen se envolvam com ninguem até ela aparecer


Resposta do autor:

Aaah que injustiça... Sou tão boazinha kkkkkkk 

Tá, dessa vez fui um pouco malvada... 

Acho que amor que Charlotte sente não irá se acabar em alguns meses, por mais que ela ache que tá Lua está morta... Maaaas, tudo é possível. 

Responder

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Master
Master

Em: 26/04/2020

Aí gente só quero que a lua recupere a memória e volte logo , tadinha da Charlotte 😭😭e de todos.


Resposta do autor:

Ta mais aliviada?

Não sei ser má por muito tempo... Aff 😪

Responder

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