Family History
COTRADICTIO
“Family History”
***
“É horrível assistir à agonia de uma esperança.”
- Simone de Beauvoir
***
**Treze meses antes**
- Nunca conheceu sua mãe? – pergunta a menina – Não me lembro do rosto da minha e isso às vezes me assusta, sabe?! – Continua a tagarelar, com a cabeça da mulher, semi-acordado, em seu colo.
- Não Tandara, nunca conheci! - Respondeu Kath, com extrema dificuldade.
Faziam quinze dias que não era alimentada, até mesmo água era artigo de luxo para Emanuella.
Tandara tentava lhe dar algo para comer ou beber, mas da ultima vez, isso lhe rendeu um espancamento com direitas torções, hematoma e tudo mais. Então para a segurança da garota, Katherine fez-la prometer que não tentaria ajudar, caso contrário diria ao carcereiro daquele buraco escuro que estavam “armando” para manter a jovem longe do “arem”. A garota concordou prontamente, o pavor estava estampado nos verdes só em falar daquele lugar que Kath descobriria mais tarde ser pior que um “simples arem”.
- Quando sairmos daqui... – Tandara voltou a tagarelar. Sua intenção não era irritar a maior, mas manter-la consciente, caso contrário seu corpo fraco poderia desfalecer completamente – Vou preparar um delicioso “Falafel” para você experimentar. É divino! - falou ela com os olhos transbordando em esperança e sorridente.
- O q-que é um “farapel”? – indagou com os azuis confusos e ganhou uma estrondosa gargalhada em resposta.
- fa-La-fel! – soletrou obvia – Com “L”, não co...
- Levanta Curandeira! – vociferou o homem de hijab, abrindo a porta com agressividade - Achou que ia me enganar até quando, sua puta? – puxou-a pelo braço com violência – Está gostando desse buraco imundo, é? – indagou, desferindo um tapa na face da garota.
- E-Eu não... – tentou explicar entre soluços, mas a dor em seu couro cabeludo a fez urrar.
- Vou te levar para aquele prostíbulo imundo e depois de te comer quantas vezes eu quiser, vou te largar lá com aquelas outras vadias desprezíveis!- sentenciou ele, arrastando a garota pelas madeixas castanhas em direção a porta.
- Solta ela! – arrumando forças sabe-se lá de onde, Kath diz, ficando sobre os pés com extrema dificuldade.
- Olha só, ela sabe falar! – gargalhou ele jocoso- Vai fazer o que, em?!- abriu ainda mais o sorriso amarelo - Vai me bater? – debochou – Vem, vem então! – chamou-a, largando Tandara, que se encolheu no canto do cubículo.
Katherine correu em direção do homem, jogando ambos ao chão. Seu adversário, conhecendo bem sua situação, não hesitou em deferir um golpe potente na altura de seu tórax, acertando em cheio a ferida mal cicatrizada que a tentativa de assassinato havia deixado para traz.
A morena urrou, caindo fraca com a boca contra aterra.
O homem se levantou e começou a chutar-la com violência. Rosto, barriga, costelas, ele não ligava para onde seus golpes acertavam, queria lhe infringir dor, afinal recebeu uma pequena fortuna para isso. Quando se deu por satisfeito, cuspiu no corpo caído e agarrou a garota, que estava completamente paralisada e saiu.
- Eu vou te buscar! – Emanuella sussurrou quando os azuis viram os verdes apavorados pela ultima vez no pequeno vão da porta, antes do som estrondoso do aço guiar-la á inconsciência- Eu prometo... –balbucio.
***
**Hoje**
- PARADO ! - Uníssonas, a Italiana e Ruiva gritam.
Bem meus caros, o embate agora se resumia a: Melannie e Juliana, ofegantes pela luta corporal, apontando suas armas para a figura encapuzada, parada entre elas. Essa por sua vez , matinha os braços abertos, munida de dois revolveres- Um em cada mão- com uma mira perfeita em direção as duas, porém o capuz ainda cobria a face.
- Somos duas!- Pronunciou a ruiva - A desvantagem está com você! – observou vitoriosa.
A gargalhada cortante como a brisa de inverno ecoou no ambiente...
Juliana sentiu o frio percorre toda a extensão da espinha, ao passo que seus olhos esbugalhados, sem crer no timbre familiar que preenchera o lugar, assistia-a inclinar a cabeça lentamente em sua direção. O capuz ainda cobria parcialmente o rosto misterioso.
- Não é o que vejo senhorita! – disse quebrando o silencio sepulcral. O meio sorriso torto e jocoso desenhou-se sob os avermelhados lábios.
- C-Como? – indagou inaudível Salvatore – Não é possível!- estava desacreditada - Que porr* de brincadeira é essa? - Os esbugalhados amendoados, acompanhados de uma dança de sentimentos que variavam entre a incredulidade e a surpresa, marcaram o tenso enredo que ali se desenhava
- Se Maomé não vai á montanha, a montanha vem até Maomé! - Uma Italiana irônica fez-se ouvir, porém não poderia deixar de sentir-se aliviada com o que presenciava- Não era uma prova que queria? – indagou Melannie- Pois ai está ela! – Apontou para a figura para adiante.
- Melannie, pelo amor de todos os deuses em que acredita... - A ruiva atormentada - Comece a explicar!- Exigiu como os olhos dançante ente uma d’Angelis calma e a figura plantada á diante.
A Italiana se preparava para dizer alguma coisa, mas com a distração das mulheres, a figura encurralada correu em direção a saída, desfazendo-se facilmente do cerco de Melannie e Juliana.
A intenção era a fuga, nada mais, todavia a encapuzada, correndo diretamente á porta do mausoléu, foi impedida por um golpe certeiro. Com uma pirueta no ar, ela caiu de batendo as costas contra o chão.
Salvatore estava em uma espécie de transe e Melannie... Bem, esta tentava se endireitar depois de ter sido atingida outra vez, mas não pela adversária original- “a emblemática figura de capuz negro”- e sim de um terceiro que se encontrava a espreita na porta.
Aquilo, até mesmo de longe, cheirava á armadilha e haviam caído nela como ratos famintos por queijo
Estirada no chão, entre tosses e uma imensa dificuldade de para respirar, a de capuz negro tinha como objetivo localizar de onde havia surgido o golpe que a levou ao chão, mas o que ela encontrou foi algo totalmente diferente. Contra a luz proveniente da lua, a sombra de uma silhueta feminina de rebol*do sensual, aproximava-se lentamente.
O silêncio sepulcral reinou mais uma vez, e só não era soberano, pois fora desafiado pelo cintilar do atrito dos saltos da misteriosa mulher contra o piso.
Ela veio caminhada até quedar-se ao lado da encapuzada prostrada. Respirou fundo e elegantemente abaixou-se, ficando assim mais próxima da mesma.
- Achei que tínhamos conversado sobre sair vagando por ai sem minha permissão! - A voz aveludada, porém carregada de um sarcasmo soou - Mamãe estava preocupada! - sorriu, acariciando o rosto de pele branca e duras feições. - Hora de voltarmos para casa, filha! - Retirou-lhe o capuz, revelando a face da figura, dona dos olhos "azuis tempestuosos", sobre o olhar de duas mulheres estupefatas, cada uma por seus motivos.
- Merida?- sussurrou de Melannie d’Angelis, assustada.
- Ora, vejam... - o sorriso sórdido desenhou-se nos lábios vermelhos vibrantes - Uma reunião de família? - Gargalhou – E eu nem fui convidada? – falou em falsa magoa com um biquinho nos lábios- Olá, fétida semente de meu vente. Eu deveria saber quem era o fruto podre contaminando minha macieira! - completou.
***
** Dez meses antes**
O homem corria apressado pelos corredores intermináveis do palacete. As pernas tremiam, dificultado sua missão de caminhar o mais rápido que podia, tentava controlar a respiração descompassada.
"Espero não ser morto!" - pensava lembrando-se do último infeliz que trouxera uma notícia ruim até a patroa.
Encontrou a enorme porta de madeira que dava acesso ao interior do local. Percebeu o tremor de sua mão magra e pálida indo de encontro ao marfim, pedindo permissão para adentrar o local.
- Entre! - a voz em tom ríspido autoriza a entrada.
Ele, então abre lentamente a porta e assim que entrou, fechou-a atrás de si.
- Senhora... - Inicio cuidadoso – Temo trazer más notícias! - Completou amedrontado ao notar as mãos delicadas apertar o descaso da poltrona de couro voltada para a vidraça do escritório.
- Diga de uma vez! - A Mulher rosou, sem virar-se para o empregado.
- D-Dos homens que mandou atrás dela, apenas um voltou vivo! - Soltou de uma vez – Mas esse está á caminho do Hospital Geral agora mesmo e... - Temeu continuar, pois não sabia ser uma boa idéia.
- Diga homem! - vociferou, trincando o maxilar.
- E-E... - Engoliu em seco, mas prosseguiu – Ele voltou sem ela! - Calou-se.
Silêncio...
- Prepare minhas malas! - Ao contrário do que pensava o homem, a tempestuosa explosão não viera - Ligue para o Doutor Edgar Correia, diga que tenho uma missão para ele! - Completou calmamente e isso assustou ainda mais seu subalterno.
- S-sim, Senhora Martinelli! - disse e já ia retirando-se, porém...
*** Som de arma de fogo***
Merida, agora sobre os pés, caminhou lentamente até o homem ferido que gemia de dores ao chão, Abaixou-se e com uma frieza assustadora.
- É “Dama de ferro" para você! - Disse indiferente e rumou para a porta em seu andar prepotente, abriu-a, contudo antes de retirar-se - A Ligação e as malas são para hoje! – lembrou o pobre homem ao chão.
***
**Arábia Saudita**
Os dias se arrastavam vagarosamente, aumentando em demasia o sofrimento de Emanuella. Tandara não havia retornado e para atenuara se desespero, nem seu “capataz” dava sinal de vida. Já tinha perdido as contas de quantos dias ou noites transcorridos desde a última vez que viu um mínimo filete da luz do sol. Seu ferimento voltava a inflamar e a debilidade em seu corpo, por falta de energia fornecida pelos alimentos, não lhe traziam perspectivas de futuro.
Os verdes de Iara rondavam sua mente, proporcionando um fio de conforto e paz.
“Sua esposa...”
Há alguns meses, não conseguiria dizer isso sem se sentir nauseada, mas agora tudo que queria era estar com sua mulher e a pequena Angel.
“Tandara!”
Não poderia desistir agora, tinha que tirar a garota daquele lugar e levar-la de volta para casa, para sua família. Aquela garota havia conquistado não apenas sua empatia, mas seu carinho e respeito. Não era apenas pelo fato de seus olhos e seu jeito leve arremeterem-na á Iara, mas havia algo... Aquela esperança brilhando no fundo daquela alma condenada era capaz de fazer-la crer também.
Suas divagações entre a consciência e inconsciência foram interrompidas por sonoros ruídos incompreensíveis.
Katherine podia jurar que eram gritos rogando por misericórdia e depois alguns disparos. Logo em seguida o ranger das enormes portas de ferro deram passagem para a luz do sol queimando sua retina já debilitada.
Ouviu passos aproximando-se, mas não tinha forças para abrir os olhos e ver quem era.
- Ai está você! – a voz desconhecida, parecia aliviada – Vamos para casa! – pontuo, carregando a jovem Emanuella para a inconsciência.
***
**Hoje**
- Já lhe disse que isso é aço puro!- Melannie, com um revirar de olhos, coloca - se a explicar pela milésima vez á uma teimosa Salvatore, que se atirava violentamente contra a porta – Cuidado para não se machucar, cabeça dura!- Completou, mas sem real preocupação.
- Merda!- irou-se Juliana, quando o ombro direito foi de encontro com a superfície sólida, causando-lhe extrema dor. Entre caretas e algumas palavras resmungadas, nada castas para fazer jus à verdade, mirou uma, aparentemente, tranqüila Melannie. Isso serviu apenas para aumentar a sua raiva e voltar a jogar-se contra o metal, porém desta vez o impacto foi tão severo que a ruiva “beijou a lona”- VAI SE FODER! – urrou no auge da frustração.
Nesse momento, as feições despreocupadas e debochadas da Italiana desapareceram. Ela tinha plena certeza de que Salvatore estava á alguns passos de surtar.
Movida de um sentimento, que até então não existia em si, caminhou para a agente e ajudou-a levantar.
- NÃO ENCOSTA EM MIM! - Juliana afastou de forma brusca.
Melannie não soube dizer o motivo, mas a repulsa da ruiva provocou um sentimento horrível em seu peito, como um soco no ápice do estômago.
Mas tente entender a pobre ruiva. Ela não sabia como chegaram ali, muito menos onde o "Ali" era. Tinha acabado de ver alguém que julgou morto, diante dos seus olhos e muito viva por sinal.
“E quem diabos era aquela maldita mulher que lhe tirava do sério toadas as vez que os amendoados cobravam um encontro secreto com aquelas avelãs, cheias de uma ironia nata!” – suas divagações e frustrações resumidas em um ser humano, respondeu seu subconsciente mais que depressa, em alto e bom som.
Estava definitivamente apavorada, presa em buraco que mal á caberia deitada e para cooperar com sua sorte, era uma mulher claustrofóbica, ou seja, estava muito ferrada.
Suspirou com força tentando controlar a ansiedade e a falta de ar nos pulmões.
- FODA-SE!- Mais uma explosão.
- Gritar não vai nos ajudar em nada! - falou d’Angelis per formando uma calma insuportável, mas por dentro estava um verdadeiro caos também.
Merida rondando sua mente. O sorriso sádico, o olhar de desprezo que lançava á si, a magoa que aquele encontro ressuscitava em seu coração.
Rejeição, a pior situação que um ser humano pode experimentar.
- Jura? – indagou a ruiva farta, recebendo um aceno positivo da morena – Mas quer saber uma novidade Senhorita d’Angelis?- Vai cuspindo e aproximando-se da outra – Eu não dou à mínima! Não sou uma frigida e insensível sem emoções feito você, portanto gritarei até o momento que achar necessário! – completou parando diante da mulher, soltando fogo pelas ventas.
Melannie foi treinada para repudiar e abolir qualquer emoção ou afeto que tornassem-na fraca e medíocre, em sua experiência particular a frieza e sarcasmo eram a chave para mascarar qualquer sombra de “fraqueza emocional”.
Contudo, aquilo magoou a Itália. Não a gritaria em si, mas o efeito verdadeiro que aquelas palavras: Fria e insensível, vindas daqueles lábios maravilhosos, mas que agora destilavam furo, moviam em seu interior. Era a verdade nua e crua, contatou a morena á centímetros da ruiva.
As duas mulheres pareciam travar uma guerra silenciosa entre Avelãs e Amendoados. Raiva, frustração, angustia medo e algo mais que lhes davam um fulgor ainda maior.
- Oh, não creio?!- Juliana beira os limites de seu autocontrole- Consegui realizar proeza de deixar a senhor “língua afiada” sem palavras? – sorriu sem humor – Vamos, fale alguma coisa d’Angelis! – provocou empurrando a mulher pelos ombros.
Melannie tragou o ar com forças, pedindo ajuda á todas as divindades para não enfiar um murro na mulher descontrolada, que repetiu sua provocação.
- Para! – rosnou, trancafiando os punhos caídos ao lado do corpo magro.
- Por quê? – Sarcástica – A deusa da Ironia está sensível agora? – outro empurrão.
- CHEGA! – longe de seu autocontrole, a mulher deferiu um soco nos lábios da agente.
Juliana recuou dois passos, como os amendoados arregalados e amedrontados. Levou as mãos ao lábio ferido, sentindo a ardência no local do golpe. Os olhos encheram-se, prontos para desaguarem.
- E-Eu... – Tentou dizer a morena, sentindo um nó estranho em sua garganta – Por favor, me perdoe. Eu não quis... – aproxima-se arrependida e preocupada.
- Não chega perto! – Respondeu a ruiva, afastando-se atordoada.
- Juliana, E-eu... – tentou outra vez, avançado alguns centímetros – Eu perdia compostura. Jamais machucaria você de propósito! – sussurrou, implorando Melanie com lágrimas nos avelãs - Diz que acredita Wild Lady (Dama selvagem)? – rogou, colando a testa na da ruiva
O medo que viu nos olhos da ruiva, fazia-a se sentir um monstro horrendo e aquilo partia seu coração em milhões de pedaços. Não queria a repulsa e tão pouco o medo da menor.
- Eu acredito! – sussurrou de volta – Me desculpa, não deveria ter descontado minhas frustrações em você! - Disse July ainda de olhos fechados, sentido o calor dos dedos longos acariciando seus lábios doloridos.
Como se aquele simples toque fosse um calmante para a tempestuosa fúria que lhe tomara, Salvatore sentia a respiração voltando ao normal, o cheiro doce da morena invadiu sua mente.
Pela primeira vez o silêncio reinou, mas não era desagradável e sim acalentador, assim como os corpos colados e o hálito quente de ambas, misturando-se um ao outro.
- Pode me dizer o que esta acontecendo, por favor? – A ruiva quase implora - Como minha prima, que enterrei há um ano, estava apontando uma arma para minha cabeça? - perguntou aflita.
- Não posso, lamento!- sussurrou, deixando os ombros e cabeça caírem em sinal de cansaço.
Em um minuto, Melannie sentiu as costas serem lançada violentamente contra a parede fria daquele cubículo. Juliana apertava seus ombros, aplicando-lhes extrema pressão.
- ME RESPONDA! - Vociferou a mulher descontrolada, com o rosto muito próximo ao da morena - ME DIGA! – ordenou mais uma vez. Melanie podia vier a dor e angústia naqueles olhos lindos, os mais lindo do mundo em sua concepção - Por favor, Melannie! É da minha prima, minha irmã, que estamos falando!– Rogou entre soluços.
Italiana sentiu a pressão em seus ombros diminuir e lentamente a explosão de fúria transformar-se em lágrimas de aflição. Em um suspiro profundo, d’Angelis, apertou os olhos e carregou as madeixas castanhas para trás.
- O que vou te contar agora, é confidencial. Precisa me dar sua palavra que não irá compartilhar com “sua” policia! - Condicionou com as avelãs grudadas aos amendoados - Há anos meu governo vem investigando uma rede de tráfico e exploração sexual. Descobrimos que a máfia siciliana, junto á uma organização brasileira, vinham trabalhando em conjunto. Eles retiram as mulheres e crianças em situação de subsistência do país, com a promessa de empregos, passaporte e uma vida melhor na Europa. Passando-se por agentes da moda e empresários e coisas do tipo, eles levam as vítimas para as mais variadas partes do mundo, vendem como “escravos” á bordéis secundários ou as mantêm cativas em seus próprios prostibulos. – Explica a morena, tendo completa atenção de July – O delegado Tiago Muller foi um grande colaborador para o andamento das investigações em território brasileiro. Ele e Katherine fizeram uma excelente investigação, mas como nós, não tinham as identidades dos mandantes brasileiros e ou Italianos, pelo menos não oficialmente, só “peixes pequenos” dentro da hierarquia!
- Foi por isso que ele morreu? – perguntou Juliana.
- No dia em que ele morreu, havíamos marcado um encontro! – pôs-se a dizer- Ele estava muito perturbado e paranóico, disse que não poderia compartilhar com Kath, mas havia descoberto as “cabeças pensantes” de parte dessa orquestra toda, falou que eram pessoas de grande influencia econômica e executiva em seu país. Mas alguém chegou antes e o final você já sabe! – completa entristecida.
- Mas o que Emanuella tem haver com tudo isso?- Juliana se afasto, levando as mãos nervosas ao ruivo – Eles mandaram matar-la também?
- Quando Tiago Muller morreu, sua prima não parou as investigações como fez o ministro e a delegada crerem! – suspirou resignada - Ela não poderia deixar tudo como estava! – negou inconformada- Não seria ela se assim o fizesse, então ela foi atrás do assassino, mas ao invés disso ela encontrou alguém muito pior!- Melannie conclui.
-E quem seria? – indagou outra vez.
- A dama de ferro! – suspirou – Ela é a Capo mais temida e odiada de toda a Itália. Não há um mortal que não estremeça diante dela! – Diz d’Angelis, sentindo o arrepio percorrer todo seu corpo - Nunca conseguiram prender-la, pois não há nenhuma prova de seu envolvimento em nada. Ela é muito sagaz, usa laranjas e pseudônimos como iscas por todo o mundo, nem mesmo seus inimigos são capazes de apanhar-la!
- Foi ela quem mandou Matar Emanuella? – Inquiriu.
- Não! – Sentenciou – Isso foi um efeito colateral, provocado por outro fator. Um que você conhece muito bem, na verdade! – A italiana diz rolando os olhos em tédio – Seu querido e doente primo!
- Vithor? – A indagou, ganhando um sim da morena - Por causa de Iara?
- Por causa da disfunção mental e ódio mortal de Castiel declarados á Emanuella. Eu não seio o motivo dele odiar tanto sua prima, mas posso afirmar seu envolvimento com os negócios da Capo Italiana no Brasil!- corrigiu – Contudo arrisco dizer que a encomenda pela morte da sua prime não partiu dela! – assegurou.
- Como poderia ter tanta certeza? – Duvidou Salvatore.
- Eu só tenho, tá legal! – Reafirmou a morena, em um suspiro cheio de enfado.
- E doutor Augustos Muller, onde se encaixa nisso tudo? – Conformada, Juliana retoma o interrogatório.
- Assim como Katherine, ele foi atrás do assassino, e ao que tudo o indica, encontrou o correto dessa vez, contudo não sobreviveu para contar-nos quem era! – suspirou cansada.
A ruiva permaneceu em silêncio, enquanto assimilava as novas informações.
- Quem é você? – Salvatore se aproximou como cenho franzido e essa pergunta não lhe pareceu sair com o puro interesse profissional, mas agora estava feita. – Como sabe de tudo isso? - questionou-a.
Melannie sorriu triste.
- Eu sou a outra! - Disse e Juliana notou uma lágrima solitária deixar caminho naquele rosto de facetas sarcástica, porém agora, totalmente despido de armaduras.
- Outra? - perguntou sem compreender o que a jovem dizia..
- Sim, a outra filha da dama de ferro! - completou com pesar.
***
**Dez meses antes**
A chuva imperava absoluta pela janela, enquanto a morena dentro da cabana acompanhava as gostas que batiam nos vidros transparente e depois escorriam até sumir junto á outras centenas.
Estava em chalé, rodeado por uma imensa floresta.
- Como ela está? - questionou a mulher, sem desviar sua atenção para o homem.
- Ela esta desnutrida e fraca, mas tem sorte por estar viva dada á tudo que enfrentou!- O Médico diz, ao passo que administrava algum medicamento no braço do paciente.
O homem se afastou um pouco da cama, onde o corpo debilitado se encontrava sedado, para guardar algum equipamento na maleta de primeiros socorros.
A mulher caminhou até a beira do leito, sentando-se delicadamente ao lado do ocupante.
- Tem filhos, Doutor Correia? - perguntou a morena, sem tirar os olhos do rosto pálido.
- Sim senhora! - respondeu depois de alguns momentos de reflexão, tentava entender onde a mulher queria chegar - Duas meninas! - sorriu ao lembrar-se das filhas.
- Eu também! – Suspirou, contornado o rosto fino com os longos e magros dedos de unhas vermelhas bem cuidadas - E até aonde iria para manter-las saudáveis e plenas? – Desta vez as Avelãs cintilantes miraram-no intensamente.
- Eu morreria por elas, senhora! - falou convicto.
Calmante, ela se afastou do leito e caminhou até o homem, que sentira um frio percorrer-lhe a espinha á cada passo que ela dava em sua direção.
- Pois, bem!- o tom calmo e cadenciado usado por ela, tão próximo do homem, fazia-na mais amedrontadora - Se quer manter sua expectativa de vida por mais alguns anos e as delas também, sugiro que faça tudo que estiver ao seu alcance para que a minha fique bem!- Disse amedrontadora, olhando-o nos olhos e afastou-se logo em seguida.
Fim do capítulo
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